Vírus da morte leva a descartar o idoso
Cidade do
Vaticano (RV) – Milhares de fiéis compareceram à Praça São Pedro nesta quarta-feira
(04/03) para a Audiência Geral com o Papa Francisco.
Como de costume,
antes de pronunciar sua catequese, o Santo Padre saudou a bordo de seu
papamóvel os cerca de 12 mil peregrinos, recebendo e retribuindo o carinho dos
fiéis.
Ao tomar a
palavra, o Pontífice prosseguiu sua série sobre a família, falando desta vez
sobre os avós – tema ao qual dedicará duas catequeses.
A primeira foi
destinada à condição problemática dos idosos hoje na sociedade. Graças ao
progressos da medicina, disse o Papa, a vida se alongou. Mas o mesmo não
aconteceu com a sociedade, que não se “alargou” à vida e não se organizou de
maneira suficiente para acolhê-los. Eles são uma riqueza, não podem ser
ignorados”, exortou.
Francisco citou
seu predecessor, Bento XVI, quando afirmou que a qualidade de uma sociedade se
julga também pelo modo como os idosos são tratados. “De fato, a atenção aos
anciãos faz a diferença de uma civilização. Uma sociedade que os descarta,
carrega consigo o vírus da morte”, acrescentou.
É pecado
descartar os idosos
No Ocidente, os
estudiosos consideram o século que vivemos como o século do envelhecimento: os
filhos diminuem, os idosos aumentam. Para Francisco, este desequilíbrio nos
interpela como um grande desafio, já que a cultura do lucro insiste em mostrar
os velhos como um peso.
Amar e proteger os idosos |
“Não se ousa
dizer abertamente, mas os idosos são descartados! Isso é pecado. Há algo de vil
nesta dependência à cultura do descartável. Com a intenção de remover o medo que
sentimos da fraqueza e da vulnerabilidade, aumentamos nos anciãos a angústia de
ser mal suportados e abandonados.”
O Pontífice
contou sua experiência em Buenos Aires, quando teve a oportunidade de entrar em
contato com esta realidade e os seus problemas, em que os idosos não são só
abandonados na precariedade material, mas na egoística incapacidade de aceitar
os seus limites que refletem os nossos limites. E citou o caso de uma idosa que
conheceu num asilo que não recebia a visita do filho há oito meses. “Isso é
pecado mortal”, advertiu.
O idoso não é um
alienígena
A Igreja, por
sua vez, tem uma tradição de cuidado aos idosos e não pode e não quer se
conformar a uma mentalidade de indiferença e desprezo em relação a eles.
Os anciãos são
homens e mulheres, pais e mães que percorreram antes de nós a mesma estrada. O
idoso não é um alienígena. O idoso somos nós: daqui a pouco ou muito,
inevitavelmente estaremos na mesma condição.
Diante dos
idosos mais frágeis, marcados pela solidão e pela doença, o Papa questiona:
“Daremos um passo atrás, os abandonaremos a seu destino?”. E conclui:
Uma sociedade,
onde a gratuidade e o afeto desinteressado vão desaparecendo – mesmo para com
os de fora da família –, é uma sociedade perversa. A Igreja, fiel à Palavra de
Deus, não pode tolerar tais degenerações. Onde os idosos não são honrados, não
há futuro para os jovens. (BF)
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Fonte: radiovaticana.va news.va
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