domingo, 31 de outubro de 2021

Papa no Angelus deste domingo:

a Palavra de Deus

deve ser “ruminada”, deve atingir todos os âmbitos da vida

Francisco disse na alocução que precedeu a oração do Angelus, que a Palavra de Deus "deve ressoar, ecoar dentro de nós. Quando há este eco interior, significa que o Senhor habita no coração".

O Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus deste domingo (31/10), com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro.

Na alocução que precedeu a oração, o Pontífice ressaltou que o Evangelho fala de um escriba que se aproxima de Jesus e lhe pergunta: "Qual é o primeiro de todos os mandamentos?" Jesus responde citando as Escrituras e afirma que o primeiro mandamento é amar a Deus. A partir daí, como consequência natural, segue o segundo mandamento: amar o próximo como a si mesmo.

Segundo Francisco, "ouvindo esta resposta, o escriba não só a reconhece como justa, mas ao fazê-lo repete quase as mesmas palavras proferidas por Jesus: "Muito bem, Mestre! É verdade que amá-lo com todo o coração, com toda a mente, e com toda a força, e amar o próximo como a si mesmo, é melhor do que todos os holocaustos e os sacrifícios".

"Por que, ao dar seu assentimento, o escriba sente a necessidade de repetir as mesmas palavras de Jesus? Esta repetição parece ainda mais surpreendente se pensarmos que estamos no Evangelho de Marcos, que tem um estilo muito conciso. Então, qual é o sentido desta repetição? Perguntou o Papa.

É um ensinamento para nós que ouvimos, porque a Palavra do Senhor não pode ser recebida como uma notícia qualquer: ela deve ser repetida, assimilada, custodiada. A tradição monástica usa um termo ousado, mas muito concreto: a Palavra de Deus deve ser “ruminada”. Podemos dizer que é tão nutritiva que deve atingir todos os âmbitos da vida: envolver, como diz Jesus hoje, todo o coração, toda a alma, toda a mente, toda a força. Ela deve ressoar, ecoar dentro de nós. Quando há este eco interior, significa que o Senhor habita no coração. E nos diz, como aquele bom escriba do Evangelho: "Você não está longe do Reino de Deus."

De acordo com o Papa, "o Senhor não procura hábeis comentadores das Escrituras, mas sim corações dóceis que, ao acolherem a sua Palavra, se deixam mudar por dentro. Por isso é tão importante familiarizar-se com o Evangelho, tê-lo sempre à mão, ter um pequeno Evangelho no bolso, na bolsa para lê-lo e relê-lo, apaixonar-se por ele".

Quando fazemos isso, Jesus, a Palavra do Pai, entra em nosso coração, torna-se íntimo e nós damos fruto nele. Tomemos o Evangelho de hoje como exemplo: não basta lê-lo e entender que é preciso amar a Deus e ao próximo. É necessário que este mandamento, o "grande mandamento", ressoe dentro de nós, seja assimilado, se torne a voz de nossa consciência. Então não permanece letra morta, na gaveta do coração, porque o Espírito Santo faz germinar em nós a semente dessa Palavra. E a Palavra de Deus age, é sempre em movimento, é viva e eficaz. Assim, cada um de nós pode se tornar uma "tradução" viva, diferente e original, da única Palavra de amor que Deus nos doa. Vemos isso na vida dos santos, por exemplo: nenhum é igual ao outro, são todos diferentes, mas todos com a mesma Palavra de Deus.

O Papa convidou a tomar "o exemplo do escriba. Repitamos as palavras de Jesus, façamos que ressoem em nós: «Amar a Deus com todo o coração, com toda a alma, com toda a mente e com toda a orça e ao próximo como a mim mesmo». E perguntemo-nos: este mandamento orienta realmente a minha vida? Isso se reflete em meus dias? Nos fará bem hoje à noite, antes de dormir, fazer um exame de consciência sobre esta Palavra, ver se hoje amamos o Senhor e doamos um pouco de bem a quem encontramos. Que todo encontro seja para doar um pouco de bem, um pouco de amor que vem dessa Palavra. Que a Virgem Maria, na qual o Verbo de Deus se fez carne, nos ensine a acolher no coração as palavras vivas do Evangelho".

                                                                                                                 Mariangela Jaguraba

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Assista:

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Francisco:

do grito da terra e dos pobres

um apelo para mudar o modelo de desenvolvimento

Publicamos o prefácio do Papa para o e-book "Laudato si' Reader. Uma Aliança de Atenção à Nossa Casa Comum", publicado pela LEV por ocasião da Cop26. O texto, que reúne reflexões e relatórios sobre a recepção da encíclica em todo o mundo, pode ser baixada gratuitamente a partir de 12 de novembro pelo Vatican News, LEV e pelo site do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, promotor da publicação.

A capa do e-book com o prefácio do Papa Francisco

Papa Francisco

Seis anos atrás, publiquei a Carta Encíclica Laudato si', sobre o cuidado de nossa Casa comum, pedindo um novo diálogo partilhado em nossa Casa comum - sobre como estamos forjando negativamente o futuro de nosso planeta com nosso comportamento irresponsável. Estou feliz em ver que a encíclica teve um impacto positivo em nossos esforços para cuidar de nossa Casa comum na Igreja, em nossas comunidades ecumênicas e inter-religiosas, nos círculos políticos e econômicos, nas esferas educacional e cultural e não só. Depois da publicação da Laudato si', convidei os católicos a se unirem ao meu amado irmão, Sua Santidade Bartolomeu, o Patriarca Ecumênico, e aos nossos irmãos ortodoxos, para celebrar juntos o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, no dia 1º de setembro. Estou cheio de gratidão porque a mensagem urgente da Laudato si' ecoou em importantes declarações e especialmente em ações de outras tradições religiosas sobre a nossa vocação de ser guardiães da criação de Deus. Recordo com alegria a Carta Rabínica sobre a Crise Climática, A Declaração Islâmica sobre Mudança Climática Global, A Declaração Budista sobre Mudança Climática aos Líderes Mundiais, a Bhumi Devi Ki Jai!, uma Declaração Hinduísta sobre Mudança Climática.

A Laudato si' é um apelo global para sermos guardiões de nossa Casa comum. É maravilhoso ver que o Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral tomou a iniciativa de reunir reflexões de pessoas e comunidades de todo o mundo sobre as mensagens da Laudato si'. Laudato si' Reader, o título sob o qual estas reflexões foram coletadas, é de fato uma conclusão adequada ao "Ano Especial Laudato si'" que foi celebrado de 24 de maio de 2020 a 24 de maio de 2021.

O "Grito da Terra e o Grito dos Pobres" que apresentei na Laudato si' como consequência emblemática de nossa incapacidade de cuidar de nossa Casa comum foi recentemente ampliado pela emergência da Covid-19, que a humanidade ainda está tentando combater. Assim, uma crise ecológica, representada pelo "grito da terra", e uma crise social, representada pelo "grito dos pobres", se tornaram letais para uma crise sanitária: a pandemia da Covid-19. Quão verdadeiras são as palavras de meu predecessor, Papa Bento XVI: "As formas como o homem trata o meio ambiente influem nas formas como ele se trata e vice-versa" (Caritas in Veritate, n° 51).

Entretanto, não esqueçamos que as crises também são janelas de oportunidade: são ocasiões para reconhecer e aprender com os erros do passado. A crise atual deve nos fazer "transformar em sofrimento pessoal o que está acontecendo no mundo, e assim reconhecer a contribuição que cada um pode dar" (LS, n° 19). São também para nós um tempo para mudar de marcha, para mudar os maus hábitos a fim de ser capazes de sonhar, co-criar e agir juntos para alcançar futuros justos e equitativos. É hora de desenvolver uma nova forma de solidariedade universal baseada na fraternidade, no amor, na compreensão recíproca: uma solidariedade que valoriza mais as pessoas do que o lucro, que busca novas formas de entender o desenvolvimento e o progresso. E assim, a minha esperança e a minha oração é que não saiamos desta crise da mesma forma como entramos!

O passado recente nos mostrou que foram sobretudo as nossas crianças que compreenderam a escala e a enormidade dos desafios que a sociedade tem diante de si, especialmente a crise climática. Devemos ouvi-las com o coração aberto. Devemos seguir o exemplo delas porque têm sabedoria não obstante a idade.

É momento de sonhar grande, de repensar nossas prioridades - o que valorizamos, o que queremos, o que buscamos - e de planejar novamente nosso futuro, comprometendo-nos em agir na vida de acordo com que sonhamos. Agora é momento de agir, e agir juntos!

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sábado, 30 de outubro de 2021

Reflexão para

o 31º Domingo do Tempo Comum

Jesus Cristo tornou nosso amor e louvor a Deus mais leve e mais definitivo, além de devermos seguir nossa natureza que é amar, já que fomos criados à imagem e semelhança do Amor.

Tanto na primeira leitura, Deuteronômio 6, 2-6 onde Moisés pronuncia o famoso “Shemá Israel”, isto é, “Ouve Israel”, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda tua alma e com todas as tuas forças; no Evangelho, Marcos 12, 28-34, Jesus também usa o Shemá Israel! O Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e com toda a tua força!” Jesus acrescenta o amor ao próximo que já encontramos como prescrição em Levítico 19, 17, quando é dito:  ”  Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou Iaweh”. Jesus acrescenta na perícope de hoje:” O segundo mandamento é:” Amarás o teu próximo como a ti mesmo!” E revela:” Não existe outro mandamento maior do que estes.” A novidade está no uso do verbo ”amar”.

Aquilo que era usado apenas para Deus, Jesus usa para unir os mandamentos e enfraquece o uso de ritos e sacrifícios. Agora a demonstração de nosso amor a Deus estará ligada ao nosso amor ao próximo. Ficam em segundo plano os 613 mandamentos impostos pela tradição judaica e o temer a Deus, com o qual nossa primeira leitura se inicia “Temerás”, passa a ser a prática do amor a Ele e aos demais, seus queridos. E aí entendemos o versículo 34 do Evangelho de hoje, onde Jesus declara ao mestre da Lei com o qual dialoga, que ele não está longe do Reino de Deus, pois para ele os sacrifícios e holocaustos perderam a primazia. Para ele só faltava a prática da misericórdia, o exercício do amor.

A segunda leitura, Carta aos Hebreus 7, 23-28 nos ensina que Jesus, da tribo de Judá e não da de Levi, como eram os demais sacerdotes, é o sacerdote por excelência por viver um sacerdócio novo, superior aos anteriores, que não precisa realizar sacrifícios para sua própria purificação, mas apenas para a do povo e o fez uma única vez e se ofereceu como vítima.

Como podemos perceber, Jesus Cristo tornou nosso amor e louvor a Deus mais leve e mais definitivo, além de devermos seguir nossa natureza que é amar, já que fomos criados à imagem e semelhança do Amor. Não precisamos de tantas normas e leis, mas a lei é uma só e única: amar! O mais, é o mais. Só um ato é necessário e essencial – amar! As demais coisas devem ser ordenadas para ele e ele estar submetidas. Uma religiosidade cheia de normas e de ritos, mesmo os mais piedosos, corre um grande risco, o de nos distrair do essencial, do autenticamente cristão – amar e ser misericordioso!    

                                                                                   Padre Cesar Augusto Santos, SJ

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Baixe os roteiros Celebrar em Família para

o 31º Domingo do Tempo Comum e para o Dia de Finados

Estão disponíveis para download os roteiros Celebrar em Família para o 31º Domingo do tempo Comum, no dia 31 de outubro, e para Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos, o Dia de Finados, em 2 de novembro. O material é oferecido pela Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

31º Domingo Comum

No próximo domingo, será concluído o Mês Missionário, com o tema “Jesus Cristo é Missão” e o lema “Não podemos deixar de falar sobre o que vimos e ouvimos” (At 4, 20).

“Nesta celebração familiar do “Dia do Senhor”, fazemos memória do Mandamento do Senhor. “Recebemos de Jesus o mandamento de amor a Deus e o próximo. Nele, reconhecemos o verdadeiro adorador do Pai e fiel servidor da humanidade. Celebramos a Páscoa de Jesus Cristo que se manifesta em todas as culturas, religiões e Igrejas que vivem a Misericórdia”, motiva o roteiro.

ROTEIRO PARA O 31º DOMINGO COMUM

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Finados

Para o Dia dos Fiéis Defuntos, a Igreja propõe celebrar a plenitude da vida em Cristo que nos ama e nos redime: “Mais uma vez, rendemos graças a Deus por seu amor para conosco, porque é rico em misericórdia e quer salvar a todos. É justamente por nos amar tanto que Ele enviou seu único Filho para que, crendo Nele, tenhamos a vida eterna e ressuscitemos no último dia”, ressalta o roteiro preparado para a data.

ROTEIRO PARA

A COMEMORAÇÃO DE TODOS OS FIÉIS DEFUNTOS

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                                                                                                                             Fonte: cnbb.org.br

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

31º Domingo do Tempo Comum:

Leituras e reflexão
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1ª Leitura: Dt 6,2-6

Leitura do Livro do Deuteronômio:

Moisés falou ao povo, dizendo: “Temerás o Senhor teu Deus, observando durante toda a vida todas as suas leis e os seus mandamentos que te prescrevo, a ti, a teus filhos e netos, a fim de que se prolonguem os teus dias.

Ouve, Israel, e cuida de os pôr em prática, para seres feliz e te multiplicares sempre mais, na terra onde corre leite e mel, como te prometeu o Senhor, o Deus de teus pais.

Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças. E trarás gravadas em teu coração todas estas palavras que hoje te ordeno”.

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Salmo Responsorial: 17
Eu vos amo, ó Senhor, porque sois minha força!

- Eu vos amo, ó Senhor, porque sois minha força!

- Eu vos amo, ó Senhor! Sois minha força,/ minha rocha, meu refúgio e Salvador!/ Ó meu Deus, sois o rochedo que me abriga,/ minha força e poderosa salvação.

- Ó meu Deus, sois o rochedo que me abriga,/ sois meu escudo e proteção: em vós espero!/ Invocarei o meu Senhor: a ele a glória,/ e dos meus perseguidores serei salvo!

- Viva o Senhor! Bendito seja o meu Rochedo!/ E louvado seja Deus, meu Salvador./ Concedeis ao vosso rei grandes vitórias/ e mostrais misericórdia ao vosso Ungido.

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2ª Leitura: Hb 7,23-28

Leitura da Carta aos Hebreus:

Irmãos: Os sacerdotes da antiga aliança sucediam-se em grande número, porque a morte os impedia de permanecer. Cristo, porém, uma vez que permanece para a eternidade, possui um sacerdócio que não muda. Por isso, ele é capaz de salvar para sempre aqueles que, por seu intermédio, se aproximam de Deus. Ele está sempre vivo para interceder por eles. Tal é precisamente o sumo sacerdote que nos convinha: santo, inocente, sem mancha, separado dos pecadores e elevado acima dos céus.

Ele não precisa, como os sumos sacerdotes, oferecer sacrifícios em cada dia, primeiro por seus próprios pecados e depois pelos do povo. Ele já o fez uma vez por todas, oferecendo-se a si mesmo. A Lei, com efeito, constituiu sumos sacerdotes sujeitos à fraqueza, enquanto a palavra do juramento, que veio depois da Lei, constituiu alguém que é Filho, perfeito para sempre.

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Evangelho: Mc 12,28b-34

Leitura do Evangelho de São Marcos:

Naquele tempo, um mestre da Lei aproximou-se de Jesus e perguntou: “Qual é o primeiro de todos os mandamentos?”

Jesus respondeu: “O primeiro é este: Ouve, ó Israel! O Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e com toda a tua força! O segundo mandamento é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo! Não existe outro mandamento maior do que estes”. O mestre da Lei disse a Jesus: “Muito bem, Mestre! Na verdade, é como disseste: Ele é o único Deus e não existe outro além dele. Amá-lo de todo o coração, de toda a mente, e com toda a força, e amar o próximo como a si mesmo é melhor do que todos os holocaustos e sacrifícios”.

Jesus viu que ele tinha respondido com inteligência e disse: “Tu não estás longe do Reino de Deus”. E ninguém mais tinha coragem de fazer perguntas a Jesus.

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Reflexão do Pe. Johan Konings:
O grande Mandamento

No tempo de Jesus, com o intuito de levar até as pessoas leigas à “santidade” do templo, os fariseus empenhavam-se em ensinar códigos de comportamento para os que queriam ser perfeitos. Mas mesmo entre eles havia quem percebesse que era “bom demais” e que todas essas regras, com suas contradições internas, podiam não ser o melhor meio para levar o povo à proximidade de Deus. Por isso, havia escribas e mestres da Lei que procuravam encontrar um mandamento único, que constituísse, senão o resumo, pelo menos uma expressão representativa da Lei toda. Algo que se pudesse citar enquanto se estivesse apoiado num único pé …

Ao chegar em Jerusalém, Jesus foi confrontado com semelhante pergunta. “Qual é o primeiro de todos os mandamentos?”, pergunta-lhe um escriba (evangelho). Jesus responde com a primeira frase da oração sinagoga!: “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é um só. Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração, com toda a alma, com todo o entendimento e com todas as forças” – uma citação de Dt 6,4 (cf. 1ª leitura). Mas Jesus não para aí; cita um segundo mandamento, que completa o primeiro: “Ama teu próximo como a ti mesmo” (Lv 19,18). Pois quem ama a Deus não pode não amar seus filhos (1 Jo 4,21).

Amar a Deus e ao próximo constitui o “duplo primeiro mandamento”, porque se não se passa por ele, os outros mandamentos não servem. Para entrar no caminho da justiça é preciso entrar pelo portão do amor a Deus e a seus filhos. Uma moral que não se ajuste desde o início com o amor a Deus e ao próximo não é vontade de Deus. Jesus mesmo nos dá um exemplo de como ler a moral a partir dessa porta de entrada. No Sermão da Montanha ele explica os mandamentos,- “não matar”, “não cometer adultério”, “não jurar falso” – à luz da vontade do Pai, que é o amor aos filhos (Mt 5,21-48). Moral cristã só se concebe a partir do amor.

A moral proposta por Jesus não é moralismo mesquinho, apego escrupuloso à letra da Lei. Não é deixar de fazer o bem por medo de transgredir a letra da Lei. Já Platão e outros filósofos ensinaram que a Lei é apenas um indício; não é idêntica à realidade da vida. Só o amor consegue captar o sentido da vida como o Pai amoroso a concebeu. Quem ama não procura fazer apenas o mínimo que a letra exige, mas o máximo que o amor é capaz de fazer. Quem ama procura aquilo que corresponde mais ao amor que Deus nos mostrou e ao bem do irmão. A moral baseada no amor não é rigorista nem frouxa; é dinâmica.

Por isso, amar a Deus e a seus filhos não é coisa de meros sentimentos; é coisa prática. Significa optar por Deus e sua causa. Implica amar aos irmãos “com ações e em verdade” (1Jo 3,18). No Sermão da Montanha (Mt 5,43-45) e na parábola do bom samaritano (Lc 10,29-37), Jesus ensina que esse amor se toma próximo de qualquer necessitado e se estende a todos, inclusive aos inimigos (pois eles também são filhos do Deus que é Pai).

Amar a Deus e ao próximo … Objeta-se hoje que a segunda metade basta. É bem possível ser justo, ser ético, amar o próximo, sem se preocupar com esse invento da imaginação que se chama “deus” … Ora, não é Deus que é ilusão, mas pensar que se pode amar o irmão sem amar a Deus. Os grandes sistemas ateus destes últimos séculos no-lo ensinaram: capitalismo, marxismo, fascismo, neoliberalismo … Quando não é inspirado pela incansável busca de Deus, que está acima de todos, o amor se transforma em imposição tirânica. Quem não procura servir o Deus invisível e inefável – que mostra seu rosto em Jesus – termina procurando-se a si mesmo sob o pretexto de amar o irmão. Nada mais corriqueiro do que amar-se a si mesmo com o pretexto de amar ao outro.

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PE. JOHAN KONINGS nasceu na Bélgica em 1941, onde se tornou Doutor em Teologia pela Universidade Católica de Lovaina, ligado ao Colégio para a América Latina (Fidei Donum). Veio ao Brasil, como sacerdote diocesano, em 1972. Em 1985 entrou na Companhia de Jesus (Jesuítas) e, desde 1986, atua como professor de exegese bíblica na FAJE, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Este comentário é do livro “Liturgia Dominical, Editora Vozes.

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                                                       Fonte e ilustração: franciscanos.org.br       Banner: cnbb.org.br

Papa Francisco em mensagem:

a cúpula climática deve oferecer
respostas efetivas e esperanças concretas

Em vista da Cop26, Francisco enviou uma mensagem de áudio e vídeo para a BBC. O Santo Pede uma renovada solidariedade global para cumprir "escolhas radicais" que nos permitam sair das crises transversais e interconectadas que a humanidade enfrenta. O caminho a ser percorrido: uma conversão que não seja apenas espiritual.

Uma "tempestade perfeita" está destruindo o mundo, uma tempestade causada pelas mudanças climáticas e pela pandemia da Covid-19, uma tempestade que rompe os laços da sociedade, provocando uma crise multifacetada: saúde, meio ambiente, alimentação, econômica, social, humanitária e ética. Esta é a imagem dramática que o Papa Francisco escolheu para abrir a mensagem de áudio e vídeo transmitida no programa radiofônico "Pensamento do Dia" da BBC, antes da 26ª Conferência do Clima (Cop26) das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (UNFCCC). O encontro se realizará, em Glasgow, na Escócia, de 31 de outubro a 12 de novembro.

Nova solidariedade baseada na justiça e na partilha

"As nossas seguranças caíram, o nosso apetite pelo poder e a nossa sede de controle estão desmoronando", afirma o Papa, pedindo "visão, capacidade de planejamento e rapidez de execução" para repensar "o futuro de nossa Casa comum". Portanto, não a "atitudes de isolamento, protecionismo e exploração"; e sim à capacidade de aproveitar "uma oportunidade real de transformação, um verdadeiro ponto de conversão, não apenas no sentido espiritual":

Este último caminho é o único que leva a um horizonte "luminoso" e só pode ser percorrido através de uma corresponsabilidade mundial renovada, uma nova solidariedade baseada na justiça, na partilha de um destino comum e na consciência da unidade da família humana, plano de Deus para o mundo.

Colocar a dignidade humana no centro

Este é o verdadeiro desafio que a humanidade enfrenta hoje:

É um desafio da civilização em favor do bem comum e de uma mudança de perspectiva, na mente e no olhar, que deve colocar a dignidade de todos os seres humanos de hoje e de amanhã no centro de todas as nossas ações.

Não sairemos da crise sozinhos, devemos construir juntos

O Papa convida a "construir juntos", porque "não se pode sair de uma crise sozinho", e não existem "fronteiras, barreiras, muros políticos dentro dos quais se esconder". Francisco lembra o Apelo conjunto, assinado em 4 de outubro com os líderes religiosos e cientistas, pedindo "ações mais responsáveis e coerentes" no campo climático, porque "não podemos permitir" que as gerações futuras tenham que viver "num mundo inabitável".

No Apelo conjunto recordamos a necessidade de trabalhar responsavelmente em favor da "cultura do cuidado" da nossa Casa comum e também de nós mesmos, procurando arrancar as "sementes dos conflitos: ganância, indiferença, ignorância, medo, injustiça, insegurança e violência".

É necessário o compromisso de todos

Segundo Francisco, "uma mudança tão urgente de rumo", requer "o compromisso de cada um", um compromisso que "deve ser alimentado também pela própria fé e espiritualidade", porque se é verdade que os políticos que participarão da Cop26 "são urgentemente chamados a oferecer respostas eficazes à crise ecológica em que vivemos" e "esperança concreta para as gerações futuras", é igualmente verdade que a responsabilidade é global:

Todos nós - é preciso repetir, quem quer que seja e onde quer que estejamos - podemos desempenhar um papel na mudança de nossa resposta coletiva contra a ameaça sem precedentes das mudanças climáticas e da degradação de nossa Casa comum.

O que a Cop26 prevê

Inicialmente prevista para novembro de 2020, a Cop26 foi adiada por um ano devido à pandemia. Os países participantes apresentarão seus planos atualizados para reduzir suas emissões. Em 2015, no final da Cop21 em Paris, foi estabelecido limitar o aumento da temperatura global a 1,5 graus. As nações também se comprometeram a se adaptar aos impactos das mudanças climáticas e a mobilizar os fundos necessários para atingir esses objetivos, criando um plano nacional mostrando a extensão da redução de suas emissões, conhecido como a Contribuição Determinada Nacionalmente (Ndc). Este plano deve ser atualizado a cada cinco anos e é isso que acontecerá durante a Cop26. O secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, conduzirá a delegação vaticana no encontro na Escócia.

                                                                                                                                 Isabella Piro

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quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Papa Francisco:

os sinos para os nascituros anunciam o Evangelho da vida

Em sua saudação aos peregrinos poloneses, no final da catequese na Audiência Geral, Francisco recordou que abençoou os sinos com o nome "A voz dos nascituros", destinados ao Equador e à Ucrânia.

Papa abençoa os sinos

O repicar dos sinos para lembrar o valor da vida desde a concepção até a morte natural, para ser a voz das crianças que não nascerão, para ser uma advertência a um mundo distraído pelo egoísmo. É por isso que teve início na Polônia a iniciativa dos sinos "A voz do nascituro" e que com o tempo está se espalhando também para outros países. Na manhã desta quarta-feira (27/10), antes da Audiência Geral, o Papa abençoou alguns sinos destinados ao Equador e à Ucrânia, depois os mencionou em sua saudação aos peregrinos poloneses.

Para essas nações e para todos, são um sinal de compromisso em favor da defesa da vida humana desde a concepção até a morte natural. Que o seu som anuncie ao mundo o «Evangelho da vida», desperte a consciência dos homens e a memória dos nascituros. Confio à sua oração cada criança concebida, cuja vida é sagrada e inviolável. Eu os abençoo de coração.

Para despertar as consciências

Na Audiência Geral de 23 de setembro de 2020, Francisco falou sobre a iniciativa dos sinos e fez um apelo aos legisladores. "Que o seu som desperte as consciências dos legisladores e de todos os homens de boa vontade na Polônia e no mundo".

“A voz dos nascituros” é promovida pela Fundação polonesa "Sim à vida", organismo da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria, que trabalha na defesa da vida nascente. Nos sinos estão gravadas as palavras do Beato Jerzy Popiełuszko: "A vida de uma criança começa sob o coração da mãe", e o quinto mandamento diz: "Não matarás". Os sinos abençoados hoje pelo Papa são destinados à Paróquia de São João Paulo II, em Lviv, Ucrânia, e à arquidiocese de Guayaquil, no Equador.

                                                                                                                        Benedetta Capelli

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Veja:

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