Pedir perdão não é o mesmo que pedir desculpas
Cidade do
Vaticano (RV) – Para pedir perdão a Deus, é preciso seguir o ensinamento do
“Pai-Nosso”: arrepender-se com sinceridade dos próprios pecados, sabendo que
Deus perdoa sempre. Foi o que reiterou o Papa Francisco durante a homilia da
Missa da manhã, celebrada nesta terça-feira (10/03) na Casa Santa Marta.
Deus é
onipotente, mas também a sua onipotência de certo modo se detém diante da porta
fechada de um coração. Um coração que não pretende perdoar quem o feriu. O Papa
se inspirou no Evangelho do dia, em que Jesus explica a Pedro que é preciso
perdoar “setenta vezes sete”, que equivale a “sempre”, para reafirmar que o
perdão de Deus para nós e nosso perdão aos outros estão estreitamente
relacionados.
Peçamos perdão a Deus e perdoemos os que nos ofendem e machucam |
Francisco
explicou que tudo parte de como nós, antes de todos, nos apresentamos a Deus
para pedir perdão. O exemplo do Papa é extraído da Leitura do dia, que mostra o
Profeta Azarias invocando clemência pelo pecado do seu povo, que está sofrendo,
mas também é culpado por ter “abandonado a lei do Senhor”. Azarias, indicou
Francisco, não protesta, “não se lamenta diante de Deus” pelos sofrimentos;
pelo contrário, reconhece os erros do povo e “se arrepende”:
“Pedir perdão é
outra coisa, é diferente de pedir desculpa. Eu erro? Mas me desculpe, errei…
Pequei! Não tem nada a ver uma coisa com outra. O pecado não é um simples erro.
O pecado é idolatria, é adorar o ídolo, o ídolo do orgulho, da vaidade, do
dinheiro, do “eu mesmo, do bem-estar… Tantos ídolos que nós temos. E, por isso,
Azarias não pede desculpas: pede perdão”.
O perdão deve
ser pedido com sinceridade, com o coração, e de coração deve ser doado a quem
cometeu um deslize. Como o patrão da parábola contada por Jesus, que perdoa um
grande débito movido pela compaixão diante das súplicas de um dos seus servos.
E não como aquele mesmo servo faz com outro servo, tratando-o sem piedade e
mandando-o à cadeia, mesmo que a dívida fosse irrisória. A dinâmica do perdão –
recordou o Papa – é aquela ensinada por Jesus no “Pai-Nosso”:
“Jesus nos
ensina a rezar ao Pai assim: ‘Perdoa os nossos pecados assim como nós perdoamos
a quem nos tem ofendido’. Se eu não sou capaz de perdoar, não sou capaz de
pedir perdão. ‘Mas, padre, eu me confesso, vou ao confessionário...’. ‘E o que
faz antes de se confessar?’. ‘Mas, eu penso nas coisas que fiz de mal...’.
‘Tudo bem’. ‘Peço perdão ao Senhor e prometo não fazer de novo...’. “Certo. E
depois vai até ao sacerdote? Antes, porém, falta algo: perdoou a quem lhe fez
mal?”.
Em poucas
palavras, Francisco retomou o pensamento: “o perdão que Deus lhe dará” requer
“o perdão que você dará aos outros”.
“Este é o
discurso que Jesus nos ensina sobre o perdão. Primeiro: pedir perdão não é um
simples pedido de desculpas, é ter consciência do pecado, da idolatria que eu
perpetrei, das tantas idolatrias. Segundo: Deus sempre perdoa, sempre. Mas pede
que eu perdoe. Se eu não perdoo, em um certo modo fecho as portas ao perdão de
Deus. ‘Perdoa os nossos pecados assim como nós perdoamos a quem nos tem
ofendido’”.
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Fonte: radiovaticana.va
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