quinta-feira, 31 de março de 2022

Dom Majella

convoca fiéis para o 1º Sínodo Arquidiocesano

No dia da solenidade da Anunciação do Senhor, 25 de março, dom José Luiz Majella Delgado, C.Ss.R., arcebispo metropolitano de Pouso Alegre (MG), assinou convocação dos fiéis, religiosos e clérigos da arquidiocese para o 1º Sínodo Arquidiocesano. O evento sinodal será iniciado dia 14 de abril, Quinta-feira Santa, na catedral metropolitana, em Pouso Alegre.

A chancelaria arquidiocesana, por meio de seu chanceler, padre Jésus Andrade Guimarães, apresentou, hoje (31), ao clero, religiosos e todos os fiéis da arquidiocese convocação do arcebispo para o 1º Sínodo Arquidiocesano.

Leia na íntegra o texto da convocação.

Para a convocação, dom Majella considerou a importância da sinodalidade como um modo específico de viver e operar do Povo de Deus e uma dimensão constitutiva da Igreja. Considerou também as 9 assembleias arquidiocesanas de pastoral, ocorridas de 1977 a 2016. O arcebispo destacou como inédito o trabalho de escuta do Povo de Deus, realizado na arquidiocese por ocasião da Assembleia Eclesial da América Latina e Caribe, em 2021. Além disso, ele ressaltou a importância da pesquisa sociorreligiosa feita na arquidiocese nos últimos anos; o Sínodo dos Bispos 2021-2023; os 120 anos da criação da diocese (2020); 60 anos de instalação da arquidiocese (a serem celebrados no dia 23 de setembro de 2022) e a criação da sede arquiepiscopal no dia 14 de abril de 1962 para convocar o 1º Sínodo Arquidiocesano.

Dom Majella fala a membros do clero arquidiocesano, no dia 8 de março de 2022.
Foto: Marco Aurélio Gonçalves Junior.


O arcebispo, em sua convocação, manifestou que o sínodo arquidiocesano se dará diante da necessidade de empreender uma conversão pastoral e renovação missionária nas comunidades eclesiais.

Ele convocou para o 1º Sínodo Arquidiocesano os membros do clero, diáconos, religiosos e religiosas e cristãos leigos e leigas pertencentes à arquidiocese. Além disso, ele convidou a participar do sínodo as pessoas de boa vontade e membros de outras confissões cristãs e não cristãs.

O início do sínodo será no dia 14 de abril deste ano, Quinta-feira Santa, na Missa da Unidade e bênção dos Santos Óleos, na catedral metropolitana, em Pouso Alegre. O encerramento está previsto para o dia 17 de abril de 2025, Quinta-feira Santa.

Dom Majella faz homilia na missa do dia 8 de novembro de 2021,
na catedral metropolitana, com a participação de membros do cabido.
Foto: Divulgação/Pascom/Catedral Bom Jesus.


Todos os membros das comunidades, pastorais e movimentos das paróquias da arquidiocese são conclamados a participarem das atividades relacionadas ao sínodo. Além disso, são convidados a participarem membros das diversas organizações da sociedade civil e de Igrejas cristãs e não-cristãs dos municípios da arquidiocese para o estreitamento de laços de caridade e profícuo diálogo ecumênico e inter-religioso.

Participantes da reunião do Conselho Arquidiocesano de Pastoral (CAP), no dia 5 de fevereiro de 2022. Foto: Lucimara/Coordenação Arquidiocesana de Pastoral.

Em 2022, acontecerão 8 encontros previstos para a Fase Paroquial do sínodo. Esses encontros terão como objetivo ouvir os membros do Povo de Deus e, neles, poderão ser envolvidos os membros convocados e convidados.

Além disso, na convocação, dom Majella nomeou os membros das comissões sinodais:

Coordenação Executiva do Sínodo: pe. Dirlei Abercio da Rosa, pe. Eduardo Rodrigues da Silva e pe. Edson Aparecido da Silva;

Secretaria Executiva do Sínodo: pe. Mauro Ricardo de Freitas (1º secretário), pe. Tiago da Silva Vilela (2º secretário) e Dalva Rangel da Veiga Neri;

Comissão Teológica do Sínodo: pe. Dirlei Abercio da Rosa, pe. Adriano São João, Rita de Cássia Pereira Rezende e Giovanni Marques Santos;

Comissão de Comunicação: pe. Thiago de Oliveira Raymundo, pe. Júlio Cesar dos Santos Júnior e Alexandre Augusto Mendonça;

Comissão de Liturgia: pe. Marcos Roberto da Silva, Giovana Costa Carvalho, Ana Maria Palhão, Claudia Regina Shiota Ottoni, Luiz Guilherme Lima Felippe, Emerson Luís Wenceslau, Magali Alves da Cunha, Lucimara do Carmo Aparecido, Alexandre Elias de Carvalho, Antonio Carlos de Rezende e Luciano Romão Leite;

Comissão jurídico-canônica: pe. Clemildes Francisco Paiva, côn. Vonilton Augusto Ferreira, pe. Ronne Peterson de Faria Oliveira, Marco Aurélio de Oliveira Silvestre, Thaís Magalhães Vilela, Maristela Tenório Dionísio Casalechi, Cleres Antônia da Silva Souza e Carolina de Oliveira Lemes Santos.

Em seu texto, dom Majella apresentou as motivações que irão fazer parte das atividades sinodais. Ele pediu que o sínodo arquidiocesano seja uma oportunidade para sair das sombras da dor, da tristeza, do cansaço pastoral e do arrefecimento missionário. Ele espera que o sínodo traga luzes e esperança para o tempo presente, marcado pela pandemia do COVID-19 e pelas tensões e conflitos internacionais.

Dom Majella e membros da Pastoral da Comunicação participam da primeira reunião presencial de pastoral, ocorrida durante a pandemia do COVID-19, no dia 6 de novembro de 2021, na cúria metropolitana. Foto: Cláudia Couto.

O texto de convocação de dom Majella deverá ser transcrito nos livros de tombo das paróquias e lido nas comunidades paroquiais no próximo domingo (3), 5º Domingo da Quaresma. O arcebispo que o sínodo seja um verdadeiro encontro com Jesus Cristo e a sua Palavra para animar as comunidades eclesiais.

A imagem destacada da notícia traz dom Majella assinando um documento arquidiocesano oficial. Autoria: Marco Aurélio Gonçalves Junior.

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A "terra luminosa" de Malta aguarda

 a chegada do Papa Francisco

A poucos dias para a 36ª viagem apostólica do Pontífice, que acontece neste sábado e domingo, os temas da visita são acolhimento e fé, seguindo os passos de São Paulo, inevitavelmente marcada também pela guerra na Ucrânia.

O país, no extremo sul da Europa, prepara-se para receber o terceiro Papa em sua história. Depois de São João Paulo II, que visitou a República de Malta duas vezes – em 1990 e 2001, e Bento XVI em 2010, chegou a vez do Papa Francisco visitar o arquipélago no próximo sábado e domingo, dias 2 e 3 de abril. Uma viagem fortemente desejada pelo Pontífice, já anunciada para maio de 2020, depois adiada por causa da pandemia e que será inevitavelmente marcada pela guerra na Ucrânia e pelo fluxo incessante de refugiados que fogem dos bombardeios.

Nas fontes do anúncio do Evangelho

Uma "terra luminosa", descreveu Francisco na Audiência Geral de quarta-feira (30), hoje mais do que nunca empenhada em "acolher tantos irmãos e irmãs em busca de refúgio". Esse tema do acolhimento também está simbolizado no logotipo da viagem, que mostra as mãos estendidas em direção ao próximo, que emergem do barco no qual São Paulo naufragou na ilha há mais de dois mil anos a caminho de Roma. "Uma oportunidade para ir às fontes do anúncio do Evangelho" e, para o Pontífice, "conhecer pessoalmente uma comunidade cristã com uma história milenar e vivaz". A comunidade conta com 408 mil batizados, 85% do total de 478 mil habitantes do arquipélago que inclui Malta, Gozo e outras ilhas menores.

O programa de sábado, 2 de abril

O Papa Francisco vai pousar no aeroporto internacional de Malta no sábado pela manhã, dia 2 de abril, por volta das 10h, e, após a cerimônia de boas-vindas, se transfere para o Palácio do Grão-Mestre em Valletta. Naquela que já foi a sede da Ordem dos Cavaleiros de São João, que construíram o edifício em 1571, Francisco vai se encontrar com o presidente da República de Malta, George William Vella, e depois com o primeiro-ministro, Robert Abela, que acaba de ser reeleito para liderar o governo do país.

O discurso na Sala do Grande Conselho às autoridades e ao corpo diplomático maltês vai encerrar a primeira parte do dia que, após uma parada na Nunciatura Apostólica, continua com uma visita ao santuário mariano de Ta' Pinu, na "ilha irmã" de Gozo. Na grande praça em frente ao santuário, o local mais importante de peregrinação de Malta, o Papa vai presidir um encontro de oração com os fiéis, juntamente com o cardeal Mario Grech, secretário-geral do Sínodo dos Bispos, que estará na comitiva papal, junto a dom Charles Scicluna, arcebispo de Malta, e dom Anton Teuma, bispo de Gozo.

Os compromissos de domingo

Na manhã de domingo, 3 de abril, Francisco vai se reunir de forma privada com os membros da Companhia de Jesus e depois, por volta das 8h30, se dirigir à Gruta de São Paulo em Rabat. O lugar onde, segundo a tradição, o Apóstolo dos Gentios desembarcou após o naufrágio no ano 60 d.C. - um evento decisivo para a cristianização da ilha - já foi visitado por São João Paulo II em 1990 e por Bento XVI em 2010, por ocasião do 1950º aniversário do evento. Após acender uma lâmpada votiva, Francisco fará uma oração a São Paulo e vai saudar os 14 líderes religiosos presentes e também os doentes assistidos pela Caritas local. Um dos maiores espaços abertos de Malta, a “Piazzale dei Granai” em Floriana - cidade que se estende além das muralhas de Valletta – vai receber a Santa Missa celebrada pelo Papa às 10h15, seguida da recitação do Angelus.

A recepção no “Peace Lab”

"Eles nos trataram com rara humanidade" é o lema desta 36ª viagem apostólica de Francisco que deve terminar por volta das 18h15 de domingo (3) com uma visita ao Centro Migrantes "João XXIII Peace Lab" em Hal Far, que hospeda pessoas que, da Somália, Eritreia e Sudão embarcaram na Líbia para atravessar o Mediterrâneo. Um lugar onde se realiza um grande trabalho educativo no campo dos direitos humanos, da justiça, da solidariedade e da assistência médica. Cerca de 200 migrantes encontrarão o Papa no teatro ao ar livre da estrutura. Às 18h15, então, está prevista a cerimônia de despedida no aeroporto e o retorno a Roma por volta das 19h40.

                                                                                                                               Michele Raviart

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Assista:

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quarta-feira, 30 de março de 2022

Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da CNBB

está reunida em Brasília

Após dois anos da primeira reunião, a Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) está novamente reunida presencialmente, nesta semana. Os três bispos e os três assessores da Comissão neste quadriênio tratam de uma extensa pauta na sede da entidade, em Brasília (DF), e com um encontro na sede da Edições CNBB.

A reunião ocorre desde terça-feira, 29 de março, e segue até o dia 31. O ponto fundamental da reunião, segundo o bispo de Paranaguá (PR) e presidente da Comissão para a Liturgia da CNBB, dom Edmar Peron, é a conclusão da tradução da 3ª edição do Missal Romano. A partir daí, há processos que envolvem, principalmente, a Pastoral Litúrgica e o Setor Música Litúrgica.

Além de dom Edmar Peron, estão presentes os outros dois membros: dom Carlos Verzeletti e dom José Luiz Majella Delgado; os assessores: padre Leonardo Pinheiro, do Setor Pastoral Litúrgica; e irmão Fernando Vieira, do Setor Música Litúrgica; e o perito do Setor Espaço Litúrgico, padre Thiago Faccini Paro.

Setores e o Missal

Dom Edmar conta que o Setor de Pastoral Litúrgica atuou junto com a Comissão para os Textos Litúrgicos (CETEL) da CNBB acompanhando a tradução, e, nos últimos dois anos, com reuniões praticamente a cada semana, um profundo processo de revisão. A partir de agora, serão enviados os últimos materiais para a apreciação dos bispos antes da votação na etapa presencial da 59ª Assembleia Geral da CNBB. Essa parte diz respeito às orações eucarísticas, às bênçãos sobre o povo e aos prefácios.

Já o Setor Música Litúrgica vai preparar os cantos que entrarão no missal. “Alguns textos do missal terão já as partituras no próprio missal”, adiantou dom Edmar. Outra tarefa é o processo de articular as melodias para as Orações Eucarísticas. “A proposta é que cada Oração Eucarística tenha duas versões musicadas. Isso será um livro de altar, não entrará no missal para acompanhar o missal. Quem vai cantar, terá esse livro específico”, explica dom Edmar. Durante a reunião, os bispos e assessores refletiram sobre os nomes de compositores, com a preocupação de contar com profissionais de todas as regiões do país.

Encontro com a editora

A nova edição do Missal Romano, após a votação, será produzida pela Edições CNBB, em caso de aprovação pelo episcopado. Nesse sentido, uma reunião na tarde de hoje na sede da editora, marca o encontro da Comissão com a equipe que será responsável pela diagramação do material.

“Nós não tínhamos feito ainda esse momento de sentar junto, de conversar sobre os subsídios, as publicações e, especialmente, sobre o missal. Hoje nós definiremos as questões gráficas do Missal e também vamos conversar sobre as outras publicações de Liturgia que as Edições têm. Para mim, isso é um momento muito feliz, primeiro por reencontrar a comissão presencialmente, e esse outro porque é a primeira vez que nós iremos fazer um encontro Edições CNBB e Comissão Episcopal para a Liturgia”, comentou dom Edmar.

Dom Edmar Peron | Foto: Luiz Lopes Jr/CNBB


Setor Espaço Litúrgico

O encontro da comissão nesses dias também é oportunidade para a apresentação de um texto do Setor Espaço Litúrgico sobre as vestes litúrgicas. O material deve servir, quando aprovado e publicado, como base de reflexão para ajudar a compreender as vestes litúrgicas dos ministros ordenados e dos ministérios leigos nas celebrações.

 O Setor Espaço Litúrgico também prepara um material que favoreça a aplicação do acordo da CNBB com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), favorecendo a compreensão das orientações do órgão público e a explicação sobre os lugares das celebrações católicas pelo Brasil.  

Pastoral Litúrgica 

No âmbito da Pastoral Litúrgica, a Comissão prepara um texto que será encaminhado às vinícolas que produzem vinho para a missa. “Nos detivemos a considerar os critérios e agora como encaminhar um certificado e um selo que a CNBB dará àquelas vinícolas que o bispo local conceder um certificado de qualidade para o vinho de missa. O processo será diocesano com a chancela da CNBB que dará um certificado para aquela vinícola”, explicou dom Edmar Peron. Essa certificação, terá uma validade que será estipulada pela comissão.  

Outra iniciativa na pauta da reunião é a reflexão sobre os subsídios oferecidos pela Comissão para a Liturgia da CNBB, como o Celebrar em Família, por exemplo.

Amanhã, no último dia de reunião o grupo vai fazer uma reflexão sobre a participação litúrgica nesta passagem do declínio da pandemia para a retomada das atividades eclesiais. 

Membros da Comissão e assessores | Foto: Luiz Lopes Jr/CNBB


Momento de encontro e partilha

Após dois anos sem um contato tão próximo, dom Edmar revela que pôde sentir “a experiência do compromisso conjunto”, numa oportunidade de partilha.

“O encontro cria o espaço da partilha, de como nós vivemos ao longo desse tempo e, junto com isso, a pauta a ser discutida. Enquanto partilhamos, enquanto discutimos a pauta, então vamos fortalecendo os laços”, observou. 

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Papa Francisco na catequese desta quarta:

a velhice é a primeira vítima da perda de sensibilidade

Durante a Audiência Geral, Francisco disse que "uma velhice que se exerceu na expectativa da visita de Deus não perderá a sua passagem: aliás, estará ainda mais pronta para a colher, terá mais sensibilidade para acolher o Senhor quando o Senhor passar. Lembramos que o comportamento de um cristão é estar atento às visitas do Senhor, porque o Senhor passa, em nossa vida, com as inspirações, com o convite para sermos melhores".

O Papa Francisco continuou o seu ciclo de catequeses sobre a velhice, na Audiência Geral desta quarta-feira (30/03), realizada na Sala Paulo VI, que teve como tema "Fidelidade à visita de Deus para a geração futura".

Os idosos Simeão e Ana estiveram no centro da catequese do Pontífice. A razão de vida deles, "antes de se despedir deste mundo, é aguardar a visita de Deus. Simeão sabe, através de uma premonição do Espírito Santo, que não morrerá antes de ter visto o Messias. Ana vai ao templo todos os dias, dedicando-se ao seu serviço. Ambos reconhecem a presença do Senhor no Menino Jesus, que enche de consolação a sua longa espera e tranquiliza a sua despedida da vida. Esta é uma cena de um encontro com Jesus e de despedida".

"O que podemos aprender com estas duas figuras de idosos cheios de vitalidade espiritual?", perguntou o Papa. "Aprendemos que a fidelidade da espera aguça os sentidos. O Espírito Santo faz exatamente isso: ilumina os nossos sentidos, aguça os sentidos da alma, apesar dos limites e das feridas dos sentidos do corpo: um é mais cego, um mais surdo", disse Francisco.

A velhice debilita, de uma forma ou de outra, a sensibilidade do corpo. No entanto, uma velhice que se exerceu na expectativa da visita de Deus não perderá a sua passagem: aliás, estará ainda mais pronta para a colher, terá mais sensibilidade para acolher o Senhor quando o Senhor passar. Lembramos que o comportamento de um cristão é estar atento às visitas do Senhor, porque o Senhor passa, em nossa vida, com as inspirações, com o convite para sermos melhores. Santo Agostinho dizia: "Tenho medo de Deus quando ele passa" - "Mas por que você tem medo?" - “Sim, tenho medo de não perceber e deixá-lo passar”. É o Espírito Santo que prepara os sentidos para entender quando o Senhor nos visita, como fez com Simeão e Ana.

Segundo o Papa, precisamos "de uma velhice dotada de sentidos espirituais vivos e capazes de reconhecer os sinais de Deus, ou seja, o Sinal de Deus, que é Jesus. Um sinal que nos põe em crise, sempre. Jesus sempre nos põe em crise porque é «sinal de contradição», mas que nos enche de alegria. A crise não traz necessariamente tristeza, não: estar em crise enquanto se serve ao Senhor lhe dá paz e alegria, muitas vezes". Portanto, o problema é a "anestesia dos sentidos espirituais, isto é ruim, uma síndrome generalizada numa sociedade que cultiva a ilusão da juventude eterna, e a sua caraterística mais perigosa consiste em ser quase inconsciente. Não se tem a consciência de estar anestesiado. E isto acontece! Sempre aconteceu e acontece em nossos tempos. Os sentidos anestesiados, sem entender o que está acontecendo; os sentidos internos, os sentidos do Espírito para entender a presença de Deus ou a presença do mal, anestesiados, não distinguindo".

Segundo o Papa, "quando perdemos a sensibilidade do tato ou do paladar, damo-nos conta imediatamente. A da alma, ao contrário, podemos ignorá-la por muito tempo". Tal sensibilidade "não se refere simplesmente ao pensamento de Deus ou da religião. A insensibilidade dos sentidos espirituais diz respeito à compaixão e à piedade, à vergonha e ao remorso, à fidelidade e à dedicação, à ternura e à honra, à responsabilidade própria e à dor pelo próximo".

É curioso: a insensibilidade não faz você entender a compaixão, não faz você entender a piedade, não faz você sentir vergonha ou remorso por ter feito uma coisa ruim. É assim. Os sentidos espirituais anestesiados confundem tudo e a pessoa não sente, espiritualmente, coisas desse tipo. E a velhice torna-se, por assim dizer, a primeira vítima desta perda de sensibilidade. Numa sociedade que exerce a sensibilidade sobretudo por prazer, só pode haver a perda de atenção pelos mais frágeis e prevalecer a competição dos vencedores. Assim, se perde a sensibilidade. Certamente, a retórica da inclusão é a fórmula ritual de cada discurso politicamente correto. Mas ainda não traz uma verdadeira correção nas práticas da normal convivência: uma cultura da ternura social tem dificuldade de crescer. O espírito da fraternidade humana - que julguei necessário relançar com força - é como uma peça de vestiário descartada, para admirar, sim, mas... num museu.

Segundo o Papa, "na vida real podemos observar, com comovente gratidão, muitos jovens capazes de honrar até ao fundo esta fraternidade. Mas o problema é exatamente este: existe um descarte, um descarte culpado, entre o testemunho desta linfa vital da ternura social e o conformismo que obriga a juventude a contar a sua história de modo completamente diferente".

"O que podemos fazer para preencher esta lacuna? Em que consiste concretamente a revelação que estimula a sensibilidade de Simeão e Ana? ", perguntou Francisco. "Consiste em reconhecer numa criança, que eles não geraram e que veem pela primeira vez, o sinal certo da visita de Deus. Eles aceitam que não são protagonistas, mas apenas testemunhas."

Segundo Francisco, "quando alguém aceita não ser protagonista, mas se envolve como testemunha, vai tudo bem: aquele homem ou aquela mulher está amadurecendo bem", mas quando se tem o desejo de ser sempre protagonista, "este caminho em rumo à plenitude da velhice nunca amadurecerá. A visita de Deus não se encarna na sua vida, não os põe em cena como salvadores: Deus não se encarna na sua geração, mas na geração vindoura".

Perdem o espírito, perdem a vontade de viver com maturidade e, como se costuma dizer, vivem superficialmente. É a grande geração dos superficiais, que não se permitem sentir as coisas com a sensibilidade do Espírito. Mas por que não se permitem? Em parte por preguiça, e em parte porque já não podem. É ruim quando uma civilização perde a sensibilidade do Espírito. Pelo contrário, é maravilhoso quando encontramos idosos como Simeão e Ana que preservam essa sensibilidade do Espírito e são capazes de entender as diferentes situações, como esses dois entenderam a situação que estava diante deles que era a manifestação do Messias.

Nenhum ressentimento ou recriminação por isto. Ao contrário, grande emoção e grande consolação. A emoção e a consolação de poder ver e anunciar que a história da sua geração não se perde nem se desperdiça, precisamente graças a um acontecimento que se encarna e se manifesta na geração seguinte.

Só a velhice espiritual pode dar este testemunho, humilde e deslumbrante, tornando-o influente e exemplar para todos. A velhice que cultivou a sensibilidade da alma extingue toda a inveja entre as gerações, todo o ressentimento, toda a recriminação pelo advento de Deus na geração seguinte, que chega com a despedida da própria.

Segundo o Papa, "isto é o que acontece a um idoso aberto com um jovem aberto: despede-se da vida mas entrega, entre aspas, sua vida à nova geração. E esta é aquela despedida de Simeão e Ana: "Agora posso ir em paz".

                                                                                                                         Mariangela Jaguraba

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Assista:

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terça-feira, 29 de março de 2022

Reflita com dom Walmor:

Por um novo Humanismo

Graves conflitos ameaçam a paz pelo mundo afora, pedindo urgentes providências. Neste horizonte, este convite dirigido a cada pessoa é mais que oportuno: unir-se ao gesto orante oficiado pelo Papa Francisco, neste 25 de março. Um gesto orante que ultrapassa o território da devoção - remete a humanidade às raízes espirituais que são capazes de restaurar o coração humano e o tecido sociocultural da civilização contemporânea. O distanciamento dessas raízes explica, significativamente, a presença da guerra, das forças destruidoras derivadas dos preconceitos e discriminações, passando pelas indiferenças em relação àqueles que sofrem. As guerras e outras formas de violência mostram, pois, que o mundo precisa de um novo humanismo.

Dom Walmor

Os fracassos e sofrimentos vividos atualmente se contrapõem às muitas possibilidades de dinâmicas civilizatórias mais construtivas. O ser humano já deveria ter aprendido melhor as lições acumuladas pelos acontecimentos da história, particularmente da história recente. Mas há um tremendo descompasso entre os avanços científicos e tecnológicos com a ainda incipiente construção de um novo humanismo. Quando se governa sem os parâmetros de um humanismo integral escancaram-se as portas das delinquências - nos pronunciamentos, nas escolhas e no discernimento de prioridades. Com isso, fica comprometido o desenvolvimento que todos sonham e atitudes são configuradas sob lógicas cuja irracionalidade constitui verdadeiro crime contra a humanidade. A insanidade que prevalece desgasta e inviabiliza a cultura do diálogo, enfraquecendo o compromisso de se buscar construir e se envolver em redes de cooperação. Ao invés disso, são escolhidos líderes contaminados por interesses mesquinhos, “porta de entrada” para a corrupção e as manipulações. 

Refletir sobre o atual cenário mundial leva a consolidar a convicção da necessidade urgente de se promover mudanças em diversos âmbitos, por meio de variados recursos cidadãos. Incontestável é a necessidade de se investir na educação integral, capaz de alavancar transformações significativas. A educação integral é obstáculo para aqueles que dificultam os diálogos - inclusive na elaboração e efetivação de políticas públicas essenciais, a exemplo daquelas dedicadas ao campo educacional. É preocupante a cegueira do maquinário estatal, incapaz de reconhecer que a educação impulsiona a sociedade rumo ao desenvolvimento integral.

Está faltando sabedoria e entendimento humanístico para compreender que a tarefa primordial de trabalhar pela educação é responsabilidade governamental em diálogo e articulação com as famílias, as igrejas, as escolas e a sociedade civil. A carência de um humanismo integral na condução de governos obscurece processos de definição das prioridades dos investimentos mais importantes para dar novo rumo à sociedade. Os governantes não podem desconsiderar o campo da educação valendo-se da justificativa de que faltam recursos – um refrão. Precisam reavaliar prioridades, abrindo-se ao diálogo, à escuta, à avaliação de propostas. Para isso, requer-se uma competência humanística que ultrapassa a simples capacidade para fazer funcionar uma máquina estatal e governamental. Não basta simplesmente um modelo de gestão exitoso nas contas.

É fundamental deixar-se presidir por um adequado modelo de sociedade, pela abertura ao diálogo que produz entendimentos lúcidos, capazes de inspirar um novo movimento civilizatório para a humanidade. O equilíbrio das contas e a prioridade da sustentabilidade devem contracenar com um processo educativo que resgate cidadãos do lixo da corrupção, dos comprometimentos na prática da justiça e do desmonte de mecanismos que estão sustentando as exclusões, as desigualdades sociais. O esperado grande movimento transformador do mundo, que contempla a oração e as redes de serviços, envolvendo as dinâmicas dialogais, será possível pela priorização da educação, nos parâmetros do novo humanismo integral. Um humanismo capaz de debelar guerras e conflitos, colocando a civilização contemporânea sobre trilhos novos, condizentes com as suas conquistas científicas e tecnológicas. Trilhos de um humanismo integral.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo - Arcebispo de Belo Horizonte e presidente da CNBB

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Escolas católicas, um novo documento

sobre identidade, desafios e pontos críticos

Instrução da Congregação para a Educação Católica publicada esta-terça-feira, 29 de março: a importância de um Pacto Educacional Global, o diálogo entre razão e fé, a colaboração entre escola e famílias.

Educar é uma paixão que se renova sempre: parte deste princípio a instrução da Congregação para a Educação Católica difundida esta terça-feira, 29 de março, e intitulada "A identidade da escola católica para uma cultura do diálogo". Um instrumento sintético e prático baseado em duas motivações: "a necessidade de uma consciência mais clara e consistente da identidade católica das instituições educacionais da Igreja no mundo inteiro" e a prevenção de "conflitos e divisões no setor essencial da educação". O documento faz parte do Pacto educacional global fortemente desejado pelo Papa Francisco, para que a Igreja, forte e unida no campo da formação, possa levar adiante sua missão evangelizadora e contribuir para a construção de um mundo mais fraterno.

A Igreja é mãe e mestra

Em particular, é enfatizado que a Igreja é "mãe e mestra": sua ação educacional, portanto, não é "uma obra filantrópica", mas parte essencial de sua missão, baseada em certos princípios fundamentais: o direito universal à formação; a responsabilidade de todos – em primeiro lugar dos pais, que têm o direito de fazer escolhas educacionais para seus filhos em completa liberdade e de acordo com sua consciência, e depois do Estado, que tem o dever de tornar possíveis diferentes opções educacionais no âmbito da lei - o dever de educar, precípuo da Igreja, no qual a evangelização e a promoção humana integral estão entrelaçadas; a formação inicial e permanente dos professores, para que possam ser testemunhas de Cristo; a colaboração entre pais e professores e entre escolas católicas e não católicas; o conceito de escola católica como uma "comunidade" permeada pelo espírito evangélico de liberdade e caridade, que forma e abre à solidariedade. Ademais, num mundo multicultural, se recorda também "uma educação sexual positiva e prudente", elemento não negligenciável que os estudantes devem receber à medida que crescem.

A cultura do cuidado

A escola católica também tem a tarefa de educar para a "cultura do cuidado", para transmitir aqueles valores baseados no reconhecimento da dignidade de cada pessoa, comunidade, língua, etnia, religião, povos e todos os direitos fundamentais que dela derivam. Uma verdadeira "bússola" para a sociedade, a cultura do cuidado forma as pessoas a ouvir, ao diálogo construtivo e à compreensão recíproca.

Diálogo constante com a comunidade

Em constante diálogo com toda a comunidade, as instituições educacionais católicas não devem ser um modelo fechado, no qual não há espaço para aqueles que não são "totalmente" católicos. Contra esta atitude, a Instrução adverte, lembrando o modelo da "Igreja em saída": "Não devemos perder o impulso missionário para fechar-nos em uma ilha - diz o documento - e ao mesmo tempo precisamos da coragem de testemunhar uma ‘cultura’ católica, ou seja, universal, cultivando uma saudável consciência de nossa identidade cristã".

É preciso clareza de competências e legislações

Outro ponto focal do documento é a necessidade de clareza de competências e legislações: pode acontecer, de fato, que o Estado imponha às instituições católicas públicas "comportamentos que não estejam de acordo" com a credibilidade doutrinária e disciplinar da Igreja, ou escolhas que estejam em contraste com a liberdade religiosa e a própria identidade católica de uma escola. Em tal caso, recomenda-se que "sejam tomadas medidas razoáveis para defender os direitos dos católicos e de suas escolas, tanto através do diálogo com as autoridades estatais, como através do recurso aos tribunais competentes".

Educar é dar esperança ao presente

A Instrução conclui-se enfatizando que as escolas católicas "constituem uma contribuição muito válida para a evangelização da cultura, mesmo em países e cidades onde uma situação adversa estimula o uso da criatividade para encontrar caminhos adequados", pois, como diz o Papa Francisco, "educar é dar esperança ao presente".

                                                                                                                                         Isabella Piro

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segunda-feira, 28 de março de 2022

Reflita com dom José Francisco:

Luz e sombras

Mesmo sendo cristão, você tem a liberdade de pensar que até nas religiões mais exóticas, quando vividas na integridade do coração, existe pelo menos uma parcela de verdade. É na matemática que existe apenas um resultado certo. Na vida, alguns resultados errados estão mais perto do acerto do que outros.

Daí, as divisões.

A grande divisão que se dá entre os que acreditam em Deus, nos faz ver que há tantas definições de Deus quanto sejam as crenças. Longe de ser um defeito, isso indica que as pessoas se posicionam, e se posicionar não deveria ser considerado defeito.

Nessas divisões, um grupo diz que Deus está além do bem e do mal, com uma forte conotação panteísta. Outro grupo, com visão oposta, diz que Deus é definitivamente bom e justo. Essa última visão é sustentada por judeus, muçulmanos e cristãos.

Os panteístas acreditam que Deus anima o universo e se confunde com ele. Alguns até dizem que a natureza é Deus. Mas sabemos que não é bem assim! Deus pode ser encontrado na natureza, mas ele não se confunde com a natureza.

A grande questão controversa é essa: se Deus fez o mundo bom, por que o mundo desandou? Esse tem sido o maior argumento contra Deus.

Maior que esse argumento, sem dúvida, é o mistério da liberdade divina: Ele nos criou para que fôssemos nós mesmos, aqui, no mundo. Uma pessoa se sente molhada depois de cair na água, mas um peixe nunca se sente molhado. Somos peixes nesse aquário gigantesco do mundo e, de certa forma, o que criticamos naquilo que vimos é projeção nossa, bastante inconciliável com a ideia maravilhosa que nutrimos de nós mesmos.

Se o universo não tem sentido, não haveria como descobrir que ele não tem sentido. Se nenhuma criatura fosse dotada de olhos, como se saberia o que são a luz e as sombras?

                              Dom José Francisco Rezende Dias – Arcebispo de Niterói (RJ)

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                                                                                                                                  Fonte: arqnit.com

domingo, 27 de março de 2022

Papa no Angelus deste domingo:

os pais se aproximam a Deus que perdoa sempre com alegria

Deus não sabe perdoar sem festejar e acolhe sempre plenamente. No Angelus, o Papa Francisco exortou os fiéis a não caírem no erro de uma religião formada de deveres e proibições, e a aprenderem da ternura de Deus que não só acolhe novamente, mas se alegra e faz festa por seu filho que voltou para casa.

O Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus deste domingo (27/03), com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro.  

A Liturgia deste domingo narra a Parábola do Filho Pródigo que "nos leva ao coração de Deus, que perdoa sempre com compaixão e ternura. Deus perdoa sempre, somos nós que nos cansamos de pedir perdão a Ele". Segundo Francisco, esta parábola "nos diz que Deus é Pai, que não só acolhe novamente, mas se alegra e celebra seu filho, que voltou para casa depois de ter desperdiçado todos os seus bens. Nós somos esse filho, e é comovente pensar no quanto o Pai sempre nos ama e nos espera".

Rigidez em relação ao próximo

O Papa recordou que na "parábola há também o filho mais velho, que entra em crise diante desse Pai. E isso pode nos colocar em crise também. De fato, dentro de nós há também esse filho e, pelo menos em parte, somos tentados a dar-lhe razão: ele sempre cumpriu seu dever, não saiu de casa, por isso se indigna ao ver o Pai abraçar novamente o irmão que tinha se comportado mal. Ele protesta e diz: «Há tantos anos que te sirvo e nunca desobedeci às tuas ordens», mas para «este teu filho» você faz festa! Não te entendo. Esta é a indignação do filho mais velho".

Destas palavras surge o problema do filho mais velho. Em seu relacionamento com o Pai, ele baseia tudo na pura observância dos comandos, no sentido do dever. Este também pode ser o nosso problema, o nosso problema conosco e com Deus: perder de vista o fato de que Ele é Pai e viver uma religião distante, formada de proibições e deveres. E a consequência desta distância é a rigidez em relação ao próximo, que não é visto mais como um irmão. Na parábola, de fato, o filho mais velho não diz ao Pai meu irmão, mas seu filho, como se dissesse: não é meu irmão. E no final é ele quem corre o risco de ser deixado fora de casa. Na verdade, diz o texto, "ele não queria entrar", por causa do outro.

Então, o Pai sai para suplicá-lo: "Filho, você está sempre comigo e tudo o que é meu é seu". "Ele tenta fazê-lo entender que para ele cada filho é toda a sua vida. Os pais sabem disso bem, pois se aproximam muito do sentimento de Deus. É bonito o que diz um pai num romance: «Quando me tornei pai, entendi Deus»", frisou o Papa.

Procurar quem está distante

Segundo Francisco, "neste ponto da parábola, o Pai abre o coração a seu filho mais velho e lhe expressa duas necessidades, que não são ordens, mas necessidades do coração: "Era preciso festejar e nos alegrar, porque esse seu irmão estava morto, e tornou a viver». Vejamos se também nós temos em nossos corações as duas necessidades do Pai: festejar e se alegrar".

Primeiramente, festejar, ou seja, mostrar nossa proximidade a quem se arrepende ou está a caminho, a quem está em crise ou está distante. Por que é preciso fazer assim? Porque isto ajudará a superar o medo e o desânimo que podem surgir da lembrança dos próprios pecados. Quem errou, muitas vezes se sente repreendido por seu próprio coração; distância, indiferença e palavras duras não ajudam. Portanto, segundo o Pai, é necessário oferecer-lhe um acolhimento caloroso que o encoraje a seguir em frente. Nós fazemos isso? Procuramos quem está distante, desejamos fazer festa com ele? Quanto bem pode ser feito por um coração aberto, uma escuta verdadeira, um sorriso transparente; fazer festa, não fazer sentir desconfortável! O pai poderia ter dito: tudo bem filho, volta para casa, volta a trabalhar, vá para o seu quarto, acalme-se e comece a trabalhar e isso teria sido um perdão bom. Mas não! Deus não pode perdoar sem festejar! E o pai festeja. Sente a alegria pelo seu filho que voltou.

Então, de acordo com o Pai, é preciso se alegrar. Segundo o Papa, "quem tem o coração sintonizado com Deus se alegra ao ver o arrependimento de uma pessoa, por mais graves que tenham sido seus erros. Não se mantém firme nos erros, não aponta o dedo para o mal, mas se alegra com o bem, porque o bem do outro também é o meu!" "E nós, sabemos ver os outros assim? Sabemos nos alegrar pelos outros?", perguntou Francisco, que a seguir, contou uma história, inventada, sobre o tema do Filho Pródigo, que mostra o coração do pai. Um jovem que queria voltar para casa, mas tinha medo que o pai o rejeitasse, que não o perdoasse. Então, um amigo o aconselhou a escrever uma carta a seu pai, dizendo que sentia muito e que gostaria de voltar, mas não tinha certeza se o pai ficaria feliz. Portanto, se o pai quisesse recebê-lo, deveria colocar um lenço branco na janela. "Ele se colocou a caminho e quando estava perto da casa, quando o caminho fez uma curva, ele se encontrou diante de casa. E o que ele viu? Não um lenço, mas vários lenços brancos nas janelas, em tudo! Assim, o Pai nos recebe com plenitude, com alegria. Este é o nosso Pai", concluiu o Papa, pedindo à Virgem Maria para que "nos ensine a acolher a misericórdia de Deus, para que se torne a luz na qual olhar o nosso próximo".

                                                                                                                   Mariangela Jaguraba

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Assista:

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Francisco:

abolir a guerra, antes que ela apague o homem da história

O pensamento do Papa está sempre voltado para a Ucrânia: "É preciso repudiar a guerra, um lugar de morte onde pais e mães sepultam seus filhos, onde os homens matam seus irmãos sem sequer tê-los visto, onde os poderosos decidem e os pobres morrem".

Após a oração mariana do Angelus, deste domingo (27/03), o Papa Francisco fez novamente um apelo pela paz na Ucrânia.

Mais de um mês se passou desde o início da invasão da Ucrânia, desde o início desta guerra cruel e insensata que, como qualquer guerra, representa uma derrota para todos, para todos nós. É preciso repudiar a guerra, um lugar de morte onde pais e mães sepultam seus filhos, onde homens matam seus irmãos sem sequer tê-los visto, onde os poderosos decidem e os pobres morrem.

A seguir, Francisco ressaltou que "a guerra não só destrói o presente, mas também o futuro de uma sociedade". "Li que desde o início da agressão contra a Ucrânia, uma a cada duas crianças foi deslocada do país. Isto significa destruir o futuro, causando traumas dramáticos nas crianças. Esta é a brutalidade da guerra, um ato bárbaro e sacrílego", frisou o Papa.

A guerra não pode ser algo inevitável: não devemos nos acostumar com a guerra! Pelo contrário, devemos converter a indignação de hoje no compromisso de amanhã. Porque, se sairmos dessa história como antes, todos seremos culpados de alguma forma. Diante do perigo da autodestruição, a humanidade entenda que chegou a hora de abolir a guerra, de apagá-la da história humana antes que ela apague o homem da história.

O Papa pediu "a todos os líderes políticos que reflitam sobre isso, que se comprometam com isso! E olhando para a Ucrânia martirizada, entender que cada dia de guerra torna a situação pior para todos". Por isso, Francisco renovou o seu apelo: "Chega, pare, calem-se as armas, que se negocie seriamente pela paz!" A seguir, convidou os fiéis a invocarem a Rainha da Paz, a quem foi consagrada a humanidade, especialmente a Rússia e a Ucrânia, rezando uma Ave-Maria.

Depois, o Pontífice saudou os romanos e peregrinos provenientes da Itália e outros países. Saudou os participantes da Maratona de Roma, que este ano por iniciativa da Athletica Vaticana, vários atletas participaram de iniciativas de solidariedade em prol das pessoas que na Cidade Eterna passam necessidade.

Por fim, Francisco recordou a Statio Orbis de dois anos atrás na Praça São Pedro.

Dois anos atrás, desta praça, elevamos uma súplica pelo fim da pandemia. Hoje, a fizemos pelo fim da guerra na Ucrânia. Ao sair da praça, será oferecido a vocês um livro gratuito, produzido pela Comissão Vaticana Covid-19 com o Dicastério para a Comunicação, a fim de convidar a rezar nos momentos de dificuldade, sem medo, tendo sempre fé no Senhor.

                                                                                                                    Mariangela Jaguraba

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