A hora da entrega e do serviço que faz brotar a vida
O quinto domingo
da Quaresma nos coloca na reta final deste tempo de renovação da fidelidade a
Aliança. Aprendemos com Jesus a não nos desviarmos do caminho da entrega
generosa, da Cruz salvadora. Muitos iniciam o percurso do discipulado com
entusiasmo e coragem, mas na hora de colocar a cara, isto é, de permanecer fiel
ao projeto do Pai, recuam e se distanciam. Jesus pelo contrário, com decisão
livre e amorosa continua a sua missão de libertação e salvação da humanidade.
O grão de trigo deve morrer para dar vida |
Há situações e
horas na vida das pessoas e dos povos, que não podem ser esquivadas ou que não
dá para ficarmos encima do muro. Quando não nos posicionamos ou buscamos ficar
como espectadores do que está acontecendo, certamente vamos sofrer as
consequências da ação e da programação dos outros, nos tornando cúmplices
daquilo que reprovamos ou achamos errado.
Não podemos
ficar indiferentes ante a dor, o sofrimento e a opressão dos pobres e
desvalidos, ante ameaças de perda de direitos que foram conquistados com suor e
muita luta. Estar juntos aos crucificados de hoje e condenados da terra, é
a opção que Cristo nos exige para celebrar dignamente a Páscoa.
O grão de trigo
deve morrer na terra para dar vida, assim também os seguidores de Cristo
assumirão com alegria o risco do compromisso, da coerência, do profetismo tão
necessário nos dias de hoje. É fácil e tentador nos adaptarmos ao mundanismo
espiritual que nos dá uma aura aparente de santidade e elevação ascética, mas
como denuncia Isaías, o coração fica longe da solidariedade compassiva do
Mestre. Se quisermos ser anunciadores da verdadeira paz, aquela que brota do
sacrifício da Cruz, da entrega de si mesmo pela justiça do Reino, sigamos com
firme esperança os passos de Jesus.
Que possamos
testemunhar sem ambiguidades na realidade turbulenta e crítica pela que passa a
sociedade brasileira, o caminho do serviço humilde e libertador, que constrói
na participação e na entrega, uma sociedade nova com poder e justiça repartidos
em função da vida e o bem comum de todos/as. Que Nossa Senhora das Dores e da
Solidariedade fraterna nos ajude a prosseguir na proposta de uma verdadeira
conversão de vida. Deus seja louvado!
Dom Roberto
Francisco Ferreria Paz - Bispo de Campos (RJ)
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Fonte: cnbb.org.br Ilustração: tbcparoquia.blogspot.com.br
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