quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Encontro de Formação teve a

participação de aproximadamente 80 agentes pastorais

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O Papa na Capela Santa Marta:

O amor de Cristo não é amor de telenovela
Na Missa da manhã desta quinta-feira (31) o Papa convida a entender a ternura do amor de Deus em Jesus por cada um de nós: somente assim podemos compreender realmente o amor de Cristo
Giada Aquilino - Cidade do Vaticano - Que o Espírito Santo nos faça compreender "o amor de Cristo por nós" e prepare os nossos corações para "nos deixarmos amar" pelo Senhor. Esta é a recomendação do Papa Francisco na Missa da manhã desta quinta-feira, na Casa Santa Marta, detendo-se na primeira leitura de hoje, tirada da Carta de São Paulo aos Romanos. Na sua homilia, o Pontífice explica como o Apóstolo dos gentios poderia até parecer "um pouco orgulhoso", "demasiado confiante" ao afirmar que nem "a tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada" conseguirão separar-nos "do amor de Cristo".
O amor de uma mãe
No entanto, o Papa afirma, lendo São Paulo, "somos mais do que vencedores" com o amor do Senhor. São Paulo foi um deles porque, explica Francisco, desde o momento em que "o Senhor o chamou na estrada de Damasco, começou a compreender o mistério de Cristo": "tinha-se apaixonado por Cristo", tomado - observa o Papa - de "um amor forte", "grande", não uma "trama" de "telenovela". Um amor "sincero", a ponto de "sentir que o Senhor sempre o acompanhava em coisas belas e feias".
Ele sentia isto com amor. E eu me pergunto: eu amo o Senhor assim? Quando chegam os maus momentos, quantas vezes se sente o desejo de dizer: "O Senhor abandonou-me, já não me ama mais" e gostaria de deixar o Senhor. Mas Paulo estava certo de que o Senhor nunca abandona. Compreendera o amor de Cristo em sua própria vida. Este é o caminho que Paulo nos mostra: o caminho do amor, sempre, no bom e no mau, sempre e avante. Esta é a grandeza de Paulo.
Dar a vida pelo outro
O amor de Cristo, acrescenta o Pontífice, “não se pode descrever”, é algo muito grande.
Foi Ele quem foi enviado pelo Pai para nos salvar e o fez com amor, deu a vida por mim: não há amor maior do que dar a vida por outra pessoa. Pensemos em uma mãe, o amor de uma mãe, por exemplo, que dá a vida pelo filho, acompanha-o sempre, a vida toda, nos momentos difíceis, mas ainda é pouco… É um amor próximo de nós, o amor de Jesus não é um amor abstrato, é um amor eu-tu, eu-tu, cada um de nós, com nome e sobrenome.
O pranto de cada um de nós
No Evangelho de Lucas, o Papa nota “algo do amor concreto de Jesus”. Falando de Jerusalém, Jesus recordou quando tentou recolher seus filhos “como a galinha com seus pintinhos debaixo das asas”, e lhe foi impedido. Então “chorou”.
O amor de Cristo o leva ao pranto, ao pranto por cada um de nós. Que ternura há nesta expressão. Jesus podia condenar Jerusalém, dizer coisas negativas… E se lamenta porque não se deixa amar como os pintinhos da galinha. A ternura do amor de Deus em Jesus. E Paulo tinha entendido isso. Se não formos capaz de sentir, de entender a ternura do amor de Deus em Jesus por cada um de nós, jamais poderemos entender o que é o amor de Cristo. É um amor assim, espera sempre, paciente, o amor que joga a última carta com Judas: “Amigo”, livra-o, até o fim. Também com nossos grandes pecadores, até o fim Ele ama com esta ternura. Não sei se pensamos em Jesus tão terno, em Jesus que chora, como chorou diante do túmulo de Lázaro, como chorou aqui, olhando Jerusalém.
Um amor que se faz lágrima
Portanto Francisco exorta a nos perguntar se Jesus chora por nós, ele que nos deu “tantas coisas” enquanto nós muitas vezes decidimos “tomar outro caminho”. O amor de Deus “se faz lágrima, se faz pranto, pranto de ternura em Jesus”, reitera. Por isso, conclui o Pontífice, São Paulo “tinha se apaixonado por Cristo e nada podia separá-lo d’Ele”.
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quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Papa Francisco nomeia bispo filho de nossa Arquidiocese

para a vacante diocese de Leopoldina (MG)
O Papa Francisco nomeou nesta quarta-feira, 30 de outubro, o novo bispo para a diocese de Leopoldina (MG). O nomeado foi dom Edson José Oriolo dos Santos que, desde 15 de abril de 2015, exerceu o ofício de bispo auxiliar da arquidiocese de Belo Horizonte (MG) e titular de “Segia”.
A diocese de Leopoldina estava vacante desde 12 de dezembro de 2018, quando dom José Eudes Campos do Nascimento foi nomeado bispo para diocese de São João Del Rei, também em Minas Gerais. O padre Volnei Ferreira Noro exerceu a função de administrador diocesano de Leopoldina desde 4 de fevereiro deste ano, quando foi eleito pelo Colégio de Consultores da diocese.
Currículo e atuação pastoral
O bispo dom Edson José Oriolo dos Santos é mestre em Filosofia Social pela PUC Campinas, especialista em Aristóteles, pela Unicamp, e em Marketing, pela Universidade Gama Filho. Também pela Universidade Gama Filho, é pós-graduado em Gestão de Pessoas. Filho de José Eugênio dos Santos e Alzira Oriolo dos Santos, nasceu no dia 18 de setembro de 1964, em Itajubá (MG), cidade em que foi ordenado presbítero, na Matriz de São José Operário, no dia 5 de maio de 1990.
É formado em Filosofia, pelo Seminário Nossa Senhora Auxiliadora de Pouso Alegre, e em Teologia, pelo Instituto Teológico Sagrado Coração de Jesus, de Taubaté (SP). Dom Edson exerceu na Arquidiocese de Pouso Alegre os cargos de vigário paroquial da Paróquia São Sebastião, em São Sebastião da Bela Vista, vigário paroquial da Paróquia São Francisco de Paula, em Ouro Fino, pároco da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, em Borda da Mata, pároco da Paróquia Bom Jesus e Cura da Catedral Metropolitana de Pouso Alegre. Além disso, exerceu a função de professor em várias disciplinas relacionadas à Filosofia no Seminário da Arquidiocese de Pouso Alegre e também atuou como promotor de justiça do Tribunal Eclesiástico da Arquidiocese. Na Paróquia Bom Jesus, implantou a Pastoral Urbana, que o tornou referência no país sobre o tema.
Dom Edson foi nomeado pelo Papa Francisco, no dia 15 de abril de 2015, como bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte. A Ordenação Episcopal foi celebrada no dia 11 de julho na Catedral Metropolitana de Pouso Alegre (MG).  Baseado na carta de São Paulo aos Efésios (3,8), seu lema episcopal é “Evangelizare Misericordiae e Divitias” e significa “Anunciar as riquezas da misericórdia”.
Ministério na Arquidiocese de Belo Horizonte
O Bispo Auxiliar integrou o Comitê Gestor da Mitra Arquidiocesana (Cogem), acompanha o Projeto Vila Fátima e o Comitê Corporativo de Captação e Assessoria ao Programa Faço Parte, com especial atenção à Pastoral do Dízimo, no Vicariato Episcopal para a Ação Pastoral.
Dom Edson Oriolo é, até então, o bispo referencial da Região Episcopal Nossa Senhora da Conceição (Rensc), que abrange dez municípios. Na Rensc, dom Edson acompanha a Pastoral Presbiteral Regional, coordena toda a ação evangelizadora e pastoral – à luz do Projeto de Evangelização Proclamar a Palavra da Arquidiocese de Belo Horizonte -, o funcionamento e a infraestrutura da Cúria Regional.
Preside os Conselhos Pastoral Regional, Presbiteral Regional, Pastoral de Forania, Pastoral Paroquial, Paroquial de Administração e Pastoral de Comunidade na Região Episcopal.
Foi reeleito presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e Família do Regional Leste II da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) no dia 6 de junho de 2019, durante a Assembleia Anual do CONSER Leste 2, para o quadriênio 2019-2023.
Saudação a Dom Edson José Oriolo dos Santos 
Estimado irmão, Dom Edson José Oriolo dos Santos. Graça e paz!
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) recebeu com alegria a notícia de sua nomeação como bispo da vacante diocese de Leopoldina (MG), nesta quarta-feira, 30 de outubro de 2019.
Ao mesmo tempo que celebramos a sua nomeação como pastor da diocese de Leopoldina recordamos as palavras do Papa Francisco sobre a Esperança em celebração na capela da Casa Santa Marta na manhã da última terça-feira, 29 de outubro. “A esperança é a mais humilde das virtudes, que somente os pobres podem ter; Se quisermos ser homens e mulheres de esperança, devemos ser pobres, não ligados a nada. E abertos para a outra margem. A esperança é humilde, é uma virtude que deve ser trabalhada – digamos assim – todos os dias: todos os dias é preciso retomá-la”.
Que a Esperança seja uma marca de seu pastoreio junto ao povo nesta Igreja Particular e que este seja profícuo e sustentado pela graça de Deus.
Com nossas preces,
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)
Presidente da CNBB

Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre (RS)
Primeiro Vice-Presidente da CNBB

Dom Mário Antônio da Silva
Bispo de Roraima (RR)
Segundo Vice-Presidente da CNBB

Dom Joel Portella Amado
Bispo auxiliar da arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)
Secretário-geral da CNBB
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                                                                                                                 Fonte: vcnbb.org.br

Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta:

Abrir o coração e
se deixar tocar pelo Espírito. Ele é o protagonista da missão
O Papa Francisco deu continuidade ao seu ciclo sobre os Atos dos Apóstolos e comentou o capítulo 16, quando Paulo e Silas chegam à Europa através da Macedônia.
Cidade do Vaticano A chegada da fé cristã à Europa foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira (30/10) na Praça São Pedro.
Com os primeiros sinais do outono chegando, sob garoa, aos milhares de fiéis o Pontífice deu prosseguimento ao seu ciclo sobre os Atos dos Apóstolos e comentou o capítulo 16, 9-10.
E Paulo teve de noite uma visão, em que se apresentou um homem da Macedônia, e lhe rogou, dizendo: Passa à Macedônia, e ajuda-nos. E, logo depois desta visão, procuramos partir para a Macedônia, concluindo que o Senhor nos chamava para lhes anunciarmos o evangelho.
Macedônia, porta de entrada do cristianismo na Europa
Ovelhinha de Jesus
O Espírito Santo é o protagonista da missão da Igreja, explicou o Papa. É ele quem guia o caminho dos evangelizadores mostrando a eles a via a seguir. “E os macedônios têm orgulho disso e recordo este povo que me acolheu com tanto calor”, afirmou o Papa citando a sua viagem à Macedônia do Norte em maio deste ano.
Paulo chega a Filipos e ali batiza a vendedora Lídia e a sua família. Com o coração aberto, afirmou Francisco, a pessoa pode dar hospitalidade a Cristo e aos outros. “Temos aqui o testemunho da chegada do cristianismo à Europa: o início de um processo de inculturação que dura ainda hoje.”
Prisão de Paulo e Silas
Atenção para com todos
Depois do calor vivido na casa de Lídia, Paulo e Silas têm que fazer as contas com a dureza da prisão, para onde são levados com a acusação de perturbarem a “ordem pública” ao converterem em seguida uma jovem “com espírito de adivinhação”. E Francisco advertiu as pessoas que ainda hoje pagam e utilizam os “poderes” dos “adivinhos”.
Na prisão, acontece um fato surpreendente: enquanto Paulo e Silas rezavam, um terremoto move os alicerces da prisão libertando os prisioneiros. Ao ver as portas abertas da prisão, o carcereiro está para se suicidar quando pergunta a eles: que é necessário que eu faça para me salvar? Paulo responde: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e a tua casa.
A transformação
A este ponto, explicou o Papa, acontece a mudança: no coração da noite, o carcereiro escuta a palavra do Senhor com a sua família, acolhe os apóstolos, lava as suas chagas e recebe o Batismo.
Pastor e rebanho
“No coração da noite deste anônimo carcereiro, a luz de Cristo brilha e derrota as trevas. Assim o Espírito Santo faz a missão, desde o início. Desde Pentecostes, Ele é o protagonista da missão", repetiu o Pontífice. Ele nos leva avante a sermos fiéis ao Evangelho.
O Papa então concluiu:
“Peçamos também nós hoje ao Espírito Santo um coração aberto, sensível a Deus e hospitaleiro aos irmãos, como o de Lídia, e uma fé audaz, como a de Paulo e Silas, e também uma abertura de coração, como a do carcereiro, que deixa tocar pelo Espírito Santo.”
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                                                                                                              Fonte: vaticannews.va

terça-feira, 29 de outubro de 2019

Papa Francisco na missa desta manhã:

A esperança é o ar que o cristão respira
Celebrando a missa na capela da sua residência, o Pontífice dedicou a homilia à esperança: "Um cristão que não é capaz de ser propenso, de estar em tensão pela outra margem, falta alguma coisa: acabará corrompido".
Debora Donnini – Cidade do Vaticano - A esperança é como lançar a âncora até a outra margem: o Papa Francisco celebrou a missa na capela da Casa Santa Marta na manhã desta terça-feira (29/10) e utilizou esta imagem para exortar a viver “em tensão” rumo ao encontro com o Senhor. Caso contrário, se acaba corrompido e a vida cristã corre o risco de se tornar uma “doutrina filosófica”.
A reflexão partiu da Primeira Leitura da Liturgia de hoje, extraída da carta de São Paulo aos Romanos (Rm 8,18-25), na qual o Apóstolo “canta um hino à esperança”.
Proclamação do Evangelho
Certamente, “alguns romanos” foram se lamentar e Paulo exortou a olhar avante: “Eu entendo que os sofrimentos do tempo presente nem merecem ser comparados com a glória que deve ser revelada em nós”. O Papa falou depois da Criação “propensa” à “revelação”. “Esta é a esperança: viver voltados para a revelação do Senhor, para aquele encontro com o Senhor”, destacou Francisco. Podem existir sofrimentos e problemas, mas “isto é amanhã”, enquanto hoje “você tem o penhor” de tal promessa, que é o Espírito Santo que “nos espera” e “trabalha” já a partir deste momento.
Lançar a âncora
Com efeito, a esperança é “como lançar a âncora até a outra margem” e agarrar-se à corda. Mas “não somente nós”, toda a Criação “na esperança será libertada”, entrará na glória dos filhos de Deus. E também nós que possuímos as “primícias do Espírito”, o penhor, “gememos interiormente esperando a adoção”.
Rito da Consagração
A esperança é este viver em tensão, sempre; saber que não podemos fazer o ninho aqui: a vida do cristão é “em tensão por”. Se um cristão perde esta perspectiva, a sua vida se torna estática e as coisas que não se movem, se corrompem. Pensemos na água: quando a água está parada, não corre, não se move, se corrompe. Um cristão que não é capaz de ser propenso, de estar em tensão pela outra margem, falta alguma coisa: acabará corrompido. Para ele, a vida cristã será uma doutrina filosófica, viverá assim, dirá que é fé, mas sem esperança.
A mais humilde das virtudes
O Papa afirmou que é difícil entender a esperança. Se falarmos da fé, nos referimos à “fé em Deus que nos criou, em Jesus que nos redimiu e recitamos o Creio e sabemos coisas concretas sobre a fé”; se falarmos de caridade, falamos em “fazer o bem ao próximo, aos outros, muitas obras de caridade que se fazem ao outro”. Mas a esperança é difícil de compreender: “é a mais humilde das virtudes”, que “somente os pobres podem ter”:
Rito da Consagração
Se quisermos ser homens e mulheres de esperança, devemos ser pobres, pobres, não ligados a nada. Pobres. E abertos para a outra margem. A esperança é humilde, é uma virtude que deve ser trabalhada – digamos assim – todos os dias: todos os dias é preciso retomá-la, todos os dias é preciso tomar a corda e ver que a âncora está ali fixa e eu a seguro pela mão; todos os dias é necessário recordar que temos o penhor, que é o Espírito que trabalha em nós com pequenas coisas.
A esperança é a virtude que não se vê
Para explicar como viver a esperança, o Papa fez referência ao ensinamento de Jesus no trecho do Evangelho de hoje, quando compara o Reino de Deus ao grão de mostarda lançado no campo. “Vamos esperar que cresça”, não precisa ir lá todos os dias para ver como está, caso contrário “nunca crescerá”, afirmou Francisco, referindo-se à “paciência” porque, como diz Paulo, “a esperança necessita de paciência”. É “a paciência de saber que nós semeamos, mas é Deus a fazê-lo crescer”. “A esperança é artesanal, pequena, prosseguiu, é “semear um grão e deixar que seja a terra a fazê-la crescer”.
Final da Eucaristia
No Evangelho de hoje, para falar de esperança, Jesus usa também a imagem do “fermento” que uma mulher pegou e misturou com três porções de farinha. Um fermento não mantido na geladeira, mas “misturado na vida”, assim como o grão é enterrado sob a terra.
Por isso, a esperança é uma virtude que não se vê: trabalha por debaixo; nos faz olhar por debaixo. Não é fácil viver na esperança, mas eu diria que deveria ser o ar que um cristão respira, ar de esperança; do contrário, não poderá caminhar, não poderá ir avante porque não saberá aonde ir. A esperança – isto sim é certo – nos dá uma segurança: a esperança não desilude. Jamais. Se você espera, não será desiludido. É preciso abrir-se a esta promessa do Senhor, voltados para aquela promessa, mas sabendo que existe o Espírito que trabalha em nós. Que o Senhor nos dê, a todos nós, esta graça de viver em tensão, em tensão mas não para os nervos, os problemas, não: em tensão pelo Espírito Santo que nos lança para a outra margem e nos mantêm na esperança.
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segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Presidência da CNBB emite nota

sobre o vazamento de óleo no litoral Nordestino

A presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu, na manhã deste 28 de outubro, uma nota sobre o vazamento de óleo no litoral do Nordeste brasileiro. No documento, inspirado pela realização do Sínodo para a Pan-Amazônia e frente aos desastres ambientais, a CNBB cobra uma postura de profunda e imediata conversão ecológica. A presidência da CNBB cobra também das autoridades competentes ações efetivas de recuperação do equilíbrio natural  e uma devida apuração para encontrar a origem e as causas dessa tragédia ecológica. Veja a íntegra do documento abaixo:
Nota da CNBB
sobre vazamento de óleo no litoral do Nordeste 
As manchas de óleo que contaminam tristemente as praias do Nordeste devem sensibilizar corações para urgente necessidade: uma profunda e imediata conversão ecológica. Os processos extrativistas que contaminam e matam devem ser fiscalizados e devidamente responsabilizados pelo poder público, pois não há futuro para a humanidade sem o indispensável respeito à Casa Comum.
O Sínodo dos Bispos para a Amazônia, em seu horizonte, reforça esta convocação: todos vivenciem uma autêntica conversão ecológica. Seja inspiração e exemplo para cada pessoa, no caminho rumo à conversão, o magnífico trabalho de voluntários que estão se dedicando à limpeza das praias do Nordeste.
Homens e mulheres que se arriscam, em contato com o óleo tóxico, para salvar o meio ambiente. Diante desse desastre que contamina as praias do Nordeste, são esperadas, das autoridades competentes, ações efetivas de recuperação do equilíbrio natural. E que seja feita a devida apuração para encontrar a origem e as causas dessa tragédia ecológica.
A coragem e a solidariedade dos voluntários toquem o coração de todos, especialmente de governantes, para que a defesa da vida e do planeta seja sempre prioridade.
Em Cristo,
Brasília-DF, 28 de outubro de 2019
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte – MG
Presidente da CNBB

Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre – RS
1º Vice-Presidente da CNBB

Dom Mário Antônio da Silva
Bispo de Roraima – RR
2º Vice-Presidente da CNBB

Dom Joel Portella Amado
Bispo Auxiliar de S. Sebastião do Rio de Janeiro – RJ
Secretário-Geral da CNBB

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                                                                                                                  Fonte: cnbb.org.br

Motu Propio do Papa Francisco:

Arquivo Secreto Vaticano
passa a se chamar Arquivo Apostólico Vaticano
Com um Motu Proprio, o Papa mudou a denominação de “Arquivo Secreto Vaticano” para “Arquivo Apostólico Vaticano”. Francisco explica que “com as progressivas mudanças semânticas nas línguas modernas e nas culturas e sensibilidades sociais de várias nações, de modo mais ou menos marcado, o termo Secretum ao lado de Arquivo Vaticano começou a ser mal entendido”.
Cidade do VaticanoPapa Francisco publicou uma Carta Apostólica sob forma de Motu Proprio “A experiência histórica” assinada em 22 de outubro, com o qual muda a denominação do Arquivo Secreto Vaticano para Arquivo Apostólico Vaticano.
Francisco inicia a Carta explicando que a experiência histórica ensina que “toda a instituição humana, nascida com a melhor das tutelas e com vigorosas e fundamentadas esperanças de progresso, fatalmente tocada pelo tempo, e para permanecer fiel a si mesma e aos objetivos ideais da sua natureza, adverte a necessidade, não só de mudar a própria fisionomia, mas de transpor nas várias épocas e culturas os próprios valores inspiradores e realizar as atualizações que considera conveniente e às vezes necessária”.
Como nasceu o Arquivo
No docuemnto o Papa escreve que “do núcleo documentário da Câmara Apostólica e da própria Biblioteca Apostólica (a chamada Bibliotheca secreta) nasceu no início do século XVII o Arquivo Pontifício que começou a se chamar Secreto (Archivum Secretum Vaticanum)” alguns anos depois. Com o tempo o Arquivo cresceu muito e logo começaram a chegar pedidos para consultar documentos de todas as partes do mundo. “Embora a abertura aos pesquisadores tenha ocorrido apenas em 1881 entre os séculos XVII e XIX inúmeras obras eruditas puderam ser publicadas com o auxílio de cópias fiéis de documentos ou autênticos que eram conservadas pelos prefeitos do Arquivo Secreto Vaticano”.
Com o decorrer dos anos este serviço à Igreja, à cultura e aos estudiosos de todo o mundo fez com que o Arquivo Secreto do Vaticano obtivesse grande estima e reconhecimento, principalmente pelas progressivas aberturas da documentação à consulta por parte de pesquisadores. A este propósito Francisco escreve que “a partir de março de 2020, tal abertura por minha disposição, se estenderá até o final do pontificado de Pio XII”.
Por quê atualizar o nome
Em seguida o Papa esclarece que há um aspecto que considera útil atualizar ulteriormente, reiterando as finalidades eclesiais e culturais do Arquivo. “Este aspecto – escreve Francisco – refere-se à própria denominação do instituto: Arquivo Secreto Vaticano”.
O Santo Padre explica que “Enquanto perdurou a consciência da estreita ligação entre a língua latina e as línguas que dela originam, não havia necessidade de explicar ou até mesmo justificar o título Archivum Secretum. Porém com as progressivas mudanças semânticas nas línguas modernas e nas culturas e sensibilidades sociais de várias nações, de modo mais ou menos marcado, o termo Secretum ao lado de Arquivo Vaticano começou a ser mal entendido, e interpretado de modo ambíguo, até mesmo negativo. Pois perdera o verdadeiro significado do termo secretum ligando-o ao conceito expresso pela palavra moderna “secreto”. O Papa afirma: “Isso é exatamente o contrário do que o Arquivo Secreto Vaticano foi e pretende ser, pois – como disse meu santo predecessor Paulo VI – este conserva ‘ecos e vestígios’ da passagem do Senhor na história”. E a Igreja não tem medo da história, aliás, ama-a, e gostaria de a amar mais e melhor, como Deus a ama!”.
Arquivo Apostólico Vaticano
Portanto escreve o Papa, “Solicitado nestes últimos anos por alguns estimados prelados, assim como pelos meus estreitos colaboradores, e depois de ter escutado o parecer dos superiores do Arquivo Secreto Vaticano, com este meu Motu Proprio decido que: de agora em diante o atual Arquivo Secreto Vaticano, sem modificações da sua identidade, da sua organização e da sua missão, seja denominado Arquivo Apostólico Vaticano”.
Concluindo, confirma que “deste modo a nova denominação coloca em evidência a estreita ligação da Sé Romana com o Arquivo, instrumento indispensável do ministério petrino e ao mesmo tempo sublinha a imediata dependência do Romano Pontífice”.
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O desenvolvimento da doutrina é um povo que caminha unido
O Sínodo para a Amazônia deu origem a um vivo debate entre os católicos. Há os que temem que se possa sair das marcas da Tradição. A história da Igreja nos indica o caminho da fidelidade
Sergio Centofanti – Cidade do VaticanoDois mil anos de história nos ensina que o desenvolvimento da doutrina da Igreja é um povo que caminha unido. Caminhando ao longo dos séculos, a Igreja vê e apreende coisas novas, crescendo sempre na inteligência da fé. Às vezes neste caminho, há alguns que se detêm, outros que vão rápido demais, e outros ainda que tomam outra estrada.
Bento XVI: não congelar o magistério
Sobre este aspecto são significativas as palavras de Bento XVI na Carta escrita em 2009 sobre o caso da remissão da excomunhão aos 4 bispos consagrados pelo arcebispo Lefebvre, fundador da Fraternidade Sacerdotal São Pio X:
“Não se pode congelar a autoridade magisterial da Igreja no ano de 1962: isto deve ser bem claro para a Fraternidade. Mas, a alguns daqueles que se destacam como grandes defensores do Concílio, deve também ser lembrado que o Vaticano II traz consigo toda a história doutrinal da Igreja. Quem quiser ser obediente ao Concílio, deve aceitar a fé professada no decurso dos séculos e não pode cortar as raízes de que vive a árvore”.
Colocar junto coisas novas e coisas antigas
É preciso considerar estes dois elementos: não congelar o magistério a uma determinada época e ao mesmo tempo permanecer fiéis à Tradição. Como diz Jesus no Evangelho: “Todo escriba que se torna discípulo do Reino dos Céus é como um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas” (Mt 13,52). Não se apegar apenas às coisas antigas, nem mesmo acolher apenas coisas novas separando-as das antigas. 
Não se deter à carta mas se deixar guiar pelo Espírito
O importante é entender quando há um desenvolvimento da doutrina fiel à Tradição. A história da Igreja ensina que não precisa seguir a carta, mas o Espírito. De fato, se prendermos como ponto de referência a não contraditoriedade literal entre textos e documentos, paramos no caminho. Como está escrito no Catecismo da Igreja Católica: “A fé cristã não é uma ‘religião do Livro’. O Cristianismo é a religião da ‘Palavra’ de Deus, ‘não de uma palavra escrita e muda, mas do Verbo encarnado e vivo’. Para que não sejam letra morta, é preciso que Cristo, Palavra eterna do Deus vivo, pelo Espírito Santo, nos abra o espírito à inteligência das Escrituras”.
A grande mudança no primeiro Concílio de Jerusalém
Sem este olhar espiritual e eclesial, todo desenvolvimento será visto como demolição da doutrina e como construção de uma nova Igreja. Por isso devemos ter uma grande admiração pelos primeiros cristãos que no Concílio de Jerusalém do primeiro século aboliram, mesmo sendo judeus, a tradição milenária da circuncisão. Para alguns deve ter sido um verdadeiro trauma cumprir esta mudança. A fidelidade não é o apego a uma só regra, mas caminhar juntos como povo de Deus.
As crianças não batizadas vão ao paraíso ou não?
Talvez o exemplo mais notável refira-se à salvação das crianças não batizadas. Aqui fala-se da coisa mais importante para um crente: a salvação eterna. No Catecismo Tridentino, publicado pelo Papa São Pio V para o Decreto do Concílio de Trento, lemos: “Aos pequeninos não é deixada nenhuma possibilidade de obter a salvação se não lhes for dado o Batismo”. E muitos recordarão o que dizia o Catecismo breve de São Pio X: “As crianças mortas sem Batismo, aonde vão? As crianças mortas sem Batismo vão ao limbo, que não é prêmio sobrenatural nem pena; porque, tendo o pecado original, e não só aquele, não merecem o paraíso, mas nem mesmo o inferno e o purgatório”.
Desenvolvimento doutrinal de São Pio X a São João Paulo II
O Catecismo tridentino é de 1566, o Catecismo de São Pio X é de 1912. O Catecismo da Igreja Católica aprovado em 1992, elaborado sob a guia do cardeal Joseph Ratzinger durante o pontificado de São João Paulo II, diz: “Quanto às crianças mortas sem Batismo, a Igreja pode somente confiar-lhes à misericórdia de Deus (…) De fato, a grande misericórdia de Deus, ‘que quer que todos os homens sejam salvos’ (1Tm 2,4), e a ternura de Jesus para com as crianças, que disse: ‘Deixai as crianças virem a mim. Não as impeçais, porque a pessoas assim é que pertence o Reino de Deus (Mc 10, 14), nos permitem acreditar que exista um caminho de salvação para as crianças mortas sem Batismo”. Portanto a solução já estava no Evangelho, mas não a vimos por muitos séculos.
A questão da mulher na história da Igreja
A Igreja fez muitos progressos na questão feminina. A maior consciência dos direitos e da dignidade foi saudada por São João XXIII como um sinal dos tempos. Na primeira Carta a Timóteo São Paulo escrevia: “A mulher fique escutando em silêncio, com toda a submissão. Não permito que a mulher ensine, nem que mande no homem. Ela fique em silêncio”. Somente nos anos 70 do século XX, durante o Pontificado de São Paulo VI, as mulheres começaram a ensinar nas universidades pontifícias aos futuros padres. Aqui também, tínhamos nos esquecido que foi uma mulher, Maria Madalena, a primeira pessoa a anunciar aos apóstolos a Ressurreição de Jesus.
A verdade vos tornará livres
Último exemplo. O reconhecimento da liberdade religiosa e de consciência, além de política e de expressão, no magistério da Igreja pós-conciliar. Uma verdadeira mudança dos documentos dos Papas do século XIX, como Gregório XVI, que na Encíclica Mirari vos definia estes princípios erros muito venenosos. Confrontando os textos, de um ponto de vista literal, há grande contradição, não há um desenvolvimento linear. Mas se lermos melhor o Evangelho, nos recordamos das palavras de Jesus: “Se permanecerdes em minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, e conhecereis a verdade, e a verdade vos tornará livres”.
A dor dos Papas
Os santos sempre convidaram a amar os Papas, como condição para caminhar unidos à Igreja. São Pio X, falando aos sacerdotes da União Apostólica em 1912, afirmava com o “desabafo de um coração desconsolado”: “Parece incrível, e é mesmo desolador, que existam sacerdotes aos quais deve-se fazer esta recomendação, porém infelizmente, estamos passando por dias em que nos encontramos nesta triste condição de ter que dizer aos sacerdotes: amem o Papa!”. João Paulo II, na Carta Ecclesia Dei de 1988, reconhecia “com grande aflição” a ilegítima ordenação episcopal conferida pelo bispo Lefebvre, recordando que é “contraditória uma noção de Tradição que se opõe ao Magistério universal da Igreja, do qual é detentor o Bispo de Roma e o Colégio dos Bispos. Não se pode permanecer fiel à Tradição rompendo o vínculo eclesial com aquele a quem o próprio Cristo, na pessoa do Apóstolo Pedro, confiou o ministério da unidade na sua Igreja”. Bento XVI, na Carta de 2009 sobre o caso lefebvriano, também exprimia muita dor: “Fiquei triste pelo fato de inclusive católicos, que no fundo poderiam saber melhor como tudo se desenrola, se sentirem no dever de atacar-me e com uma virulência de lança em riste”. Quem é católico não só deve respeitar o Papa, mas amá-lo como Vigário de Cristo.
Apelo à unidade: caminhar juntos na direção de Jesus
Portanto a fidelidade a Jesus não é se fixar a um texto escrito em uma determinada época nestes 2000 anos de história, mas é fidelidade ao seu povo, o povo de Deus que caminha unido na direção de Jesus, unido com o seu Vigário e os sucessores dos Apóstolos. Como disse o Papa no Angelus de 27 de outubro, na conclusão do Sínodo para a Amazônia:
“O que foi o Sínodo? Foi, como diz a palavra, um caminhar juntos, confortados pela coragem e pelas consolações que vêm do Senhor. Caminhamos fitando-nos nos olhos e ouvindo-nos com sinceridade, sem esconder dificuldades, experimentando a beleza de ir adiante juntos, para servir”.
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domingo, 27 de outubro de 2019

Papa na Missa de encerramento do Sínodo:

Ouvir o grito dos pobres, grito de esperança da Igreja
"A «religião do eu» continua, hipócrita com os seus ritos e as suas «orações», porém, muitos são católicos, se confessam católicos, mas se esqueceram de ser cristãos e humanos", disse Francisco em sua homilia, na missa de encerramento do Sínodo para a Região Pan-amazônica.
Cidade do Vaticano O Papa Francisco presidiu a missa de encerramento da Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-amazônica, neste domingo (27/10), na Basílica de São Pedro.
O Pontífice iniciou sua homilia, dizendo que neste domingo, “a Palavra de Deus nos ajuda a rezar por meio de três personagens: na parábola de Jesus, rezam o fariseu e o publicano; na primeira Leitura, fala-se da oração do pobre”.
A religião do eu é hipócrita
Em sua oração, “o fariseu vangloria-se porque cumpre do melhor modo possível preceitos particulares, mas esquece o maior: amar a Deus e ao próximo. Transbordando de confiança própria, da sua capacidade de observar os mandamentos, dos seus méritos e virtudes, o fariseu aparece centrado apenas em si mesmo. O drama desse homem é que vive sem amor. Mas, sem amor, até as melhores coisas de nada seriam, como diz São Paulo. E sem amor, qual é o resultado? No fim das contas, em vez de rezar, elogia-se a si mesmo. De fato, não pede nada ao Senhor, porque não se sente necessitado nem em dívida, mas com crédito. Está no templo de Deus, mas pratica outra religião, a religião do eu”. Muitos grupos ilustres, cristãos católicos, vão por esta estrada".
E além de Deus, o fariseu esquece o próximo, o despreza, ou seja, não lhe dá valor. Considera-se melhor que os outros designados por ele como «o resto, os restantes». “Em outras palavras, são «restos», descartados dos quais manter-se à distância. Quantas vezes vemos acontecer esta dinâmica na vida e na história! Quantas vezes quem está à frente, como o fariseu relativamente ao publicano, levanta muros para aumentar as distâncias, tornando os outros ainda mais descartados. Ou então, considerando-os atrasados e de pouco valor, despreza as suas tradições, cancela suas histórias, ocupa os seus territórios e usurpa os seus bens. Quanta superioridade presumida, que se transforma em opressão e exploração, ainda hoje! Vimos isso no Sínodo quando falamos sobre a exploração da Criação, das pessoas, dos habitantes da Amazônia, do tráfico de pessoas e do comércio de pessoas!”
Segundo o Papa, “os erros do passado não foram suficientes para deixarmos de saquear os outros e causar ferimentos aos nossos irmãos e à nossa irmã terra: vimos isso no rosto desfigurado da Amazônia”.
“A «religião do eu» continua, hipócrita com os seus ritos e as suas «orações», porém, muitos são católicos, se confessam católicos, mas se esqueceram de ser cristãos e humanos, esquecida do verdadeiro culto a Deus, que passa sempre pelo amor ao próximo. Até mesmo os cristãos que rezam e vão à missa aos domingos são seguidores dessa «religião do eu». Podemos olhar para dentro de nós e ver se alguém, para nós, é inferior, descartável… mesmo só em palavras. Rezemos pedindo a graça de não nos considerarmos superiores, não nos julgarmos íntegros, nem nos tornarmos cínicos e escarnecedores. Peçamos a Jesus que nos cure de criticar e queixar dos outros, de desprezar seja quem for: são coisas que desagradam a Deus. Provavelmente, hoje nos acompanham nesta missa não apenas os indígenas da Amazônia: mas também os pobres das sociedades desenvolvidas, os irmãos e irmãs doentes da Comunità dell’Arche. Estão conosco.”
A oração transparente nasce do coração
A oração do publicano nos ajuda a compreender o que é agradável a Deus. Ele não começa pelas suas virtudes, “mas pelas suas faltas; não pela riqueza, mas pela sua pobreza: não uma pobreza econômica, os publicanos eram ricos e cobravam também injustamente às custas de seus compatriotas, mas uma pobreza de vida, porque no pecado nunca se vive bem”.
Segundo Francisco, “aquele homem reconhece-se pobre diante de Deus, e o Senhor ouve a sua oração, feita apenas de sete palavras, mas de atitudes verdadeiras. De fato, enquanto o fariseu estava à frente, de pé, o publicano mantém-se à distância e «nem sequer ousava levantar os olhos ao céu», porque crê que o Céu está ali e é grande, enquanto ele se sente pequeno. E «batia no peito», porque no peito está o coração”.
“A sua oração nasce do coração, é transparente: coloca diante de Deus o coração, não as aparências. Rezar é deixar-se olhar dentro por Deus sem simulações, sem desculpas, nem justificações. Muitas vezes nos fazem rir, os arrependimentos cheios de justificativas. Mais do que arrependimento, parece uma causa própria de canonização. Porque, do diabo, vêm escuridão e falsidade; de Deus, luz e verdade. Foi bom, e lhes agradeço, queridos padres e irmãos sinodais, termos dialogado, nestas semanas, com o coração, com sinceridade e franqueza, colocando fadigas e esperanças diante de Deus e dos irmãos.”
A religião de Deus é misericórdia
O Papa sublinhou que através do publicano, “descobrimos o ponto de onde recomeçar: do fato de nos considerarmos, todos, necessitados de salvação. É o primeiro passo da religião de Deus, que é misericórdia com quem se reconhece miserável. Considerar-se justo é deixar Deus, o único justo, fora de casa”.
Jesus faz um confronto entre as atitudes da pessoa mais piedosa e devota de então, o fariseu, e o pecador público por excelência, o publicano. “E a sentença final inverte as coisas: quem é bom, mas presunçoso, falha; quem é deplorável, mas humilde, acaba exaltado por Deus. Se olharmos para dentro de nós com sinceridade, vemos os dois em nós: o publicano e o fariseu. Somos um pouco publicanos, porque pecadores, e um pouco fariseus, porque presunçosos, capazes de nos sentirmos justos, campeões na arte de nos justificarmos! Isto, com os outros, muitas vezes dá certo; mas, com Deus, não”.
Peçamos a Deus “a graça de nos sentirmos necessitados de misericórdia, pobres intimamente. Por isso, faz-nos bem frequentar os pobres, para nos lembrarmos que somos pobres, para nos recordarmos de que a salvação de Deus só age num clima de pobreza interior”.
Os pobres são «os porteiros do Céu»
O Livro do Eclesiástico fala que a oração do pobre «chegará até as nuvens». “Enquanto a oração de quem se considera justo fica por terra, esmagada pela força de gravidade do egoísmo, a do pobre sobe, direta, até Deus. O sentido da fé do Povo de Deus viu nos pobres «os porteiros do Céu»: aquele sensus fidei que faltava no Documento final. São eles que nos abrirão, ou não, as portas da vida eterna; eles que não se consideraram senhores nesta vida, que não se antepuseram aos outros, que tiveram só em Deus a sua própria riqueza. São ícones vivos da profecia cristã”.
“Neste Sínodo, tivemos a graça de escutar as vozes dos pobres e refletir sobre a precariedade de suas vidas, ameaçadas por modelos de progresso predatórios. E, no entanto, precisamente nesta situação, muitos nos testemunharam que é possível olhar a realidade de modo diferente, acolhendo-a de mãos abertas como uma dádiva, habitando na criação, não como meio a ser explorado, mas como casa a ser protegida, confiando em Deus. Ele é Pai e «ouvirá a oração do oprimido». Quantas vezes, mesmo na Igreja, as vozes dos pobres não são ouvidas, acabando talvez desprezadas ou silenciadas porque incômodas.”
Francisco concluiu, dizendo que devemos rezar “pedindo a graça de saber ouvir o grito dos pobres: é o grito de esperança da Igreja. Assumindo nós o seu grito, temos a certeza de que a nossa oração atravessará as nuvens”.
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Assista:
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Francisco no Angelus:
Sínodo,
experimentamos a beleza de caminhar juntos para servir
"A grito dos pobres, junto ao grito da terra, veio da Amazônia. Depois dessas três semanas não podemos fazer de conta de não tê-lo ouvido", disse o Papa no Angelus deste domingo.
Mariangela Jaguraba - Cidade do VaticanoApós a missa de encerramento do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-amazônica, o Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus, deste domingo (27/10).
“A missa celebrada, esta manhã, na Basílica de São Pedro concluiu a Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-amazônica. A Primeira Leitura, do Livro do Eclesiástico, nos recordou o ponto de partida desse caminho: a oração do pobre que «atravessa as nuvens», pois «Deus escuta a oração do oprimido». A grito dos pobres, junto ao grito da terra, veio da Amazônia. Depois dessas três semanas não podemos fazer de conta de não tê-lo ouvido. As vozes dos pobres e a de tantos outros dentro e fora da Assembleia sinodal, pastores, jovens e cientistas nos impelem a não permanecer indiferentes. Ouvimos muitas vezes a frase “depois é tarde demais”: esta frase não pode permanecer um slogan.”
“O que foi o Sínodo?” Perguntou o Papa. “Foi, como diz a palavra, um caminhar juntos, revigorados pela coragem e pelo consolo que vem do Senhor. Caminhamos, olhando-nos nos olhos e ouvindo-nos, com sinceridade, sem esconder as dificuldades, experimentando a beleza de caminhar unidos, para servir.”
Francisco sublinhou que “na segunda leitura deste domingo, o apóstolo Paulo nos incentiva a isso: num momento dramático para ele, pois sabe que está para ser oferecido em sacrifício, ou seja, justiçado, e que chegou o momento de deixar esta vida, e escreve naquele momento: «O Senhor esteve a meu lado e me deu forças. Ele fez com que o Evangelho fosse anunciado por mim integralmente e ouvido por todas as nações». Eis o último desejo de Paulo: não algo para si ou para alguns dos seus, mas para o Evangelho, para que seja anunciado a todos os povos. Isso vem antes de tudo e conta acima de tudo. Cada um de nós já se perguntou muitas vezes o que fazer de bom para a própria vida. Hoje é o momento. Perguntemo-nos: “O que eu posso fazer de bom pelo Evangelho?”
“No Sínodo, nos fizemos essa pergunta com o desejo de abrir novas estradas ao anúncio do Evangelho. Anuncia-se somente o que se vive. Para viver de Jesus, para viver do Evangelho, é preciso sair de si mesmo.”
“Sentimo-nos, então, impelidos a decolar”, frisou o Papa, “a deixar as costas confortáveis de nossos portos seguros para penetrar nas águas profundas: não nas águas pantanosas das ideologias, mas no mar aberto, onde o Espírito nos convida a lançar as redes".
Francisco convidou a invocar a Virgem Maria, para o caminho que virá, “venerada e amada como Rainha da Amazônia”. Maria adquiriu esse título não como conquistadora, “mas inculturando-se. Com a coragem humilde de mãe, tornou-se a protetora de seus filhos, a defesa dos oprimidos. Sempre indo à cultura dos povos: não há uma cultura padrão, não há uma cultura pura que purifique os outros. Existe o Evangelho, puro, que se incultura. A ela, que cuidou de Jesus na casa pobre de Nazaré, confiamos os filhos mais pobres e de nossa Casa comum".
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Assista:
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                                                                                                              Fonte: vaticannews.va