quinta-feira, 30 de junho de 2022

Reflita com dom Paulo Peixoto:

Política na Igreja 

Sim e não. A Igreja, por si, é política, porque persegue a realização do bem comum. Não, no contexto partidarista, porque o partido é sempre limitado e prejudica a unidade. Ser partidário, para a Igreja, significa dividir os cristãos, porque todos os cidadãos têm plena liberdade para escolher a sua própria opção partidária. Isto é um sentimento inerente ao ser de cada um, exercendo sua cidadania.

Dom Paulo Peixoto

Por outro lado, a Igreja tem a obrigação de formar bem os seus fieis na responsabilidade política, no compromisso com um voto consciente e responsável. Não é missão da Igreja apoiar esse ou aquele candidato, esse ou aquele partido. Tem sim, que orientar na escolha de bons candidatos, com qualidade ilibada, responsáveis e comprometidos com a justiça e o bem da população. 

Não faz bem para os cristãos um Ministro da Igreja, seja bispo, padre ou diácono, ser candidato a cargos públicos. Existe até uma proibição para isto, mas incentiva os cristãos comprometidos, bem formados moral e eticamente, com capacidade política a se filiarem nos diversos partidos, podendo, desta forma, contribuir com o bem da Nação, ou do Estado, ou do Município. 

Muitas pessoas comentam que a Igreja Católica Apostólica Romana deveria ter engajamento partidário e que se formasse uma bancada católica no Legislativo para defender seus interesses. Muitos outros são contrários a isto, dizendo que a missão da Igreja é apenas espiritual. Promover determinado partido ou uma bancada católica pode prejudicar uma visão uniforme da realidade e dividir as pessoas. 

O mundo da política tem desabonado o verdadeiro sentido da palavra, porque se tornou espaço privilegiado de corrupção, de corporativismo e negação do verdadeiro objetivo, que é a defesa da vida, do Estado e da dignidade das pessoas. Um candidato católico não representa a Igreja, mas precisa praticar os ensinamentos que veem da Palavra de Deus, sendo honesto, justo e verdadeiro. 

O momento político brasileiro tem sido muito preocupante, com possibilidade do uso da força e da violência sem precedentes. Estamos assistindo e convivendo com as polarizações ideológicas, agressões verbais desonestas, as fake News, que não ajudam na construção de um Estado brasileiro democrático e justo. Com isto, todos sofrem as consequências de uma política mal conduzida. 

Dom Paulo Mendes Peixoto Arcebispo de Uberaba (MG)
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quarta-feira, 29 de junho de 2022

Papa Francisco:

"Chega de polêmicas
sobre a liturgia, redescubramos sua beleza"

Com "Desiderio desideravi", a Carta Apostólica ao Povo de Deus, Francisco convida a superar quer o esteticismo que se compraz somente na formalidade externa, como o desleixo nas liturgias: "Uma celebração que não evangeliza não é autêntica".

Uma Carta Apostólica* ao povo de Deus sobre a liturgia, para recordar o significado profundo da celebração eucarística tal como emergiu do Concílio e para convidar à formação litúrgica. Papa Francisco publica "Desiderio desideravi", que com seus 65 parágrafos reelabora os resultados da sessão plenária do Dicastério do Culto Divino em fevereiro de 2019 e segue o Motu Proprio "Traditionis custodes", reafirmando a importância da comunhão eclesial em torno do rito resultante da reforma liturgia pós-conciliar. Não se trata de uma nova instrução ou de um diretório com normas específicas, mas sim de uma meditação para compreender a beleza da celebração litúrgica e o seu papel no evangelizar. E é concluída com um apelo: "Abandonemos as polêmicas para ouvirmos juntos o que o Espírito diz à Igreja, mantenhamos a comunhão, continuemos a nos maravilhar com a beleza da liturgia" (65).

A fé cristã, escreve Francisco, ou é encontro com Jesus vivo ou não é. E “a Liturgia nos garante a possibilidade de tal encontro. Não precisamos de uma vaga recordação da Última Ceia: temos necessidade de estar presentes nessa Ceia”.

Recordando a importância da constituição "Sacrosanctum Concilium" do Vaticano II, que levou à redescoberta da compreensão teológica da liturgia, o Papa acrescenta: "Gostaria que a beleza do celebrar cristão e de suas necessárias consequências na vida da Igreja, não fosse deturpada por uma superficial e redutiva compreensão de seu valor ou, pior ainda, de sua instrumentalização a serviço de alguma visão ideológica, seja ela qual for”(16).

Depois de ter advertido sobre o "mundanismo espiritual" e o gnosticismo e neopelagianismo que o alimentam, Francisco explica que "participar do sacrifício eucarístico não é uma conquista nossa como se pudéssemos nos orgulhar disso diante de Deus e de nossos irmãos" e que "a liturgia nada tem a ver com um moralismo ascético: é o dom da Páscoa do Senhor que, acolhido com docilidade, renova a nossa vida. Só se entra no Cenáculo pela força da atração de seu desejo de comer a Páscoa conosco”(20).

Para curar do mundanismo espiritual é preciso redescobrir a beleza da liturgia, mas essa redescoberta “não é a busca de um esteticismo ritual que se compraz apenas no cuidado da formalidade externa de um rito ou se satisfaz com uma escrupulosa observância de rubricas. Obviamente, esta afirmação não quer de modo algum aprovar o comportamento oposto que confunde a simplicidade com desleixada banalidade, a essencialidade com uma ignorante superficialidade, a concretude do agir ritual com um exasperado funcionalismo prático”(22).

O Papa explica que "cada aspecto do celebrar deve ser cuidado (espaço, tempo, gestos, palavras, objetos, vestes, canto, música, ...) e cada rubrica deve ser observada: bastaria essa atenção para evitar privar a assembleia do que lhe é devido, ou seja, o mistério pascal celebrado na modalidade ritual que a Igreja estabelece. Mas mesmo que se garantisse a qualidade e a norma da ação celebrativa, isso não seria suficiente para tornar plena nossa participação”(23).

De fato, se faltar "o encanto pelo mistério pascal" presente "na concretude dos sinais sacramentais, poderíamos correr o risco de ser impermeáveis ​​ao oceano de graça que inunda cada celebração" (24). Esse encanto, esclarece Francisco, não tem nada a ver com a expressão 'sentido de mistério': às vezes, entre as supostas acusações contra a reforma litúrgica, há também a de tê-la - diz-se - eliminada da celebração”. O encanto de que fala o Papa não é uma espécie de perplexidade diante de uma realidade obscura ou de um rito enigmático, mas é, "ao contrário, a maravilha pelo fato de que o plano salvífico de Deus nos foi revelado no domingo de Páscoa. Jesus" ( 25).

Como, então, recuperar a capacidade de viver plenamente a ação litúrgica? Diante da perplexidade da pós-modernidade, do individualismo, do subjetivismo e do espiritualismo abstrato, o Papa convida a retornar às grandes constituições conciliares, que não são inseparáveis ​​entre si. E escreve que seria trivial ler as tensões, infelizmente presentes em torno da celebração, como uma simples divergência entre diferentes sensibilidades em relação a uma forma ritual. A problemática é sobretudo eclesiológica”(31). Por trás das batalhas sobre o rito, em suma, existem diferentes concepções da Igreja. Não se pode dizer, especifica o Pontífice, de reconhecer a validade do Concílio e não acolher a reforma litúrgica nascida da "Sacrosanctum Concilium".

Citando o teólogo Romano Guardini, muito presente na Carta Apostólica, Francisco afirma que, sem formação litúrgica, "as reformas no rito e no texto não ajudam muito" (34). Ele insiste na importância da formação, especialmente nos seminários: “Uma abordagem litúrgico-sapiencial da formação teológica nos seminários certamente teria efeitos positivos também na ação pastoral. Não há aspecto da vida eclesial que não encontre nela seu ápice e sua fonte. A pastoral de conjunto, orgânica e integrada, mais do que o resultado de programas elaborados, é a consequência de colocar a celebração eucarística dominical, fundamento da comunhão, no centro da vida comunitária. A compreensão teológica da Liturgia não permite de modo algum compreender estas palavras como se tudo se reduzisse ao aspecto cultual. Não é autêntica uma celebração que não evangeliza, assim como não é autêntico um anúncio que não leva ao encontro com o Ressuscitado na celebração: ambos, sem o testemunho da caridade, são como um bronze retumbante ou um címbalo que estrila"(37).

É importante, explica ainda o Papa, educar para a compreensão dos símbolos, cada vez mais difícil para o homem moderno. Uma maneira de fazer isso "é certamente aquele de cuidar da arte de celebrar", que "não pode ser reduzida à mera observância de um aparato de rubricas e nem mesmo pode ser pensada como uma criatividade imaginativa - às vezes selvagem - sem regras. O rito é por si só norma e a norma nunca é um fim em si mesma, mas sempre a serviço da realidade mais elevada que ela quer salvaguardar” (48). A arte de celebrar não se aprende "porque se frequenta um curso de oratória ou de técnicas de comunicação persuasiva", é preciso "dedicar-se diligentemente à celebração, deixando que seja a própria celebração a nos transmitir a sua arte" (50). E "entre os gestos rituais que pertencem a toda a assembleia, o silêncio ocupa um lugar de absoluta importância", que "move ao arrependimento e ao desejo de conversão; suscita a escuta da Palavra e a oração; dispõe à adoração do Corpo e Sangue de Cristo» (52).

Francisco observa então, que nas comunidades cristãs, seu modo de viver a celebração "está condicionado – no bem e, infelizmente, também no mal - de como o pároco preside a assembleia". E elenca vários "modelos" de presidência inadequados, ainda que de sinal contrário: "rigidez austera ou criatividade exasperada; misticismo espiritualizante ou funcionalismo prático; pressa ou lentidão enfatizada; descuido desleixado ou excessivo refinamento; afabilidade superabundante ou impassividade hierática". Todos os modelos que têm uma única raiz: "um personalismo exasperado do estilo celebrativo que, às vezes, expressa uma mania mal disfarçada de liderança" (54), amplificada quando as celebrações são transmitidas on-line. Enquanto "presidir a Eucaristia é mergulhar na fornalha do amor de Deus. Quando nos é dado compreender, ou mesmo apenas intuir, esta realidade, certamente já não precisamos de um diretório que nos exija um comportamento adequado" ( 57).

O Papa conclui a carta pedindo a "todos os bispos, presbíteros e diáconos, aos formadores dos seminários, professores de faculdades teológicas e escolas de teologia, a todos os catequistas, que ajudem o povo santo de Deus a aproveitar o que sempre foi a fonte primária de espiritualidade cristã ", reiterando o que está estabelecido em "Traditionis custodes", para que " a Igreja possa elevar, na variedade das línguas, uma só e idêntica oração capaz de exprimir a sua unidade" e esta única oração é o Rito Romano resultante da reforma conciliar e estabelecido pelos santos pontífices Paulo VI e João Paulo II.

*Tradução NÃO OFICIAL!

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Editorial do Vatican News - Andrea Tornielli:

O encontro com Jesus vivo na comunidade que celebra

Cada parágrafo do novo documento de Francisco é permeado pela consciência de que a liturgia é antes de tudo deixar espaço para um Outro: aqui está o verdadeiro antídoto para qualquer forma de celebração inadequada.

Na origem da Carta Apostólica de Francisco está o desejo de que todo o povo de Deus, a começar pelos celebrantes, redescubra a beleza e o encanto diante da liturgia, deixando que seja a própria liturgia a "formar" quem dela participa, imergindo-os naquilo que o Papa define como "o oceano de graça que inunda cada celebração".

Alguma antecipação do documento pontifício, publicado no dia da festa de São Pedro e São Paulo, pode ser encontrada na "ponenza" que o então cardeal arcebispo de Buenos Aires fez na plenária do Dicastério para o Culto Divino, em 1º de março de 2005. Naquela ocasião, falando da arte de celebrar, Jorge Mario Bergoglio sugeria a importância de “recuperar o encanto diante do mistério” e desejava a publicação de um texto que não fosse um tratado jurídico ou disciplinar, cheio de regras e rubricas; tampouco um tratado sobre abusos litúrgicos. Em vez disso, pedia um documento com "tom pastoral e espiritual, antes ainda, meditativo".

Com "Desiderio desideravi" de alguma forma é cumprido esse desejo. Na Carta Apostólica, o Sucessor de Pedro acompanha por um caminho que vai ao coração da celebração litúrgica, que é ao mesmo tempo "o ápice para onde tende a ação da Igreja" e "a fonte de onde brota toda a sua energia”, como ensina o Concílio Ecumênico Vaticano II. Muito citado no texto é Romano Guardini, teólogo alemão naturalizado italiano, particularmente querido também por Bento XVI.

Cada parágrafo do novo documento de Francisco é permeado pela consciência de que a liturgia é antes de tudo deixar espaço para um Outro. Escreve o Papa: "Antes de nossa resposta ao seu convite - muito antes - há o seu desejo de nós: podemos mesmo nem ter consciência disso, mas cada vez que vamos à Missa a primeira razão é porque somos atraídos pelo seu desejo de nós. De nossa parte, a resposta possível, a ascese mais exigente, é, como sempre, a de entregar-se ao seu amor, de querer deixar-se atrair por ele”.

E um pouco mais adiante, Francisco acrescenta: "Se tivéssemos chegado a Jerusalém depois de Pentecostes e tivéssemos sentido o desejo não só de ter informações sobre Jesus de Nazaré, mas de poder reencontrá-lo, não teríamos tido outra possibilidade senão aquela de buscar os seus para ouvir suas palavras e ver seus gestos, mais vivos do que nunca. Não teríamos outra possibilidade de um encontro verdadeiro com Ele senão aquela da comunidade que celebra”.

Partir desta consciência, redescobrindo a beleza da liturgia, abrindo-se à formação e deixando-nos formar por ela, pode ajudar a limpar o campo de tantas inadequações. Se participar da celebração significa "ouvir as palavras" de Jesus e "ver seus gestos, mais vivos do que nunca", não podem prevalecer o protagonismo narcisista do celebrante, a espetacularização, a rigidez austera ou o desleixo e a banalização. E a liturgia "fonte e ápice" não pode ser transformada no campo de batalha onde se tenta passar uma visão da Igreja que não acolhe o que foi estabelecido sinodalmente pelo Concílio Ecumênico Vaticano II.

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Arquidiocese de Pouso Alegre:

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Papa Francisco na homilia desta quarta-feira:

com Pedro e Paulo,
ser uma Igreja aberta a todos, livre e humilde

A sinodalidade marcou a homilia do Papa Francisco no dia em que a Igreja celebra os Apóstolos Pedro e Paulo. "O Sínodo, que estamos a celebrar, chama-nos a ser uma Igreja que se ergue em pé, não dobrada sobre si mesma, capaz de olhar mais além, de sair das suas prisões para ir ao encontro do mundo."

Pedro, Paulo e a sinodalidade: assim foi a homilia pronunciada pelo Papa Francisco neste 29 de junho, Solenidade dos Santos Apóstolos.

Na Basílica Vaticana, diante de uma delegação do patriarcado de Constantinopla, o pontífice abençoou os pálios destinados aos arcebispos metropolitanos de recente nomeação, alguns dos quais presentes na missa. A celebração foi presidida pelo Papa, que contudo não conduziu a liturgia eucarística devido ao problema no joelho.

Já em sua homilia, comentou as leituras que oferecem o testemunho dos dois grandes Apóstolos, condensado em duas frases: “Ergue-te depressa” (At 12, 7) no que diz respeito a Pedro; e “combati a boa batalha” (2 Tm 4, 7) em referência a Paulo. Tendo diante dos olhos estes dois aspectos – convidou o Papa –, perguntemo-nos que podem eles sugerir à Comunidade Cristã de hoje, empenhada no processo sinodal em curso.

Uma Igreja sem correntes nem muros, livre e humilde

Despertar e erguer-se: é uma imagem significativa para a Igreja, disse o Papa. Também nós somos chamados a erguer-nos depressa para entrar no dinamismo da ressurreição e deixar-nos conduzir pelo Senhor ao longo dos caminhos que Ele nos quiser indicar.”

Francisco alertou para a mediocridade espiritual, quando às vezes a Igreja é dominada pela preguiça ao invés de se lançar para horizontes novos, citando algumas expressões do Padre Henri de Lubac, que falava de "cristianismo clerical", "cristianismo formalista", "cristianismo mortiço e endurecido".

A proposta do futuro Sínodo é exatamente o contrário, afirmou Francisco, que chama a ser uma Igreja que se ergue em pé, não dobrada sobre si mesma, mas capaz de olhar mais além, de sair das suas prisões para ir ao encontro do mundo. Uma Igreja sem correntes nem muros, livre e humilde. Uma Igreja que se deixa animar pela paixão do anúncio do Evangelho e pelo desejo de chegar a todos, e a todos acolher. O Pontífice ressaltou este termo de Jesus: "todos", pedindo que a Igreja esteja nas encruzilhadas do mundo, pronta a acolher a todos, pecadores ou não. As portas são para acolher e não para "dispensar" os fiéis.

“Esta palavra do Senhor deve ressoar, ressoar na mente e no coração: todos! Na Igreja há lugar para todos. E muitas vezes nós nos tornamos uma Igreja de portas abertas, mas para dispensar as pessoas, para condená-las.”

O Evangelho não nos deixa indiferentes, não é neutro

Outro desafio é “combater a boa batalha”, ainda em andamento, porque muitos não estão dispostos a acolher Jesus, preferindo correr atrás dos seus próprios interesses e de outros mestres "mais cômodos, fáceis e de acordo com nossa vontade".

O Papa então propôs duas perguntas. A primeira: Que posso fazer eu pela Igreja? Isso requer não lamentar-se da Igreja, mas empenhar-se em prol da Igreja. “Igreja sinodal significa isto: todos participam, mas ninguém no lugar dos outros ou acima dos outros": "Não existem cristãos de primeira ou segunda classe". Significa não permanecer neutro, não deixar as coisas como estão, mas acender o fogo do Reino de Deus lá onde reinam o mal, a violência, a corrupção, a injustiça e a marginalização. 

A segunda pergunta é: Que podemos fazer juntos, como Igreja, para tornar o mundo em que vivemos mais humano, mais justo, mais solidário, mais aberto a Deus e à fraternidade entre os homens? 

Certamente não se fechar em círculos eclesiais nem se perder em discussões estéreis e no clericalismo, uma "perversão sobretudo se atinge os leigos". Mas ser uma Igreja que promove a cultura do cuidado, a compaixão pelos frágeis e a luta contra toda a forma de degradação, para resplandecer na vida de cada um a alegria do Evangelho: esta é a nossa "boa batalha". A batalha da tutela da criação, da dignidade do trabalho, dos problemas das famílias, da condição dos idosos e de quantos se veem abandonados, rejeitados e desprezados. Para isso, não se pode ceder ao saudosismo de voltar para trás, muito em voga ultimamente.

Por fim, o Papa saudou os novos arcebispos metropolitanos e a Delegação do Patriarcado Ecumênico. E concluiu pedindo a intercessão dos santos apóstolos: “Pedro e Paulo intercedam por nós, pela cidade de Roma, pela Igreja e pelo mundo inteiro. Amém”.

Bianca Fraccalvieri

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Assista:

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Papa Francisco no Angelus:

O caminho da fé passa por momentos de provação

"O caminho da fé não é um passeio, para ninguém, nem para Pedro nem para Paulo, para nenhum cristão. É exigente, às vezes árduo: mesmo Paulo, tendo se tornado cristão, teve que aprender pouco a pouco, especialmente através de momentos de provação". Palavras do Papa Francisco no Angelus desta quarta-feira, 29 de junho, Solenidade dos Santos Pedro e Paulo Padroeiros de Roma.

Nesta quarta-feira, 29 de junho, Solenidade dos Santos Pedro e Paulo Padroeiros de Roma, o Papa Francisco falou no Angelus sobre as palavras que Pedro dirige a Jesus na sua profissão de fé.

"Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo" (Mt 16,16). Francisco afirma que “é uma profissão de fé, que Pedro pronuncia não com base na sua compreensão humana, mas porque Deus Pai a inspirou nele. E que para que estas palavras entrem profundamente na sua vida, há antes um período de “aprendizado” da fé, que afetou os apóstolos Pedro e Paulo, assim como acontece com cada um de nós. Explicando:

“Nós também acreditamos que Jesus é o Messias, o Filho do Deus vivo, mas é preciso tempo, paciência e muita humildade para que nossa maneira de pensar e agir adira plenamente ao Evangelho”

Pedro repreende o Mestre

O Papa afirma que Pedro logo sentiu isso porque após Jesus ter anunciado que iria sofrer e ser condenado à morte Pedro rejeita esta perspectiva, que considera incompatível com o Messias. Ele até se sente obrigado a repreender o Mestre, que por sua vez o apostrofa: "Afasta-te de mim, Satanás! Tu me serves de pedra de tropeço, porque não pensas as coisas de Deus, mas as dos homens!".

“Pensemos nisso: não nos acontece a mesma coisa? Repetimos o Credo, o rezamos com fé; mas diante das duras provações da vida, tudo parece vacilar. Estamos inclinados a protestar contra o Senhor, dizendo-lhe que não está certo, que deve haver outros caminhos mais retos e menos cansativos”.

Paulo, caminho com incertezas e dúvidas

“O Apóstolo Paulo – continuou Francisco - também passou por um lento amadurecimento da fé, experimentando momentos de incerteza e de dúvida. A aparição do Ressuscitado no caminho de Damasco, que o transformou de perseguidor em cristão, deve ser vista como o início de um percurso durante o qual o Apóstolo se reconciliou com as crises, fracassos e os constantes tormentos”.

“O caminho da fé não é um passeio, nem para Pedro nem para Paulo, para nenhum cristão. É exigente, às vezes árduo: mesmo Paulo, tendo se tornado cristão, teve que aprender pouco a pouco, especialmente através de momentos de provação”

Concluindo o Papa pede que pensemos em nosso caminho da fé: “quando eu professo a minha fé em Jesus Cristo, o Filho de Deus, o faço com a consciência de que sempre devo aprender, ou presumo que ‘já entendi tudo’?” E concluiu com uma frase de Paulo a Timóteo “Ele nos libertará de toda a obra maligna e nos levará a salvo para o seu Reino Celeste (cf. 2 Tim 4,18). Que a Virgem Maria, Rainha dos Apóstolos, nos ensine a imitá-los, avançando todos os dias no caminho da fé”.

Jane Nogara

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Assista:

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A Igreja celebra hoje

a Solenidade de São Pedro e São Paulo

A liturgia comemora São Pedro e São Paulo, os dois grandes Apóstolos da primeira comunidade cristã, como mestres e confessores da fé. Esta solenidade é uma das mais antigas da Igreja, sendo anterior até mesmo à comemoração do Natal. Já no século IV havia a tradição de, neste dia, celebrar três missas: a primeira na basílica de São Pedro, no Vaticano; a segunda na basílica de São Paulo Fora dos Muros e a terceira nas catacumbas de São Sebastião, onde as relíquias dos apóstolos ficaram escondidas para fugir da profanação nos tempos difíceis.

E mais: depois da Virgem Santíssima e de são João Batista, Pedro e Paulo são os santos que têm mais datas comemorativas no ano litúrgico. Além do tradicional 29 de junho, há: 25 de janeiro, quando celebramos a conversão de São Paulo; 22 de fevereiro, quando temos a festa da cátedra de São Pedro; e 18 de novembro, reservado à dedicação das basílicas de São Pedro e São Paulo.

O Papa emérito Bento XVI apresenta Pedro e Paulo como “fundamentos da Igreja”: “Os dois Santos padroeiros de Roma, mesmo tendo recebido de Deus carismas e missões diferentes, são ambos fundamentos da Igreja una, santa, católica e apostólica, permanentemente aperta à dinâmica missionária e ecuménica”.

Antigamente, julgava-se que o martírio dos dois apóstolos tinha ocorrido no mesmo dia e ano e que seria a data que hoje comemoramos. Porém o martírio de ambos deve ter ocorrido em ocasiões diferentes, com são Pedro, crucificado de cabeça para baixo, na colina Vaticana e são Paulo, decapitado, nas chamadas Três Fontes. Mas não há certeza quanto ao dia, nem quanto ao ano desses martírios.

A morte de Pedro poderia ter ocorrido em 64, ano em que milhares de cristãos foram sacrificados após o incêndio de Roma, enquanto a de Paulo, no ano 67. Mas com certeza o martírio deles aconteceu em Roma, durante a perseguição de Nero.

Há outras raízes ainda envolvendo a data. A festa seria a cristianização de um culto pagão a Remo e Rômulo, os mitológicos fundadores pagãos de Roma. São Pedro e são Paulo não fundaram a cidade, mas são considerados os “Pais de Roma”. Embora não tenham sido os primeiros a pregar na capital do império, com seu sangue “fundaram” a Roma cristã. Os dois são considerados os pilares que sustentam a Igreja tanto por sua fé e pregação como pelo ardor e zelo missionários, sendo glorificados com a coroa do martírio, no final, como testemunhas do Mestre.

São Pedro é o apóstolo que Jesus Cristo escolheu e investiu da dignidade de ser o primeiro papa da Igreja. A ele Jesus disse: “Tu és Pedro e sobre esta pedra fundarei a minha Igreja”. São Pedro é o pastor do rebanho santo, é na sua pessoa e nos seus sucessores que temos o sinal visível da unidade e da comunhão na fé e na caridade.

São Paulo, que foi arrebatado para o colégio apostólico de Jesus Cristo na estrada de Damasco, como o instrumento eleito para levar o seu nome diante dos povos, é o maior missionário de todos os tempos, o advogado dos pagãos, o “Apóstolo dos Gentios”.

São Pedro e são Paulo, juntos, fizeram ressoar a mensagem do Evangelho no mundo inteiro e o farão para todo o sempre, porque assim quer o Mestre.

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terça-feira, 28 de junho de 2022

O Papa ao Encontro Global do Turismo Jovem:

usem o tempo bem e com responsabilidade

Em uma mensagem em vídeo o Papa convida os jovens presentes no Encontro Global do Turismo Jovem a usar bem o período de férias sem esquecer o compromisso com iniciativas de solidariedade, ajuda às famílias e a dimensão da oração. O evento se realiza em Sorrento, de 27 de junho a 3 de julho.

O Papa Francisco enviou uma mensagem em vídeo aos jovens que participam do primeiro Encontro Global do Turismo Juvenil  que se realiza de 27 de junho a 3 de julho em Sorrento, na Itália. 

Solidariedade, ajuda à família e oração

Na mensagem o pensamento do Papase dirige aos que ainda são estudantes, para os quais o turismo coincide com o tempo de férias escolares. "As experiências feitas neste período ficarão para sempre na memória", enfatiza o pontífice. E acrescenta:

"Além do entretenimento e do descanso, sei que alguns de vocês usam este tempo voluntariamente para ajudar em iniciativas de solidariedade; outros se dedicam a pequenos trabalhos para ajudar suas famílias ou para sustentar seus estudos; outros ainda escolhem dias de silêncio e oração para estar com Deus e receber luz em seu caminho. Em qualquer caso, encorajo todos vocês a usar bem e com responsabilidade o tempo de férias: é assim que se cresce e se prepara para assumir tarefas mais exigentes".

O Papa concluiu desejando aos jovens "que sejam mensageiros de esperança e de renascimento para o futuro".

O evento

São mais de 130 jovens - entre 12 e 18 anos – provenientes de 60 países que se reúnem na pequena cidade litorânea, Sorrento, para um evento, o primeiro do gênero, organizado pela Organização Mundial do Turismo e realizado na Itália em colaboração com o Ministério do Turismo e a Agência Nacional de Turismo (ENIT). Eles se encontrarão com líderes do setor, entre os quais políticos e figuras-chave do mundo do esporte, gastronomia, entretenimento e inovação. Segundo o Secretário-Geral da Organização Mundial do Turismo Zurab Pololikashvili, o evento "ajudará a construir um legado duradouro, dando aos jovens as habilidades e conhecimentos necessários para transformar o turismo não apenas em suas comunidades, mas em todos os lugares".

Sustentabilidade, agricultura, navegação

Estão previstas seis Masterclasses, assim como duas palestras à noite, uma Assembleia Geral simulada da Organização Mundial do Turismo e sessões interativas onde os participantes poderão se confrontar diretamente com as Nações Unidas e com os Ministros do Turismo e outros funcionários de alto nível provenientes da República Democrática do Congo, Croácia, Alemanha, Geórgia, Albânia, Azerbaijão, Cazaquistão, Maldivas, Espanha, Montenegro, São Tomé e Príncipe, Iêmen e muitos outros Estados membros da Organização Mundial do Turismo da ONU. A Cúpula se concentrará em alguns dos principais desafios e oportunidades enfrentados pelo turismo global no momento, com ênfase no papel do setor para alcançar a Agenda 2030 da ONU e suas 17 Metas de Desenvolvimento Sustentável. Estas incluem uma análise aprofundada da biodiversidade, também graças a uma excursão na Área de Proteção Marinha de Punta Campanella, e sobre as técnicas do mar e da navegação. Além disso, o Fórum Mundial da Alimentação (organizado pela FAO) irá sediar um debate sobre soluções para reduzir o desperdício de alimentos no turismo.

Antonella Palermo

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Assista:

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Santa Sé aos jovens agricultores:

vocês têm a inteligência para acabar com a fome no mundo

Dom Chica Arellano, observador permanente da Santa Sé junto à FAO, IFAD e PAM falou no final da conferência organizada pelo Vaticano sobre a contribuição dos jovens para a segurança alimentar do planeta. Devem ser protegidos, acompanhados e encorajados e podem contribuir para reduzir a pobreza .

Para uma transformação sustentável dos sistemas alimentares e para que os alimentos sejam seguros e nutricionalmente adequados para todos, é de primordial importância promover o envolvimento dos jovens, que, para a Santa Sé, "desempenham um papel fundamental, que devem ser antes de tudo protegidos, acompanhados e encorajados". São declarações de Dom Fernando Chica Arellano, observador permanente da Santa Sé para a FAO, IFAD e PAM, na conclusão da conferência "Jovens e agricultura: olhando para o futuro com esperança".

Experiências de todo o mundo

O evento, realizado na sede da FAO em Roma, nesta terça-feira (28/06) foi promovido pelo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, a Comissão do Vaticano Covid-19, pelo movimento Economia de Francisco e pelo Fórum de Roma das ONGs de inspiração católica - assim como pela Representação Permanente da Santa Sé junto às agências da ONU ligadas com a sustentabilidade alimentar e com o objetivo de destacar as iniciativas empreendidas por grupos de jovens em todo o mundo: do Brasil à Irlanda, Burkina Faso, Quênia, Uganda e Zâmbia "para garantir alimentos saudáveis para todos e promover um futuro próspero e pacífico no qual ninguém seja deixado para trás".

Protegido do pessimismo

Os jovens, reiterou Dom Arellano, devem ser "cuidados", porque sua criatividade e ideais devem ser protegidos antes de tudo "desta onda de pessimismo e alarmismo gerada pelas numerosas e persistentes crises que estamos vivenciando". Como o Papa Francisco nos lembrou com frequência, as crises podem, de fato, ser "uma oportunidade importante para crescer" e sair melhor delas. O importante é reconhecer e buscar a verdade. Os jovens devem ser educados para isso, "a fim de contribuir para a construção de um mundo mais justo e mais humano".

Acompanhar e encorajar os jovens a participar

Assim como o agricultor sabe bem "que é preciso paciência e espera na colheita, pois após a semeadura, o grão deve descansar e ser colocado nas melhores condições para crescer e germinar, até abrir suas flores e produzir seus frutos na estação apropriada", do mesmo modo é necessário "acompanhar os jovens", para que eles possam desencadear seu potencial em tempo hábil, garantindo-lhes uma formação e ensinando-lhes um ofício, "para garantir um futuro digno para eles, suas famílias e a sociedade como um todo". É por isso que eles também devem ser "encorajados" a participar, já no presente, de formas de cidadania ativa.

Não cortar as asas do futuro

De fato, os jovens "têm a inteligência necessária para nos ajudar a extinguir a fome de nosso planeta" e por esta razão, explica Dom Arellano, devemos nos colocar a questão ética do que estamos fazendo ativamente para promover a inclusão dos jovens na agricultura e na sociedade. Os "jovens", de fato, "são amigos do realismo, da concretude, não da retórica ou de promessas que são formuladas aparentemente belas e fascinantes, mas que depois encontram resistência obstruindo sua realização" e "não podemos desapontar as novas gerações". Eles não são pessoas que esperam na expectativa de um futuro distante e "ao invés de serem pacientes, devem ser sujeitos de uma ação que contribui ativamente para reduzir a pobreza, no sentido mais amplo da palavra". Qualquer reserva neste aspecto, conclui, seria como "cortar as asas do futuro" e "dificultar a continuação natural das relações humanas".

Michele Raviart

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segunda-feira, 27 de junho de 2022

A Serva de Deus Isabel Cristina será beatificada

Data e local da beatificação são divulgados

A Serva de Deus Isabel Cristina Mrad Campos será beatificada no dia 10 de dezembro, em Barbacena (MG), em celebração solene com o rito de beatificação presidida pelo Prefeito do Dicastério da Causa dos Santos, o Eminentíssimo Senhor Cardeal Marcello Semeraro.

A data, que era aguardada com grande expectativa em toda Arquidiocese de Mariana, foi confirmada nesta quarta-feira, 22 de junho, pelo Postulador da Causa de Beatificação da Venerável, Dr. Paolo Vilotta, em carta ao Arcebispo Metropolitano, Dom Airton José dos Santos.

Destacando a alegria e honra pela beatificação da Serva de Deus Isabel Cristina, a primeira da Arquidiocese de Mariana, Dom Airton solicita a todos os fiéis que se empenhem e rezem para esse momento. “Vamos trabalhar intensamente e adquirir experiência na preparação [da beatificação] daqueles que são colocados pela Igreja como modelos de vida e santidade para todo o Povo de Deus”, afirma o Arcebispo Metropolitano recordando também os demais processos de beatificação e canonização desta Igreja Particular: Venerável Dom Viçoso, Monsenhor Horta e o Servo de Deus Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida.

Espaço dedicado à memória da Serva de Deus Isabel Cristina na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Piedade, em Barbacena (MG)

Por sua vez, o Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Piedade, em Barbacena (MG), Monsenhor Danival Milagres, pontua a alegria que a notícia foi recebida pelos paroquianos e familiares da Serva de Deus. É na Igreja Matriz da comunidade de fé citada que a Serva de Deus recebeu o Sacramento do Batismo e onde, atualmente, se encontram depositados os seus restos mortais.

“Recebemos com muita alegria e esperança essa confirmação de sua beatificação. Esperança porque se trata de uma jovem que deve inspirar tantos outros a viverem com coragem o testemunho da fé, da esperança e da caridade. Isabel Cristina soube viver em grau heroico as virtudes cristãs, sobretudo, o testemunho da sua fé pela vivência da caridade através de sua participação na Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP). Destaco ainda a sua coragem na defesa da vida e do valor da castidade, enfrentando com esperança o sofrimento da qual ela foi vítima. Jovem de fé, cultivava seu amor a Maria, por isso, ela estava com terço em sua mão, em forma de anel, quando a encontraram morta em seu apartamento em Juiz de Fora”, comenta Monsenhor Danival.

Na opinião do sacerdote, a beatificação da Serva de Deus se tornará bênção para toda a Arquidiocese de Mariana, especialmente, para a nossa juventude. “A santidade que nós reconhecemos na vida de Isabel Cristina se dá por tudo aquilo que ela viveu e recebeu da sua família. Portanto, é sinal de esperança também para as nossas famílias: cultivarem nos lares os valores da nossa fé para que a vivência da santidade se torne uma realidade na vida de cada um de nós. Que a Serva de Deus Isabel Cristina interceda a Deus pela nossa Igreja, pela nossa Arquidiocese de Mariana e pela cidade de Barbacena”, ressalta Monsenhor Danival.

Sobre a Serva de Deus Isabel Cristina

Serva de Deus Isabel Cristina 

Isabel Cristina Mrad Campos nasceu em 29 de julho de 1962, em Barbacena. É filha de José Mendes Campos e Helena Mrad Campos. Com o desejo de fazer Medicina, foi para Juiz de Fora (MG), em 1982, para se preparar em um curso pré-vestibular. Era uma moça como tantas outras. Estudava, namorava, participava de festas. Mas tinha uma vida de oração e sonhava ser pediatra para ajudar crianças carentes. Era sensível, sobretudo com os mais pobres, idosos e crianças, o que certamente aprendeu na família, que era vicentina. Na época, seu pai era presidente do Conselho Central de Barbacena.

No dia 1º de setembro do mesmo ano, um homem foi montar um guarda-roupa no pequeno apartamento para onde se mudara com seu irmão, Paulo Roberto, e tentou violentá-la. Encontrando resistência, deu-lhe uma cadeirada na cabeça, amarrou, amordaçou e rasgou suas roupas. Como continuou a resistir, foi morta sem piedade com 15 facadas. Foi um crime cruel, com grande repercussão, e que abalou muito a família e todos os que souberam do caso.

Processo de beatificação

Por causa da maneira como morreu e, sobretudo, pela forma como viveu, algumas pessoas tiveram a iniciativa de entrar com o pedido de um processo para sua beatificação. A solicitação foi aceita por Roma e, no dia 26 de janeiro de 2001, em Barbacena, foi instalado o processo, quando Isabel Cristina recebeu do Vaticano o título de Serva de Deus. Foram oito anos de trabalho, entre coleta de depoimentos e documentos, além da digitação e tradução para o italiano, tendo a fase diocesana do processo sido finalizada em 2009.

O seu martírio foi reconhecido pelo Papa Francisco, por meio de decreto, em outubro de 2020. Entretanto, devido à pandemia, não foi possível marcar a data deste grande evento eclesial. “Agora temos a alegria de nos prepararmos para esta grande celebração que será repleta de bênçãos para toda a Igreja no Brasil e particularmente para a nossa Arquidiocese de Mariana”, ressalta Dom Airton.

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Saiba mais sobre o processo AQUI

Oração pela sua beatificação e canonização

Pai, Filho e Espírito Santo, adoramos-Vos e bendizemos-Vos, pela força e coragem que dais a muitos de vossos filhos. Há tantas almas generosas, que nos elevam pelo seu exemplo!

Sede louvada, Trindade Santa, na pessoa da Serva de Deus Isabel Cristina, que deu a vida em defesa de sua pureza e virgindade. Dai-nos a graça de imitá-la e, se for de Vosso agrado, concedei-lhe a honra dos altares, como recompensa de sua oblação. Assim seja.

Confira o depoimento de Dom Airton:

Fotos: Arquivo da Paróquia de Nossa Senhora da Piedade, em Barbacena (MG)/Divulgação

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                                                                                                                  Fonte: arqmariana.com.br

Papa Francisco nesta segunda-feira:

as novas comunidades devem crescer com sua própria cultura

“A comunidade nascida do batismo é livre, é uma nova Igreja; e devemos deixá-la crescer, ajudá-la a crescer à sua maneira, com sua própria cultura”, são palavras do Papa Francisco à Comunidade Neocatecumenal presente no Vaticano nesta manhã (27).

Na manhã desta segunda-feira (27) o Papa Francisco recebeu os membros do Caminho Neocatecumenal no Vaticano. Em seu discurso não programado o Papa iniciou recordando aos presentes a missão que Jesus deu a todos: “‘Ide, dai testemunho, pregai o Evangelho’. E a partir daquele dia, os apóstolos, os discípulos, o povo, todos partiram com a mesma força que Jesus lhes havia dado: é a força que vem do Espírito. ‘Ide e pregai... Batizem...’”.

E logo acrescentou:

“Mas sabemos que, uma vez batizada, a comunidade nascida desse batismo é livre, é uma nova Igreja; e devemos deixá-la crescer, ajudá-la a crescer à sua maneira, com sua própria cultura... É essa a história da evangelização”

Destacando mais uma vez este ponto disse: “Todos iguais na fé (...) a mesma fé. Mas todos com a modalidade de sua própria cultura ou da cultura do lugar onde a fé foi pregada”.

Muitas culturas, mas o mesmo Evangelho

“E este trabalho, esta riqueza multicultural do Evangelho – continuou Francisco - que nasce da pregação de Jesus Cristo e se torna cultura, é um pouco a história da Igreja: muitas culturas, mas o mesmo Evangelho. Tantos povos, o mesmo Jesus Cristo. Tantas boas vontades, o mesmo Espírito. E a isso somos chamados: a ir adiante com o poder do Espírito, levando o Evangelho em nossos corações e em nossas mãos. O Evangelho de Jesus Cristo, não meu: é de Jesus Cristo, que se adapta às várias culturas, mas é o mesmo. A fé cresce, a fé se incultura, mas a fé é sempre a mesma”.

Espírito missionário

“Este espírito missionário – disse ainda Francisco aos Neocatecumenais - de se deixar enviar, é uma inspiração para todos vocês. Agradeço-vos por isto e peço docilidade ao Espírito que vos envia, docilidade e obediência a Jesus Cristo em sua Igreja. Tudo na Igreja, nada fora da Igreja. Esta é a espiritualidade que deve sempre nos acompanhar: pregar Jesus Cristo com a força do Espírito na Igreja e com a Igreja. E aquele que é o chefe - digamos - das diferentes Igrejas é o bispo: vocês devem ir sempre adiante com o bispo, sempre. É ele o chefe da Igreja, neste país, neste Estado...”, concluiu Francisco agradecendo por fim a generosidade de todos.

Jane Nogara

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Os 30 anos da consagração episcopal do Papa Francisco

Em 27 de junho de 1992, na Catedral de Buenos Aires, o Papa Francisco recebeu sua ordenação episcopal na cerimônia presidida pelo Cardeal Antonio Quarracino. Segundo a biografia “O jesuíta” o então padre Jorge Bergoglio soube que se tornaria bispo auxiliar de Buenos Aires dia 13 de maio.

Ordenação episcopal de dom Jorge Mario Bergoglio
Foto: Cortesia do irmão jesuíta argentino Mario Rafael Rausch

Há 30 anos, dia 27 de junho de 1992, o Papa Francisco foi ordenado bispo auxiliar de Buenos Aires. A cerimônia foi realizada na Catedral da cidade e foi presidida pelo então arcebispo da capital argentina, Cardeal Antonio Quarracino, Arcebispo de Buenos Aires. Cinco anos mais tarde, foi nomeado pelo Papa João Paulo II coadjutor da Arquidiocese, em seguida arcebispo, cargo que ocupou até ser eleito Papa em 2013.

Livro biográfico

Segundo o livro biográfico “O jesuíta”, escrito pelos jornalistas Sergio Rubín e Francesca Ambrogetti, o Papa soube de sua nomeação episcopal a auxiliar em 13 de maio de 1992, dia de Nossa Senhora de Fátima, em um encontro com o núncio apostólico Dom Ubaldo Calabresi. Ainda segundo os autores do livro, ao ouvir a notícia da sua nomeação, o Papa disse que sua primeira reação foi de surpresa. “Fiquei bloqueado. Como já disse em outras ocasiões, como consequência de um golpe, bom ou ruim, sempre me bloqueio. E a minha primeira reação também é sempre ruim”. 

Enquanto que em 27 de maio de 1997, ao ser perguntado a respeito da sua nomeação como arcebispo coadjutor de Buenos Aires, Francisco disse que a sua reação foi “igual. Como era o vigário geral, quando o Cardeal Antonio Quarracino pediu a Roma um coadjutor, eu solicitei que não me enviassem a nenhuma diocese, mas queria continuar como bispo auxiliar responsável por um vicariato da região de Buenos Aires. ‘Eu sou portenho e fora de Buenos Aires não sei fazer nada’, expliquei”. E fiquei surpreso quando me disse: “ você é o novo bispo coadjutor de Buenos Aires”.

Episcopado é serviço

Para Francisco, “episcopado” é o nome de um serviço, não de uma honra, porque ao bispo compete mais servir do que dominar, segundo o mandamento do Mestre: “Quem for o maior entre vós, seja como o menor. E aquele que mandar, como o que serve”. Em uma homilia de ordenação episcopal de 4 de outubro de 2019 disse:

“As três proximidades do bispo: proximidade a Deus na oração — este é o seu primeiro trabalho — proximidade aos sacerdotes no Colégio presbiteral; e proximidade em relação ao povo. Não vos esqueçais que fostes tirados, escolhidos, do meio do rebanho. Não vos esqueçais das vossas raízes, daqueles que vos transmitiram a fé, daqueles que vos conferiram a vossa identidade. Não renegueis o povo de Deus".

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