segunda-feira, 29 de abril de 2024

Reflita com dom Leomar:

Ética e a era do vazio

Constata-se hoje a passagem de uma única moral objetiva para as muitas opções éticas. Isso leva a um niilismo, no qual o ser humano caminha sem muitas balizas, tudo é livre e permitido e acaba-se vivendo o dia a dia sem um grande ideal ou meta para a existência. O mundo se tornou um mar aberto. O que vale é o acontecimento e não a realização de um projeto. Trata-se de uma ética que não prevê nada de seguro, estável e fixo. Não há terra firme, apenas o mar aberto.

Dom Leomar Brustolin

A ética que deriva dessa situação é uma ética que dissolve certezas e se configura como ética do passageiro, do viajante, que não apela à lei, ao direito ou à norma, mas à experiência. O humano desterritorializado tem referências pontuais e recorre mais à história do que à natureza.  

Assim, o ser humano sem saber o que fazer ou não fazer, perde o sentido último de seu trabalho, do seu sofrer, do seu festejar e até de ser livre. A liberdade fica reduzida à espontaneidade. A consciência não indica mais um juízo especulativo sobre a moralidade das ações, mas um julgamento sobre a sinceridade do momento a respeito da vontade de cada ser humano.  

Nessa falta de ética, percebe-se um terrível vazio interior, uma perda generalizada da esperança e de sentido, o obscurecimento da inteligência e uma enorme carência de espiritualidade que pautaram, por exemplo, a construção da cultura ocidental.  

Sem viver aguardando uma vida plena e eterna, o horizonte da esperança fica reduzido ao horizonte da expectativa. Consequentemente o mistério da presença do mal no mundo dispensa o sentido de pecado e reduz-se a uma experiência instintiva de agressividade e erro. Há uma mundanização do eterno e o tempo é considerado um recipiente vazio a ser preenchido de fatos, eventos e pessoas sem uma orientação ou um desígnio.  

Tudo fica restrito a obter o melhor da vida terrena, quando aparece a enfermidade, o envelhecimento e a morte, cada ser humano deverá lidar solitariamente essa experiência sem referenciais capazes de lhe dar sentido e discernimento sobre a existência.  

Para vencer essa horizontalidade da ética de quem não sabe para onde vai, é preciso trabalhar pela ética de quem tem uma meta para caminhar. Enfim, o ser humano nasceu para olhar para o alto, é peregrino do céu com os pés bem firmes sobre a terra.  O humano não nasceu para olhar somente ao redor. O animal olha para a terra e ao redor, o ser humano olha para o céu e o além. O olho do corpo vê coisas e objetos, capta as coisas visíveis. O olhar vertical olha para a eternidade escondida atrás das mesmas coisas e dos mesmos objetos. Um único olhar sobre a terra é insuficiente para esgotar toda a capacidade da força do olhar humano.

Dom Leomar Antônio Brustolin - Arcebispo de Santa Maria (RS)

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domingo, 28 de abril de 2024

Paróquia São José - Paraisópolis (MG):

    Horários de missa e outros eventos

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Dia 30 - Terça-feira

8h - Terço comunitário na Matriz

15h - Missa pelas vocações e pelos enfermos na Matriz

19h - Terço das mulheres na Matriz

19h - Missa na capela do Asilo São Vicente de Paulo

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Dia 1º de maio - Quarta-feira

Festa em louvor a São José Operário

9h - Missa na Matriz

     18h30 - Momento de oração na Matriz

19h - Missa pelos trabalhadores, patrões e desempregados na Matriz 

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Dia 2 - Quinta-feira

Festa em louvor a São José Operário

18h30 - Momento de oração na Matriz

19h - Missa na Matriz 

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Dia 3 - 1ª Sexta-feira

Festa em louvor a São José Operário

6h - Oração das Mil Misericórdias na Matriz

8h - Terço comunitário na Matriz

14h30 - Adoração e bênção do Santíssimo na Matriz

15h - Missa na Matriz

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Dia 4 - Sábado

Festa em louvor a São José Operário

     14h - Terço das crianças na Matriz

18h - Terço em reparação ao Imaculado Coração de Maria na Matriz

19h - Missa na Matriz

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Dia 5 - 6º Domingo da Páscoa

Festa em louvor a São José Operário

7h - Missa na Matriz      9h - Missa na Matriz

     11h - Missa na igreja de Santa Edwiges

19h - Missa na Matriz      19h - Missa na igreja da Santo Antônio 

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Papa em Veneza - Visita a uma prisão feminina:

não "isolar a dignidade", mas dar novas possibilidades

O primeiro compromisso oficial de Francisco em Veneza neste domingo (28) foi na Casa Feminina de Detenção na ilha de Giudecca. O espaço sedia até 24 de novembro o Pavilhão da Santa Sé na Bienal de Artes com obras que envolvem 9 artistas e inclusive detentas. "Deus nos quer juntos porque sabe que cada um de nós, aqui, hoje, tem alguma coisa única para dar e receber, e de que todos nós precisamos", disse o Papa.

A ilha de Giudecca, ao sul de Veneza, recebeu o Papa neste domingo (28), como a primeira etapa do dia da visita pastoral do Pontífice à cidade italiana. "Quis encontrá-las no início da minha visita a Veneza para lhes dizer que ocupam um lugar especial no meu coração", logo antecipou Francisco às 80 mulheres da Casa Feminina de Detenção, um espaço de reabilitação com capacidade para 111 pessoas. Além de local de reabilitação, até 24 de novembro vira sede do Pavilhão da Santa Sé na Bienal de Artes de Veneza.

No discurso, o Pontífice pediu para que todos vivessem este encontro não como uma “visita oficial” do Papa, mas um momento importante de dedicação de "tempo, oração, proximidade e afeto fraterno":

“É o Senhor que nos quer juntos neste momento, tendo chegado por caminhos diferentes, alguns muito dolorosos, também por causa de erros pelos quais, de várias maneiras, cada pessoa carrega feridas e cicatrizes. E Deus nos quer juntos porque sabe que cada um de nós, aqui, hoje, tem alguma coisa única para dar e receber, e de que todos nós precisamos.”

A penitenciária feminina de Giudecca tem capacidade para 111 detentas, mas atualmente acolhe 80 e é tem sido um espaço de reabilitação, já que algumas começaram a costurar e trabalhar na lavanderia, por exemplo. Mas "a prisão é uma realidade dura, e problemas como a superlotação, a carência de instalações e de recursos, os episódios de violência, geram muito sofrimento", comentou o Papa em discurso, mas que também pode se tornar num "lugar de renascimento, moral e material, onde a dignidade de mulheres e homens não é 'colocada em isolamento', mas promovida através do respeito mútuo e do desenvolvimento de talentos e habilidades, talvez que ficaram adormecidos ou aprisionados pelas vicissitudes da vida, mas que podem ressurgir para o bem de todos e que merecem atenção e confiança".

A redescoberta da beleza na prisão

Por essa razão, garantiu Francisco, "paradoxalmente, a permanência em uma prisão pode marcar o início de algo novo, através da redescoberta de belezas inesperadas em nós e nos outros". Como é o caso da prisão de Giudecca que foi escolhida para receber uma exposição de artes da Bienal de Veneza e através da qual as próprias detentas contribuem ativamente, lembrou ainda o Papa. No Pavilhão da Santa Sé, as obras de 9 artistas são dedicadas aos direitos humanos e aos mundos marginalizados, às periferias onde vivem os últimos.

"Todos nós temos erros a serem perdoados e feridas a serem curadas", reforçou o Pontífice, exortando a renovar, a partir de hoje, "eu e vocês, juntos, a nossa confiança no futuro". Uma mensagem de humanidade que se estende além da ilha de Giudecca, em Veneza, para se redescobrir os valores intrínsecos colhidos a partir da experiência diária vivida dentro um cárcere:

“É fundamental que inclusive o sistema penitenciário ofereça aos detentos e às detentas ferramentas e espaços para o crescimento humano, espiritual, cultural e profissional, criando as condições para a sua reintegração saudável. Não 'isolar a dignidade', mas dar novas possibilidades!”

Andressa Collet - Vatican News

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O Papa aos artistas:
“Mulheres coprotagonistas da aventura humana"

“Espero que a arte contemporânea possa abrir nossos olhos, para valorizar a contribuição das mulheres como coprotagonistas da aventura humana”. São palavras do Papa Francisco no encontro com os Artistas na manhã deste domingo, 28 de abril em Veneza durante sua Visita Pastoral.

Depois do encontro com o cardeal José Tolentino de Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação e responsável pelo Pavilhão da Santa Sé na Bienal de Arte de Veneza, o Papa dirigiu-se à Capela da Prisão, na Igreja da Madalena, para encontrar os Artistas. Francisco iniciou seu discurso afirmando que gostaria de enviar a todos a seguinte mensagem: “O mundo precisa de artistas”, confirmando que ao lado deles, não se sentia um estranho, sentia-se “em casa” e explicou que na verdade se aplica a todo ser humano.

“A arte tem o status de uma "cidade refúgio" uma cidade que desobedece ao regime de violência e discriminação para criar formas de pertencimento humano capazes de reconhecer, incluir, proteger, abraçar a todos. Todos, a começar pelos últimos”

Fobia dos pobres

Enfatizando em seguida que “seria importante que as várias práticas artísticas pudessem se estabelecer em todos os lugares como uma espécie de rede de cidades refúgio, colaborando para libertar o mundo de antinomias insensatas e já vazias”, disse o Papa, “que tentam se apoderar no racismo, na xenofobia, na desigualdade, no desequilíbrio ecológico e na aporofobia, esse terrível neologismo que significa ‘fobia dos pobres’. Por trás dessas antinomias, há sempre a rejeição do outro.

Irmãos em todos os lugares

E fez um importante apelo aos artistas pedindo “imaginem cidades que ainda não existem no mapa: cidades onde nenhum ser humano é considerado um estranho. É por isso que quando dizemos ‘estranhos em todos os lugares’, estamos propondo ‘irmãos em todos os lugares’".

"Com os Meus Olhos"

Ao se referir ao título do Pavilhão da Santa Sé que tem como título ‘Com os Meus Olhos’ disse:

“Todos nós precisamos ser olhados e ousar olhar para nós mesmos. Nesse aspecto, Jesus é o Mestre perene: Ele olha para todos com a intensidade de um amor que não julga, mas sabe estar próximo e encorajar. Eu diria que a arte nos educa para esse tipo de olhar, não possessivo, não objetivante, mas também não indiferente, superficial; nos educa para um olhar contemplativo”

Mulheres coprotagonistas da aventura humana

Depois de afirmar que “ninguém tem o monopólio da dor humana”, recordou que “há uma alegria e um sofrimento que se unem no feminino de uma forma única e que devemos ouvir, porque elas têm algo importante a nos ensinar”, citando artistas como Frida Khalo, Corita Kent ou Louise Bourgeois. Concluindo:

“Espero de todo o coração que a arte contemporânea possa abrir nossos olhos, ajudando-nos a valorizar adequadamente a contribuição das mulheres como coprotagonistas da aventura humana”

Por fim concluiu recordando "a pergunta que Jesus fez às multidões a respeito de João Batista: "Que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? Mas, que fostes ver? (Mt 11, 7-8). Guardemos essa pergunta em nosso coração", concluiu o Papa, "ela nos impulsiona para o futuro”.

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Papa a jovens de Veneza:
ide contracorrente, arriscai e tomai a vida em vossas mãos

Nossa vida é um dom e somos chamados a viver como um dom. Quem se doa aos outros sai ganhando. Quantas vezes somos vítimas de tristezas inconsistentes, que esgotam as nossas melhores energias! Não nos deixemos paralisar pela melancolia, mas tentemos ir ao encontro dos outros! Foi a exortação do Papa no encontro com os jovens de Veneza e das dioceses do Vêneto, no terceiro compromisso de Francisco em terras venezianas, este domingo, 28 de abril.

Na manhã deste domingo, o terceiro compromisso Santo Padre em terras venezianas foi um aguardado e festivo encontro com os jovens de Veneza e das dioceses do Vêneto, diante da Basílica de Nossa Senhora da Saúde.

Em seu discurso, o Papa partilhou com os presentes duas maravilhas que se destacam no homem: o olhar e o sorriso. Trata-se de grandes dons por sermos filhos amados de Deus, chamados a realizar o sonho do Senhor: testemunhar e viver a sua alegria. Esta linda experiência não pode não ser compartilhada com os outros: devemos redescobrir no Senhor a beleza que somos e nos alegrarmos, em nome de Jesus, com um Deus jovem, que ama e sempre surpreende os jovens.

Levantar-se para estar em pé diante da vida

A partir de Veneza, cidade da beleza, Francisco sugeriu dois verbos práticos para juntos acolher a beleza humana e alimentar a sua alegria. Ambos os verbos, que têm origem materna e de movimento, animaram o coração jovem de Maria, Mãe de Deus e nossa: Ela, para difundir a alegria do Senhor e ajudar quem precisava, “levantou-se e foi” visitar sua prima Isabel. Logo, levantar-se e ir. Sobre este primeiro verbo, o Papa disse:

“Antes de tudo, levantar-se: levantar-se do chão, porque somos feitos para o Céu; levantar-se das tristezas, para elevar o olhar para o alto; levantar-se para estar em pé diante da vida, não sentados no sofá; levantar-se para dizer “eis-me aqui!” ao Senhor, que acredita em nós; levantar-se para acolher o dom que somos: preciosos e insubstituíveis”.

O Senhor nunca decepciona quem nele confia

Este é o primeiro passo que devemos dar de manhã ao acordarmos: levantar da cama e agradecer a Deus pelo dom da vida, que é o próprio Deus. Depois, rezar o “Pai Nosso”, onde a primeira palavra é a chave da alegria: “Pai”, que reconhecemos como filho e filha amados. Logo, somos filhos, que têm um Pai no céu. Por isso, somos filhos do céu.

Apesar da nossa luta contra uma força de gravidade negativa, que nos abate, levantem-se de manhã e deixem que o Senhor os tome pela mão. Ele nunca decepciona quem nele confia, mas está sempre ao nosso lado e nos sorri, pronto para nos dar a mão. De fato, Francisco acrescentou:

“Se abrirmos o Evangelho, vemos que Jesus agiu assim com Pedro, Maria Madalena, Zaqueu e tantos outros, causando maravilhas neles, porque ele sabe que somos fracos. Por isso, devemos nos levantar e permanecer em pé: eis o segredo de tantos campeões de esportes, artistas e cientistas: alcançar suas metas com constância, mas o que mais conta na vida é a fé e o amor”.

Só remando, com perseverança, se vai longe

Por isso, disse o Papa, é preciso perseverar juntos com os outros, mesmo quando os que nos circundam, estejam apegados aos celulares, redes sociais e videogames. Daí, você deve ir contracorrente, sem temer, arriscar e tomar a vida em suas mãos: desligue a TV e abra o Evangelho para ir ao encontro dos outros! Claro, afirmou Francisco, não é fácil, mas é preciso ir contracorrente, seguindo o exemplo de Veneza que diz: “só remando, com perseverança, se vai longe”.

Aqui, após ter explicado o sentido de “levantar-se”, o Santo Padre falou sobre o segundo verbo: “ir”: “levantar-se” significa aceitar-se como dom e “ir” significa tornar-se dom. Assim, nossa vida é um dom e somos chamados a viver como um dom. Quem se doa aos outros sai ganhando. Quantas vezes somos vítimas de tristezas inconsistentes, que esgotam as nossas melhores energias! Não nos deixemos paralisar pela melancolia, mas tentemos ir ao encontro dos outros! E Francisco acrescentou:

“Vivemos imersos em produtos feitos pelo homem, que nos fazem perder o estupor diante da beleza que nos circunda. A criação nos convida a sermos criadores de beleza. Por isso, devemos deixar o mundo hipnótico das redes sociais, que anestesiam a alma. Jovens, não sejam profissionais da digitação compulsiva, mas criadores de coisas novas”!

Imitar o estilo de Deus, que é estilo da gratuidade

Enfim, o Santo Padre exortou os jovens venezianos e vênetos a imitar o estilo de Deus, que é estilo da gratuidade, que nos distancia da lógica niilista de “fazer para ter” ou de “trabalhar só para ganhar”. Sejam criativos. Criem uma sinfonia de gratuidade em um mundo que só busca o lucro! Assim vocês serão revolucionários e se dedicarão aos outros sem medo!

“Jovem, levante-se e tome conta da sua vida! Abra seu coração a Deus e o agradeça pela beleza que você representa! Apaixone-se pela vida e vá ao encontro dos outros. Busque, com criatividade, colorir o mundo e as estradas da vida com o Evangelho. Levante-se e vai!

Manoel Tavares/Raimundo de Lima - Vatican News

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Francisco:
a fé em Jesus, o vínculo com Ele,
nos abre para receber a seiva do amor de Deus

Permanecer no Senhor significa crescer no relacionamento com Ele, dialogar com Ele, acolher sua Palavra, segui-lo no caminho para o Reino de Deus. Portanto, trata-se colocar-nos a caminho atrás d’Ele, de nos deixarmos provocar por seu Evangelho e de nos tornarmos testemunhas de seu amor: disse o Papa Francisco em seu último compromisso em terras venezianas, este domingo, 28 de abril, na Missa celebrada na Praça São Marcos

A fé em Jesus, o vínculo com Ele, não aprisiona nossa liberdade, mas, ao contrário, nos abre para receber a seiva do amor de Deus, que multiplica nossa alegria, cuida de nós com o cuidado de um bom vinhateiro e faz nascer brotos mesmo quando o solo de nossa vida se torna árido. Foi o que disse o Santo Padre na celebração da Eucaristia – centro e ápice da vida cristã –, ponto alto de sua visita pastoral a Veneza, este domingo, 28 de abril, numa Praça São Marcos repleta de fiéis e peregrinos, cerca de 10.500, de Veneza e das dioceses do Vêneto, norte da Itália.

Somente aquele que permanece unido a Jesus dá frutos. Em sua homilia, Francisco deteve-se sobre o Evangelho deste V Domingo do Tempo Pascal, que nos traz a parábola da videira.

Eu sou a videira e vós sois os ramos

Jesus é a videira, nós somos os ramos. E Deus, o Pai misericordioso e bom, como um agricultor paciente, trabalha conosco com cuidado para que nossa vida seja repleta de frutos. É por isso que Jesus recomenda que conservemos a dádiva inestimável que é o vínculo com Ele, do qual dependem nossa vida e fecundidade.

Assim, a metáfora da videira, ao mesmo tempo em que expressa o cuidado amoroso de Deus por nós, por outro lado nos adverte, pois se rompermos esse vínculo com o Senhor, não poderemos gerar frutos de boa vida e nós mesmos corremos o risco de nos tornarmos ramos secos, que serão jogados fora.

Tendo como pano de fundo a imagem usada por Jesus, continuou o Pontífice, penso também na longa história que liga Veneza ao trabalho das videiras e à produção de vinho, no cuidado de tantos viticultores e nos numerosos vinhedos que surgiram nas ilhas da Lagoa e nos jardins entre as calas da cidade, e naqueles que engajaram os monges na produção de vinho para suas comunidades.

Isso é o que conta, permanecer no Senhor, habitar n’Ele

Mas a metáfora que saiu do coração de Jesus também pode ser lida ao pensarmos nessa cidade construída sobre a água e reconhecida por essa singularidade como um dos lugares mais evocativos do mundo. Veneza é uma só com as águas sobre as quais está situada e, sem o cuidado e a proteção desse ambiente natural, poderia até deixar de existir. Assim também é nossa vida: nós também, imersos para sempre nas fontes do amor de Deus, fomos regenerados no Batismo, renascemos para uma nova vida pela água e pelo Espírito Santo e fomos inseridos em Cristo como ramos na videira. Em nós flui a seiva desse amor, sem o qual nos tornamos ramos secos que não dão frutos.

Francisco deteve-se sobre uma das palavras-chave dadas por Jesus aos seus apóstolos antes de concluir sua missão terrena: trata-se da palavra “permanecei”, exortando os apóstolos a manter vivo o vínculo com Ele, a permanecer unidos a Ele como os ramos à videira.

Irmãos e irmãs, isso é o que conta: permanecer no Senhor, habitar n’Ele. E esse verbo - permanecer - não deve ser interpretado como algo estático, como se quisesse nos dizer para ficarmos parados, estacionados na passividade; na realidade, ele nos convida a nos colocarmos em movimento, porque permanecer no Senhor significa crescer no relacionamento com Ele, dialogar com Ele, acolher sua Palavra, segui-lo no caminho para o Reino de Deus. Portanto, trata-se colocar-nos a caminho atrás d’Ele, de nos deixarmos provocar por seu Evangelho e de nos tornarmos testemunhas de seu amor.

Produzir os frutos do Evangelho em nossa realidade

E nós, cristãos, disse Francisco, que somos ramos unidos à videira, a videira do Deus que cuida da humanidade e criou o mundo como um jardim para que possamos florescer nele e fazê-lo florescer, como respondemos?

Permanecendo unidos a Cristo, seremos capazes de produzir os frutos do Evangelho na realidade em que vivemos: frutos de justiça e paz, frutos de solidariedade e cuidado mútuo; escolhas de cuidado com o meio ambiente, mas também com o patrimônio humano: precisamos que nossas comunidades cristãs, nossos bairros, nossas cidades se tornem lugares hospitaleiros, acolhedores e inclusivos. E Veneza, que sempre foi um lugar de encontro e de intercâmbio cultural, é chamada a ser um sinal de beleza acessível a todos, a começar pelos últimos, um sinal de fraternidade e de cuidado com a nossa casa comum. Veneza, terra que faz irmãos. Obrigado!

Concluída a celebração eucarística - último compromisso da visita pastoral do Papa a Veneza -, Francisco visitou de forma privada a Basílica de São Marcos para venerar as relíquias do Santo Evangelista, detendo-se por um breve momento em oração.

Raimundo de Lima – Vatican News

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Apelo e oração do Papa
por Haiti, Ucrânia, Palestina, Israel e os Rohingyas

No Regina Coeli deste domingo, em Veneza, Francisco voltou a invocar a intercessão de Nossa Senhora, pedindo pelo Haiti, que passa por um momento de transição política, e pelas muitas situações de sofrimento no mundo, nomeadamente, pela Ucrânia, Palestina e Israel, e pelo povo Rohingya.

Ao término da Santa Missa celebrada na manhã deste domingo, 28 de abril, em Veneza, norte da Itália, nos agradecimentos antes da oração mariana do Regina Caeli, o Santo Padre voltou a invocar a intercessão de Nossa Senhora, pedindo pelo Haiti, cujo país caribenho passa por um momento de transição política, e pelas populações que sofrem por causa de guerras e violências, nomeadamente, pediu pela Ucrânia, Palestina e Israel, e pelo povo Rohingya.

A vontade de diálogo e reconciliação possa crescer em todos

Penso no Haiti, onde está em vigor um estado de emergência e a população está desesperada por causa do colapso do sistema de saúde, da escassez de alimentos e da violência que leva as pessoas a fugir. Confiemos ao Senhor os trabalhos e as decisões do novo Conselho Presidencial de Transição, que tomou posse na quinta-feira passada em Porto Príncipe, para que, com o apoio renovado da comunidade internacional, possa levar o país a alcançar a paz e a estabilidade de que tanto necessita. Penso na atormentada Ucrânia, na Palestina e em Israel, nos Rohingyas e em tantos povos que sofrem com a guerra e a violência. Que o Deus da paz ilumine os corações para que a vontade de diálogo e reconciliação possa crescer em todos.

Raimundo de Lima – Vatican News

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Assista:

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sábado, 27 de abril de 2024

Reflita com o padre Zezinho:

Alarguemos os horizontes da nossa fé católica!

Pe. Zezinho, scj ||||||||||||||||||||||||

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Comecemos lendo EFÉSIOS 3,14-21. Poucos cristãos entendem isto!

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Há pregadores católicos que se sentem ofendidos quando algum mestre os corrige!

Acham-se incorrigíveis!…

Já fui corrigido muitas vezes e na rede social há muitos que vivem me corrigindo, porque acham que sabem mais do que eu. E muitos realmente sabem.

Outros nem sequer tem Bíblia ou Catecismo em casa e nunca leram um compêndio de Teologia ou de História da Igreja, mas entram para me corrigir.

Sou paciente com estes católicos ou evangélicos. Só os deleto quando querem discutir.

Na terceira vez eu lhes aconselho a seguir seu pastor ou seu diretor espiritual. Afinal são ovelhas de outro rebanho. Confiam em outros catequistas. É mais do que normal que sigam outro púlpito.

Mas esta página é um dos meus púlpitos. A anciã de cabelos brancos, evangélica, que me acusou de mentir sobre o purgatório eu não deletei. Deixei que católicos jovens e anciãos respondessem.

Mas não a chamei de mentirosa, nem ao seu pastor. Engoli a ofensa orando por ela!

Afinal nossa Igreja pratica o diálogo desde o Concílio Ecumênico de 1962-1965.

Aprendi a discordar sem ofender os fiéis de outras Igrejas.

Contudo, Jesus corrigia, Paulo corrigia, Tiago corrigia e Pedro corrigia. E eles também aceitaram ser corrigidos por Jesus.

Qualquer pregador católico que ache que não tem no que ser corrigido na sua pregação perdeu o rumo e o prumo.

Ninguém acerta em tudo! Os grandes santos aceitaram ser corrigidos!

Tinham descoberto a realidade!… E a realidade é que há outros cristãos que pensam diferente.

Alguns são bem educados. Outros, nem tanto. Sigo Paulo em Efésios 3,14- 21. Há outras dimensões da fé em Cristo que nem todo mundo conhece! Só o diálogo sereno e fraterno vai alargar nossos horizontes …

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                                                                                       Fonte: facebook.com/padrezezinhoscj

Papa na manhã deste sábado:

com Deus no coração, fertilizamos de esperança terras estéreis

“Com Deus no coração enchereis com vossa luz os campos que agora parecem estéreis, fertilizando-os com esperança”. São palavras do Papa Francisco durante o encontro com a comunidade do Seminário de Burgos, Espanha na manhã deste sábado, 27 de abril.

Na manhã deste sábado (27/04) o Papa Francisco recebeu a comunidade do Seminário de Burgos, na Espanha em audiência no Vaticano. Durante o encontro Francisco destacou que “ter Deus em nós nos enche de paz, uma paz que podemos comunicar, que podemos levar a todos os povos e lugares”.

Ir para onde Ele estava indo

Aos bispos, sacerdotes e seminaristas de Burgos o Papa disse que admirava o fato de estarem sendo formados em um lugar do mundo que talvez fosse impensável para muitos; uma terra rica em história e tradição, com pessoas vigorosas "por causa do clima e dos costumes", mas que é considerada "la España vaciada", a Espanha vazia. E explicou: “Ao refletir sobre o motivo pelo qual Deus nos levou ao lugar onde estamos, é bom lembrar a passagem de São Lucas em que Jesus envia seus discípulos "para onde [ele] estava indo" (Lc 10, 1). É um bom critério para o discernimento”, disse ainda:

“Jesus me quer nesta terra vazia para enchê-la de Deus, ou seja, para torná-lo presente entre meus irmãos, para construir comunidade, construir Igreja, Povo”

E acrescentou que este propósito pode ser realizado “se formos um grupo heterogêneo que conhece a acolhida e o enriquecimento recíproco. Sem caridade para com Deus e para com os irmãos, sem caminhar "dois a dois", - como diz o evangelista - não podemos levar Deus”.

Nosso coração é para Deus e nosso irmão

Depois falou sobre a necessidade de “mostrar ao Senhor a disponibilidade absoluta ‘implorando’ que nos envie, mesmo que pareçamos pouco em comparação com a obra -a messe- que é tão grande”. Concluindo seu pensamento o Papa recomendou aos presentes para entregarem-se, e confiarem :

“Que o vazio no nosso coração seja feito apenas para acolher Deus e nosso irmão, esta seria a terceira, libertando-nos das falsas seguranças humanas”

Por fim disse: “Ter Deus em nós nos enche de paz, uma paz que podemos comunicar, que podemos levar a todos os povos e cidades, que podemos desejar para todos os lugares”. Acrescentando, “dessa forma, enchereis com vossa luz os campos que agora parecem estéreis, fertilizando-os com esperança”.  

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Francisco:
o amor nos torna melhores,
mais ricos e mais sábios, em todas as idades

Procurem seus avós e não os marginalize, para o próprio bem de vocês: “A marginalização dos idosos corrompe todas as estações da vida, não apenas a da velhice”. Vocês, por outro lado, aprendem a sabedoria do seu forte amor, e também da sua fragilidade, que é um “magistério” capaz de ensinar sem a necessidade de palavras, um verdadeiro antídoto contra o endurecimento do coração: isso os ajudará a saborear a vida como relacionamento. Foi a exortação do Papa no Encontro com avós, idosos e netos.

“Quando vocês, avós e netos, idosos e jovens, estão juntos, quando se veem e se ouvem com frequência, quando cuidam uns dos outros, o amor de vocês é um sopro de ar puro que refresca o mundo e a sociedade e nos torna todos mais fortes, para além dos laços de parentesco”, disse Francisco ao receber em audiência na manhã deste sábado, 27 de abril, na Sala Paulo VI, no Vaticano, em clima de festa, avós, idosos e netos, um evento promovido pela Fundação “Età Grande”.

O encontro "A carícia e o sorriso", que teve a participação de numerosos personagens do mundo do espetáculo, reuniu representantes das duas gerações para promover a pessoa idosa e o seu papel no mundo de hoje.

É bom recebê-los aqui, avós e netos, jovens e idosos. Hoje vemos, como diz o Salmo, como é bom estarmos juntos (Sl 133). Basta olhar para vocês para perceber isso, pois há amor entre vocês, frisou o Papa, convidando os presentes a refletir sobre isso, sobre o fato de que o amor nos torna melhores, mais ricos e mais sábios, em todas as idades.

O amor nos torna melhores

Primeiro: o amor nos torna melhores. Vocês também demonstram isso, que se tornam melhores reiprocamente ao se amarem. E digo isso a vocês como “avô”, com o desejo de compartilhar a fé sempre jovem que une todas as gerações. Eu também a recebi de minha avó, com quem aprendi pela primeira vez sobre Jesus, que nos ama, que nunca nos deixa sozinhos e que nos incentiva a estarmos próximos uns dos outros e a nunca excluirmos ninguém. Foi com ela que ouvi a história daquela família em que havia um avô que, por não comer mais bem à mesa e se sujar, foi mandado embora, colocado para comer sozinho. Não era uma coisa boa, na verdade, era muito ruim! Então, o neto ficou alguns dias mexendo em martelos e pregos e, quando seu pai perguntou o que ele estava fazendo, ele respondeu: “Estou construindo uma mesa para o senhor, para que possa comer sozinho quando ficar velho! Isso minha avó me ensinou, e nunca mais esqueci.

Não se esqueça disso também, observou o Pontífice, porque é somente estando juntos com amor, sem excluir ninguém, que se torna melhor, mais humano!

O amor nos torna mais ricos

Não só isso, mas você também se torna mais rico. Nossa sociedade está repleta de pessoas especializadas em muitas coisas, ricas em conhecimento e meios úteis para todos. Se, no entanto, não houver compartilhamento e cada um pensar apenas em si mesmo, toda a riqueza se perderá, tornando-se, de fato, um empobrecimento da humanidade. E esse é um grande risco para o nosso tempo: a pobreza da fragmentação e do egoísmo. Pensemos, por exemplo, em algumas das expressões que usamos: quando falamos de “mundo dos jovens”, de “mundo dos velhos”, de “mundo disso e daquilo”... Mas o mundo é apenas um! E é composto de muitas realidades que são diferentes justamente para que possam se ajudar e se complementar: gerações, povos e todas as diferenças, se harmonizadas, podem revelar, como as faces de um grande diamante, o maravilhoso esplendor do homem e da criação. Isso também é o que o fato de vocês estarem juntos nos ensina: não deixar que a diversidade crie fendas entre nós! Não pulverizar o diamante do amor, o mais belo tesouro que Deus nos deu.

Às vezes ouvimos frases como “pense em você!”, “não precise de ninguém!”. Essas são frases falsas, que enganam as pessoas, fazendo-as acreditar que é bom não depender dos outros, fazer por si mesmas, viver como ilhas, enquanto essas são atitudes que apenas criam muita solidão, continuou o Santo Padre.

O amor nos torna mais sábios

E isso nos leva ao último aspecto: ao amor que nos torna mais sábios. Queridos netos, seus avós são a memória de um mundo sem memória, e “quando uma sociedade perde a memória, está acabada”. Ouça-os, especialmente quando eles lhe ensinarem, por meio de seu amor e testemunho, a cultivar os afetos mais importantes, que não são obtidos pela força, não aparecem pelo sucesso, mas preenchem a vida.

Por fim, antes de despedir-se, o Santo Padre deixou-lhes uma forte exortação. Procurem seus avós e não os marginalize, para o próprio bem de vocês: “A marginalização dos idosos (...) corrompe todas as estações da vida, não apenas a da velhice”. Vocês, por outro lado, aprendem a sabedoria do seu forte amor, e também da sua fragilidade, que é um “magistério” capaz de ensinar sem a necessidade de palavras, um verdadeiro antídoto contra o endurecimento do coração: isso os ajudará a saborear a vida como um relacionamento.

Raimundo de Lima – Vatican News

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                                                                                                                      Fonte: vaticannews.va

Bela reflexão:

Fé estéril
José Antonio Pagola

A imagem é realmente expressiva. Todo ramo que está vivo deve produzir fruto. E, se não produz, é porque não circula por Ele a seiva da videira. Assim é também nossa fé. Vive, cresce e dá frutos, quando vivemos abertos à comunicação com Cristo. Se esta relação vital se interrompe, cortamos a fonte de nossa fé.

Então a fé seca. Já não é capaz de animar nossa vida. Converte-se em confissão verbal vazia de conteúdo e de experiência viva. Triste caricatura do que os primeiros crentes viveram ao encontrar-se com o Ressuscitado. Digamos sinceramente, será que esta ausência de dinamismo cristão, essa incapacidade de continuar crescendo em amor e fraternidade com todos, essa inibição e passividade para lutar arriscadamente pela justiça, essa falta de criatividade
evangélica para descobrir as novas exigências do Espírito, não estão delatando uma falta de comunicação viva com Cristo ressuscitado?

Por paradoxal que possa parecer, o vazio interior pode apoderar-se de mais de um cristão. Preso numa rede de relações, atividades, ocupações e problemas, o cristão pode sentir-se mais só do que nunca em seu interior, incapaz de comunicar-se vitalmente com esse Cristo em quem diz crer.

Talvez a derrota mais grave do homem ocidental seja sua incapacidade de vida interior. Parece que as pessoas vivem sempre fugindo. Sempre de costas para si mesmas. Diríamos que a alma de muitos é um deserto.

A falta de contato interior com Cristo como fonte de vida conduz pouco a pouco a um “ateísmo prático”. Não adianta continuar confessando fórmulas, se a pessoa não conhece a comunicação calorosa, prazerosa e revitalizadora com o Ressuscitado. Essa comunicação de quem sabe desfrutar do diálogo silencioso com Ele, alimentar-se diariamente de sua palavra, lembrar-se dele com alegria no meio do trabalho cotidiano, ou descansar com Ele nos momentos de abatimento e opressão.

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JOSÉ ANTONIO PAGOLA cursou Teologia e Ciências Bíblicas na Pontifícia Universidade Gregoriana, no Pontifício Instituto Bíblico de Roma e na Escola Bíblica e Arqueológica Francesa de Jerusalém. É autor de diversas obras de teologia, pastoral e cristologia. Atualmente é diretor do Instituto de Teologia e Pastoral de São Sebastião. Este comentário é do livro “O Caminho Aberto por Jesus”, da Editora Vozes.

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                                           Fonte: franciscanos.org.br       Banner: Frei Fábio M. Vasconcelos

sexta-feira, 26 de abril de 2024

5º Domingo da Páscoa:

Leituras e Reflexão

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1ª Leitura: At 9,26-31

Leitura do Livro dos Atos dos Apóstolos 

Naqueles dias, Saulo chegou a Jerusalém e procurava juntar-se aos discípulos. Mas todos tinham medo dele, pois não acreditavam que ele fosse discípulo.

Então Barnabé tomou Saulo consigo, levou-o aos apóstolos e contou-lhes como Saulo tinha visto o Senhor no caminho, como o Senhor lhe havia falado e como Saulo havia pregado, em nome de Jesus, publicamente, na cidade de Damasco.

Daí em diante, Saulo permaneceu com eles em Jerusalém e pregava com firmeza o nome do Senhor. Falava também e discutia com os judeus de língua grega, mas eles procuravam matá-lo.

Quando ficaram sabendo disso, os irmãos levaram Saulo para Cesareia, e daí o mandaram para Tarso.

A Igreja, porém, vivia em paz em toda a Judéia, Galileia e Samaria. Ela consolidava-se e progredia no temor do Senhor e crescia em número com a ajuda do Espírito Santo.

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Responsório: Sl 21

— Senhor, sois meu louvor em meio à grande assembleia!

— Senhor, sois meu louvor em meio à grande assembleia!

— Sois meu louvor em meio à grande assembleia;/ cumpro meus votos ante aqueles que vos temem!/ Vossos pobres vão comer e saciar-se,/ os que procuram o Senhor o louvarão:/ “Seus corações tenham a vida para sempre!”

— Lembrem-se disso os confins de toda a terra,/ para que voltem ao Senhor e se convertam, / e se prostrem, adorando, diante dele/ todos os povos e as famílias das nações./ Somente a ele adorarão os poderosos,/ e os que voltam para o pó o louvarão.

— Para ele há de viver a minha alma,/ toda a minha descendência há de servi-lo;/ às futuras gerações anunciará/ o poder e a justiça do Senhor;/ ao povo novo, que há de vir, ela dirá:/ “Eis a obra que o Senhor realizou!”

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2ª Leitura: 1Jo 3,18-24
Leitura da Primeira Carta de São João

Filhinhos, não amemos só com palavras e de boca, mas com ações e de verdade! Aí está o critério para saber que somos da verdade e para sossegar diante dele o nosso coração, pois, se o nosso coração nos acusa, Deus é maior que o nosso coração e conhece todas as coisas.

Caríssimos, se o nosso coração não nos acusa, temos confiança diante de Deus. E qualquer coisa que pedimos recebemos dele, porque guardamos os seus mandamentos e fazemos o que é do seu agrado.

Este é o seu mandamento: que creiamos no nome do seu Filho, Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, de acordo com o mandamento que ele nos deu.

Quem guarda os seus mandamentos permanece com Deus e Deus permanece com ele. Que ele permanece conosco, sabemo-lo pelo Espírito que ele nos deu.

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Evangelho: Jo 15,1-8

Proclamação do Evangelho de São  João

«Eu sou a verdadeira videira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que não dá fruto em mim, o Pai o corta. Os ramos que dão fruto, ele os poda para que deem mais fruto ainda. Vocês já estão limpos por causa da palavra que eu lhes falei. Fiquem unidos a mim, e eu ficarei unido a vocês. O ramo que não fica unido à videira não pode dar fruto. Vocês também não poderão dar fruto, se não ficarem unidos a mim. Eu sou a videira, e vocês são os ramos. Quem fica unido a mim, e eu a ele, dará muito fruto, porque sem mim vocês não podem fazer nada. Quem não fica unido a mim será jogado fora como um ramo, e secará. Esses ramos são ajuntados, jogados no fogo e queimados.»

«Se vocês ficam unidos a mim e minhas palavras permanecem em vocês, peçam o que quiserem e será concedido a vocês. A glória de meu Pai se manifesta quando vocês dão muitos frutos e se tornam meus discípulos.

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Reflexão do padre Johan Konings:

Jesus, a Videira, nós os ramos

Na liturgia dos domingos depois da Páscoa aprofundamos o mistério do Senhor Jesus glorioso, no qual transparece o amor do Pai, fonte do seu amor por nós e de nosso amor aos irmãos e irmãs. Isso fica claro de modo especial hoje, na parábola da “videira” (evangelho).

No Antigo Testamento, a vinha de Deus era o povo de Israel. Diz o profeta Isaías que Deus esperava dessa vinha frutos de justiça, mas só produziu fruto ruim (Is 5). Jesus mesmo contou uma parábola acusando, não a vinha, mas os administradores, porque não queriam entregar ao “Senhor” (= Deus) a parte combinada e quiseram apropriar-se da vinha (= o povo), matando o “Filho” (= Jesus) (Mc 12,1-12). No evangelho de João, Jesus modifica um pouco essa imagem. Não fala numa plantação inteira, mas num pé de uva, uma videira. Ele mesmo é essa videira. O Pai é o agricultor que espera bons frutos, e nós somos os ramos que devemos produzir esses frutos no fato de nos amarmos uns aos outros como Jesus nos amou. Pois Jesus recebeu esse amor do Pai, e o fruto que o Pai espera é que partilhemos esse amor com os irmãos (cf. também próximo dom.).

”A vinha verdadeira sou eu”- Jesus, unido aos seus em união vital. Essa união consiste em que permaneçamos ligados a ele, atentos e obedientes à sua palavra, ao seu mandamento de amor fraterno. E também, unidos entre nós, pois todos os ramos da videira recebem sua seiva do mesmo tronco, que é Jesus. A 2ª leitura de hoje explica isso melhor: fala do amor eficaz, o amor que produz fruto, não só “em palavras”, mas “em ações e em verdade” (1Jo 3,18-24). Tal amor eficaz faz com que tenhamos certeza de sermos “da verdade”. Por isso podemos ter paz no coração, pois sabemos que Deus se alegra com os nossos “frutos” e vence o medo e a incerteza de nosso coração (= consciência), mesmo se este se inquieta por nossas imperfeições (3, 20-23). Deus é maior que nossos escrúpulos.

Esse modo de falar nos faz ver a Igreja de outra maneira. Já não aparece como um poder ao lado do poder político, como uma “organização” burocrática, mas como um “organismo vivo” de amor fraterno. Na Igreja, Jesus e nós somos uma realidade só. Vivemos a mesma vida. Ele é o tronco, nós os ramos, mas é o mesmo pé de uva. Somos os produtores dos frutos de Jesus no mundo de hoje. Para não comprometermos essa produtividade, devemos cuidar de nossa ligação ao tronco, nossa vida íntima de união com Jesus, nossa mística cristã – na oração, na celebração e na prática da vida. Produzir os frutos da justiça e do amor fraterno e unirmo-nos a Cristo na oração e na celebração são os dois lados inseparáveis da mesma moeda. Não existe oposição entre a mística e a prática. Importa “permanecer em Cristo”. A Igreja ama Jesus, que ama os seres humanos até o fim, e por isso ela produz o mesmo fruto de amor. A Igreja vive do amor que ela tem ao amor de Jesus para o mundo.

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PE. JOHAN KONINGS nasceu na Bélgica em 1941, onde se tornou Doutor em Teologia pela Universidade Católica de Lovaina, ligado ao Colégio para a América Latina (Fidei Donum). Veio ao Brasil, como sacerdote diocesano, em 1972. Em 1985 entrou na Companhia de Jesus (Jesuítas) e, desde 1986, atuou como professor de exegese bíblica na FAJE, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Faleceu no dia 21 de maio de 2022. Este comentário é do livro “Liturgia Dominical, Editora Vozes.

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Reflexão em vídeo de Frei Gustavo Medella

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Fonte: franciscanos.org.br   Imagem: vaticannews.va  Banner: Fr. Fábio M. Vasconcelos