sábado, 30 de setembro de 2023

Reflexão para

o XXVI Domingo do Tempo Comum

O humilde, aquele que não conta com seus dons, mas reconhece seus pecados e sua debilidade, esse triunfará porque abre, em sua vida, espaço para Deus, e Deus é vida, Deus é amor.

Evangelho do domingo  (@ BAV Vat. lat. 39, f. 67v)

A vida, por vezes, nos coloca em situações difíceis e dolorosas. Temos, então, o hábito de culpar alguém e, nessa busca de encontrar um culpado, chegamos a Deus, já que nos sentimos imunes de qualquer culpa.

Mas o que diz a Sagrada Escritura a respeito disso?

No Livro de Ezequiel, primeira leitura da liturgia deste domingo, fala da responsabilidade individual nas vicissitudes da vida. Os membros do povo eleito estavam acostumados a jogar a culpa no grupo ou nos antepassados e se sentirem individualmente injustiçados por pagarem a culpa da coletividade. Até dizem: “A conduta do Senhor não é correta”. O Profeta Ezequiel vai em defesa do Senhor dizendo que o Senhor não quer a morte do pecador, pois Ele é vida e, muito pelo contrário, o Senhor oferece a seu povo a oportunidade de um recomeço. Deus sempre está disposto a ajudar aqueles que, se convertendo, reconstroem a própria vida. “Quando um ímpio se arrepende da maldade que praticou e observa o direito e a justiça, conserva a própria vida; não morrerá,” nos fala a leitura.

No Evangelho, vemos nos dois filhos ali retratados, as pessoas que acolhem a Palavra de Deus, mas nada fazem depois, e aqueles que a rejeitam inicialmente, mas que depois vão e fazem tudo de acordo com o coração do Senhor.

De que grupo fazemos parte?

Fomos batizados, ou seja, através de nossa própria língua ou da de nossos padrinhos, professamos a fé em Deus e prometemos obedecer seus mandamentos de amor. É isso que vivemos no nosso dia a dia?  Até onde nosso egocentrismo foi batizado? Amar é sair de si, a partir de onde o egoísmo começa a mostrar suas raízes e seus brotos?

Como vemos, em nós existe o filho mais novo, que não era de natureza acolhedora aos desejos do Pai, mas que se converteu e passou a caminhar unido ao seu coração. Contudo, como ainda estamos nesta vida e somos a toda hora bombardeados por apelos contrários à nossa opção fundamental e vemos que muitas vezes caímos, observamos que em nós subsiste o filho mais velho, que disse sim ao Pai, mas que depois faz o que o desagrada.

Concluímos vendo que a atitude de permanente conversão, de estado contínuo de exame de consciência e disposição para se levantar, deve estar presente em toda nossa vida.

Somos responsáveis por nossos atos, mesmo que tenhamos consciência de que somos frutos da família e da sociedade, enfim, de nosso mundo. Temos a capacidade de romper com o passado e caminhar em direção a Deus e aos irmãos. Se nos sentimos fracos, a graça de Deus nos fortalece. O humilde, aquele que não conta com seus dons, mas reconhece seus pecados e sua debilidade, esse triunfará porque abre, em sua vida, espaço para Deus, e Deus é vida, Deus é amor.

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

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Papa pede orações pela Igreja,

para abraçar o diálogo e a escuta através do Sínodo

Na intenção de oração para outubro, mês que acolhe a Assembleia Geral Ordinária em Roma e coincide com a celebração do Dia Mundial das Missões, o Papa Francisco pede que rezemos pela Igreja e seu caminho eclesial através do Sínodo.

“A missão está no coração da Igreja. E mais ainda. Quando uma Igreja está em Sínodo, somente essa dinâmica sinodal é que a faz levar adiante a vocação missionária. Quer dizer, a resposta ao mandato de Jesus de anunciar o Evangelho.”

Assim inicia Francisco a mensagem em vídeo de outubro com a intenção de oração que o Pontífice confia à Igreja Católica através da Rede Mundial de Oração do Papa. Ele pede para rezar pela Igreja que, em outubro, abraça o diálogo e a escuta através da XVI Assembleia Geral Ordinária, em Roma, mês que também coincide com a celebração do 97° Dia Mundial das Missões:

"Quero recordar que não se acaba nada, mas que continua um caminho eclesial. Trata-se de um caminho que percorremos, como os discípulos de Emaús, escutando ao Senhor que sempre sai ao nosso encontro. É o Senhor da surpresa. Através da oração e do discernimento, o Espírito Santo nos ajuda a realizar o “apostolado do ouvido”, ou seja, escutar com os ouvidos de Deus para poder falar com a palavra de Deus. E assim nos aproximarmos do coração de Cristo, do qual brota nossa missão, e da voz que atrai para Ele. Uma voz que nos revela o centro da missão, que é chegar a todos, buscar a todos, acolher a todos, envolver a todos, sem excluir ninguém."

O vídeo, com a mensagem centrada no Sínodo sobre a Sinodalidade, será projetado na preparação da Vigília Ecumênica de Oração na Praça de São Pedro deste sábado, 30 de setembro. A primeira sessão da Assembleia Geral Ordinária se realizará entre os dias 4 a 29 de outubro, em Roma, mas o processo, que começou em 2021, vai continuar em 2024.

Escuta e discernimento 

A mensagem do vídeo deste mês contou com o apoio e a colaboração das Pontifícias Obras Missionárias dos Estados Unidos e do Sínodo sobre a Sinodalidade, é um convite a uma dispor-nos diante do Senhor numa atitude de escuta e de diálogo. O conceito de Igreja "em caminho", e de sua vocação missionária, está bem representado na escolha das imagens em formato de "road movie": através da janela de um automóvel vemos lugares e pessoas de diversos países, desde o Vaticano até o Camboja, passando pela África, Oriente Médio e América do Norte, filmados em momentos da vida cotidiana. Esse automóvel representa a Igreja; seu combustível é "a força do Espírito Santo", que, nas palavras do Papa Francisco, deve conduzi-la "para as periferias do mundo":

“Rezemos pela Igreja, para que adote a escuta e o diálogo como estilo de vida em todos os níveis, deixando-se guiar pela força do Espírito Santo em direção às periferias do mundo.”

O que é o Sínodo da Sinodalidade

Em 10 de outubro de 2021, o Papa Francisco convocou o Sínodo da Sinodalidade para aprofundar o tema “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”. O Sínodo dos Bispos é um organismo consultivo que pede aos bispos de todo o mundo que participem no governo da Igreja, aconselhando ao Papa sobre assuntos de interesses para a Igreja universal. A palavra “sínodo” deriva da língua grega e expressa a ideia de "caminhar juntos".

Com uma duração prevista de três anos (outubro de 2021 a outubro de 2024), o Sínodo da Sinodalidade percorreu distintas fases de escuta e discernimento. O Papa Francisco deseja que toda a Igreja reflita sobre a sinodalidade: que todo o Povo de Deus —bispos, sacerdotes, religiosos, leigos, homens, mulheres, adultos, jovens— participe na conversação sobre se estamos caminhando juntos e como o fazemos.

No dia 4 de outubro será aberta a primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária, onde os bispos e outros participantes se reúnem para recolher os frutos dos processos prévios de escuta. Neste Sínodo, essa assembleia se celebrará em duas sessões com um ano de diferença: de 4 a 29 de outubro de 2023 e em outubro de 2024.

A celebração da primeira sessão da Assembleia Ordinária coincide também com o 97° Dia Mundial das Missões. A esse propósito, dom Kieran Harrington, diretor nacional das Pontifícias Obras Missionárias dos Estados Unidos, comentou: "o Papa Francisco, fazendo eco do espírito de São Francisco Xavier, insiste no caminho da Igreja para as margens da sociedade. Ao reorganizar os esforços da Igreja para dar prioridade aos marginalizados e empobrecidos, nos recorda o ministério de Cristo centrado em partilhar a Boa Nova com os esquecidos e desassistidos. Esta é a tarefa principal das Pontifícias Obras Missionárias em nível global: 120 escritórios nacionais trabalham juntos para apoiar milhares de missionários que levam a mensagem do Evangelho a todos. Enquanto refletimos sobre a intenção de oração do Papa deste mês, somos chamados a assumir um estilo de vida de escuta e diálogo, movendo-nos para as periferias, guiados pelo Espírito Santo".

Abertura à missão

O Pe. Frédéric Fornos, diretor internacional da Rede Mundial de Oração do Papa, comenta sobre este importante momento que vive a Igreja: “nesta terceira fase do Sínodo, o Papa Francisco nos convida a rezar para que ‘a escuta e o diálogo’ sejam o ‘estilo de vida em todos os níveis’ da Igreja, pois é uma graça. Somente assim podemos escutar o Espírito Santo e deixar-nos guiar por ele, o que supõe oração e discernimento. ‘Deixar-se guiar pelo Espírito Santo’, supõe escutar juntos: ‘não é o resultado de estratégias e programas, mas de uma escuta recíproca entre irmãos e irmãs’. É o Espírito do Senhor quem nos abre novos caminhos. É ele quem nos ajuda a reconhecer hoje a missão de Cristo e nos conduz para as periferias do mundo: ‘chegar a todos, buscar a todos, acolher a todos, envolver a todos, sem excluir ninguém’”.

Andressa Collet - Vatican News

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Papa aos novos cardeais:

sejam evangelizadores e não funcionários

O Consistório para a criação de 21 novos cardeais foi realizado esta manhã (30), na Praça São Pedro. Na homilia, o Papa apresentou o Espírito Santo como o maestro do Colégio Cardinalício: “Ele cria a variedade e a unidade, Ele é a própria harmonia”.

O Papa presidiu, na manhã deste sábado, na Praça São Pedro, o nono Consistório de seu pontificado. Os 21 novos membros do Colégio Cardinalício foram anunciados por Francisco durante a oração do Angelus, no último dia 9 de julho.

Entre eles, 18 são eleitores: Robert Francis PREVOST, O.S.A., Claudio GUGEROTTI, Víctor Manuel FERNÁNDEZ, Emil Paul TSCHERRIG, Christophe Louis Yves Georges PIERRE,  Pierbattista PIZZABALLA, Stephen BRISLIN, Ángel Sixto ROSSI, S.J., Luis José RUEDA APARICIO, Grzegorz RYŚ, Stephen Ameyu Martin MULLA, José COBO CANO,  Protase RUGAMBWA, Sebastian FRANCIS, Stephen CHOW SAU-YAN, S.J., François-Xavier BUSTILLO, O.F.M. Américo Manuel ALVES AGUIAR e Ángel FERNÁNDEZ ARTIME, SDB. E três, possuem mais de 80 anos: Agostino MARCHETTO, Diego Rafael PADRÓN SÁNCHEZ, e Luis Pascual DRI, OFM Cap.

Em sua homilia, o Pontifice destacou o texto dos Atos dos Apóstolos:  “Trata-se de um texto fundamental, a narração do Pentecostes, o batismo da Igreja. Mas aquilo que, na realidade, atraiu o meu pensamento foi um detalhe, ou seja, esta constatação saída da boca dos judeus, que então «residiam em Jerusalém»: são «partos, medos, elamitas...», e assim por diante. Esta longa lista de povos fez-me pensar nos Cardeais, que, graças a Deus, são de todas as partes do mundo, das mais diversas nações. Por isso mesmo escolhi esta passagem bíblica”, afirmou o Papa.

"Depois, ao meditar sobre isto, dei-me conta de uma espécie de «surpresa» escondida nesta associação de ideias, uma surpresa na qual, com alegria, me parecia reconhecer, por assim dizer, o humorismo do Espírito Santo”, e questionou: “Qual é essa surpresa?”:

“É o fato de que nós, pastores, ao lermos a narração do Pentecostes, normalmente nos identificamos com os Apóstolos. É natural que assim seja. Ao passo que aqueles «partos, medos, elamitas», etc. que, na minha mente, associava aos Cardeais, não pertencem ao grupo dos discípulos, estão fora do Cenáculo, fazem parte daquela «multidão» que se reuniu quando ouviu o ruído causado pela forte rajada de vento. Os Apóstolos eram «todos galileus», enquanto o povo que se reunira era «proveniente de todas as nações que há debaixo do céu», precisamente como o são os Bispos e os Cardeais no nosso tempo.”

Segundo Francisco, esta espécie de inversão de papéis faz pensar e, se olharmos com atenção, revela uma interessante perspetiva: “trata-se de nos aplicar a experiência daqueles judeus que, por dom de Deus, se viram protagonistas do acontecimento do Pentecostes, isto é, do «batismo» do Espírito Santo, que fez nascer a Igreja una, santa, católica e apostólica.

O Santo Padre recordou que é preciso repensar com gratidão no dom de ter sido evangelizados e de ter sido tirados de povos que, cada um no seu tempo, receberam o Kerygma, o anúncio do mistério de salvação, e acolhendo-o foram batizados no Espírito Santo e passaram a fazer parte da Igreja: a Igreja Mãe, que fala em todas as línguas, que é una e é católica.

“Isto deveria despertar em nós a maravilha e a gratidão por termos recebido a graça do Evangelho nos nossos respetivos povos de origem. Considero isto muito importante e que não se deve esquecer. Porque lá, na história do nosso povo – diria na «carne» do nosso povo –, o Espírito Santo operou o prodígio da comunicação do mistério de Jesus Cristo morto e ressuscitado. E chegou até nós «na própria língua», nos lábios e nos gestos dos nossos avós e dos nossos pais, dos catequistas, dos sacerdotes, dos religiosos... Cada um de nós pode recordar vozes e rostos concretos. A fé é transmitida, «em dialeto», pelas mães e pelas avós.”

O Papa sublinhou que somos evangelizadores na medida em que conservamos no coração a maravilha e a gratidão de ter sido evangelizados; melhor, de ser evangelizados, porque trata-se, na realidade, de um dom sempre atual, que pede para ser continuamente renovado na memória e na fé. "Evangelizadores e evangelizados, e não funcionários", exortou Francisco. 

Dirigindo-se aos cardeais, o Pontífice recordou que o Pentecostes – tal como o Batismo de cada um de nós – não é um fato do passado, é um ato criador que Deus renova continuamente. E como exemplo, o Papa apresentou a imagem da orquestra: “o Colégio Cardinalício é chamado a assemelhar-se a uma orquestra sinfônica, que representa a dimensão harmônica e a sinodalidade da Igreja. Digo também «sinodalidade», não só por estarmos nas vésperas da primeira Assembleia do Sínodo que tem precisamente este tema, mas porque me parece que a metáfora da orquestra pode muito bem iluminar o caráter sinodal da Igreja”.

“A diversidade é necessária, é indispensável. Mas cada som deve concorrer para o resultado comum”, destacou o Francisco, e prosseguiu  com um convite: “Proponho de modo particular a vós, membros do Colégio Cardinalício, na consoladora confiança de que temos como maestro o Espírito Santo:, que é o maestro interior de cada um e o maestro do caminhar juntos: que seja Ele o protagonista, Ele é a própria harmonia”, concluiu.

O Santo Padre finalizou sua homilia, confiando os novos cardeais “à doce e forte orientação, e à guarda solícita da Virgem Maria”.

Thulio Fonseca - Vatican News

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Assista:

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sexta-feira, 29 de setembro de 2023

26º Domingo do Tempo Comum:

Leituras e Reflexão
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1ª Leitura: Is 18,25-28

Leitura do livro do Profeta Ezequiel:

Assim diz o Senhor: “Vós andais dizendo: ‘A conduta do Senhor não é correta’. Ouvi, vós da casa de Israel: É a minha conduta que não é correta, ou antes é a vossa conduta que não é correta?

Quando um justo se desvia da justiça, pratica o mal e morre, é por causa do mal praticado que ele morre. Quando um ímpio se arrepende da maldade que praticou e observa o direito e a justiça, conserva a própria vida. Arrependendo-se de todos os seus pecados, com certeza viverá, não morrerá”.

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Responsório: Sl 24

- Recordai, Senhor meu Deus,/ vossa ternura e compaixão.

- Recordai, Senhor meu Deus,/ vossa ternura e compaixão.

- Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos,/ e fazei-me conhecer a vossa estrada!/ Vossa verdade me oriente e me conduza,/ porque sois o Deus da minha salvação;/ em vós espero, ó Senhor, todos os dias!

- Recordai, Senhor meu Deus, vossa ternura/ e a vossa compaixão que são eternas!/ Não recordeis os meus pecados quando jovem,/ nem vos lembreis de minhas faltas e delitos!/ De mim lembrai-vos, porque sois misericórdia/ e sois bondade sem limites, ó Senhor!

- O Senhor é piedade e retidão,/ e reconduz ao bom caminho os pecadores./ Ele dirige os humildes na justiça,/ e aos pobres ele ensina o seu caminho.

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2ª Leitura: Fl 2,1-11 
Leitura da Carta de São Paulo aos Filipenses:

Irmãos: Se existe consolação na vida em Cristo, se existe alento no mútuo amor, se existe comunhão no Espírito, se existe ternura e compaixão, tornai então completa a minha alegria: aspirai à mesma coisa, unidos no mesmo amor; vivei em harmonia, procurando a unidade. Nada façais por competição ou vanglória, mas, com humildade, cada um julgue que o outro é mais importante, e não cuide somente do que é seu, mas também do que é do outro. Tende entre vós o mesmo sentimento que existe em Cristo Jesus.

Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, mas esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens. Encontrado com aspecto humano, humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até à morte, e morte de cruz. Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o Nome que está acima de todo nome.

Assim, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra, e toda língua proclame: “Jesus Cristo é o Senhor!” — para a glória de Deus Pai.

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Evangelho: Mt 21,28-32

Proclamação do Evangelho de São Mateus:

«O que vocês acham disto? Certo homem tinha dois filhos. Ele foi ao mais velho, e disse: ‘Filho, vá trabalhar hoje na vinha’. O filho respondeu: ‘Não quero’. Mas depois arrependeu-se, e foi. O pai dirigiu-se ao outro filho, e disse a mesma coisa. Esse respondeu: ‘Sim, senhor, eu vou’. Mas não foi. Qual dos dois fez a vontade do pai?» Os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: «O filho mais velho.» Então Jesus lhes disse: «Pois eu garanto a vocês: os cobradores de impostos e as prostitutas vão entrar antes de vocês no Reino do Céu. Porque João veio até vocês para mostrar o caminho da justiça, e vocês não acreditaram nele. Os cobradores de impostos e as prostitutas acreditaram nele. Vocês, porém, mesmo vendo isso, não se arrependeram para acreditar nele.»

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Reflexão do padre Johan Konings:

Formalismo religioso e verdadeiro serviço a Deus

Na 1ª leitura, Ezequiel ensina que o justo, quando se desvia, se perde, enquanto o pecador que corrige sua vida se salva. Jesus, no evangelho, denuncia a atitude dos supostos “justos”. Não se converteram à pregação de João Batista; os publicanos e as prostitutas, sim. Referindo-se a isso, Jesus faz uma comparação: o “bom filho” diz ao pai que fará, mas não faz; o filho rebelde diz que não fará, mas faz… Qual dos dois, então, é o verdadeiro “justo”?

Não adianta ter o rótulo de justo por causa de habitual bom comportamento e por dizer piedosamente “sim” a Deus. Importa fazer de fato o que Deus espera. E se fizermos o que Deus espera de nós, não importa que antes tenhamos sido pecadores. Fazendo o que Deus espera, o pecador torna-se justo; não o fazendo, o justo torna-se pecador. O “estar bem com Deus” nunca é “direito adquirido”. Não há assentos cativos no céu… Um ladrão, acostumado desde o instituto de menores a viver de bens alheios, arrisca sua vida para salvar um banhista no mar; populares, não casados na Igreja, organizam uma vaquinha para ajudar uma família sem meios de sustento; um beberrão torna-se crente e deixa de beber, para sustentar melhor sua família. Pelo outro lado: padres e religiosos proclamam a “opção pelos pobres”, mas só têm tempo para os ricos e os inteligentes… Qual deles é o justo?

Apliquemos na prática o critério de discernimento que Cristo mesmo sugere na parábola: que é o que a pessoa diz e o que ela faz? Descobriremos com perspicácia o que é acomodação e o que é conversão, também em nós mesmos.

Importa reconhecer a justiça dos que não têm a fama, mas a praticam. E denunciar – para o bem deles e de todos; – os que têm fama de justiça, mas não a praticam. Neste sentido, para ser fiel a Jesus, a comunidade cristã deve expulsar o formalismo religioso, que consiste em observar as coisas formais e exteriores da religião, sem fazer de verdade o que Deus espera de nós: a contínua conversão e a prática da justiça e da solidariedade para com o irmão.

Convém meditar neste sentido o que fez o filho por excelência, Jesus: não se apegou a privilégios de divindade, mas fez a vontade do Pai, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz (2ª leitura).

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PE. JOHAN KONINGS nasceu na Bélgica em 1941, onde se tornou Doutor em Teologia pela Universidade Católica de Lovaina, ligado ao Colégio para a América Latina (Fidei Donum). Veio ao Brasil, como sacerdote diocesano, em 1972. Em 1985 entrou na Companhia de Jesus (Jesuítas) e, desde 1986, atuou como professor de exegese bíblica na FAJE, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Faleceu no dia 21 de maio de 2022. Este comentário é do livro “Liturgia Dominical, Editora Vozes.

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Reflexão em vídeo de Frei Gustavo Medella:

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 Reflexão: franciscanos.org.br  Banners: 1: Fr. Fábio M. Vasconcelos  1: vaticannews.va

Círio de Nazaré 2023:

“Maria, sinal de esperança
para o povo de Deus em caminho”

Introdução

Todos os anos o Círio de Nossa Senhora de Nazaré em Belém ganha um tema específico. O sentido do tema é evidenciar um aspecto do perfil de Maria que possa ser objeto de reflexão catequética para o enriquecimento do povo de Deus. Portanto, o tema do Círio de cada ano, é sempre uma pista de aprofundamento da beleza e largueza da mariologia.

Além desse aspecto teológico de aprofundamento da mariologia, ainda há outros dois fatores que estimulam a escolha do tema do Círio de cada ano. Trata-se do dinamismo da vida pastoral da Igreja e da sociedade na atualidade. Dessa forma, a palavra central do tema do Círio deste ano é “esperança”; essa virtude tem uma íntima relação com a vida de Maria, do dinamismo da Igreja e a atual situação da era contemporânea profundamente tentada pelo pessimismo, desânimo, cansaço, derrotismo, desespero, depressão, carência de sentido para vida. Brevemente aprofundemos o sentido do tema do Círio deste ano: “Maria, sinal de esperança para o povo de Deus em caminho”.

1. O tema do Círio deste ano nos convida a olhar para “Maria como sinal”. Então, somos convidados a refletir sobre a pedagogia dos sinais. O que é um sinal e para que serve? Os dicionários da língua portuguesa nos apresentam muitos significados da palavra “sinal”. Em síntese nos falam de uma realidade visível que comunica, informa, adverte, orienta, informa, confirma, consola, tranquiliza, indica, comprova, demonstra, preanuncia algo etc. “Maria é sinal de Esperança” porque nos estimula a olhar para o futuro a partir da sua vida e da Vida de Cristo. Olhando para a vida de Maria, com seus gestos e palavras, a partir dos Evangelhos, encontramos muitos sinais estimulantes para o nosso caminho de Peregrinos da Esperança: Maria é a mestra da escuta da Palavra de Deus, ela traduz em atitudes de serviços a sua experiência de intimidade com Deus, é corajosa e ousada, rica de espírito de iniciativa, testemunha zelo para com a sua família, está firme na hora do sofrimento etc.

2. A Igreja é povo de Deus peregrino. A Igreja é o povo formado pelos discípulos de Jesus Cristo que estão a caminho da pátria definitiva, a plenitude do Reino de Deus, à glória eterna. Essa noção de peregrinação ou caminho, quer indicar o dinamismo da Igreja neste mundo. A Igreja não é uma realidade estática, mas viva; é a dinâmica comunidade de Jesus Cristo movida pela fé, a esperança e a caridade. Por ser formada por pessoas a Igreja tem uma fase terrena profundamente encarnada na história, essa é a Igreja peregrina; mas ao mesmo tempo, a Igreja transcende a história e chega a sua plenitude formando a comunidade Celeste, que é a Igreja Triunfante. A Igreja enquanto caminha neste mundo tem seus olhos voltados para o alto, aspirando as coisas celestes, onde está Cristo em sua plenitude (cf. Cl 3,1-2). O mesmo apóstolo afirma que “a nossa cidadania é dos céus, de onde aguardamos com grande expectativa o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fl 3,20). Dessa forma a nossa habitação terrena é passageira (cf. 2Cor 1,5; 1Pd 1,1), porque somos peregrinos. Alicerçados na fé, animados pela esperança e comprometidos na prática do amor, estamos em busca da nossa pátria celeste (cf. Hb 11,14).

3. Maria é a peregrina da Esperança por excelência porque se fez serva de Deus para a Salvação do mundo (cf. Lc 1,38). Na solene definição do dogma da Assunção, o Papa Pio XII em 1950, afirmou: “A Imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre foi assunta (elevada) em corpo e alma à glória celestial.” Portanto, para nós ela é sinal de estímulo, esperança, consolo. A ideia de peregrinação, porque estamos em movimento rumo ao santuário eterno, sintetiza o dinamismo da Igreja que testemunha a promoção do Reino de Deus. Maria é modelo da peregrina fiel que, tendo vivido plenamente a vida terrena, agora é nosso modelo e intercede pelos discípulos do seu Filho.

4. Maria, é Mãe e esperança da humanidade. Toda mãe é naturalmente fonte de esperança e segurança para seus filhos, sobretudo, enquanto estes vivem na condição de total dependência e menoridade. Maria é sinal de esperança para a humanidade porque Ela nos gerou o Filho de Deus na humanidade, possibilitando a nós a visibilidade, aproximação e encontro com o Messias, o Salvador. A maternidade está profundamente vinculada à esperança.

5. Como mãe da comunidade dos discípulos do seu filho, ela é a intercessora por excelência, como toda mãe diante das necessidades dos seus filhos em suas aflições. Essa condição de intercessora é reconhecida na ladainha de Nossa Senhora com seus diversos títulos relacionados à intercessão, como por exemplo, Maria é invocada como a Mãe da Divina Graça, Virgem poderosa, Virgem clemente, Porta do céu, Refúgio dos pecadores, Consoladora dos aflitos, Auxílio dos cristãos, Rainha da paz, Senhora do Bom Remédio, Advogada, mãe do Perpétuo Socorro etc. Todos esses títulos confirmam o papel de intercessora, sinal de esperança e consolo para seus filhos.

6. Maria é sinal da vivência das virtudes teologais. Na vida de Maria há uma profunda síntese de fé, esperança e caridade. A sua intimidade com Deus, a levou a ser profundamente aberta, sensível, criativa, solidária com as pessoas durante a sua vida. Ela foi sinal da ternura da bondade Divina para com a humanidade aceitando ser a mãe do Emanuel, o Deus conosco; sua presença na casa de Isabel foi sinal concreto da sua sensibilidade, espírito de iniciativa e fé traduzida em obras; foi o mesmo que aconteceu em Caná da Galileia, quando seu espírito de percepção e corajosa iniciativa tornou-se o ponto de partida da esperança para os jovens noivos para que a festa não viesse ao fracasso.

7. Maria é sinal de esperança por sua plena realização vocacional em Cristo. Como peregrinos neste mundo, vulneráveis aos múltiplos condicionamentos terrenos, somos passivos de erros, desvios, desânimo. Contemplamos na sociedade o drama da frustração vocacional sofrido por muitas pessoas. Maria é sinal da pessoa plenamente realizada, que testemunhou com generosidade o sentido da sua vida. Tendo já alcançado a meta definitiva da sua existência, está junto ao seu Filho, no céu, gloriosa. Também nós somos chamados à glória; mas ainda vai se manifestar o que seremos (cf. 1Jo 3,2). Do Céu, Maria nos acompanha e intercede junto a Deus por nós, seus filhos a caminho pela nossa plena realização em Cristo. A mãe nunca quer ver seus filhos infelizes, frustrados, fracassados.

8. Maria é sinal de Esperança porque é a mulher vestida de sol (cf. Ap 12,1), cheia de Graça, portadora da trindade Santa (cf. Lc 1,28-28). Portanto, onde está Maria, está Cristo Nossa Esperança. Muito significativo foi o gesto de Jesus no alto da Cruz apontando Maria como sua mãe e o discípulo compreendendo tudo, levou Maria para a sua casa. Maria é sinal de proteção, de intercessão e de esperança para as famílias. Onde há sinais da presença de Maria, ali há compromisso com a defesa da vida indefesa e inocente (cf. Mt 2,13-15).

9. Maria é sinal de esperança porque foi a educadora do Mestre e Salvador. Há uma profunda relação entre educação e esperança. Por isso, em Caná da Galileia, Maria assumiu a missão de zelosa educadora dos serventes para a obediência ao Senhor e, assim, se garantiu a esperança da boa festa para o noivos. No compromisso com a educação há um claro sinal de quem acredita no futuro, no pleno desenvolvimento humano, na justiça e na Paz. Maria educa a humanidade para o sentido da vida, que está na vivência da obediência ao mandamento do Amor, de onde brota a esperança do Bem viver, da Alegria e da Paz Interior, bondade e realização humana.

10. Maria é sinal de esperança por sua firmeza no Calvário. Ela é a consoladora dos aflitos e a desatadora dos nós que anima e consola seus filhos nos momentos dramáticos. Por estar sofrendo serenamente junto à cruz de Jesus, Maria é sinal de firmeza e estímulo para quem está sendo tentado ao desespero e ao desânimo no sofrimento. Não são poucos aqueles que, ao fazer a experiência do sofrimento, entram em crise de fé e se desesperam. Ela é referência de quem é portador de solidez espiritual e por isso, mantém-se íntegra nos momentos dramáticos da existência.

PARA A REFLEXÃO PESSOAL:

1. Por que não podemos considerar uma “esperança sem sinais”?
2. Quais dos sinais (atitudes) de Maria mais lhe educam?
3. Quais são as consequências de um viver sem a Esperança?

Dom Antonio de Assis Ribeiro - Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belém (PA)
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                                                   Fonte: cnbb.org.br       Foto: arquidiocesedebelem.com.br

quinta-feira, 28 de setembro de 2023

Veja que artigo interessante:

O Sínodo, história e rostos de uma instituição

No L'Osservatore Romano, um artigo repercorre a evolução da assembleia dos bispos, desde a ideia inicial de Paulo VI, há cerca de 60 anos, à nova concepção de Francisco, até a chegada da próxima assembleia em outubro.

Foto de arquivo: uma sessão do Sínodo dos Bispos (Vatican Media)

O Sínodo dos Bispos nasceu em 1965 por iniciativa de Paulo VI que, no "motu proprio" Apostolica sollicitudo, o definiu como "um conselho permanente de Bispos para a Igreja universal". Assim, ele implementou uma solicitação formulada pelo Concílio, que naquela época estava quase no fim, especialmente durante o debate sobre a colegialidade. Desde então, Paulo VI estava ciente de que o Sínodo mudaria com o tempo. De fato, no "motu proprio" ele escreveu: "Como toda instituição humana, com o passar do tempo ele será aperfeiçoado".

A evolução do Sínodo andou de mãos dadas com a recepção progressiva do Concílio, em particular com a visão eclesiológica na qual está enraizada a relação entre o povo de Deus, o colégio dos bispos e o Bispo de Roma. O Papa Francisco dá expressão a isso, refletindo sobre a dimensão sinodal constitutiva da Igreja por ocasião do quinquagésimo aniversário da instituição do Sínodo (2015): "Uma Igreja sinodal é uma Igreja da escuta, [...] uma escuta mútua na qual cada um tem algo a aprender". Povo fiel, Colégio episcopal, Bispo de Roma: um ouvindo o outro; e todos ouvindo o Espírito Santo".

Em 2018, a constituição apostólica Episcopalis communio prossegue na linha de aperfeiçoar o Sínodo: de um evento pontual - uma assembleia de bispos dedicada a tratar de uma questão - o transforma em um processo articulado em várias etapas, no qual toda a Igreja e todos na Igreja são convidados a participar. É sobre essa base renovada que foi concebido o processo do Sínodo 2021-2024, intitulado Por uma Igreja Sinodal. Comunhão, participação, missão. Isso explica sua articulação, que é muito mais complexa do que a dos sínodos anteriores.

Em primeiro lugar, esta previu uma longa fase de consulta e escuta do povo de Deus em todas as Igrejas do mundo, que ocorreu em várias etapas: começou em nível local (paroquial e depois diocesano), depois passou para o das conferências episcopais nacionais e terminou com o nível continental. Nesse processo, a escuta se tornou uma oportunidade de encontro e de diálogo, dentro de cada Igreja local e entre elas, especialmente entre as que pertencem à mesma região, e também em nível de Igreja universal, graças também aos estímulos do Documento preparatório e do Documento de trabalho para a etapa continental, elaborados pela Secretaria Geral do Sínodo, em particular, com base nos elementos colhidos na escuta do povo de Deus.

A dinâmica eclesial em nível continental, que esse sínodo enfatiza fortemente, também encontra inspiração no Concílio, particularmente no decreto Ad gentes, que afirma no n. 22: "É, portanto, desejável, para não dizer sumamente conveniente, que as conferências episcopais se reúnam dentro de cada vasto território sociocultural, a fim de poderem realizar esse plano de adaptação em plena harmonia entre si e na uniformidade das decisões".

A fase de discernimento, tarefa que cabe em primeiro lugar aos pastores, acentua também o seu caráter processual, graças ao fato de que a xvi Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos será realizada em duas sessões, intercaladas com um tempo para os devidos aprofundamentos e, sobretudo, para interpelar novamente o Povo de Deus. A maior articulação do processo não pode deixar de reverberar na composição da assembleia sinodal. Ela mantém seu caráter episcopal fundamental, já que três quartos de seus membros são bispos. A eles se juntam sacerdotes e diáconos, religiosos e religiosas, leigos e leigas, escolhidos entre aqueles que se comprometeram mais intensamente com as várias etapas do processo sinodal. Sua tarefa é justamente trazer o testemunho e a memória da riqueza desse processo para a assembleia responsável pelo discernimento. Reconhecendo a importância de seu serviço, damos espaço - nesta edição da Religio - às vozes de alguns deles.

Giacomo Costa

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quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Papa na Audiência Geral desta quarta-feira:

que o Mediterrâneo se torne
um mosaico de civilização e esperança

A recente visita do Papa a Marselha e, em particular, sua participação no encerramento dos "Encontros Mediterrâneos", foi o tema de sua catequese na audiência geral de quarta-feira (27). Francisco reiterou que o Mediterrâneo deve ser um lugar de encontro e não de conflito, de vida e não de morte.

Na manhã desta quarta-feira, 27 de setembro, o Papa dedicou a reflexão da catequese para contar aos fiéis e peregrinos presentes na Praça São Pedro sobre a experiência que viveu no final da semana passada, em sua viagem a Marselha, onde foi participar da conclusão dos “Encontros Mediterrâneos”.

O Santo Padre disse que, junto com bispos e prefeitos da região mediterrânea, e com numerosos jovens, dedicou-se ao diálogo aberto sobre o futuro. Ao relembrar o tema do evento em Marselha, "Mosaico da Esperança", Francisco afirmou que "este é o sonho, este é o desafio: que o Mediterrâneo recupere sua vocação de ser um laboratório de civilização e paz".

Um lugar de encontro e não de conflito

“O Mediterrâneo é o berço da civilização, e o berço é para a vida! Não é tolerável que se torne um túmulo, nem mesmo um lugar de conflito. Não. O Mar Mediterrâneo é o oposto de choques entre civilizações, guerra ou tráfico de seres humanos", disse o Pontífice, sublinhando que o Mediterrâneo conecta a África, a Ásia e a Europa; o norte e o sul, o oriente e o ocidente; povos e culturas, línguas e religiões diferentes.

O Santo Padre ressaltou que o mar é sempre, de alguma forma, um abismo a ser superado e pode se tornar perigoso. Suas águas abrigam tesouros de vida, suas ondas e ventos conduzem embarcações de todos os tipos, e destacou: o mar "é um lugar de encontro e não de conflito, de vida e não de morte".

Francisco enfatizou que o encontro em Marselha aconteceu após eventos semelhantes realizados em Bari em 2020 e em Florença no ano passado, e completou: "Não foi um evento isolado, mas sim um passo à frente em um itinerário para responder, hoje, ao apelo lançado por São Paulo VI em sua Encíclica Populorum Progressio, para promover "um mundo mais humano para todos, um mundo em que todos tenham algo para dar e receber, sem que o progresso de alguns constitua um obstáculo ao desenvolvimento dos outros".

Conversão pessoal, solidariedade social e esforços concretos

Ao falar sobre os resultados do evento em Marselha, o Papa afirmou que "surgiu um olhar sobre o Mediterrâneo simplesmente humano, não ideológico, não estratégico, não politicamente correto, nem instrumental, mas humano, ou seja, capaz de relacionar cada coisa com o valor primordial da pessoa humana e sua dignidade inviolável".

Para Francisco, este olhar de esperança despertou principalmente através dos testemunhos compartilhados: "Esta obra sempre passa pela fraternidade, através dos olhos, mãos, pés e corações de homens e mulheres que, em seus respectivos papéis de responsabilidade eclesiástica e civil, buscam construir relações fraternas e de amizade social", sublinhou o Pontífice.

Esperança no futuro

O Papa disse que há outro aspecto complementar: "é preciso devolver esperança às nossas sociedades europeias, especialmente às novas gerações". E apresentou algumas questões:

"De fato, como podemos acolher os outros se não tivermos nós mesmos um horizonte aberto para o futuro? Os jovens, pobres de esperança, fechados no privado, preocupados em gerir sua precariedade, como podem se abrir ao encontro e à partilha?"

Segundo o Pontífice, nossas sociedades doentes de individualismo, consumismo e vazios precisam se abrir, oxigenar a alma e o espírito, e então poderão encarar a crise como uma oportunidade e enfrentá-la de forma positiva.

Ao recordar que a Europa precisa redescobrir a paixão e o entusiasmo, Francisco disse que em Marselha encontrou no Cardeal Aveline, nos sacerdotes e nos consagrados, nos fiéis leigos empenhados na caridade e educação, no povo de Deus, uma grande cordialidade. O Papa também agradeceu ao Presidente da República, Emmanuel Macron, que, com sua presença, demonstrou a atenção de toda a França ao evento em Marselha.

No final da catequese, Francisco recordou Nossa Senhora da Guarda, venerada pelo povo de Marselha, e disse confiar a Ela o caminho dos povos do Mediterrâneo, "para que esta região se torne aquilo que sempre foi chamada a ser: um mosaico de civilização e esperança".

Thulio Fonseca – Vatican News  

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Assista:

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terça-feira, 26 de setembro de 2023

Campanha Missionária 2023:

Igreja do Brasil se prepara para viver o Mês Missionário

As Pontifícias Obras Missionárias (POM) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) organizam durante o mês de outubro a Campanha Missionária. Todas as arquidioceses, dioceses e prelazias são convidadas a promover ações locais que animem as comunidades a colaborar com projetos missionários, que atuam nas áreas de assistência social e evangelização, nos países mais carentes do mundo.

“Ide! Da Igreja local aos confins do mundo” é o tema da Campanha Missionária deste ano e o lema, escolhido pelo Papa Francisco, traz a frase “Corações ardentes, pés a caminho”. Para articular o mês missionário, foram produzidos mais de 60 toneladas de materiais impressos, enviados a todos os Estados do Brasil. São novenas, cartazes, santinhos e outros materiais que ajudam a divulgar em todas as famílias a importância deste mês.

No dia 22 de outubro, dia mundial das missões, as Igrejas de todo o mundo fazem suas doações para colaborar com o Papa em seus projetos de missão em quase de 1.120 dioceses pobres no mundo. Em 2022, a Igreja do Brasil arrecadou mais de 7 milhões em recursos financeiros, que puderam ajudar centenas de projetos missionários nos países mais necessitados.

Segundo Ir. Regina da Costa Pedro, diretora nacional das POM, o mês missionário reforça a experiência central da identidade missionária da Igreja. “A Campanha Missionária deste ano põe em evidência que cada Igreja local tem o compromisso de evangelizar toda pessoa e todos os povos até os confins da terra. O mês missionário nos recorda que todos podem colaborar concretamente com o movimento missionário através da oração e da ação, com ofertas de dinheiro e de sofrimento, com o próprio testemunho”, destacou a diretora.

Coletiva de lançamento e missa de abertura

Para marcar o início o mês dedicado às missões, foi escolhido o Santuário Nacional de Aparecida para a realização do lançamento da Campanha Missionária e da missa de abertura do mês missionário.

A coletiva de imprensa acontece no dia 1º de outubro, às 9h, na Sala de Imprensa do Santuário de Aparecida. Haverá transmissão ao vivo pelas redes sociais das POM. Pouco depois do ato de lançamento da Campanha Missionária, às 12h, inicia a missa de abertura do mês missionário, presidida por Dom Maurício da Silva Jardim, que é o presidente da Comissão Episcopal para Ação Missionária e Cooperação Intereclesial da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A missa será transmitida pela TV Aparecida.

Saiba todas as informações sobre a Campanha Missionária 2023

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