segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Pastoral da Comunicação (Pascom) lança

um novo portal para informação, formação e evangelização
A Pastoral da Comunicação (Pascom) lançou, no domingo, Dia dos Santos Arcanjos, 29 de setembro, um novo portal para informação, formação e evangelização de agentes em todo o Brasil. O site é mantido pelos coordenadores de Pastoral da Comunicação dos 18 regionais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em sintonia com seus respectivos bispos referenciais e supervisionado pela Comissão para a Comunicação da CNBB.
O coordenador nacional da Pascom, Marcus Tullius, disse que a iniciativa vem de encontro com as necessidades dos próprios agentes. “Já era algo que estava sendo pensado desde o ano passado e após a criação da nossa identidade visual, nós pensamos em fazer um trabalho mais robusto e completo oferecendo um portal moderno, dinâmico e que pudesse atender a essas necessidades”, disse.
A nova identidade visual da Pastoral da Comunicação do Brasil, da qual o coordenador fala, foi apresenta em janeiro deste ano. A arte é representada pelas cores verde, azul e amarelo, em tons sóbrios, e revela a identidade nacional do ser pastoral. Uma onda em constante movimento perpassa toda a marca, gerando movimento. Segundo o manual de utilização de identidade visual, as ondas expressam “a comunicação do mar com o humano, bem como as ondas digitais são uma das formais atuais de diálogo entre pessoas do mundo inteiro”.
No novo portal, a marca da Pascom ganhou ainda mais força. De acordo com Marcus Tullius, nele a equipe quis priorizar o eixo da formação. “Além das notícias que serão postadas e divulgadas, o carro-chefe do nosso portal serão os artigos de formação, os documentos da Igreja, a colaboração de pesquisadores, de estudiosos e dos próprios agentes que fazem a Pastoral da Comunicação acontecer em todo o Brasil”, explicou. Ainda de acordo com o coordenador nacional, o momento foi muito aguardado por todos. “Contamos com o apoio dos coordenadores regionais para que a gente pudesse consolidar esse novo espaço de integração da Pascom Brasil”, disse.
O site foi lançado no domingo, dia especialmente planejado pela equipe, por ocasião dos Santos Arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael, e contou com uma iniciativa de divulgação nas redes sociais da Pascom. “Fizemos um planejamento de divulgação de dez dias nas redes sociais, por meio dos cards, trazendo assim teasers do que teria no novo portal e também de vídeos gravados pelos coordenadores regionais, então a ideia foi de usar uma linguagem mais leve para gerar o engajamento entre os agentes e aguçar a curiosidade”, finalizou Marcus.
Conheça o novo site da Pascom Brasil: https://pascombrasil.org.br/
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Papa na Santa Marta nesta segunda:

Cuidar dos idosos e jovens é cultura da esperança
O amor de Deus pelo seu povo não conhece "descarte": é grande, é como um fogo que nos torna mais humanos. Relendo uma passagem do profeta Zacarias, o Papa na Missa de hoje na Santa Marta, volta a destacar como, quer nas famílias como na sociedade, negligenciar crianças e idosos porque não são produtivos não é sinal da presença de Deus.
Gabriella Ceraso - Cidade do Vaticano - Quão forte é o amor de Deus por seu povo, mesmo que este o tenha abandonado, o tenha traído, tenha se esquecido dele. Em Deus, há sempre um ardente amor do qual brota a promessa de salvação para cada um de nós.
O Papa Francisco, na homilia da Missa celebrada na Casa Santa Marta, interpreta desta forma o oitavo capítulo do livro do profeta Zacarias, onde está escrito: "Eis o que diz o Senhor dos exércitos: consumo-me de ardente amor por Sião; estou animado em favor dela de uma violenta cólera. Assim fala o Senhor: eis que volto a Sião, venho residir em Jerusalém.” Graças ao amor de Deus, portanto, Jerusalém voltará a viver.
O cuidado de idosos e crianças é uma promessa do futuro
E na Primeira Leitura são claros - ressalta Francisco - também os "sinais da presença do Senhor" com seu povo, uma "presença que nos torna mais humanos", que nos torna mais "maduros”. São os sinais da abundância da vida, da abundância de crianças e idosos que animam nossas praças, as sociedades, as famílias:
O sinal da vida, o sinal do respeito pela vida, do amor pela vida, o sinal de fazer a vida crescer e este é o sinal da presença de Deus em nossas comunidades e também o sinal da presença de Deus que faz um povo amadurecer, quando há idosos. É bonito isto: "ver-se-ão ainda velhos e velhas sentados nas praças de Jerusalém, tendo cada um na mão o seu bastão”, é um sinal. E também tantas crianças. Usa uma expressão “regorgitarão”. Muitos! A abundância de velhice e da infância. É este o sinal, quando um povo cuida dos idosos e das crianças, os têm como um tesouro, este é o sinal da presença de Deus, é a promessa de um futuro.
A cultura do descarte é uma ruína
E a amada profecia de Joel retorna às palavras do Papa: "Vossos anciãos terão sonhos, vossos  jovens terão visões". E assim, repete, entre eles há uma troca recíproca, o que não acontece quando, pelo contrário, prevalece em nossa civilização a cultura do descarte, uma "ruína" que nos faz "enviar de volta ao remetente" as crianças que chegam ou nos faz adotar como "critério" fechar os idosos em asilos porque "não produzem"," porque impedem a vida normal".
Volta então à memória do Papa a história da avó, citada em outras ocasiões, para fazer as pessoas entenderem o que significa negligenciar idosos e crianças. É a história de uma família na qual o pai decide mudar o avô para comer sozinho na cozinha porque, à medida que envelhecia, começou a deixar cair a sopa e se sujar. Mas um dia esse pai voltou para casa e encontrou o filho construindo uma mesa de madeira porque, naquele mesmo isolamento, cairia também ele mais cedo ou mais tarde.
"Quando crianças e idosos são negligenciados", se acaba nos efeitos das sociedades modernas, que Francisco recorda falando das tradições não compreendidas e de inverno demográfico:
Quando um país envelhece e não há filhos, você não vê carrinhos de nenê nas ruas, não vê mulheres grávidas: "Um filho, melhor não ...". Quando você lê que naquele país há mais aposentados do que trabalhadores. É trágico! E quantos países hoje começam a viver esse inverno demográfico. E depois, quando os idosos são negligenciados perdemos – digamos isso sem vergonha - a tradição, a tradição que não é um museu de coisas velhas, é a garantia do futuro, é o suco das raízes que faz a árvore crescer e dar flores e frutos. É uma sociedade estéril para as duas partes, e assim acaba mal.
"Sim, é verdade", acrescenta o Papa, "a juventude se pode comprar": hoje existem tantas empresas que a oferecem na forma de truques, cirurgia plástica e lifting, mas - é a reflexão de Francisco - tudo sempre acaba no "ridículo"."
Velhos e jovens: esperança de nação e Igreja
Qual é então o coração da mensagem de Deus? É o que o Papa chama de "cultura da esperança" e que é representada exatamente por "velhos e jovens". São eles a certeza da sobrevivência de "um país, de uma pátria, da Igreja".
E a conclusão da homilia refere-se às tantas viagens do Papa no mundo, quando os pais levantam seus filhos para a bênção e fazem isso como se fossem mostrar os próprios "tesouros", uma imagem que deveria fazer refletir:
E nunca esqueço aquela velhinha na praça central de Iași, na Romênia, quando olhou para mim - ela era como as avós romenas, com um véu -, ela me olhou, tinha o neto nos braços e o mostrou para mim, como que dizendo: "Esta é a minha vitória, este é o meu triunfo”. Essa imagem, que depois girou pelo mundo, nos diz mais do que essa pregação. Portanto, o amor de Deus é sempre semear amor e fazer o povo crescer. Não cultura do descarte. Não sei, me vem de dizer, me perdoem, a vocês, párocos, quando à noite fazem o exame de consciência, perguntem isso: como me comportei hoje com as crianças e com idosos? Nos ajudará.
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Papa Francisco institui Domingo da Palavra de Deus
Com o Motu Proprio “Aperuit illis, o Santo Padre estabelece que “o III Domingo do Tempo Comum seja dedicado à celebração, reflexão e divulgação da Palavra de Deus”.
Cidade do Vaticano - Foi divulgada, nesta segunda-feira (30/09), a Carta Apostólica sob forma de Motu Proprio “Aperuit illis” do Papa Francisco com a qual se institui o Domingo da Palavra de Deus.
Com esse documento, o Santo Padre estabelece que “o III Domingo do Tempo Comum seja dedicado à celebração, reflexão e divulgação da Palavra de Deus”. O Motu Proprio foi publicado no dia em que a Igreja celebra a memória litúrgica de São Jerônimo, início dos 1.600 anos da morte do conhecido tradutor da Bíblia em latim que afirmava: “A ignorância das Escrituras é a ignorância de Cristo”.
Jesus abre as mentes para a compreensão das Escrituras
Francisco explica que com essa decisão quis responder aos muitos pedidos dos fiéis para que na Igreja se celebrasse o Domingo da Palavra de Deus. A carta começa com a seguinte passagem do Evangelho de Lucas (Lc 24,45): “Encontrando-se os discípulos reunidos, Jesus aparece-lhes, parte o pão com eles e abre-lhes o entendimento à compreensão das Sagradas Escrituras. Revela àqueles homens, temerosos e desiludidos, o sentido do mistério pascal, ou seja, que Ele, segundo os desígnios eternos do Pai, devia sofrer a paixão e ressuscitar dos mortos para oferecer a conversão e o perdão dos pecados; e promete o Espírito Santo que lhes dará a força para serem testemunhas deste mistério de salvação.”
Redescoberta da Palavra de Deus na Igreja
O Papa recorda o Concílio Vaticano II que “deu um grande impulso à redescoberta da Palavra de Deus com a Constituição Dogmática Dei Verbum, e Bento XVI que convocou o Sínodo, em 2008, sobre o tema “A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja” e escreveu a Exortação Apostólica Verbum Domini, que “constitui um ensinamento imprescindível para as nossas comunidades”. Nesse documento, observa, “aprofunda-se o caráter performativo da Palavra de Deus, sobretudo quando o seu caráter sacramental emerge na ação litúrgica”.
"O Domingo da Palavra de Deus", sublinha o Pontífice, "situa-se num período do ano que convida a reforçar os laços com os judeus e a rezar pela unidade dos cristãos": “Não é uma mera coincidência temporal: celebrar o Domingo da Palavra de Deus expressa um valor ecumênico, porque as Sagradas Escrituras indicam para aqueles que se colocam à escuta o caminho a ser percorrido para alcançar uma unidade autêntica e sólida”.
Francisco exorta a viver esse domingo “como um dia solene. Entretanto será importante que, na celebração eucarística, se possa entronizar o texto sagrado, de modo a tornar evidente aos olhos da assembleia o valor normativo que possui a Palavra de Deus (...). Neste Domingo, os Bispos poderão celebrar o rito do Leitorado ou confiar um ministério semelhante, a fim de chamar a atenção para a importância da proclamação da Palavra de Deus na liturgia. De fato, é fundamental que se faça todo o esforço possível no sentido de preparar alguns fiéis para serem verdadeiros anunciadores da Palavra com uma preparação adequada (...). Os párocos poderão encontrar formas de entregar a Bíblia, ou um dos seus livros, a toda a assembleia, de modo a fazer emergir a importância de continuar na vida diária a leitura, o aprofundamento e a oração com a Sagrada Escritura, com particular referência à lectio divina.
 “A Bíblia”, escreve o Papa, “não pode ser patrimônio só de alguns e, menos ainda, uma coletânea de livros para poucos privilegiados (...). Muitas vezes, surgem tendências que procuram monopolizar o texto sagrado, desterrando-o para alguns círculos ou grupos escolhidos. Não pode ser assim. A Bíblia é o livro do povo do Senhor que, escutando-a, passa da dispersão e divisão à unidade. A Palavra de Deus une os fiéis e faz deles um só povo”.
Também nessa ocasião, o Papa reitera a importância da preparação da homilia: “Os Pastores têm a grande responsabilidade de explicar e fazer compreender a todos a Sagrada Escritura (...) com uma linguagem simples e adaptada a quem escuta (...). Para muitos dos nossos fiéis, esta é a única ocasião que têm para captar a beleza da Palavra de Deus e a ver referida à sua vida diária (...).
Não se pode improvisar o comentário às leituras sagradas. Sobretudo a nós, pregadores, pede-se o esforço de não nos alongarmos desmesuradamente com homilias enfatuadas ou sobre assuntos não atinentes. Se nos detivermos a meditar e rezar sobre o texto sagrado, então seremos capazes de falar com o coração para chegar ao coração das pessoas que escutam”.
Sagrada Escritura e Eucaristia
Recordando o episódio dos discípulos de Emaús, o Papa recorda também “como seja indivisível a relação entre a Sagrada Escritura e a Eucaristia”. Cita a Constituição Apostólica Dei Verbum que ilustra “a finalidade salvífica, a dimensão espiritual e o princípio da encarnação para a Sagrada Escritura”. “A Bíblia não é uma coletânea de livros de história nem de crônicas, mas está orientada completamente para a salvação integral da pessoa. A inegável radicação histórica dos livros contidos no texto sagrado não deve fazer esquecer esta finalidade primordial: a nossa salvação. Tudo está orientado para esta finalidade inscrita na própria natureza da Bíblia, composta como história de salvação na qual Deus fala e age para ir ao encontro de todos os homens e salvá-los do mal e da morte”.
“Para alcançar esta finalidade salvífica, a Sagrada Escritura, sob a ação do Espírito Santo, transforma em Palavra de Deus a palavra dos homens escrita à maneira humana. O papel do Espírito Santo na Sagrada Escritura é fundamental. Sem a sua ação, estaria sempre iminente o risco de ficarmos fechados apenas no texto escrito, facilitando uma interpretação fundamentalista, da qual é necessário manter-se longe para não trair o caráter inspirado, dinâmico e espiritual que o texto possui. Como recorda o Apóstolo, «a letra mata, enquanto o Espírito dá a vida».”
O Papa recorda a afirmação importante dos Padres conciliares “segundo a qual a Sagrada Escritura deve ser «lida e interpretada com o mesmo Espírito com que foi escrita». Com Jesus Cristo, a revelação de Deus alcança a sua realização e plenitude; e, todavia, o Espírito Santo continua a sua ação. De facto, seria redutivo limitar a ação do Espírito Santo apenas à natureza divinamente inspirada da Sagrada Escritura e aos seus diversos autores. Por isso, é necessário ter confiança na ação do Espírito Santo que continua a realizar uma sua peculiar forma de inspiração, quando a Igreja ensina a Sagrada Escritura, quando o Magistério a interpreta de forma autêntica e quando cada fiel faz dela a sua norma espiritual.”
Sagrada Escritura e Tradição
Falando sobre a encarnação do Verbo de Deus que “dá forma e sentido à relação entre a Palavra de Deus e a linguagem humana, com as suas condições históricas e culturais”, o Papa ressalta que “muitas vezes corre-se o risco de separar Sagrada Escritura e Tradição, sem compreender que elas, juntas, constituem a única fonte da Revelação (...). A fé bíblica funda-se sobre a Palavra viva, não sobre um livro. Quando a Sagrada Escritura é lida com o mesmo Espírito com que foi escrita, permanece sempre nova”. Assim, “quem se alimenta dia a dia da Palavra de Deus torna-se, como Jesus, contemporâneo das pessoas que encontra; não se sente tentado a cair em nostalgias estéreis do passado, nem em utopias desencarnadas relativas ao futuro”.
“Por isso, é necessário que nunca nos abeiremos da Palavra de Deus por mero hábito, mas nos alimentemos dela para descobrir e viver em profundidade a nossa relação com Deus e com os irmãos. A Palavra de Deus apela constantemente para o amor misericordioso do Pai, que pede a seus filhos para viverem na caridade. A Palavra de Deus é capaz de abrir os nossos olhos, permitindo-nos sair do individualismo que leva à asfixia e à esterilidade enquanto abre a estrada da partilha e da solidariedade.
A carta se conclui com uma referência a Maria que nos acompanha “no caminho do acolhimento da Palavra de Deus”. “A bem-aventurança de Maria antecede todas as bem-aventuranças pronunciadas por Jesus para os pobres, os aflitos, os mansos, os pacificadores e os que são perseguidos, porque é condição necessária para qualquer outra bem-aventurança.”
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                                                                                                               Fonte: vaticannews.va

domingo, 29 de setembro de 2019

Papa Francisco neste domingo:

Não podemos não chorar,
não podemos não reagir diante destes pecados
"Como cristãos não podemos permanecer indiferentes diante do drama das velhas e novas pobrezas, das solidões mais sombrias, do desprezo e da discriminação de quem não pertence ao “nosso” grupo. Não podemos permanecer insensíveis, com o coração anestesiado, diante da miséria de tantos inocentes. Não podemos não chorar. Não podemos não reagir. Não podemos não chorar, não podemos não reagir. Peçamos ao Senhor a graça de chorar, aquele choro que converte o coração diante destes pecados", disse o Santo Padre em sua homilia.
Cidade do Vaticano - Na manhã deste domingo, 29, o Papa Francisco presidiu a Celebração Eucarística na Praça São Pedro, por ocasião do Dia Mundial do Migrante e do Refugiado. Eis a sua homilia:
"O Salmo Responsorial recordou-nos que o Senhor defende os estrangeiros, juntamente com as viúvas e os órfãos do povo. O salmista faz explícita menção daquelas categorias que são particularmente vulneráveis, frequentemente esquecidas e expostas a abusos. Os estrangeiros, as viúvas e os órfãos são os que não têm direitos, os excluídos, os marginalizados, pelos quais o Senhor tem uma especial solicitude. Por isso, Deus pede aos Israelitas que tenham para com eles uma atenção especial.
No livro do Êxodo, o Senhor adverte o povo que não maltrate de nenhuma forma as viúvas e os órfãos, porque Ele escuta o seu clamor (cf. 22,23). A mesma advertência é retomada duas vezes no Deuteronómio (cf. 24,10; 27,19), com o acrescento dos estrangeiros entre as categorias protegidas. E a razão de tal advertência é claramente explicada no mesmo livro: o Deus de Israel é Aquele que «faz justiça ao órfão e à viúva, ama o estrangeiro e dá-lhe pão e vestuário» (10,18). Esta preocupação amorosa para com os menos privilegiados é apresentada como um traço distintivo do Deus de Israel, e é também exigida, como um dever moral, a todos quantos querem pertencer ao seu povo.
Eis a razão pela qual devemos ter uma atenção especial para com os estrangeiros, como também pelas viúvas, os órfãos e todos os descartados dos nossos dias. Na Mensagem para este 105º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado repete-se como um refrão o tema: “Não se trata apenas de migrantes”. E é verdade: não se trata apenas de estrangeiros, trata-se de todos os habitantes das periferias existenciais que, juntamente com os migrantes e os refugiados, são vítimas da cultura do descarte. O Senhor pede-nos que ponhamos em prática a caridade para com eles; pede-nos que restauremos a sua humanidade, juntamente com a nossa, sem excluir ninguém, sem deixar ninguém de fora.
Mas, simultaneamente ao exercício da caridade, o Senhor pede-nos que reflitamos sobre as injustiças que geram exclusão, em particular sobre os privilégios de uns poucos que, para se manterem, resultam em detrimento de muitos. «O mundo atual vai-se tornando, dia após dia, mais elitista e cruel para com os excluídos. Os países em vias de desenvolvimento continuam a ser depauperados dos seus melhores recursos naturais e humanos em benefício de poucos mercados privilegiados. As guerras abatem-se apenas sobre algumas regiões do mundo, enquanto as armas para as fazer são produzidas e vendidas noutras regiões, que depois não querem ocupar-se dos refugiados causados por tais conflitos. Quem sofre as consequências são sempre os pequenos, os pobres, os mais vulneráveis, a quem se impede de sentar-se à mesa deixando-lhe as “migalhas” do banquete» (Mensagem para o 105º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado).
É neste sentido que se compreendem as duras palavras do profeta Amós proclamadas na primeira Leitura (6,1.4-7). Ai dos despreocupados e dos que vivem comodamente em Sião, que não se preocupam com a ruína do povo de Deus, visível aos olhos de todos. Eles não se apercebem do colapso de Israel, pois estão demasiado ocupados a garantir uma boa vida, comidas deliciosas e bebidas refinadas. É impressionante como, à distância de 28 séculos, estas advertências conservam intacta a sua atualidade. Também hoje, na verdade, «a cultura do bem-estar […] nos leva a pensar em nós mesmos, torna-nos insensíveis aos gritos dos outros, […] leva à indiferença a respeito dos outros; antes, leva à globalização da indiferença» (Homilia em Lampedusa, 8 de julho de 2013).
No final, corremos o risco de nos tornarmos, também nós, como aquele homem rico de que nos fala o Evangelho, o qual não se importa com o pobre Lázaro «coberto de chagas [e que] bem desejava […] saciar-se com o que caía da mesa» (Lc 16,20-21). Demasiado absorvido a comprar vestidos elegantes e a organizar esplêndidos banquetes, o rico da parábola não vê os sofrimentos de Lázaro. E também nós, demasiado ocupados a preservar o nosso bem-estar, corremos o risco de não nos darmos conta do irmão e da irmã em dificuldade.
Contudo, como cristãos não podemos permanecer indiferentes diante do drama das velhas e novas pobrezas, das solidões mais sombrias, do desprezo e da discriminação de quem não pertence ao “nosso” grupo. Não podemos permanecer insensíveis, com o coração anestesiado, diante da miséria de tantos inocentes. Não podemos não chorar. Não podemos não reagir.
Se queremos ser homens e mulheres de Deus, como pede São Paulo a Timóteo, devemos «guardar o mandamento […] sem mancha e acima de toda a censura» (1Tm 6,14); e o mandamento é amar a Deus e amar o próximo. Não se podem separar! E amar o próximo como a nós mesmos quer dizer também comprometer-se seriamente pela construção de um mundo mais justo, onde todos tenham acesso aos bens da terra, onde todos tenham a possibilidade de se realizar como pessoas e como famílias, onde a todos sejam garantidos os direitos fundamentais e a dignidade.
Amar o próximo significa sentir compaixão pelo sofrimento dos irmãos e irmãs, aproximar-se, tocar as suas feridas, partilhar as suas histórias, para manifestar concretamente a ternura de Deus para com eles. Significa fazer-se próximo de todos os viajantes maltratados e abandonados pelas estradas do mundo, para aliviar os seus ferimentos e os conduzir ao local de hospedagem mais próximo, onde se possa dar resposta às suas necessidades.
Este santo mandamento foi dado por Deus ao seu povo, e foi selado com o sangue do seu Filho Jesus, para que seja fonte de bênção para toda a humanidade. Para que juntos possamos empenhar-nos na construção da família humana segundo o projeto originário, revelado em Jesus Cristo: todos irmãos, filhos do único Pai.
Confiamos hoje ao amor materno de Maria, Nossa Senhora da Estrada, os migrantes e os refugiados, juntamente com os habitantes das periferias do mundo e quantos se fazem seus companheiros de viagem."
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No Angelus,
apelo do Papa por paz justa e duradoura em Camarões
Aos presentes na Praça São Pedro na manhã deste domingo, o Papa pediu orações para que o encontro de diálogo que terá início na segunda-feira em Camarões, para encontrar soluções para a crise, "seja frutífero e leve a soluções de paz justa e duradoura, em benefício de todos".
Cecilia Sepia - Cidade do Vaticano - Antes de rezar o Angelus na Praça de São Pedro, ao final da Celebração Eucarística por ocasião do Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, o Papa Francisco rezou pela paz na República dos Camarões, às vésperas do grande encontro de diálogo nacional, na qual estarão presentes líderes políticos e religiosos. O Santo Padre pediu orações para que os frutos desta iniciativa levem a uma paz “justa e duradoura”:
“Amanhã, segunda-feira, 30 de setembro, será aberto nos Camarões um encontro de diálogo nacional para a busca de uma solução para a difícil crise que há anos aflige o país. Sentindo-me próximo aos sofrimentos e às esperanças do amado povo camaronês, convido todos a rezar para que esse diálogo seja frutífero e leve a soluções de paz justa e duradoura, em benefício de todos. Maria, Rainha da Paz, interceda por nós.”
As causas da crise
Há meses é verificado nos Camarões um recrudescimento do conflito entre separatistas das regiões anglófonas e governo central. Os separatistas da proclamaram independência no outono de 2017 e, após anos de fracassos nas negociações políticas, foi escolhido o caminho das armas, a situação caiu progressivamente no caos, quase levando a uma guerra civil.
Com a proclamação de independência da República da Ambazônia pelos separatistas e com os fracassos das negociações, o caminho escolhido foi o das armas. Desde então a situação precipitou gradativamente no caos, quase desencadeando uma guerra civil.
A situação nos Camarões
Os confrontos se multiplicaram e, de acordo com algumas estatísticas, em menos de dois anos,mais de 2 mil pessoas morreram, há  milhares de feridos e mais de meio milhão de civis abandonaram suas casas em busca de refúgio nos países vizinhos. Quase 3 milhões de cidadãos vivem em condições de grave insegurança alimentar, entre as quais muitas crianças,  que morrem por causa de doenças que podem ser facilmente tratadas. Em um relatório divulgado no início de maio, a Human Rights Watch denunciou "o uso regular de tortura e de detenção ilegal".
A mediação da Igreja
Nesta espiral de crise e violência, a Igreja vem tentando há algum tempo propor-se como mediadora do conflito, enquanto trabalha incessantemente para apoiar a população sujeita a riscos constantes.
Por esse motivo os representantes religiosos decidiram participar do grande debate nacional anunciado pelo presidente Paul Biya, que será realizado a partir da segunda-feira, 30 de setembro, até o dia 4 de outubro próximo, para discutir os grandes problemas do país.
"Somos obrigados a fazer tudo o que pudermos, mesmo às custas de nossas vidas, para trazer a paz de volta aos Camarões", disse à Agência Fides o cardeal Christian Wiyghan Tumi, arcebispo emérito de Douala, que participará da reunião.
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Assista:
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Reflexão para o

26º Domingo do Tempo Comum
"Será que também não existem pobres que desejariam usufruir dessas benesses e sonham em ser como um desses ricos? Pessoas vendem seu corpo, sua inteligência para poderem conviver nesse mundo de privilegiados. Deixam-se corromper para isso." O Evangelho nos apresenta a reflexão de Jesus diante desse quadro. Ele usa a parábola do rico e de Lázaro para nos dar o seu recado.
A reflexão sobre a primeira leitura da liturgia deste domingo nos coloca no interior de uma sociedade onde um grupo, formado pelos nobres da Samaria (governantes, palacianos, chefes políticos e latifundiários) desfrutava das conquistas militares do rei Jeroboão.
Nesse ambiente surgiu a fala discordante do Profeta Amós que dizia estarem enganados os poderosos ao esperarem o Dia de Javé como um dia de glória. O Dia de Javé será um dia de castigo, culminando com a destruição da própria Samaria e com o exílio de seus moradores. Ele foi claríssimo ao dizer: “o bando dos gozadores será desfeito”.
Eis os motivos: enriquecimento à custa do pobre e “não se preocupar com a ruína do povo”.
Será que também não existem pobres que desejariam usufruir dessas benesses e sonham em ser como um desses ricos? Pessoas vendem seu corpo, sua inteligência para poderem conviver nesse mundo de privilegiados. Deixam-se corromper para isso.
O Evangelho nos apresenta a reflexão de Jesus diante desse quadro. Ele usa a parábola do rico e de Lázaro para nos dar o seu recado. O rico, que nem nome possui, é descrito como alguém que se veste com luxo, usando roupas importadas, se banqueteando diariamente e morando em uma mansão.
Do lado de fora, um sem-teto, Lázaro. Ele via entrar os comensais em traje de festa. Sentia vontade de comer, queria matar a fome, a sede, mas nada lhe era dado. Ao contrário, ainda era incomodado pelos cães que lambiam suas feridas. Era o excluído!
Contudo, Deus - que optou preferencialmente pelos pobres - ao permitir a morte dos dois, acolhe Lázaro em sua casa, enquanto o rico continua em seu fechamento, agora absolutizado pela morte. Neste momento, o nome Lázaro revela seu significado, Deus ajuda, e de fato Deus o ajudou. Enquanto o rico, sem nome, fica agora totalmente ignoto, morto, sepultado e desconhecido!
Dentro da parábola vemos também o resultado, a consequência da atitude surda, absolutamente insensível do rico. O abismo que ele criou, excluindo o pobre de toda e qualquer participação nos bens que ele julgava possuir, volta agora contra ele mesmo. É tão grande que é impossível haver comunicação entre eles. Pior, a inversão foi drástica. Aquele que sempre esteve saciado suplica por uma gota d’água e pede que Lázaro faça isso.
Existe nesse trecho do Evangelho algo que muitas vezes passa despercebido e que não deveria, porque é importante. Quando Abraão fala com o rico, apesar de se dirigir a uma pessoa, usa o plural – “... nem os daí poderiam atravessar até nós.” O rico não está só. Outros o antecederam na ocupação de acumular bens gananciosamente.
Mas o rico faz um segundo pedido a Abraão, que salve os irmãos dele, para que não tenham a mesma sorte. Para isso ele pede a ida de Lázaro à casa deles, para que, vendo um morto, se convertam. Abraão diz ser inútil isso. Para salvá-los, já existe Moisés e os profetas. Veladamente aí está que nem a ressurreição de Jesus irá salvá-los, caso não se abram ao pobre. De fato, quantas pessoas batizadas vivem uma existência surda e insensível em relação aos excluídos! A partilha gera vida, o acúmulo, morte!
A única força capaz de mudar o coração do rico, de ser fechado em si mesmo, é a Palavra de Deus. Ela tem o poder de abrir os corações!
                                                                                              Pe. Cesar Augusto dos Santos 
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“O Senhor me chamou e escolheu” Dt 7,7

13º aniversário
de Ordenação Sacerdotal do Pe. Sebastião Márcio Maciel


Há exatos treze anos, na Igreja de São José Operário em Pouso Alegre, pela imposição das mãos do arcebispo da Arquidiocese à época, Dom Ricardo Pedro Chaves Pinto Filho, o então diácono Sebastião Márcio Maciel tornava-se presbítero. 
Nossos cumprimentos, Pe. Sebastião! 
Que o Senhor, que o amou e o escolheu, continue abençoando sua vida! 
Muitas alegrias!
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sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Leituras do

26º Domingo do Tempo Comum
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1ª Leitura: Am 6,1a.4-7
Leitura da Profecia de Amós:
Assim diz o Senhor todo-poderoso: Ai dos que vivem despreocupadamente em Sião, os que se sentem seguros nas alturas de Samaria! Os que dormem em camas de marfim, deitam-se em almofadas, comendo cordeiros do rebanho e novilhos do seu gado; os que cantam ao som das harpas, ou, como Davi, dedilham instrumentos musicais; os que bebem vinho em taças, e se perfumam com os mais finos unguentos e não se preocupam com a ruína de José.
Por isso, eles irão agora para o desterro, na primeira fila, e o bando dos gozadores será desfeito.
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Salmo: 112
Bendize, minha alma, e louva ao Senhor!
Bendize, minha alma, e louva ao Senhor!
- O Senhor é fiel para sempre,/ faz justiça aos que são oprimidos;/ ele dá alimento aos famintos,/ é o Senhor quem liberta os cativos.
- O Senhor abre os olhos aos cegos,/ o Senhor faz erguer-se o caído;/ o Senhor ama aquele que é justo./ É o Senhor quem protege o estrangeiro.
- Ele ampara a viúva e o órfão,/ mas confunde os caminhos dos maus./ O Senhor reinará para sempre!/ Ó Sião, o teu Deus reinará/ para sempre e por todos os séculos!
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2ª Leitura: 1Tm 6,11-16
Leitura da Primeira Carta de São Paulo a Timóteo:
Tu, que és um homem de Deus, foge das coisas perversas, procura a justiça, a piedade, a fé, o amor, a firmeza, a mansidão. Combate o bom combate da fé, conquista a vida eterna, para a qual foste chamado e pela qual fizeste tua nobre profissão de fé diante de muitas testemunhas.
Diante de Deus, que dá a vida a todas as coisas, e de Cristo Jesus, que deu o bom testemunho da verdade perante Pôncio Pilatos, eu te ordeno: guarda o teu mandato íntegro e sem mancha até a manifestação gloriosa de nosso Senhor Jesus Cristo.
Esta manifestação será feita no tempo oportuno pelo bendito e único Soberano, o Rei dos reis e Senhor dos senhores, o único que possui a imortalidade e que habita numa luz inacessível, que nenhum homem viu, nem pode ver. A ele, honra e poder eterno. Amém.
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Evangelho: Lc 16,19-31
Leitura do Evangelho de São Lucas
Naquele tempo, Jesus disse aos fariseus: “Havia um homem rico, que se vestia com roupas finas e elegantes e fazia festas esplêndidas todos os dias.
Um pobre, chamado Lázaro, cheio de feridas, estava no chão, à porta do rico. Ele queria matar a fome com as sobras que caíam da mesa do rico. E, além disso, vinham os cachorros lamber suas feridas.
Quando o pobre morreu, os anjos levaram-no para junto de Abraão. Morreu também o rico e foi enterrado.
Na região dos mortos, no meio dos tormentos, o rico levantou os olhos e viu de longe a Abraão, com Lázaro ao seu lado.
Então gritou: ‘Pai Abraão, tem piedade de mim! Manda Lázaro molhar a ponta do dedo para me refrescar a língua, porque sofro muito nestas chamas’.
Mas Abraão respondeu: ‘Filho, lembra-te que tu recebeste teus bens durante a vida e Lázaro, por sua vez, os males. Agora, porém, ele encontra aqui consolo e tu és atormentado. E, além disso, há um grande abismo entre nós; por mais que alguém desejasse, não poderia passar daqui para junto de vós, e nem os daí poderiam atravessar até nós’.
O rico insistiu: ‘Pai, eu te suplico, manda Lázaro à casa do meu pai, porque eu tenho cinco irmãos. Manda preveni-los, para que não venham também eles para este lugar de tormento’.
Mas Abraão respondeu: ‘Eles têm Moisés e os Profetas, que os escutem!’
O rico insistiu: ‘Não, Pai Abraão, mas se um dos mortos for até eles, certamente vão se converter’.
Mas Abraão lhe disse: ‘Se não escutam a Moisés, nem aos Profetas, eles não acreditarão, mesmo que alguém ressuscite dos mortos’”.
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Reflexão:  
O amor de Cristo supera o egoísmo dos bens materiais
Traça o perfil do "homem de Deus": deve ser alguém que ama os irmãos, que é paciente, que é brando
A liturgia deste domingo propõe-nos, de novo, a reflexão sobre a nossa relação com os bens deste mundo... Convida-nos a vê-los, não como algo que nos pertence de forma exclusiva, mas como dons que Deus colocou nas nossas mãos, para que os administremos e partilhemos, com gratuidade e amor.
Celebrando o dia do Senhor experimentamos a eficácia da graça transformadora do Cristo Ressuscitado. No Brasil, por iniciativa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, celebramos o Dia Nacional da bíblia. Ao longo deste mês fomos motivados a nos aproximar, de forma mais intensa, do estudo e da meditação da Palavra de Deus. Agradeçamos ao Senhor os sinais de salvação, principalmente o que a liturgia de hoje nos peça, que é romper com toda forma de egoísmo.
Dom Eurico dos Santos Veloso
Na primeira leitura (Cf. Am 6,1a.4-7), o profeta Amós denuncia violentamente uma classe dirigente ociosa, que vive no luxo à custa da exploração dos pobres e que não se preocupa minimamente com o sofrimento e a miséria dos humildes. O profeta anuncia que Deus não vai pactuar com esta situação, pois este sistema de egoísmo e injustiça não tem nada a ver com o projeto que Deus sonhou para os homens e para o mundo.
O Evangelho (Cf. Lc 16,19-21) apresenta-nos, através da parábola do rico e do pobre Lázaro, uma catequese sobre a posse dos bens. Na perspectiva de Lucas, a riqueza é sempre um pecado, pois supõe a apropriação, em benefício próprio, de dons de Deus que se destinam a todos os homens. Por isso, o rico é condenado e Lázaro recompensado. A parábola do pobre Lázaro nos oferece hoje uma difícil lição: a de que nossas pobrezas – materiais e espirituais – não são a coisa mais importante e podem até esconder dons mais preciosos, ao passo que a riqueza e o bem-estar podem ser enganosos e nos fazer perder o essencial. É um paradoxo, mas com frequência são os pobres e desvalidos que mais se esforçam para agradar a Deus. Certamente Lázaro não foi para o céu apenas por ser pobre, mas ele devia manifestar, em meio às suas adversidades, algumas daquelas virtudes mencionadas na segunda leitura: piedade, fé, caridade, paciência, mansidão. O amor transforma nossa pobreza e adversidade com e por Cristo, ao passo que a falta de amor não é capaz de tornar boa sequer a mais farta das riquezas.
Riqueza e pobreza não são bens absolutos – só o amor de Cristo é capaz de sê-lo e de fazer de nossa riqueza e pobreza dons agradáveis a Deus.
A segunda leitura (Cf. 1Tm 6,11-16) não apresenta uma relação direta com o tema deste domingo. Traça o perfil do "homem de Deus": deve ser alguém que ama os irmãos, que é paciente, que é brando, que é justo e que transmite fielmente a proposta de Jesus. Poderíamos, também, acrescentar que é alguém que não vive para si, mas que vive para partilhar tudo o que é e que tem com os irmãos?
A parábola nos lembra que o Céu e o inferno começam no nosso dia a dia, o cotidiano. Não nos faltam os fatos, acontecimentos, coisas em cada dia, que são objetos de santificação. A fé descobre neles os sinais de Deus a respeito do sentido desta vida. Nós não vivemos de milagres, mas do dia a dia. É nele que devemos encontrar a vida de santificação. Muitos procuram sinais e milagres e dizem, que se Deus se fizesse mais sensível, os desse um sinal, seriam mais fervorosos. Isto é pura ilusão meu irmão, minha irmã. Quem não tem fé nos dons cotidianos de Deus, encontrará razões falsas para não reconhecer os milagres d’Ele. Abraão responde ao rico que quem não tem o hábito da fé viva, rejeitará mesmo os sinais mais significativos. Na verdade, Lázaro, irmão de Marta e Maria, e o próprio Jesus haviam de ressuscitar dentre os mortos e aparecer aos judeus, mas nem assim estes se deixaram convencer.
Esta parábola nos leva a concluir que quando eu e tu, deixarmos este mundo, receberemos uma sentença. Veja que Lázaro foi levado ao “seio de Abraão” e o rico aos tormentos do inferno. Isto pressupõe uma sentença de Deus logo após a minha e a tua morte. E ela é definitiva, pois o mau não pode passar para o lugar do justo, e nem vice-versa. Eu já fiz a minha opção: quero ir para o seio de Abraão! E tu para onde queres ir?
A parábola traça um contraste entre o rico que não confiava em Deus e o pobre que nele depositava confiança. Os Judeus criam ser a riqueza um sinal das bênçãos de Deus pelo fato de serem descendentes de Abraão, e a pobreza indício, do seu desagrado para com os ímpios. O problema não estava no fato do homem ser rico, mas sim por ser egoísta. A má administração dos bens concedidos por Deus havia afastado os fariseus e os Judeus da verdadeira riqueza, que é a vida eterna, esqueceram do segundo objetivo que se encerra na lei de Deus: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Cf. Mt 22,39).
O amor de Cristo supera o egoísmo de todos os bens materiais! Assim ensina a Sagrada Escritura, hoje celebrada, porque a nossa fé é uma religião da Palavra de Deus, não de “de uma palavra escrita e muda, mas do Verbo encarnado e vivo”(São Bernardo de Claraval). Assim a Sagrada Escritura deve ser proclamada, escutada, lida, acolhida e vivida como Palavra de Deus, no sulco da Tradição Apostólica de que é inseparável, como ensinou o Papa Bento XVI, Verbum Domini, 7.
                                 Dom Eurico dos Santos Veloso Arcebispo Emérito de Juiz de Fora
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