quarta-feira, 31 de dezembro de 2014


Papa Francisco:
"Agradecer e pedir perdão"

Cidade do Vaticano (RV) – Neste último dia do ano de 2014 o Papa Francisco presidiu na Basílica de São Pedro as primeiras Vésperas da Solenidade da Virgem Maria Mãe de Deus, com o canto do Te Deum e a Bênção do Santíssimo Sacramento. Um momento para “agradecer e pedir perdão”, disse o Papa na sua densa reflexão. Ao final da celebração, o Pontífice dirigiu-se ao Presépio montado na Praça São Pedro, onde deteve-se em oração diante do Menino Jesus na manjedoura, enquanto a banda da Guarda Suíça entoava o “Noite Feliz”. Mesmo com a temperatura de 2°C, Francisco saudou longamente os presentes, eufóricos com a oportunidade de estarem próximos do Papa.
Eis a reflexão do santo Padre na íntegra:
Queridos irmãos e irmãs,
"Deus quis revelar-se e salvar-nos na história"
A Palavra de Deus nos introduz hoje, de modo especial, no significado do tempo, no entender que o tempo não é uma realidade estranha a Deus, simplesmente porque Ele quis revelar-se e salvar-nos na história. O significado de tempo, a temporalidade, é a atmosfera da epifania de Deus, ou seja, da manifestação de Deus e de seu amor concreto. De fato, o tempo é o mensageiro de Deus, como dizia São Pedro Fabro.
A liturgia de hoje nos recorda a frase do apóstolo João: “Filhinhos, já chegou a última hora” (1 Jo 2,18), e a de São Paulo que nos fala da “plenitude dos tempos” (Gal 4,4). Assim, o dia de hoje nos manifesta como o tempo foi – por assim dizer –“tocado” por Cristo, o Filho de Deus e de Maria, e dele recebeu  significados novos e surpreendentes: tornou-se o “tempo salvífico”, isto é, o tempo definitivo de salvação e de graça.
E tudo isto nos leva a pensar ao final do caminho da vida, ao final do nosso caminho. Houve um início e haverá um fim, “um tempo para nascer e um tempo para morrer” (Ecle 3,2). Com esta verdade, tão simples e fundamental e tão negligenciada e esquecida, a santa mãe Igreja nos ensina a concluir o ano e também os nossos dias com um exame de consciência, através o qual repassamos o que aconteceu; agradecemos ao Senhor por todo bem que recebemos e que pudemos realizar e, ao mesmo tempo, repensamos as nossas faltas e os nossos pecados. Agradecer e pedir perdão.
É o que fazemos também hoje ao final de um ano. Louvamos o Senhor com o hino Te Deum e ao mesmo tempo lhe pedimos perdão. A atitude de agradecer nos predispõe à humildade, em reconhecer e acolher os dons do Senhor.
"Deus nos mandou seu Filho para nos resgatar,
com o preço de seu sangue"
O apóstolo Paulo resume, na Leitura destas Primeiras Vésperas, o motivo fundamental do nosso dar graças a Deus: Ele nos fez seus filhos, nos adotou como filhos. Este dom imerecido nos enche de uma gratidão plena de estupor! Alguém poderia dizer: “Mas nós já não somos todos filhos de Deus, pelo simples fato de sermos homens?”. Certamente, porque Deus é Pai de cada pessoa que vem ao mundo. Mas sem esquecer que fomos afastados dele por causa do pecado original que nos separou de nosso Pai: a nossa relação filial é profundamente ferida. Por isto Deus mandou seu Filho para nos resgatar, com o preço de seu sangue. E se existe um resgate, é porque existe uma escravidão. Nós éramos filhos, mas nos tornamos escravos, seguindo a voz do Maligno. Nenhum outro nos resgata desta escravidão substancial se não Jesus, que assumiu a nossa carne da Virgem Maria e morreu na Cruz para nos libertar da escravidão do  pecado e nos restituir a condição filial perdida.
A liturgia de hoje recorda também que, “no princípio (antes do tempo) existia o Verbo...e o Verbo se fez homem” e por isto afirma Santo Irineu: “Este é o motivo pelo qual o Verbo se fez homem, e o Filho de Deus, Filho do homem: porque o homem, entrando em comunhão com o Verbo e recebendo assim a filiação divina,  torna-se filho de Deus”.
"Vivemos como batizados em Cristo?"
Contemporaneamente o próprio dom pelo qual agradecemos, é também motivo de exame de consciência, de revisão da vida pessoal e comunitária, de nos perguntarmos: como é o nosso modo de viver? Vivemos como filhos ou como escravos?  Vivemos como pessoas batizadas em Cristo, ungidas pelo Espírito, resgatadas, livres? Ou vivemos segundo a lógica mundana, corrupta, fazendo aquilo que o diabo nos faz acreditar que seja de nosso interesse? Existe sempre no nosso caminho existencial uma tendência em resistir à libertação; temos medo da liberdade e paradoxalmente, preferimos mais ou menos conscientemente a escravidão. A liberdade nos assusta porque nos coloca diante do tempo e diante da nossa responsabilidade de vivê-lo bem. A escravidão reduz o tempo em “momentos” e assim nos sentimos mais seguros, isto é, nos faz viver momentos desligados do seu passado e do nosso futuro. Em outras palavras, a escravidão nos impede de viver plenamente e realmente o presente, porque o esvazia do passado e o fecha diante do futuro, da eternidade. A escravidão nos faz acreditar que não podemos sonhar, voar, esperar.
Um grande artista italiano dizia há alguns dias, que para o Senhor foi mais fácil tirar os israelitas do Egito do que o Egito do coração dos israelitas. Foram, “sim, libertados “materialmente” da escravidão, mas durante a marcha no deserto com as várias dificuldades e com a fome começaram então a sentir saudades do Egito quando “comiam cebolas e alho” (cfr Nm 11,5); se esqueciam porém que as comiam na mesa da escravidão. No nosso coração se aninha a saudade da escravidão, porque aparentemente traz mais segurança, mais que a liberdade, que é muito mais arriscada. Como nos agrada estarmos engaiolados por tantos fogos de artifício, aparentemente belos mas que na realidade duram somente poucos instantes!
 "Somos livres
ou somos escravos, somos sal e luz?  Somos fermento?"
Deste exame de consciência depende também, para nós cristãos, a qualidade de nosso agir, de nosso viver, da nossa presença na cidade, do nosso serviço pelo bem comum, da nossa participação nas instituições públicas e eclesiais.
Por tal motivo, e sendo também Bispo de Roma, gostaria de deter-me sobre o nosso viver em Roma, que representa um grande dom, porque significa habitar na cidade eterna, significa para um cristão sobretudo fazer parte da Igreja fundada no testemunho e no martírio dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo. E portanto também por isto agradecemos ao Senhor. Mas ao mesmo tempo representa uma grande responsabilidade. E Jesus disse: “ A quem muito foi dado, muito será pedido” (Lc 12,48). Assim perguntemo-nos: nesta cidade, nesta Comunidade eclesial, somos livres ou somos escravos, somos sal e luz?  Somos fermento? Ou somos apagados, insípidos, hostis, desconfiados, irrelevantes, cansados?
Sem dúvida, os graves acontecimentos de corrupção, surgidos recentemente, pedem uma séria e consciente conversão dos coração para um renascimento espiritual e moral, como também para um renovado compromisso para construir uma cidade mais justa e solidária, onde os pobres, os fracos e os marginalizados estejam no centro de nossas preocupação e do nosso agir cotidiano. É necessário um grande e cotidiano comportamento de liberdade cristã para ter a coragem de proclamar na nossa cidade, que é necessário defender os pobres e não defender-se dos pobres, que é necessário servir os mais fracos, e não servir-se dos mais fracos!
O ensinamento de um simples diácono romano nos pode ajudar. Quando pediram a São Lorenço para levar e mostrar os tesouros da Igreja, levou simplesmente alguns pobres. Quando em uma cidade os pobres e os fracos são cuidados, socorridos e promovidos na sociedade, eles se revelam o tesouro da Igreja e um tesouro na sociedade. Ao contrário, quando uma sociedade ignora os pobres, os persegue, os criminaliza, os obriga a “mafiarem-se”, esta sociedade se empobrece até a miséria, perde a liberdade e prefere “o alho e as cebolas” da escravidão, da escravidão do seu egoísmo, da escravidão da sua pusilanimidade e esta sociedade cessa de ser cristã.
Queridos irmãos e irmãs, concluir o ano é voltar a afirmar que existe uma “última hora” e que existe a “plenitude do tempo”. Ao concluir este ano, ao agradecer e ao pedir perdão, nos fará bem pedir a graça de poder caminhar em liberdade para poder assim reparar os tantos danos feitos e poder defendermo-nos das saudades da escravidão, de não “nostalgiar” a escravidão.
A Virgem Santa, que é justamente o coração do tempo de Deus, quando o Verbo – que era no princípio – se fez um de nós no tempo; Ela que deu ao mundo o Salvador, nos ajude a acolhê-lo com coração aberto, para sermos e vivermos realmente livres como filhos de Deus”. (JE)
...........................................................................................................................
                                                                                         Fonte: radiovaticana.va

Leituras da

Solenidade da Santa Mãe de Deus, Maria


1ª Leitura: Nm 6,22-27                    Salmo: 67(66)                  2ª Leitura: Gl 4,4-7
...............................................................................................................................................................
Evangelho:  Lc 2,16-21
..............................................................................................................................................................
Foram, pois, às pressas a Belém e encontraram Maria e José, e o recém-nascido deitado na manjedoura. Quando o viram, contaram as palavras que lhes tinham sido ditas a respeito do menino. Todos os que ouviram os pastores ficavam admirados com aquilo que contavam. Maria, porém, guardava todas estas coisas, meditando-as no seu coração. Os pastores retiraram-se, louvando e glorificando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido, de acordo com o que lhes tinha sido dito. No oitavo dia, quando o menino devia ser circuncidado, deram-lhe o nome de Jesus, como fora chamado pelo anjo antes de ser concebido no ventre da mãe. 
..............................................................................................................................................................
Reflexão
O Senhor presente no meio de nós

Mãe querida,
olhai por nós
Começar um novo ano civil é uma grande graça; é a oportunidade de, com olhar fixo no Senhor, nascido para a nossa Salvação, podermos ser iluminados por sua gloriosa ressurreição. É preciso manter viva a certeza de que o Senhor está sempre próximo, presente no meio de nós, mesmo quando não o sentimos sensivelmente. Por isso, para nós cristãos, o tempo e a história humana são espaços de buscar e encontrar Deus, espaço do nosso testemunho de fé. Nossa história, marcada por luzes e sombras, é o lugar em que se manifesta a bênção de Deus, a saber, Nosso Senhor Jesus Cristo. É essa bênção que encheu o coração dos pastores de Belém de intensa alegria e os fez correr até a gruta onde se encontrava o menino Jesus, deitado na manjedoura, amparado por Maria e José, mulher e homem totalmente entregues à vontade de Deus. A “grande alegria” experimentada pelos pastores sinaliza o dom oferecido a todo ser humano, pois ninguém, como afirma o Papa Francisco em sua Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, está excluído da alegria da salvação trazida pelo Senhor (cf. EG, 3).
                                      Carlos Alberto Contieri, sj 
Reflexão: paulinas.org.br     Banner: cnbb.org.br     Ilustração: franciscanos.org.br
........................................................................................................................

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Papa Francisco em Mensagem para o Dia Mundial do Enfermo:

Grande mentira fazer crer 
que existem vidas indignas de ser vividas

Cidade do Vaticano (RV) - É uma grande mentira fazer crer que certas vidas não são dignas de ser vividas: é o que escreve o Santo Padre na Mensagem para o Dia Mundial do Enfermo, a ser celebrado em 11 de fevereiro de 2015 com o tema “Sapientia cordis”. “Eu era os olhos do cego e servia de pés para o coxo”, extraído do Livro de Jó (29, 15).
O tempo gasto junto do doente é um tempo santo. É louvor a Deus” – afirma o Papa Francisco –, “que nos configura à imagem do seu Filho”, que “não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida para resgatar a multidão” (Mt 20,28).
Assistir os enfermos é trilhar o caminho da santificação
Abordando o tema em questão na perspectiva da sabedoria do coração, Francisco fala do “valor do acompanhamento”, muitas vezes silencioso, que nos leva a dedicar tempo aos enfermos que, “graças à nossa proximidade e ao nosso afeto, se sentem mais amados e confortados”.
Ao invés – exclama o Pontífice – “que grande mentira se esconde por trás de certas expressões que insistem muito sobre a ‘qualidade da vida’ para fazer crer que as vidas gravemente afetadas pela doença não mereceriam ser vividas!
Às vezes – observa o Papa Francisco – o nosso mundo esquece o valor especial que tem o tempo gasto à cabeceira do doente, porque, obcecados pela rapidez, pelo frenesim do fazer e do produzir, “esquece-se a dimensão da gratuidade, do prestar cuidados, do encarregar-se do outro”. No fundo, pondera o Papa, “por trás desta atitude, há muitas vezes uma fé morna”, que esqueceu a palavra do Senhor que diz: “a Mim mesmo o fizeste” (Mt 25, 40).
Por isso, Francisco recorda mais uma vez “a absoluta prioridade da ‘saída de si próprio para o irmão’, como um dos dois mandamentos principais que fundamentam toda norma moral e como o sinal mais claro para discernir sobre o caminho de crescimento espiritual em resposta à doação absolutamente gratuita de Deus” (Exort. Ap. Evangelii Gaudium, 179).
A caridade precisa de tempo, prossegue a Mensagem. “Tempo para cuidar dos doentes e tempo para os visitar. Tempo para estar junto deles”. Mas é preciso não tornar-se como os amigos de Jó, que “escondiam dentro de si um juízo negativo acerca dele”: pensavam que a sua infelicidade fosse o castigo de Deus por alguma culpa dele.
Pelo contrário, continua o Papa, “a verdadeira caridade é partilha que não julga, que não tem a pretensão de converter o outro; está livre daquela falsa humildade que, fundamentalmente, busca aprovação e se compraz com o bem realizado”.
A experiência do sofrimento – escreve Francisco – “só encontra a sua resposta autêntica na Cruz de Jesus, ato supremo de solidariedade de Deus para conosco, totalmente gratuito, totalmente misericordioso. E esta resposta de amor ao drama do sofrimento humano, especialmente do sofrimento inocente, permanece para sempre gravada no corpo de Cristo ressuscitado, naquelas suas chagas gloriosas que são escândalo para a fé, mas também verificação da fé” (cf. Homilia na canonização de João XXIII e João Paulo II, 27 de abril de 2014).
Então – prossegue o Santo Padre – “também as pessoas imersas no mistério do sofrimento e da dor, se acolhido na fé, podem tornar-se testemunhas vivas duma fé que permite abraçar o próprio sofrimento, ainda que o homem não seja capaz, pela própria inteligência, de o compreender até ao fundo”.
O Papa Francisco recorda, portanto, os muitos cristãos que também hoje testemunham, não com palavras, mas com a sua vida radicada numa fé genuína, ser ‘olhos para o cego’ e ‘pés para o coxo’! Pessoas que estão próximas dos doentes que precisam de uma assistência contínua, de uma ajuda para lavar-se, para vestir-se, para alimentar-se.
Esse serviço, especialmente quando se prolonga no tempo, pode tornar-se cansativo e enfadonho. É relativamente fácil servir por alguns dias, mas é difícil cuidar de uma pessoa durante meses ou até mesmo durante anos, inclusive quando esta não é mais capaz de agradecer. Todavia – afirma o Papa Francisco –, é um “grande caminho de santificação”. (RL)
...........................................................................................................................
                                                                                         Fonte: radiovaticana.va

Intenções de oração do Papa para janeiro:

Paz e consagrados

Cidade do Vaticano (RV) - O ano de 2015 se abre com uma Intenção Universal de oração pela promoção da paz.
Rezemos nas intenções propostas pelo Santo Padre!
"Para que as pessoas de diferentes tradições religiosas e todos os homens de boa vontade colaborem na promoção da paz", diz o texto proposto pelo Papa ao Apostolado da Oração.
Em sua mensagem para o Dia Mundial da Paz, em 1º de janeiro de 2015, Francisco pede orações “a fim de que cessem as guerras, os conflitos e os inúmeros sofrimentos provocados quer pela mão do homem quer por velhas e novas epidemias e pelos efeitos devastadores das calamidades naturais. Rezo de modo particular para que, respondendo à nossa vocação comum de colaborar com Deus e com todas as pessoas de boa vontade para a promoção da concórdia e da paz no mundo, saibamos resistir à tentação de nos comportarmos de forma não digna da nossa humanidade”.
Ano da Vida Consagrada
Já a Intenção pela Evangelização é dedicada aos consagrados: "Para que, neste ano dedicado à vida consagrada, as consagradas e os consagrados descubram a alegria de seguir a Cristo e se dediquem zelosamente ao serviço dos pobres".
No dia 30 de novembro de 2014, foi dado início ao ano dedicado à Vida Consagrada, que só terminará em 2 de fevereiro de 2016. O Papa Francisco reconhece que a alegria do Evangelho caminha lado a lado com o serviço dos pobres, realizado por diversos corações generosos ao redor do mundo. Ele nos convida a rezar para a redescoberta dessa alegria, fruto do aprofundamento das raízes da vocação, e retornar ao primeiro chamado. (BF)
...........................................................................................................................
                                                                                         Fonte: radiovaticana.va

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Papa Francisco aos jovens de Taizé:

Abram caminhos de liberdade

Cidade do Vaticano (RV) - Sejam o sal de um mundo que precisa reencontrar o “sabor” de Deus. São os votos que o Papa Francisco faz aos trinta mil jovens que a partir desta segunda-feira, 29 de dezembro, até a próxima sexta-feira, 2 de janeiro, estão reunidos em Praga, República Tcheca, para o tradicional encontro de oração de fim de ano organizado pela Comunidade de Taizé.
Mêmores dos mártires, capazes de imaginação, disponíveis a anunciar o Evangelho. É o que o Pontífice pede aos milhares de jovens reunidos na capital tcheca.
Tendo chegado à 37ª edição, o Encontro de Taizé – que reúne a cada ano os jovens do Leste e do Oeste europeu – é chamado “Peregrinação de confiança pela Terra”, um percurso, indica o Santo Padre em sua mensagem, a ser vivido “na oração e no diálogo recíproco”.
Doem-se com a mesma disponibilidade de Maria de Nazaré
Através de seu Espírito, que habita em vocês – escreve o Pontífice aos jovens –, Cristo lhes concede ser sal da terra”, porque quer “dar novamente ao mundo seu verdadeiro sabor” mediante a “descoberta da beleza da comunhão” com Deus e entre os irmãos.
Em 1990, quando os escombros do Muro de Berlim ainda estavam por terra, a peregrinação de Taizé encontrava-se na então Tchecoslováquia.
Vinte e cinco anos depois, “no momento em que a República Tcheca festeja os 25 anos de seu retorno à democracia, não esqueçam na oração de vocês – escreve o Papa – os mártires e aqueles que manifestavam a sua fé, homens e mulheres de boa vontade que permitiram, mediante o dom gratuito de si mesmos, por vezes a custa de grandes sofrimentos, que seu país reencontrasse um caminho de liberdade”.
Também vocês, prossegue o Pontífice, “são convidados a abrir caminhos de liberdade doando a si próprios com a disponibilidade de Maria de Nazaré, quando acolheu dentro de si a vida do Filho de Deus. Esta é a vida que deve desenvolver-se também em vocês”.
Mas acolher em si a vida de Jesus é sempre uma só coisa com o testemunhá-la aos outros. E aí o Papa Francisco assegura ter “confiança” na “imaginação” e na “criatividade” dos jovens de Taizé, que permitirá ao Evangelho ser anunciado e ouvido “com alegria” hoje em seus países.
Francisco cita uma expressão de sua Exortação Apostólica “Evangelii Gaudium”, na qual caracteriza os jovens como “viandantes da fé” e “felizes por levar Jesus por todas os caminhos, todas as praças, todos os cantos da terra!”.
Trata-se de um pensamento reiterado na viagem apostólica à Turquia em novembro passado, que o Papa ressalta aos jovens reunidos em Praga em referência aos jovens ortodoxos, católicos e protestantes com os quais, diz Francisco, se depararão “nos encontros internacionais organizados pela Comunidade de Taizé”. “São eles que hoje nos pedem que demos passos adiante por uma plena comunhão.
Muitos líderes religiosos e líderes internacionais quiseram enviar sua mensagem aos jovens reunidos em Praga e, de modo análogo ao do Papa Francisco, também nas outras saudações emerge o denominador comum da reflexão sobre o valor da liberdade e sobre o preço que ela custou à Europa para sair da Guerra Fria.
Por gerações, a Europa esteve dividida”, recorda o Secretário Geral da ONU, Ban Ki-moon. “Hoje devemos fazer tudo aquilo que for possível, no mundo inteiro, para evitar novas divisões que seguem linhas nacionalistas, ideológicas ou racistas. Neste tempo de conflitos e de desafios, o mundo precisa dos jovens que encontrem seus contemporâneos e também pessoas mais anciãs e os encorajem  à reconciliação.
Por sua vez, o Secretário Geral da Federação Luterana Mundial, Martin Junge, diz alegrar-me ao ver aquilo que hoje ocorre. Basta pensar que “trinta anos atrás um encontro semelhante era impensável. Um forte lição: os muros projetados para manter as pessoas separadas não duram, e as ilusões de segurança que se baseiam nos muros não têm futuro”.
Do mesmo modo, o Secretário Geral do Conselho Ecumênico de Igrejas, Olav Fykse-Tveit, olhando para o trabalho em favor da paz em chave ecumênica, afirma que “o apelo ao esforço dos cristãos em prol da paz deve expressar-se numa solidariedade cristã recíproca, como cristãos, a serviço da necessidade de paz de todos”.
Aqueles que aceitam ser modelo de Cristo tornam-se um povo novo, uma nação que não se encontra em nenhuma carta geográfica do mundo, mas que existe – observa o Primaz da Comunhão Anglicana e Arcebispo de Cantuária, Justin Welby – em todo país do planeta. Vocês pertencem a uma nação sem fronteiras, sem exércitos e sem políticos, sem lutas pelo poder, sem ódio e sem hostilidade. Vocês são o povo de Deus.” (RL)
...........................................................................................................................
                                                                                         Fonte: radiovaticana.va

Mensagem de dom Leonardo Steiner:

2014 - Ano da Graça do Senhor

O bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Leonardo Steiner, agradece a Deus pelas bênçãos concedidas, o incentivo do papa Francisco e o apoio dos bispos, assessores e colaboradores da entidade. Leia, na íntegra, o texto: 
2014: ANO DA GRAÇA DO SENHOR
Chegamos ao final de mais um ano da graça do Senhor. Maior parte dos dias vivida, lado a lado, com colaboradoras, colaboradores, assessoras e assessores, nos Regionais/filiais ou na Matriz/sede nacional. 2014 passará para a história da CNBB, deixando também sua marca especial.
Peçamos a bênção
da perseverança e da paciência, da humildade e da pobreza
Quero, pois, neste tempo oportuno do Natal, realçar as bênçãos: a Misericórdia e a Providência de Deus, o Papa Francisco, o nosso trabalho. A Misericórdia de Deus perdoou nossos pecados e nos renovou na esperança; a Providência de Deus cuidou de nossa vida o tempo todo, com desvelos maternais. O papa Francisco nos encorajou com “a Alegria do Evangelho, confirmando-nos na fé, dando-nos o exemplo. O nosso trabalho foi a oportunidade diária para servirmos nossos irmãos e irmãs.
Recordando as bênçãos, agradeço a Deus. Relembrando o incentivo e apoio dos bispos do Brasil, agradeço aos irmãos da Presidência, do Conselho Permanente e do Conselho Episcopal Pastoral (CONSEP), instâncias que tornam presentes, em nosso trabalho diário, todas as forças vivas da Igreja e da sociedade, referenciadas nos Regionais e nas Comissões Episcopais Pastorais.
Às irmãs e aos irmãos que labutam diuturnamente “sob o peso do dia e do calor”, um agradecimento especial:
São mulheres e homens, mães e pais, profissionais que, com o fruto deste trabalho, sustentam suas famílias. Há os que deram sua colaboração e já não mais estão conosco, mas permanecem em nossa lembrança. Vieram novas irmãs e novos irmãos, “sangue novo nas veias da Igreja”.
São cristãs leigas, cristãos leigos, cristãs freiras e cristãos padres que, atendendo a uma convocação da Presidência da CNBB, sob a anuência de seu bispo ou superior(a) religioso(a), se dedicam, uns em tempo integral, a promover as “Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil”, em cada cantinho desse nosso querido país. Muitos deixaram seu contributo e não mais se encontram aqui. Deles também nos lembramos agradecidos.
Aqui, peço licença para nominar e agradecer os que colaboraram conosco, mais recentemente, e que, a partir de 2015, estarão em novos campos de evangelização:Pe. Carlos Sávio da Costa Ribeiro que foi assessor da Comissão para a Juventude, Pe. José Carlos Sala que foi assessor da Comissão para a Liturgia/Canto Pastoral, e o Prof. Sérgio Ricardo Coutinho dos Santos que foi assessor da Comissão para o Laicato/CEBs.Deus os recompense pelo bem que semearam. Registro também nossa homenagem póstuma ao Sr. Antônio Bicarato,nosso revisor.
Por fim, aos que seguirão conosco, na Matriz, nos Regionais, e nas Comissões Episcopais até a 53ª Assembleia Geral, Deus lhes conceda a bênção da perseverança e da paciência, da humildade e da pobreza, para levarmos a término o bom propósito com que assumimos este serviço à Igreja e ao Brasil, pelo período de 2011 a 2015.
Senhora Aparecida, nossa Mãe, protegei-nos! A todos(as) um ANO DA PAZ!
 + Leonardo Ulrich SteinerBispo Auxiliar de Brasília - Secretário Geral da CNBB
............................................................................................................................
                                                                                                 Fonte: cnbb.org.br

Encontros com o Papa no Vaticano:

mais de 5 milhões de participantes em 2014

Cidade do Vaticano (RV) – A Prefeitura da Casa Pontifícia divulgou as estatísticas sobre a participação dos fiéis nos encontros com o Papa Francisco ao longo do ano de 2014, no Vaticano.
Encontros de fé e comunhão
O número total de presenças chega a 5.916.800, assim distribuídas: Audiências Gerais: 1.199.000, Audiências especiais:  567.100, Celebrações Litúrgicas: 1.110.700 e 3.040.000 no Angelus.
O mês de março contou com o maior número de participações nas Audiências Gerais, 135 mil fiéis presentes. Nas audiências especiais, por sua vez,  o mês de maio teve a participação de 208.500 fiéis.
As Celebrações Litúrgicas com maior participação foram no mês de abril, período da Páscoa, com 730 mil presenças. Já o encontro com o Papa Francisco para a Oração do Angelus na Praça São Pedro, no mês de janeiro de 2014, reuniu 600 mil pessoas. (JE)
..............................................................................................................................
                                                                                                 Fonte: radiovaticana

domingo, 28 de dezembro de 2014


Francisco: 
Oferecer calor humano às famílias em dificuldade

Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco dedicou a alocução que antecede a oração mariana do Angelus à Sagrada Família de Nazaré, que a liturgia celebra este domingo (28/12).
O Evangelho nos apresenta Nossa Senhora e São José no momento em que vão ao templo de Jerusalém quarenta dias depois do nascimento de Jesus, como estabelece a Lei de Moisés.
Encontro de gerações
Jovens e idosos devem caminhar unidos
Em meio a tanta gente, esta pequena família não passa desapercebida. Dois idosos, Simeão e Ana, reconhecem no Menino Jesus o salvador de Israel. “É um momento simples, mas rico de profecia”, disse o Papa. Um jovem casal e dois idosos que se encontram graças a Jesus. “Jesus é Aquele que aproxima as gerações. É a fonte daquele amor que une as famílias e as pessoas, vencendo toda desconfiança, todo isolamento e toda distância.”
Para Francisco, esta cena no templo de Jerusalém remete aos avós e destaca a sua importância nas famílias e na sociedade. “O bom relacionamento entre os jovens e os idosos é decisivo para o caminho da comunidade civil e eclesial”, afirmou o Papa, pedindo uma salva de palmas à multidão para saudar todos os avós do mundo.
Calor humano
A Família de Nazaré, prosseguiu, é realmente santa porque é centralizada em Cristo. Quando os pais e os filhos respiram juntos este clima de fé, possuem uma energia que lhes permite enfrentar as provas mais difíceis. Por isso, o Menino Jesus, Maria e José são um ícone familiar simples, mas luminoso, que encoraja a oferecer calor humano às situações familiares em que, por vários motivos, faltam paz, harmonia e perdão.
Neste momento, o Pontífice pediu a todos na Praça que rezassem uma Ave-Maria por todas as famílias em dificuldade devido a doenças, desemprego, discriminação e obrigadas a emigrar ou devido a incompreensões e desunião entre seus membros.
E concluiu: “Confiemos a Maria, Rainha da família, mãe, todas as famílias do mundo, para que possam viver na fé, na concórdia e na ajuda recíproca. Invoco sobre elas a materna proteção Daquela que foi mãe e filha do seu Filho”. (BF)
..............................................................................................................................
                                                                             Fonte: radiovaticana       news.va

Reflexão

Cidade do Vaticano (RV) - O perdão dos pecados acontece por causa de uma atitude de amor para com os pais, pois o lar, Igreja doméstica, voltou a ser o local do encontro com Deus.
A misericórdia em todos os relacionamentos, mas especialmente para com os pais, está em referência ao próprio Deus que é o Pai por excelência. Portanto, honrar os pais, respeitá-los, é prestar culto a Deus.
Tanto a primeira leitura quanto a segunda, da liturgia de hoje, não escondem as falhas no relacionamento familiar e humano, mas nos dizem que o importante aos olhos de Deus não está em ser sem defeitos, em ter uma família perfeita, mas sim na capacidade de amar sem medidas, apesar dos limites e das falhas pessoais. Claro que Deus deseja que sejamos perfeitos, mas mais importante para Ele é que nos amemos e nos perdoemos como Ele nos amou e nos perdoou, sem limites, sem restrições.
Jesus. Maria e José abençoai nossas famílias!
Dentro desse pensamento sobre o relacionamento familiar, será importante refletir sobre a realidade da família deste início de século, onde e como vive. Certamente a maioria mora em grandes centros urbanos e é constituída pelo casal e por um ou dois filhos. Um terceiro já faz considerá-la família numerosa.
Também a mãe trabalha fora e pais e filhos se encontram à noite, cansados, muitas vezes diante da televisão, ou durante o jantar. Se isso acontece já poderão se classificar felizes, pois em outros lares, muitas vezes quando pais saem para o trabalho, os filhos ainda dormem e quando voltam eles já estão deitados. O encontro, nesse caso, só se dá no final de semana.
Rezar juntos, passar para os filhos a vivência de uma oração em família, mesmo que seja apenas à mesa, só excepcionalmente, pois em muitos casos, para que possam descansar, não cozinham em casa e vão comer fora, em um restaurante ou na casa de parentes ou de amigos.
É difícil passar valores, enfim, formar os filhos. A sociedade pós moderna penetra em suas entranhas e é muito custoso prepará-los para o futuro, para que sejam filhos e irmãos como Deus quer. Só com a graça divina e com a disposição dos pais para uma autêntica renúncia e sacrifico.
Renúncia aos apelos de dar aos filhos tudo o que a sociedade consumista coloca como valores e que os pais enxergam como coisa boa e vantajosa. É preciso renunciar fazer do filho ou da filha pessoas como nos pede o elitismo, relativizar seus códigos. É preciso questionar os valores propostos por ela e crer nos do Evangelho.
Cabe a pergunta: formo minha família para ser cidadã deste mundo ou para ser cidadã do Reino de Deus, mas neste mundo? Jesus rezou ao Pai dizendo que não queria que nos tirasse do mundo, mas nos preservasse do mal.
Sacrifício: sacrificar significa tornar sagrado. Meu filho, minha filha, são do mundo ou de Deus? O batismo os retirou do paganismo e os fez filhos de Deus, sagrados. Respeito a senhoria de Deus sobre eles ou sou conivente com as solicitações consumistas e mundanas?
A imagem da Família de Nazaré como família migrante e pobre nos obriga a refazer a imagem da família atual, retornando às origens e aos valores, ou seja, a abundância de bens materiais não é necessária para ser feliz e amar a Deus e ao próximo.
É importantíssimo não só a simplicidade de vida, mas sobretudo é fundamental a convivência afetiva e efetiva, além do respeito aos idosos como gratidão e como referência à sua experiência de vida que porta sabedoria e os referenciais da autêntica tradição.
A Família de Nazaré nos ensina a cristianizar a família pós moderna, recolocando Deus no centro e n’Ele reencontrando a verdadeira felicidade. (CAS)
..............................................................................................................................
                                                                             Fonte: radiovaticana       news.va

sábado, 27 de dezembro de 2014

Em preparação à Festa da Sagrada Família vale refletir sobre o

Valor da família

A família é dom de Deus, tem valor inestimável e é espaço privilegiado para o desenvolvimento das virtudes da vida humana. Para os novos tempos, os desafios que a envolvem são muito grandes. Foi por isso que o papa Francisco, preocupado com a família, convocou um Sínodo Extraordinário para tratar de temas pertinentes que envolvem a vida familiar.
Sagrada Família, abençoai-nos!
As mudanças rápidas dos últimos tempos têm afetado positiva e negativamente a família. Não podemos negar que as novas tecnologias vieram facilitar muito a vida das pessoas. Os meios de comunicação encurtaram distâncias e a mobilidade acontece com muito mais rapidez, mesmo com os imbróglios do intenso trânsito nas cidades.
As influências negativas no contexto familiar são cada vez mais evidentes. Apesar do positivo esforço de valorização dos direitos da pessoa humana, o que conduziu a uma crescente mudança nos relacionamentos, houve como consequência um aumento do individualismo, gerando uma desorganização da natural fraternidade e da convivência das pessoas em suas casas.
Alguns valores foram colocados em crise: a compaixão, a bondade, a humildade, a mansidão e a paciência. Perdemos o sentido da unidade e do sagrado, devido à falta de amor, pois tal unidade só acontece na medida em que os membros se amam, porque, onde existe verdadeiro amor, Deus aí está. Parece que tais realidades não têm sido mais levadas em conta hoje.
O cotidiano da vida familiar é marcado por uma sabedoria divina, fundamentada no respeito e no amor, que está presente no relacionamento existente entre pais e filhos. A ausência disso corresponde a uma ofensa a Deus. No dizer bíblico, esse relacionamento vem acompanhado por uma promessa: “... para que sejas feliz e tenhas vida longa sobre a terra” (Ef 6,2-3).
Entre os contravalores na vida familiar, Paulo cita alguns que são condenáveis: “ira, furor, malvadeza, ultrajes, e não saia de vossa boca nenhuma palavra indecente” (Cl 3,8). No nosso modo de agir deve estar o valor da dignidade, agradável a Deus, que nos criou à sua imagem e semelhança. A Família de Nazaré foi modelo no relacionamento, na convivência e no cumprimento dos valores familiares.
                               Dom Paulo Mendes Peixoto - Arcebispo de Uberaba (MG)
.............................................................................................................................
                                            Fonte: cnbb.org.br     Estampa: atodefe.blogspot.com.br

Leituras da

Festa da Sagrada Família


1ª Leitura: Gn 15,1-6;21,1-3      Salmo: 105(104)     2ª Leitura: Hb 11,8.11-12.17-19
...............................................................................................................................................................
Evangelho:  Lc 2,22-40
............................................................................................................................................................
"Meus olhos viram a salvação"
E quando se completaram os dias da purificação, levaram o menino a Jerusalém para apresentá-lo ao Senhor [...]. Para tanto, deviam oferecer em sacrifício um par de rolas ou dois pombinhos, como está escrito na Lei do Senhor. Ora, em Jerusalém vivia um homem piedoso e justo, chamado Simeão, que esperava a consolação de Israel. O Espírito do Senhor estava com ele. Pelo próprio Espírito Santo, ele teve uma revelação divina de que não morreria sem ver o Ungido do Senhor. Movido pelo Espírito, foi ao templo. [...] Simeão tomou-o nos braços e louvou a Deus, dizendo: "Agora, Senhor, segundo a tua promessa, deixas teu servo ir em paz, porque meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória de Israel, teu povo". O pai e a mãe ficavam admirados com aquilo que diziam do menino. Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe: "Este menino será causa de queda e de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição - uma espada traspassará a tua alma! - e assim serão revelados os pensamentos de muitos corações". Havia também uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Ela era de idade avançada. [...] Ana chegou e se pôs a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. Depois de cumprirem tudo conforme a Lei do Senhor, eles voltaram para Nazaré, sua cidade, na Galiléia. O menino foi crescendo, ficando forte e cheio de sabedoria. A graça de Deus estava com ele.
..............................................................................................................................................................
Reflexão
Maria e José creram no Senhor

No trecho do livro do Gênesis que lemos hoje, aparece, pela primeira vez na Escritura, a palavra "fé" (cf. v.6). É como se a descendência numerosa prometida a Abraão nascesse da fé em Deus. De fato, é crendo que se vê realizar o que Deus promete. É pela fé de Abraão que Israel existe como povo de Deus. Abraão será, por isso, conhecido como o pai dos que têm fé. 
Maria e José creram no Senhor. Por isso, abriram mão de seus projetos pessoais para aderirem ao desígnio salvífico de Deus. Souberam viver, em cada etapa da vida, o desafio de compreender e acolher o mistério de Deus presente na vida de Jesus, que eles educaram e viram crescer. Lucas, neste e noutros relatos, parece não ter nenhuma preocupação com a exatidão histórica e cultural. Originalmente, os costumes da apresentação e purificação da mãe são distintos; Lucas parece confundi-los. A prescrição para a purificação da mulher que deu à luz encontra-se em Lv 12, 1ss. Lucas modifica Lv 12, 6 - não é só a mulher que deve ser purificada, mas "eles" (cf. Lc 2,22). A prescrição quanto à consagração ou apresentação do primogênito ao Senhor encontra-se em Ex 13, 1.11-12. O nosso relato se baseia em 1Sm 1,22-28. O Filho primogênito tinha que ser resgatado ao completar um mês do seu nascimento, mediante o pagamento de um ciclo de prata a um membro de uma família sacerdotal (Nm 3, 47-48; 18,5-16). Lucas omite toda a menção do resgate do primogênito e transforma a cerimônia numa simples apresentação do menino no Templo de Jerusalém. Seja como for, e sem nos atermos a todas as possibilidades de interpretação, parece-nos que a intenção do evangelista é fazer com que o Antigo Testamento, representado por Simeão e Ana, testemunhe a realização da promessa de Deus em Jesus (cf. Lc 2, 29-32). O Antigo Testamento chega à sua plenitude; inaugura-se uma nova etapa na história da salvação. A cada noite, com os olhos fixos no Senhor, a Igreja canta o nunc dimitis para proclamar o dom da salvação oferecida por Deus a toda humanidade. Jesus Cristo é a luz que ilumina todos os povos (cf. Jo 8, 12). 
                                      Carlos Alberto Contieri, sj 
Reflexão: paulinas.org.br     Banner: cnbb.org.br     Ilustração: franciscanos.org.br
........................................................................................................................