quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Francisco na catequese desta quarta-feira:

aprender a ler no livro do coração
para não continuar repetindo os mesmos erros

Francisco disse na Audiência Geral que "a consolação autêntica é uma espécie de confirmação de que cumprimos o que Deus quer de nós, que percorremos os seus caminhos, ou seja, nas estradas da vida, da alegria, da paz".

Mariangela Jaguraba - Vatican News

"A consolação autêntica" foi o tema da catequese do Papa Francisco, na Audiência Geral, desta quarta-feira (30/11), realizada na Praça São Pedro.

Continuando a reflexão sobre o discernimento, o Papa recordou a seguinte passagem dos Exercícios espirituais de Santo Inácio de Loyola. Reza assim: «Se nos pensamentos tudo é bom, o princípio, o meio e o fim, e se tudo está orientado para o bem, este é um sinal do anjo bom. Por outro lado, pode ser que no decurso dos pensamentos se apresente algo mau, ou que distraia, ou menos bom do que aquilo que antes a alma se propusera fazer, ou algo que debilite a alma, que a torne inquieta, que a ponha em agitação e lhe tire a paz, a tranquilidade e a calma que antes tinha: então, este é um sinal claro de que tais pensamentos vêm do espírito maligno».

Estar orientado para o bem

"Existe uma verdadeira consolação, mas existem consolações que não são verdadeiras. Por isso, é preciso entender bem o percurso da consolação, para aonde vai, e para aonde me leva, se me leva para algo que não é bom, não é uma consolação boa, não é uma consolação verdadeira, é falsa", sublinhou o Papa.

O que significa que o princípio está orientado para o bem? Por exemplo, tenho o pensamento de rezar, e observo que se acompanha ao afeto pelo Senhor e pelo próximo, convida a realizar gestos de generosidade, de caridade: é um bom princípio. No entanto, pode acontecer que aquele pensamento surja para evitar um trabalho ou uma tarefa que me foi confiada: sempre que devo lavar a louça ou limpar a casa, vem-me uma grande vontade de começar a rezar! A oração não é uma fuga dos nossos afazeres; pelo contrário, é uma ajuda para realizar o bem que somos chamados a praticar, aqui e agora. Isto a propósito do princípio.

"Santo Inácio dizia que o principio, o meio e o fim devem ser bons. O principio é este: tenho vontade de rezar para não lavar a louça. Então, primeiro, lava a louça e depois vai rezar", frisou o Papa.

Examinar bem o percurso dos próprios sentimentos

"Em seguida há o meio, ou seja, o que vem depois, o que se segue a tal pensamento", sublinhou Francisco. "Permanecendo no exemplo anterior, se eu começar a rezar e, como faz o fariseu da parábola tender a agradar a mim mesmo e a desprezar os outros, talvez com um ânimo ressentido e azedo, então estes são sinais de que o espírito maligno utilizou aquele pensamento como chave de acesso para entrar no meu coração e para me transmitir os seus sentimentos." Segundo o Papa, esse tipo "de oração termina mal", pois é "uma consolação de rezar para se sentir como um pavão diante de Deus. Este é um meio que não funciona".

"Depois, há o fim. O fim é um aspecto que já encontramos, ou seja: para aonde me leva aquele pensamento?", perguntou Francisco, dizendo que "pode acontecer que eu trabalhe arduamente por uma obra boa e meritória, mas isto impele-me a deixar de rezar, descubro-me cada vez mais agressivo e zangado, considero que tudo depende de mim, a ponto de perder a confiança em Deus. Evidentemente, aqui há a ação do espírito maligno. Eu começo a rezar e na oração me sinto onipotente. Portanto, examinar bem o percurso dos próprios sentimentos, e o percurso dos bons sentimentos, da consolação a partir do momento que eu quero fazer alguma coisa".

Aprender com as experiências

Segundo o Papa, "o estilo do inimigo", do demônio, é o estilo que "consiste em apresentar-se de maneira sorrateira e disfarçada: começa a partir daquilo que nos é mais querido e depois, pouco a pouco, atrai-nos a si: o mal entra secretamente, sem que a pessoa perceba. E, com o passar do tempo, a suavidade torna-se dureza: aquele pensamento revela-se pelo que realmente é".

“Eis a importância deste paciente, mas indispensável exame sobre a origem e a verdade dos próprios pensamentos; é um convite a aprender com as experiências, com o que nos acontece, para não continuar repetindo os mesmos erros.”

Quanto mais nos conhecemos, mais sentimos por onde entra o espírito maligno, as suas “senhas”, as portas de entrada do nosso coração, que são os pontos onde somos mais sensíveis, de modo a prestar-lhes atenção no futuro. Cada um de nós há os pontos mais sensíveis, os pontos mais frágeis da própria personalidade e dali entra o maligno e nos leva para a estrada errada, ou nos tira da estrada certa. Quero rezar, mas me distancia da oração.

É importante compreender o que aconteceu

O Papa frisou que é importante fazer "o exame de consciência diário: antes de terminar o dia, parar. Se perguntar, o que aconteceu no meu coração? Cresceu ou foi uma estrada na qual passou de tudo? O que aconteceu no meu coração. Trata-se do precioso esforço de reler a experiência sob um ponto de vista particular. É importante compreender o que aconteceu, é sinal de que a graça de Deus age em nós, ajudando-nos a crescer em liberdade e consciência. Não estamos sozinhos, o Espírito Santo está conosco".

A consolação autêntica é uma espécie de confirmação de que cumprimos o que Deus quer de nós, que percorremos os seus caminhos, ou seja, as estradas da vida, da alegria, da paz. Com efeito, o discernimento não é simplesmente sobre o bem, nem sobre o máximo bem possível, mas sobre o que é um bem para mim aqui e agora: é nisto que sou chamado a crescer, colocando limites a outras propostas, atraentes, mas irreais, para não ser enganado na busca do verdadeiro bem.

É preciso "aprender a ler no livro do coração o que aconteceu durante o dia. Façam isso. São apenas dois minutos, mas garanto a vocês que lhes fará bem".

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terça-feira, 29 de novembro de 2022

Neste Tempo do Advento, Campanha da Pastoral Familiar

motiva montagem de presépio nas casas

Com o início do tempo litúrgico do Advento, a preparação para o Natal toma de conta das igrejas e também das casas. A montagem do presépio ganha destaque nessa ambientação na espera pela celebração do nascimento de Jesus. E com o objetivo de fortalecer essa experiência em família, a Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio da Pastoral Familiar, promove a terceira edição da Campanha “Minha Família Acolhe o Menino Jesus”.

Desenvolvida desde 2020, ano que teve início a pandemia do novo coronavírus, a iniciativa visa motivar as famílias a celebrarem o sentido cristão do Natal em suas casas, como oportunidade de os pais passarem a fé aos filhos.

“Em 2020, estávamos ainda naquele ambiente de muitas dúvidas e de isolamento em nossas casas. O nosso intuito com a campanha Minha Família Acolhe o Menino Jesus foi estimular as famílias a não deixarem passar esse momento tão especial de catequese dentro da Igreja Doméstica”, explicou o assessor da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e Família, padre Crispim Guimarães.

O assessor da Comissão conta como as famílias podem participar: “Cada um deve preparar como pode o seu próprio presépio, de acordo com a cultura e com o que tiver disponível. O importante é repassarmos às crianças o verdadeiro sentido do Natal”, ressaltou. O resultado final deve ser compartilhado nas redes sociais por meio da hashtag #presepioemcasa, que serão publicados toda semana no Portal Vida e Família.

O bispo de Rio Grande (RS) e presidente da Comissão para a Vida e a Família da CNBB, dom Ricardo Hoepers, recordou o tema da Campanha para a Evangelização deste ano – “Evangelizar: graça e missão que se dá no encontro” – para motivar o envolvimento na campanha do presépio: “Vamos cultivar essa cultura do encontro, de reunir a família, reunir os amigos e, juntos, prepararmos um lindo presépio dentro da nossa casa”.

“Que neste Advento e neste Natal, o nosso presépio seja o nosso coração, e a nossa família o lar onde Jesus possa vir, entrar e reinar”, deseja dom Ricardo.

Pastoral Familiar

Os setores e as coordenações regionais da Pastoral Familiar serão responsáveis por mobilizar as bases nessa campanha, compartilhando experiências e reflexões a partir da liturgia do Advento e da montagem do presépio nas casas. Os agentes são convidados também a celebrar em família a Novena de Natal, a partir do roteiro proposto pela Edições CNBB.

Como surgiu?

O presépio teve origem em Gréccio, na Itália, em 1223, onde São Francisco de Assis se deparou com grutas que lhe faziam lembrar a paisagem de Belém. Foi lá que o Santo representou o nascimento do Salvador.

Na sua carta apostólica Admirabile Signum (Admirável Sinal) – sobre o significado e valor do presépio, o Papa Francisco o define “como um Evangelho vivo que transvaza das páginas da Sagrada Escritura”. No texto, o pontífice recorda que a tradição é aprendida pelas crianças, quando o pai e a mãe, juntamente com os avós, “transmitem este gracioso costume, que encerra uma rica espiritualidade popular”. O desejo do Papa Francisco é que “esta prática nunca desapareça; mais, espero que a mesma, onde porventura tenha caído em desuso, se possa redescobrir e revitalizar”.

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segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Papa Francisco aos jovens:

encorajo a sonhar alto, sejam poetas da paz

“Qual é o sonho de vocês para o mundo de hoje e de amanhã? Encorajo vocês a sonhar alto, como João XXIII e Martin Luther King. Que cada um de vocês se torne um ‘poeta da paz!’. Palavras do Papa Francisco aos jovens que participam do projeto da Rede Nacional das Escolas da Paz recebidos nesta segunda-feira (28) no Vaticano

Jane Nogara - Vatican News

Na manhã desta segunda-feira (28) o Papa Francisco recebeu na Sala Paulo VI cerca de 6 mil jovens estudantes que participam do encontro pela educação à paz e ao cuidado, projeto realizado pela Rede Nacional das Escolas da Paz. O programa de atividades de formação, será concluído em maio de 2023 com a participação de todos na Marcha Perugia-Assis para a apresentação de resultados e propostas. Recordando que o programa educacional "Pela Paz, pelo Cuidado" quer responder ao chamado do Pacto Educacional Global, dirigido três anos atrás a todos os que trabalham no campo da educação, o Papa exortou afirmando que estava “encantado ao ver que não só as escolas, universidades e organizações católicas estão respondendo a este chamado, mas também as instituições públicas, leigas e de outras religiões”.

O samaritano é um modelo

“Para que haja paz, como diz seu lema tão apropriadamente, é preciso ‘cuidar'. A paz sempre nos diz respeito! Como sempre nos diz respeito o outro, o irmão e a irmã, e devemos cuidar dele e dela”

Explicando que, “um modelo por excelência de cuidado é aquele samaritano do Evangelho, que socorreu um estranho que encontrou ferido ao longo da estrada. O samaritano não sabia se o infeliz era uma boa pessoa ou má, se era rico ou pobre, educado ou não, judeu, samaritano como ele ou estrangeiro; ele não sabia se aquele infortúnio 'tinha sido provocado' ou não. O samaritano não se fez muitas perguntas, ele seguiu a sua compaixão".

Dois exemplos de testemunhas

Em seguida Francisco disse que mesmo em nosso tempo, podemos encontrar valiosos testemunhos de pessoas ou instituições que trabalham pela paz e pelo cuidado com os necessitados. Como primeiro exemplo cita São João XXIII. “Ele foi chamado de ‘o Papa bom’”, disse Francisco, “e também de o ‘Papa da paz’, porque naquele difícil início dos anos 60 marcados por fortes tensões - a construção do Muro de Berlim, a crise de Cuba, a Guerra Fria e a ameaça nuclear - ele publicou a famosa e profética Encíclica Pacem in Terris. O próximo ano fará 60 anos, e é muito atual!"

“O Papa João se dirigiu a todos os homens de boa vontade, pedindo a solução pacífica de todas as guerras através do diálogo e do desarmamento”

Em seguida convidou todos os jovens a ler e estudar a Pacem in Terris, e a seguir este caminho para defender e difundir a paz. Ao mencionar o segundo “exemplo” aos jovens o Papa disse: “Alguns meses após a publicação dessa encíclica, outro profeta de nosso tempo, Martin Luther King, Prêmio Nobel da Paz em 1964, proferiu o discurso histórico no qual disse: 'Eu tenho um sonho'. Em um contexto americano fortemente marcado pela discriminação racial, ele fizera todos sonharem com a ideia de um mundo de justiça, liberdade e igualdade. Afirmando: 'Tenho um sonho: que meus quatro filhos pequenos um dia viverão em uma nação onde não serão julgados pela cor de sua pele, mas pela dignidade de sua pessoa'".

Sonhar alto

“E vocês, jovens: qual é o sonho de vocês para o mundo de hoje e de amanhã?”, é o desafio que o Papa lança aos jovens continuando:

“Encorajo todos vocês a sonhar alto, como João XXIII e Martin Luther King”

"E é por isso que os convido a participar, no próximo ano, do Dia Mundial da Juventude, em Lisboa em 2023. Aqueles de vocês que puderem vir, se encontrarão com tantos outros jovens de todo o mundo, todos unidos pelo sonho da fraternidade baseada na fé em Deus que é a Paz, o Pai de Jesus Cristo e nosso Pai. E se vocês não puderem vir fisicamente, convido a todos de qualquer forma a seguir e participar, porque agora, com os meios de hoje, isto é possível.

Poeta da paz

Por fim, depois de desejar um bom caminho no tempo do Advento, caminho feito de muitos pequenos gestos de paz, todos os dias: gestos de acolhimento, de encontro, de compreensão, de proximidade, de perdão, de serviço o Papa citou um poeta. "O poeta Borges termina, ou melhor, não termina um de seus poemas com estas palavras: 'Quero agradecer... por Whitman e Francisco de Assis que já escreveram este poema, pelo fato de que este poema é inesgotável e se mistura com a soma das criaturas e nunca chegará ao último verso e mudará de acordo com os homens'. Espero que vocês também aceitem o convite do poeta para continuar seu poema, cada um acrescentando aquilo pelo qual quer agradecer. Que cada um de vocês se torne um 'poeta da paz'!".

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Leia o interessante artigo do padre Paulo Adolfo Simões:

O Brasil Democrático

Passado o segundo turno das eleições, impõe fazer uma reflexão sobre a democracia. Vivemos no sistema de governo democrático que talvez não consigamos valorizar devidamente. Primeiro, devido as suas muitas deficiências e por ser fragilizado nos últimos tempos. Essa fragilização se deve tanto aos desgastes normais das construções políticas quanto aos duros ataques sofridos. Outro elemento que contribui para a pouca valorização da democracia é que vivemos 37 anos da redemocratização do país, depois de vinte e um anos de governo autoritário. Assim, as pessoas com menos de quarenta e cinco anos viveram praticamente toda a sua existência no regime democrático. Por isso, possuem enorme capacidade de perceberem as suas deficiências. Porém, como só há essa experiência, não conseguem fazer a comparação com um governo autoritário.

Diante disso, é preciso reconhecer que a democracia, embora com muitas deficiências, nos oferece a possibilidade de construir um Brasil melhor em que, se não todas, a maioria das necessidades de sua população seja contemplada. A grande vantagem da democracia é que é uma construção coletiva. Nela, todos são ouvidos e os temas nunca estão fechados. Sempre é possível mudar.

Mas, o que é mesmo democracia? O conceito de democracia vem da Grécia antiga que, em algumas cidades, deixando de lado o governo de um tirano, estabelece o governo do povo. Na tirania, a autoridade dos governantes vem de ter nascido de uma família nobre ou de ter acumulado uma fortuna. Na democracia, o poder “emana do povo” que elege seus dirigentes. Em suma, “democracia é o governo do povo pelo povo”. Alguns estudiosos da democracia, como Maurício Abdalla, da Universidade Federal do Espírito Santo, afirma que democracia mesmo só existiu nas primeiras comunidades cristãs relatadas no livro dos Atos dos Apóstolos e nas comunidades dos povos originários, como dos indígenas no Brasil. Sendo essas comunidades pequenas, é maior a possibilidade de que toda a população ajude a decidir a vida da polis, da aldeia.

Hoje, o mundo conhece dois modelos de democracia que se criticam mutuamente. Um modelo não reconhece o outro como democrático. Temos o modelo da democracia liberal representativa, como a do Brasil. Nesse modelo, todos os cidadãos aptos podem votar e serem votados para os cargos públicos, desde que estejam filiados a partidos políticos. Porém, uma vez escolhidos, praticamente recebem uma carta-branca para fazer o que querem. Os mecanismos legais que a sociedade dispõe para interferir na ação dos governos, embora assegurados na Constituição Federal, são pouco usados. São eles: os plebiscitos e os referendos. Podemos enumerar como instrumentos de participação popular também os Conselhos de Direitos e as audiências públicas. Esses instrumentos, embora obrigatórios, são pouco valorizados pelos governantes e pouco compreendidos pela própria sociedade. O outro modelo democrático existente é o dos países socialistas como China e Cuba. Nesse modelo, não há diversidade partidária. No entanto, quem deseja participar da vida política do país pode se filiar ao partido único. Dentro desse partido, tudo é decidido no voto, assim como a escolha dos representantes e a classe dirigente. Esses modelos também usam de forma mais ampla os diversos instrumentos de participação da sociedade na vida política do país, sobretudo no que se refere à política local.

O filósofo italiano Norberto Bobbio, falecido em 2004, diz que a democracia é cansativa e trabalhosa, pois nunca está acabada. Segundo o pensador, aí está a força e a fragilidade da democracia. É sempre um edifício em construção que pode ruir a qualquer hora, mas que pode também se tornar cada vez mais forte, belo e adequado a seus propósitos. Penso que não seja pouca coisa.

Voltemos ao tema pós-eleições no Brasil. É fundamental que façamos a defesa da democracia, para que não a percamos. Perdê-la significa não ter mais a oportunidade, ao menos por um tempo, de reformá-la e melhorá-la. A tarefa da defesa e do aprimoramento da democracia é de toda a sociedade e também das Igrejas. Por isso, nós cristãos e cristãs não podemos nos furtar de dar a nossa contribuição. Arrisco aqui a apontar, bem superficialmente, algumas sugestões para o fortalecimento da democracia. Primeiramente, é preciso valorizar as instituições democráticas. Por instituições democráticas entendemos os três poderes da república: legislativo, executivo e judiciário. Precisamos defender, sobretudo, a justiça eleitoral que deu provas de competência na condução de uma eleição comprovadamente limpa e transparente. Além disso, é preciso defender também as universidades como centros da produção de conhecimento e tecnologia, as associações de classes, como OAB, ABI e CNBB, e as associações dos trabalhadores, como os sindicatos. Depois, é preciso investir profundamente na formação do povo cristão e religioso em cidadania e política. A importância do voto religioso tornou-se fundamental e essa relevância veio para ficar. As escolas de Fé e Política podem contribuir nessa linha. Por fim, é preciso acreditar e fortalecer os Movimentos Sociais. O Papa Francisco lhes dá grande importância e tem realizado vários encontros com seus representantes. Por natureza, os movimentos sociais são como que irmãos das nossas Pastorais Sociais, que também precisam ser valorizadas.

Por fim, é importante lembrar que, como cristãos, precisamos fazer isso imbuídos do espírito do Evangelho. Fazer o que Jesus faria em nosso lugar e nos indicou: “Fazei a mesma coisa que eu fiz” (Jo 13,15). Sermos servidores uns dos outros, sobretudo dos mais pobres. Imbuídos do espírito do Evangelho, precisamos também ser alimentados por uma mística muito profunda, verdadeira e que nos coloque em sintonia com Deus.

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Bibliografia:
PAPA FRANCISCO. Fratelli Tutti. Edições CNBB, 2020
NORBERTO BOBBIO. Qual democracia?. Edições Loyla,2010
JACQUES RANCIÈRE. O ódio à Democracia. Boi Tempo, 2020


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                                                                                           Fonte: arquidiocesepousoalegre.org.br

domingo, 27 de novembro de 2022

O Papa e o Advento:

Deus se esconde nas situações mais comuns de nossa vida

Neste domingo, começa o Advento, tempo litúrgico que nos prepara para o Natal. Francisco recordou no Angelus a "bela promessa que nos introduz no tempo do Advento: «Virá o teu Senhor». Este é o fundamento da nossa esperança, é o que nos sustenta também nos momentos mais difíceis e dolorosos da nossa vida".

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus, deste domingo (27/11), com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro.

Na alocução que precedeu a oração, o Pontífice recordou a "bela promessa que nos introduz no tempo do Advento: «Virá o teu Senhor».

Este é o fundamento da nossa esperança, é o que nos sustenta também nos momentos mais difíceis e dolorosos da nossa vida: Deus vem. Nunca nos esqueçamos disso! O Senhor vem sempre, nos visita, se faz próximo, e voltará no fim dos tempos para nos acolher no seu abraço.

O Senhor inspira as nossas ações

A seguir, o Papa fez as seguintes perguntas: "Como vem o Senhor? Como reconhecê-lo e acolhê-lo?" Primeira pergunta: como o Senhor vem?

Segundo Francisco, "muitas vezes ouvimos dizer que o Senhor está presente no nosso caminho, que nos acompanha e nos fala. Mas talvez, distraídos como estamos por tantas coisas, esta verdade permanece para nós apenas teórica, ou imaginamos que o Senhor vem de maneira sensacional, talvez por meio de algum sinal prodigioso. Jesus diz que acontecerá "como nos dias de Noé". E o que faziam nos dias de Noé? Simplesmente as coisas normais e cotidianas da vida: «Comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento»".

Levemos em consideração isso: Deus está escondido em nossa vida, está sempre presente, está escondido nas situações mais comuns e ordinárias de nossa vida. Não vem em eventos extraordinários, mas nas coisas do dia-a-dia. O Senhor vem nas coisas do dia-a-dia, porque Ele está ali, se manifesta nas coisas de todos os dias. Ele está ali, no nosso trabalho quotidiano, num encontro casual, no rosto de uma pessoa necessitada, mesmo quando enfrentamos dias que parecem cinzentos e monótonos, o Senhor está ali, nos chama, nos fala e inspira as nossas ações.

Perceber a presença de Deus na vida cotidiana

Segunda pergunta: como reconhecer e acolher o Senhor? De acordo com Papa, "devemos estar acordados, atentos, vigilantes. Jesus nos adverte: existe o perigo de não percebermos a sua vinda e estar despreparados para a sua visita".

Francisco disse que recordou "outras vezes o que Santo Agostinho dizia: "Temo o Senhor que passa", ou seja, temo que Ele passe e eu não o reconheça! De fato, sobre aquelas pessoas do tempo de Noé, Jesus diz que elas comiam e bebiam «e nada perceberam, até que veio o dilúvio, e arrastou a todos»".

Prestemos atenção nisso: não perceberam nada! Estavam ocupadas com suas coisas e não perceberam que o dilúvio estava para vir. De fato, Jesus diz que, quando Ele vier, "dois homens estarão trabalhando no campo: um será levado e o outro deixado". Qual é a diferença? Em que sentido? Simplesmente que um estava vigilante, esperava, capaz de perceber a presença de Deus na vida cotidiana; o outro, por outro lado, estava distraído, "sem compromisso", como se fosse nada, e não percebeu nada.

Deixar-se chacoalhar pelo torpor

"Neste Tempo do Advento deixemo-nos chacoalhar pelo nosso torpor e despertemo-nos do sono", disse o Papa, convidando-nos a fazer as seguintes perguntas: "Estou consciente do que vivo? Estou atento? Estou acordado? Procuro reconhecer a presença de Deus nas situações cotidianas ou estou distraído e um pouco esmagado pelas coisas?"

"Se não percebermos sua vinda hoje, também estaremos despreparados quando ele vier no fim dos tempos. Irmãos e irmãs, permaneçamos vigilantes! Esperando que o Senhor venha, se aproxime de nós, porque Ele está aqui, espera. Prestemos atenção! Que a Virgem Santa, Mulher da expectativa, que percebeu a passagem de Deus na vida humilde e escondida de Nazaré e o acolheu em seu ventre, nos ajude neste caminho de estar atentos à espera do Senhor que está no meio de nós e passa", concluiu Francisco.

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Reflita com dom Paulo Peixoto:

 Novamente Advento 

Dom Paulo Mendes Peixoto Arcebispo de Uberaba (MG)

Mais uma festa do nascimento de Jesus Cristo está bem às portas, preparada por momentos ricos de reflexão e fundamentação bíblica nas comunidades, chamados liturgicamente de Advento. Uma vinda enxertada de esperança, para construir um mundo sempre com novidades, de concórdia, harmonia e paz. É como o vento que sopra e acende o fogo da vida de Deus no coração das pessoas. 

Dom Paulo

No clima das celebrações de Advento, a profecia de Isaías é provocativa para as nossas realidades hodiernas. Ele fala de fundir espadas e transformá-las em bicos de arado, fundir também lanças para fazer foices a serem usadas no trabalho, e nenhuma nação deverá pegar em armas para lutar contra a outra. E complementa dizendo da importância de caminhar na luz do Senhor (cf. Is 2,4-5). 

Aquele que se prepara autenticamente bem para celebrar as Festas cristãs de Natal é capaz de realizar gestos de comportamento ético-moral e transformar sua própria vida em ações concretas de retidão e de justiça. É deixar-se envolver pelo revestimento de Cristo numa vida pautada pela Palavra de Deus. Assim, Natal é tempo de renovação interior e compromisso com o relacionamento social. 

As atitudes de divisão e inimizade são desaparelhadas totalmente em relação ao espírito natalino. Natal é presença de Jesus Cristo, constituído verdadeira fonte de unidade e fraternidade entre as pessoas que O acolhem. N’Ele os caminhos mudam, intrigas, guerras, hostilidades e desarmonias se desfazem. Assim deve ser o comportamento provocado pelo Advento. 

A dimensão das celebrações no período do Advento exige fé vigilante e prática da caridade fraterna, porque Natal é festa do amor de Deus para com a humanidade. Isto significa que entre os humanos deve reinar a capacidade de relacionamento e de abertura para o amor divino. Quem participa das propostas do Advento, celebra as festas de fim de ano, principalmente Natal, com mais frutos pessoais. 

A começar por uma retrospectiva da história de vida, é hora de reconstruir a esperança, motivadora do reconhecimento de novos tempos. Advento é recomeço dos ciclos litúrgicos do ano, como forma de vigilância cristã permanente na História da Salvação. Tudo isto nos abre caminho para receber Jesus Cristo, Menino do Natal, com um coração livre de todas as amarras da avareza e do egoísmo. 

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sábado, 26 de novembro de 2022

Em um livro,

o Papa e a alegria

Em quase dez anos de pontificado, Francisco falou várias vezes sobre a alegria e agora será lançado o livro “La gioia” (A Alegria) que reúne vários pensamentos seus sobre o assunto. A introdução é de Mons. Dario Edoardo Viganò, que explica o significado desta atitude para os cristãos: "Não simples otimismo, mas sim a capacidade de olhar a história através do olhar de Deus"

Eugenio Bonanata e Giovanni Orsenigo – Vatican News

Livro “La gioia” (A Alegria) com textos do Papa Francisco

"A alegria dos fiéis não é ingenuidade ou incapacidade de ver os problemas da história". Mons. Dario Edoardo Viganò, vice-chanceler da Pontifícia Academia das Ciências e das Ciências Sociais, ilustra assim o livro intitulado "A Alegria", no qual escreveu a introdução. Um texto desejado pelo Papa, que reúne textos nos quais falou sobre este tema - extraído de encíclicas, homilias, discursos e mensagens - com o objetivo de dar ao leitor a oportunidade de embarcar no seu próprio caminho pessoal. "Não é um livro que se lê da primeira à última página, mas pode ser lido de forma desordenada", explica Viganò. Na verdade, continua, "são textos que, especialmente neste momento de palavras gritadas, notícias terríveis e mortes, permitem alargar o coração, erguer o olhar e reapropriar-se da experiência de ser cristão".

A alegria do vinho

"A Igreja é uma experiência de povo que vive a alegria", esclarece o religioso, convidando-nos a refletir sobre a experiência das Bodas de Caná. A história do primeiro milagre de Jesus tem como ponto central o casamento, no qual, entretanto, falta um elemento importante, o vinho, que é um sinal de alegria. "Os jarros de purificação estão vazios", sublinha o Viganò. E este é o símbolo de uma relação de amor agora consumada entre Deus e seu povo. Nem mesmo a lei e a purificação podem restaurar a paixão dessa relação. "É por isso que Jesus não está presente, mas é convidado", continua. "De fato, é Cristo quem traz o vinho novo, sancionando assim uma aliança nova, eterna, última e definitiva". Uma aliança que nasce neste primeiro grande milagre do vinho, ou seja, da alegria. É por isso que para Viganò "a Igreja é um povo de homens e mulheres que não vivem sob a Lei, mas que vivem na alegria de serem filhos e filhas de Deus".

A alegria de viver do jeito de Deus

O dom do batismo nos permite receber a vida de Deus, tornando-nos assim filhos no seu filho Jesus. E isto nos torna capazes de viver as relações, em relação ao mundo ou a criação, no modo do Senhor. "Portanto a prioridade", afirma, "não é o eu, mas sobretudo o outro, assim como é para Deus, cuja prioridade sempre foi o filho". Ao contrário do que acontece com o ladrão crucificado no Calvário, que naquela ocasião diz a Jesus: 'Se és realmente o Filho de Deus, salva-te a ti mesmo, e depois me salve também'. "Se não se vive a filiação em Deus", continua Viganò, "os relacionamentos só serão instrumentais e funcionais, enquanto viver a alegria significa sentir a urgência de viver no modo de Deus".

A estrutura narrativa

Para facilitar a leitura, o livro foi dividido em três áreas temáticas, ou melhor, em 'três percursos de aproximação à alegria', que são delineados a partir de três verbos: 'ser', ou seja, a identificação da alegria entendida como uma atitude pessoal e espiritual; 'compartilhar', que é a alegria no compromisso e na amizade social; 'testemunhar', que é a alegria de viver no modo de Deus. “Ler este livro", assinala ainda, "é como caminhar nas páginas, da mesma forma que os discípulos de Emaús". Nesta passagem do Evangelho, os discípulos só reconhecem Jesus ao partir o pão, mas se perguntam: ‘Será que ele não chega ao nosso coração enquanto conversa conosco?’ “O Espírito Santo", conclui, "prepara o homem e a mulher para reconhecer o Senhor no ato de compartilhar o pão, mas ele trabalha antes disso, também quando estamos caminhando com uma pessoa que é desconhecida".

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sexta-feira, 25 de novembro de 2022

1º Domingo do Advento:

Leituras e Reflexão
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1ª Leitura:  Is 2,1-5

Leitura do Livro do profeta Isaías:

Visão de Isaías, filho de Amós, sobre Judá e Jerusalém.

Acontecerá, nos últimos tempos, que o monte da casa do Senhor estará firmemente estabelecido no ponto mais alto das montanhas e dominará as colinas. A ele acorrerão todas as nações, para lá irão numerosos povos e dirão: “Vamos subir ao monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó, para que ele nos mostre seus caminhos e nos ensine a cumprir seus preceitos”; porque de Sião provém a lei e de Jerusalém, a palavra do Senhor.

Ele há de julgar as nações e arguir numerosos povos; estes transformarão suas espadas em arados e suas lanças em foices; não pegarão em armas uns contra os outros e não mais travarão combate. Vinde, todos da casa de Jacó, e deixemo-nos guiar pela luz do Senhor.

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Responsório: Sl 121(122),1-2.4-5.6-7.8-9 (R. cf. 1)
- Que alegria, quando me disseram:/ “Vamos à casa do Senhor!”
- Que alegria, quando me disseram:/ “Vamos à casa do Senhor!”

- Que alegria, quando ouvi que me disseram:/ “Vamos à casa do Senhor!”/ E agora nossos pés já se detêm,/ Jerusalém, em tuas portas.

- Para lá sobem as tribos de Israel,/ as tribos do Senhor./ Para louvar, segundo a lei de Israel,/ o nome do Senhor./ A sede da justiça lá está/ e o trono de Davi.

- Rogai que viva em paz Jerusalém,/ e em segurança os que te amam!/ Que a paz habite dentro de teus muros,/ tranquilidade em teus palácios!

- Por amor a meus irmãos e meus amigos,/ peço: “A paz esteja em ti!”/ Pelo amor que tenho à casa do Senhor,/ eu te desejo todo bem!

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2ª Leitura: Rm 13,11-14a

Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos:

Irmãos: Vós sabeis em que tempo estamos, pois já é hora de despertar. Com efeito, agora a salvação está mais perto de nós do que quando abraçamos a fé.

A noite já vai adiantada, o dia vem chegando; despojemo-nos das ações das trevas e vistamos as armas da luz.

Procedamos honestamente, como em pleno dia; nada de glutonerias e bebedeiras, nem de orgias sexuais e imoralidades, nem de brigas e rivalidades. Pelo contrário, revesti-vos do Senhor Jesus Cristo.

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Evangelho: Mt 24,37-44

Proclamação do Evangelho de São Mateus:

Naquele tempo, Jesus disse aos seus discípulos: “A vinda do Filho do Homem será como no tempo de Noé. Pois nos dias, antes do dilúvio, todos comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. E eles nada perceberam, até que veio o dilúvio e arrastou a todos. Assim acontecerá também na vinda do Filho do Homem.

Dois homens estarão trabalhando no campo: um será levado e o outro será deixado. Duas mulheres estarão moendo no moinho: uma será levada e a outra será deixada.

Portanto, ficai atentos, porque não sabeis em que dia virá o Senhor.

Compreendei bem isto: se o dono da casa soubesse a que horas viria o ladrão, certamente vigiaria e não deixaria que a sua casa fosse arrombada.

Por isso, também vós ficai preparados! Porque, na hora em que menos pensais, o Filho do Homem virá”.

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Reflexão do padre Johan Konings:

A vinda de Cristo

Estamos iniciando um novo ano litúrgico, o ano A (do ciclo trienal da liturgia dominical), no qual os evangelhos, via de regra, são tomados de Mateus. As quatro primeiras semanas do ano litúrgico chamam-se Advento, termo que significa ‘vinda’: a vinda de Cristo. Todavia, não se trata da lembrança apagada de um fato ocorrido há dois mil anos atrás. A vinda de Cristo tem atualidade ainda hoje.

A 1ª leitura recua longe para olhar melhor: descreve a visão “utópica” de Isaías, por volta de 700 a.C: todos os povos se unirão em torno do templo de Jerusalém. As armas serão transformadas em instrumentos agrícolas. Haverá paz…

Setecentos anos depois, a primeira vinda de Cristo marcou o irreversível início da realização desse “projeto” de Deus. Sua nova vinda, no fim dos tempos, marcará o ponto final. O evangelho fixa nossa atenção nesta nova vinda. Não podemos viver dormindo. Devemos viver em estado desperto, à luz do dia de Cristo, para que ele sempre nos possa encontrar dispostos para a vinda de incansável caridade que ele nos ensinou (2ª leitura).

Jesus veio inaugurar o projeto definitivo de Deus para o mundo. Ele será também o juiz da História na sua vinda final. Esse projeto de Deus, que Jesus veio inaugurar e que ele julgará, é comunitário. É a constituição de um povo de Deus, formado por todas as nações, dispostos a praticar a justiça e a caridade fraterna. Para que isso se realize, deve acontecer uma transformação histórica. Nós devemos dar os necessários passos históricos, para que o plano de Deus chegue até nós: preparar, pela transformação de nossos corações e de nossa sociedade, a plenitude que vem de Deus. Nossa participação no projeto de Deus consiste em tornar nossa sociedade “digna” de uma nova vinda de Cristo. Nisto se inserem, além de nosso empenho pessoal, os passos da comunidade para maior solidariedade: mutirões, cooperativismo etc.

O Cristo vem também, cada dia, na vida de cada um. Que ele nos encontre comprometidos com a construção da História como ele a “sonhou” e com os critérios que ele usará para julgar: o amor aos mais pequenos dos irmãos, sustentado pela oração, na qual expomos nossa vida diante dele. Atentos às coisas do Senhor, teremos paz profunda e seremos capazes de dedicação total na alegria, no trabalho e na luta.

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PE. JOHAN KONINGS nasceu na Bélgica em 1941, onde se tornou Doutor em Teologia pela Universidade Católica de Lovaina, ligado ao Colégio para a América Latina (Fidei Donum). Veio ao Brasil, como sacerdote diocesano, em 1972. Em 1985 entrou na Companhia de Jesus (Jesuítas) e, desde 1986, atuou como professor de exegese bíblica na FAJE, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Faleceu no dia 21 de maio de 2022. Este comentário é do livro “Liturgia Dominical, Editora Vozes.

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Reflexão em vídeo de Frei Gustavo Medella:

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                                    Reflexões e ilustração: franciscanos.org.br        Banner: edicoescnbb.blog

Tempo do Advento:

 Espera d'Aquele que vem 

Dom Jaime Vieira Rocha Arcebispo de Natal (RN)

“Vamos, pois, com alegria, é o Advento do Senhor. Para nós, na Eucaristia, o Natal se adiantou”. 

Dom Jaime

No próximo domingo iniciaremos um novo Ano Litúrgico. Na Igreja, o ano começa com o Primeiro Domingo do Advento e se conclui com a Solenidade de Cristo Rei, celebrada domingo passado. Neste domingo, o primeiro do novo tempo litúrgico, o Advento, se inicia para nós a caminhada de fé em Jesus Cristo, salvador da humanidade. Com a vinda de Jesus Cristo ao mundo inicia-se a nova criação, o novo tempo. O Filho de Deus, tornando-se filho do homem, isto é, humano, inaugura o tempo da relação definitiva de Deus com os homens e as mulheres. Ele se uniu a nós. Ao celebrarmos este acontecimento de salvação, somos convidados pela Igreja a viver a fé como relação interpessoal com o Deus de Jesus Cristo, seu Pai e nosso Pai. Por ser esta vinda do Filho de Deus celebrada no Natal, a Igreja começa sempre o novo ano litúrgico com a preparação para esta celebração. 

Advento quer dizer “o que está por vir”. Na Igreja, é a recordação da vinda do Redentor, do seu advento que já aconteceu. No ano litúrgico da Igreja não celebramos acontecimentos do passado, mas celebramos no mesmo acontecimento que significa a chegada, a entrada de Deus na história dos homens e das mulheres. De fato, não falamos de uma “segunda vinda”, como se ela fosse desconectada da “primeira”. Na realidade, trata-se de um único advento, que já aconteceu para nós, em Belém, quando o Filho de Deus, tornando-se o que nós somos, possibilitou-nos ser o que ele é. Isto é, o tempo do Advento nos recorda que já estamos no tempo de Deus e que, em cada celebração, mas não somente nela, festejamos, agradecemos e oferecemos nossa vida ao Deus que se ofereceu, entregando o seu Filho para nós (cf. Jo 3,16). No Natal nós celebramos Deus que se torna vida humana para que o homem se torne participante da vida divina. Por isso, nós devemos entender: Ele veio e permanece para sempre conosco. Por esta sua vinda é que entramos no tempo de Deus, a eternidade se une ao tempo de tal modo que não existe mais separação, não existe mais um Deus distante e vingativo, o que aliás nunca existiu de verdade, apenas no coração de homens e mulheres que não souberam reconhecer o Deus vivo verdadeiro. No Advento nós celebramos Deus que entra para sempre na nossa história. Por isso, o tempo que iniciamos hoje, é tempo de renovação da fé. Por Deus ter vindo e vindo para nós, acontece a transformação do nosso coração. Deus está conosco. Por isso, o seu Advento torna-se nosso Advento, isto é, Ele veio para nós e quer que nós nos dirijamos a Ele. Advento é tempo da profecia. Meditaremos sobre a figura de João Batista, o profeta que anuncia o Messias, o consolador. No advento nós contemplaremos a Mãe do Messias, em quem se cumpre a profecia. Eis o que somos chamados a ser: profetas, não no estilo demagogo e charlatão de alguns, mas no sentido bíblico e cristão. Nós anunciamos não uma catástrofe, não uma condenação, não uma predestinação à perdição, mas uma boa notícia que quer dizer: Deus enviou seu Filho para nós.  

Vivamos esse novo início, acompanhemos a catequese que será proporcionada pela leitura do Evangelho de São Mateus e, busquemos contemplar o sinal de ternura da Mãe santíssima que acolhe o Menino Deus vindo ao nosso encontro. 

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                                                                                                                              Fonte: cnbb.org.br