Não sejam adoradores de cinzas
Cidade do
Vaticano (RV) – O Papa Francisco encontrou-se, na manhã deste sábado (7), na
Praça São Pedro, com mais de 60 mil pessoas, provenientes de 47 países, do
Movimento “Comunhão e Libertação”, por ocasião dos 10 anos de morte do
fundador, Padre Luigi Giussani, e dos 60 anos de fundação do Movimento.
Após a saudação
do sacerdote espanhol, Padre Julián Carrón, Presidente da Fraternidade e
sucessor do Pe. Giussani, o Santo Padre agradeceu a calorosa acolhida dos
presentes e dirigiu, imediatamente, seu pensamento ao fundador do Movimento, ao
qual é muito reconhecido, por várias razões.
“A primeira,
mais pessoal, pelo bem que este homem fez a mim e à minha vida sacerdotal, por
meio da leitura dos seus livros e dos seus artigos. A outra razão diz respeito
ao seu pensamento, profundamente humano, que atinge os anseios mais profundos
do homem. Sabemos quão importante era a experiência do ‘encontro’ para o Pe.
Giussani. Não era encontro com uma ideia, mas com uma Pessoa: Jesus Cristo”.
Com esta
experiência do encontro, o seu fundador os educou à liberdade, porque Cristo
nos dá a verdadeira liberdade. Tudo, na nossa vida, começa com um encontro,
neste caso, com o homem de Nazaré, uma pessoa simples, mas também diferente,
como aconteceu com seus primeiros discípulos e com tantos Santos na Igreja:
Jesus nos precede sempre, com a sua graça.
Jesus Cristo é o centro |
A dinâmica deste
encontro com Cristo suscita estupor e adesão à sua misericórdia. Eis a estrada
que a Igreja percorre: deixar que a grande misericórdia de Deus se manifeste em
nós e, por conseguinte, também nos outros. Assim, a Igreja sai do seu recinto e
vai à busca daqueles irmãos que estão nas periferias da existência.
Neste contexto,
nasceu o seu Movimento, no seio da Igreja, fundado há 60 anos pelo Pe.
Giussani:
“Após 60 anos, o
carisma original não perdeu o seu frescor e vitalidade. Porém, lembre-se sempre
que o centro é só um: Jesus Cristo! Quando coloco ao centro o meu método, o meu
caminho espiritual e o meu modo de atuá-lo, eu me desvio da estrada. Toda a
espiritualidade, todos os carismas da Igreja devem ser decentralizados,
deixando espaço ao único centro, que é o Senhor”.
Neste sentido,
continuou o Papa, “o carisma não deve ser mantido em uma garrafa de água
destilada, petrificado ou escrito em um pergaminho e exposto em uma moldura.
Pelo contrário, consiste na fidelidade à tradição, que “significa manter vivo o
fogo” (Mahler) e não ser adoradores de cinzas ou guias de museus. Mantenham
vivo o fogo da memória daquele “primeiro encontro” e vocês serão livres! E o
Santo Padre advertiu os membros da Fraternidade:
Igreja "em saída" para servir |
“Assim,
centralizados em Cristo e no Evangelho, vocês poderão ser os braços, as mãos,
os pés, a mente e o coração de uma Igreja ‘em saída’. A Igreja deve sair e ir
ao encontro dos que se encontram distantes, nas periferias; deve servir a Jesus
nas pessoas marginalizadas, abandonadas, sem fé, decepcionadas com a Igreja,
prisioneira do próprio egoísmo. Sair significa ainda ‘rejeitar a
autorreferencialidade’ em todas as suas formas; saber ouvir e aprender de
todos, com sinceridade humilde”.
O Pontífice
concluiu seu pronunciamento fazendo duas citações significativas do Pe. Luigi
Giussani: uma do início e outra do fim da sua vida:
Primeira: “O
cristianismo nunca se realiza na história como uma série de posições a serem
defendidas, em relação ao novo, como pura antítese; o cristianismo é princípio
de redenção, que assume a novidade, salvando-a”.
Segunda: “Não só
não pretendia fundar alguma coisa, mas acho que o gênio do movimento, que vi
nascer, é aquele de sentir a urgência de proclamar a necessidade de
retornar aos aspectos elementares do cristianismo, ou seja, a paixão do fato de
ser cristão como tal, unicamente nos seus elementos originais”. (MT)
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Fonte: radiovaticana.va
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