terça-feira, 31 de outubro de 2023

Francisco na intenção de oração para novembro:

ser Papa é um processo.
Vai-se tomando consciência do que significa ser pastor

O Papa abre o seu coração aos fiéis, na intenção de oração para o mês de novembro, pedindo-lhes orações para que ele possa cumprir a sua missão. "A vossa oração me dá força e me ajuda a discernir e acompanhar a Igreja na escuta do Espírito Santo", diz o Santo Padre.

Na mensagem de vídeo do Papa Francisco com a intenção de oração para o mês de novembro, o Santo Padre abre o seu coração aos fiéis, pedindo-lhes orações para que possa cumprir a sua missão.

"Peçam ao Senhor que me abençoe", afirma o Bispo de Roma antes de confessar: "A vossa oração me dá força e me ajuda a discernir e acompanhar a Igreja na escuta do Espírito Santo".

O vídeo publicado pela Rede Mundial de Oração do Papa, tem desta vez um tom íntimo, pois tem como tema a intenção que corresponde a este mês: "Pelo Papa".

Um Papa "não perde a sua humanidade"

As imagens que acompanham as palavras do Santo Padre estão também marcadas pelo tom intimista: uma espécie de narrativa do seu pontificado através das emoções. Além dos momentos mais conhecidos, como os primeiros instantes após a sua eleição, há outros quase inéditos, feitos de abraços e orações em diversas partes do mundo. Une-os a grande humanidade contagiosa do Papa Francisco, confirmada, mais uma vez, pela escolha da intenção de oração para este mês e a mensagem que a acompanha.

Por alguém ser Papa, não perde a sua humanidade. Pelo contrário, a minha humanidade cada dia cresce mais com o povo santo e fiel de Deus. Porque ser Papa também é um processo. Vai-se tomando consciência do que significa ser pastor. E neste processo aprende a ser mais caridoso, mais misericordioso e, sobretudo, mais paciente, como o nosso Deus Pai, que é tão paciente.

"Posso imaginar que todos os Papas, no início do seu pontificado, tiveram esse sentimento de medo, de vertigem, de quem sabe que vai ser julgado com dureza. Porque o Senhor aos Bispos vai pedir contas seriamente", diz ainda Francisco no vídeo.

O Papa pede para ser julgado "com benevolência"

A seguir, o Papa se dirige a todas as pessoas que vão ver e escutar a sua mensagem:

Por favor, peço-lhes que julguem com benevolência. E que rezem para que o Papa, seja ele quem for, hoje é a minha vez, receba a ajuda do Espírito Santo, seja dócil a essa ajuda.

Segundo a tradição do Apostolado da Oração, antigo nome da Rede Mundial de Oração do Papa, desde 1879 os Papas confiam mensalmente uma intenção de oração à Igreja, por meio da Rede Mundial de Oração do Papa. Neste mês, a intenção é a seguinte: "Rezemos pelo Papa, para que no exercício da sua missão continue a acompanhar na fé o rebanho a ele confiado por Jesus e sempre com a ajuda do Espírito Santo".

O Papa conclui o vídeo com um toque de humor: "E rezem por mim. A meu favor".

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segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Refletindo com o padre Zezinho:

Eu anuncio, ele e ela anunciam,
você e milhares de pregadores anunciamos Jesus!

Pe. Zezinho, scj |||||||||||||||||||||

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Um dia ouvimos, lemos, experimentamos a fé e começamos a crer. Sim! Jesus teria que ser mais conhecido. Ele me amou e eu o amo. Jesus está vivo! Não o vemos, mas ele existe e está vivo!

Há quem pregue isto serenamente. Outros, fanaticamente. Outros santa e fraternalmente. Outros, ainda, aos gritos até com olhos crispados.

Não pregam Jesus como ele está nos evangelhos. Pregam do jeito que eles entenderam. Mas o jeito pessoal não é o jeito da nossa Igreja e nem o jeito da maioria dos cristãos. Jesus não diz isto que muitos dizem na internet.

Há um jeito positivo e há um jeito impositivo. E há uma enorme diferença entre dizer: “Permita-me que eu lhe fale de Jesus “e “Entregue-se a Jesus “pior ainda a fantasia de “JESUS ESTÁ ME DIZENDO AGORA!…”.

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Profecias existem, visões acontecem, graças: Deus dá, mas brincar de ser profeta e de vidente raramente acaba bem!

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Salomão inventou, inventou e inventou e até construiu um templo para Javé-Adonai e acabou morrendo pagão. Manipulou o seu povo, mas não conseguiu manipular Deus.

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                                                                                        Fonte: facebook.com/padrezezinhoscj

domingo, 29 de outubro de 2023

Papa Francisco no Angelus:

do amor a Deus aprendemos
a servir o próximo, como Madre Teresa de Calcultá

"Tudo começa com Ele. Você não pode amar seriamente os outros se você não tiver essa raiz, que é o amor de Deus, o amor de Jesus", afirmou o Papa Francisco na alocução que precedeu a oração mariana do Angelus deste domingo (29). E convidou a seguir a santa dos pobres, que "refletiu como uma gota o amor de Deus", uma gota "que pode mudar muitas coisas", insistiu Francisco.

Neste domingo (29), o Papa Francisco enalteceu o Evangelho do dia (Mt 22,34-40) sobre o maior dos mandamentos tanto na homilia da missa de conclusão do Sínodo dos Bispos na Basílica de São Pedro, quanto na alocução que precedeu a oração mariana do Angelus. Aos fiéis na Praça São Pedro, o Pontífice afirmou que o amor a Deus e ao próximo são "inseparáveis um do outro" e refletiu sobre dois aspectos dessa realidade.

O primeiro sobre o fato de que, o amor ao Senhor vindo em primeiro lugar, acaba nos lembrando "que Deus sempre nos precede, nos antecipa com sua infinita ternura (cf. Jo 4,19)". Assim como acontece quando "a criança aprende a amar no colo da mãe e do pai, e nós o fazemos nos braços de Deus", recordou Francisco. Do amor a Deus aprendemos a nos doar ao próximo:

“E tudo começa com Ele. Você não pode amar seriamente os outros se você não tiver essa raiz, que é o amor de Deus, o amor de Jesus.”

O exemplo de Santa Teresa de Calcutá

E assim, continuou o Papa, chegamos a um segundo aspecto que decorre do mandamento do amor, o amor ao próximo: "significa que, ao amarmos nossos irmãos, refletimos, como espelhos, o amor do Pai. Refletir o amor de Deus, esse é o ponto; amar Ele, a quem não vemos, por meio do irmão que vemos (cf. 1 Jo 4:20)". Foi quando Francisco citou Santa Teresa de Calcutá sobre a resposta dada a um jornalista quando perguntou se tinha a ilusão de mudar o mundo com a sua obra e ela respondeu: "nunca pensei que pudesse mudar o mundo! Só tentei ser uma gota de água limpa na qual o amor de Deus pudesse brilhar".

"Foi assim que ela, tão pequena, foi capaz de fazer tanto bem: refletindo como uma gota o amor de Deus. E se às vezes, olhando para ela e para outros santos, chegamos a pensar que eles são heróis inimitáveis, pensemos nessa pequena gota - o amor é uma gota que pode mudar muitas coisas. E como se faz isso? Dando o primeiro passo, sempre. Às vezes não é fácil dar o primeiro passo, esquecer as coisas, dar o primeiro passo - vamos fazer isso. Esta é a gota: dar o primeiro passo."

O Papa Francisco, ao finalizar a reflexão sobre o amor de Deus, invocou Nossa Senhora para ajudar a viver no cotidiano esse grande mandamento, convidando os peregrinos na Praça São Pedro a um momento de pausa e reflexão, ao se questionar:

“Sou grato ao Senhor, que me ama por primeiro? Eu sinto o amor de Deus e sou grato a Ele? E procuro refletir Seu amor? Eu me esforço a amar os irmãos, a dar esse segundo passo?”

Andressa Collet - Vatican News

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                                                                                                                    Fonte: vaticannews.va

Papa Francisco na missa de conclusão do Sínodo dos Bispos:

a Igreja que sonhamos
é adoradora e serva de todos e dos últimos

Francisco presidiu a celebração eucarística de conclusão do Sínodo dos Bispos no Vaticano e exortou cardeais, bispos, sacerdotes, religiosos e leigos a crescer na adoração a Deus e no serviço ao próximo: "é aqui que está o coração de tudo" para fazer "a Igreja que somos chamados a sonhar: uma Igreja serva de todos, serva dos últimos. Uma Igreja que acolhe, serve, ama. Uma Igreja com as portas abertas, que seja porto de misericórdia".

Uma Basílica de São Pedro com cerca de 5 mil fiéis neste domingo (29) para rezar junto o Papa Francisco, que presidiu a missa de conclusão do Sínodo dos Bispos. A homilia foi especialmente dirigida aos cardeais, bispos, sacerdotes, religiosos e leigos que, durante um mês, se viram empenhados na Sala Paulo VI, no Vaticano, para a XVI Assembleia Geral Ordinária. O pedido do Pontífice, segundo a reflexão do Evangelho do dia (Mt 22, 36) sobre "o princípio inspirador de tudo", foi de "crescer na adoração a Deus e no serviço do próximo".

De fato, quando nos interrogamos sobre «Qual é o maior mandamento?» (Mt 22, 36), explica o Papa, a resposta de Jesus é clara: «Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente. Este é o maior e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo» (Mt 22, 37-39). Com a conclusão do Sínodo, "é importante fixar o «princípio e fundamento», do qual uma vez e outra tudo começa: amar a Deus com toda a vida e amar o próximo como a si mesmo". Mas, questiona o próprio Papa, como traduzir tal impulso de amor? Francisco propõe "dois verbos, dois movimentos do coração": adorar e servir.

A adoração é essencial na Igreja

A adoração "é a primeira resposta que podemos oferecer ao amor gratuito" de Deus e, infelizmente, neste momento, disse o Papa, "perdemos o hábito da adoração": "esta maravilha própria da adoração é essencial na Igreja".

“Que esta seja uma atividade central para nós, pastores: dediquemos diariamente um tempo à intimidade com Jesus, Bom Pastor, diante do sacrário. Adorar. Que a Igreja seja adoradora! Adore-se o Senhor em cada diocese, em cada paróquia, em cada comunidade! Porque só assim nos voltaremos para Jesus, e não para nós mesmos.”

Mas, alerta Francisco, na Sagrada Escritura, o amor ao Senhor aparece frequentemente associado à luta contra toda a idolatria, porque os ídolos são obra do homem: "quem adora a Deus rejeita os ídolos, pois, enquanto Deus liberta, os ídolos tornam-nos escravos".

Servir

O segundo verbo proposto pelo Papa é o servir, como acontece no mandamento maior, já que "Cristo liga Deus e o próximo, para que não apareçam jamais separados. Não existe uma experiência religiosa que seja surda ao grito do mundo, uma verdadeira experiência religiosa. Não há amor a Deus sem envolvimento no cuidado do próximo". Assim, a reforma da Igreja deve ser conduzida através da adoração e do serviço:

"Adorar a Deus e amar os irmãos com o seu amor, esta é a grande e perene reforma. Ser Igreja adoradora e Igreja do serviço, que lava os pés à humanidade ferida, acompanha o caminho dos frágeis, dos débeis e dos descartados, sai com ternura ao encontro dos mais pobres. [...] Irmãos e irmãs, penso naqueles que são vítimas das atrocidades da guerra; nas tribulações dos migrantes, no sofrimento escondido de quem se encontra sozinho e em condições de pobreza; em quem é esmagado pelos fardos da vida; em quem já não tem mais lágrimas, em quem não tem voz."

Assim, com a conclusão da Assembleia Sinodal, nesta «conversação do Espírito», disse o Papa, a experiência foi rica da "terna presença do Senhor", da "beleza da fraternidade", sempre "à escuta do Espírito. Hoje não vemos o fruto completo deste processo", comentou ainda o Pontífice, mas o Senhor deverá guiar e ajudar todos "a ser Igreja mais sinodal e missionária, que adora a Deus e serve as mulheres e os homens do nosso tempo, saindo para levar a todos a alegria consoladora do Evangelho":

“Esta é a Igreja que somos chamados a sonhar: uma Igreja serva de todos, serva dos últimos. Uma Igreja que acolhe, serve, ama, sem nunca exigir antes um atestado de «boa conduta». Uma Igreja com as portas abertas, que seja porto de misericórdia.”

Andressa Collet - Vatican News

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Confira a íntegra da celebração de conclusão do Sínodo:

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                                                                                                                    Fonte: vaticannews.va

sábado, 28 de outubro de 2023

Papa conclui os trabalhos do Sínodo e recorda:

 o protagonista é o Espírito Santo

Após quatro semanas de XVI Assembleia Geral Ordinária no Vaticano, Francisco concluiu os trabalhos na noite deste sábado (28), na Sala Paulo VI. Em espanhol, agradeceu pela dedicação de todos e disse: "quero recordar que o protagonista deste Sínodo é o Espírito Santo". O último dia foi de leitura, aprovação e apresentação do Relatório de Síntese, que passou por votação eletrônica e secreta.

O Papa Francisco participou da Congregação Geral da tarde deste sábado (28) da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos naquele que foi o último dia após quatro semanas de trabalho. Dia também de  leitura e aprovação do Relatório de Síntese, que passou por votação eletrônica e secreta, com apresentação do documento de 40 páginas - em versão oficial em italiano e inglês - em coletiva de imprensa. Essa foi a primeira vez que os não bispos tiveram o direito de voto, como as mulheres.

A conclusão dos trabalhos do Sínodo foi feita pelo próprio Papa Francisco na noite deste sábado (28), na Sala Paulo VI. Em espanhol, agradeceu pela dedicação de todos e disse:

"Quero recordar que o protagonista do Sínodo é o Espírito Santo. Sugiro que levem consigo os textos de São Basílio, que nos preparou o Padre Davide Piras, e continuem meditando-o, porque isso pode ajudá-los. Quero agradecer o trabalho de todos e de cada um: cardeal Grech, não dormiu à noite; cardeal Hollerich, mestre dos noviços; Nathalie Becquart e Luis Marín de San Martín, Giacomo Costa, Riccardo Battocchio, Giuseppe Bonfrate, Irmã Maria Grazia Angelini, Timothy Radcliffe, que nos manifestaram um saber espiritual conosco, e aos escondidos, aqueles que estão aqui atrás, que não vemos e que possibilitaram tudo isso. Obrigadao de coração a todos. Muchas gracias."

Missa de encerramento neste domingo

Já o encerramento solene do Sínodo dos Bispos será realizado com missa presidida pelo Papa Francisco na Basílica de São Pedro. A cerimônia deste domingo (29), com transmissão ao vivo e comentários em português pelos canais do Vatican News, está marcada para às 10h na Itália. Com o término do horário de verão na Europa neste final de semana, a missa começa às 6h no horário de Brasília. O próprio Papa Francisco, após a oração na conclusão dos trabalhos aos padres e mães sinodais, recordou todos para atrasar os ponteiros dos relógios em uma hora.

Andressa Collet - Vatican News 

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Assista a integra da conclusão dos trabalhos:


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O Relatório de Síntese:
uma Igreja que envolve todos
e está próxima das feridas do mundo

Foi publicado o Relatório de Síntese na conclusão da XVI Assembleia Geral do Sínodo sobre a Sinodalidade. Em vista da segunda sessão em 2024, são oferecidas reflexões e propostas sobre temáticas como o papel das mulheres e dos leigos, o ministério dos bispos, o sacerdócio e o diaconato, a importância dos pobres e migrantes, a missão digital, o ecumenismo e os abusos.

Mulheres e leigos, diaconato, ministério e magistério, paz e meio ambiente, pobres e migrantes, ecumenismo e identidade, novas linguagens e estruturas renovadas, antigas e novas missões (também digitais), ouvir todos e aprofundar - não superficialmente - sobre tudo, mesmo as questões mais "polêmicas". Há um olhar renovado sobre o mundo e a Igreja e e às suas instâncias, no Relatório de Síntese aprovado e publicado neste sábado (28) pelaXVI Assembleia Geral do Sínodo sobre a Sinodalidade. Após quatro semanas de trabalho, que começaram em 4 de outubro na Sala Paulo VI, o evento eclesial conclui neste sábado (28), no Vaticano, a sua primeira sessão.

Cerca de 40 as páginas do documento, fruto do trabalho da assembleia que "se realizou enquanto velhas e novas guerras assolam o mundo, com o drama absurdo de inúmeras vítimas". "O grito dos pobres, dos que são obrigados a migrar, dos que sofrem violência ou sofrem as consequências devastadoras das mudanças climáticas ressoou entre nós, não só através da mídia, mas também das vozes de muitos, pessoalmente envolvidos com suas famílias e povos nesses trágicos acontecimentos", diz o documento (Premissa).

A esse desafio e a muitos outros, a Igreja universal tentou oferecer uma resposta nos Círculos Menores e nas intervenções. Tudo foi reunido no Relatório de Síntese, dividido em três partes, que traça o caminho para o trabalho a ser realizado na segunda sessão em 2024.

Ouvir todos, começando pelas vítimas de abusos

Como na Carta ao Povo de Deus, a assembleia sinodal reafirmou "a abertura para ouvir e acompanhar todos, inclusive aqueles que sofreram abusos e ferimentos na Igreja" (1 e). Ao longo do caminho a ser percorrido "rumo à reconciliação e à justiça", "é preciso abordar as condições estruturais que permitiram tais abusos e fazer gestos concretos de penitência".

O rosto de uma Igreja sinodal

A sinodalidade é um primeiro passo. Um termo que os próprios participantes do Sínodo admitem ser "desconhecido para muitos membros do Povo de Deus" e "desperta confusão e preocupação em alguns" (1 f), entre aqueles que temem um afastamento da tradição, um rebaixamento da natureza hierárquica da Igreja (1 g), uma perda de poder ou, ao contrário, imobilidade e falta de coragem para mudar. Em vez disso, "sinodal" e "sinodalidade" são termos que "indicam um modo de ser Igreja que articula comunhão, missão e participação". Portanto, uma maneira de viver a Igreja, valorizando as diferenças e desenvolvendo o envolvimento ativo de todos. Começando pelos presbíteros e bispos: "uma Igreja sinodal não pode prescindir de suas vozes" (1 n), se lê no documento. "Precisamos entender as razões da resistência à sinodalidade por parte de alguns deles".

Missão

A sinodalidade anda de mãos dadas com a missão, portanto, é necessário que "as comunidades cristãs compartilhem a fraternidade com homens e mulheres de outras religiões, convicções e culturas, evitando, por um lado, o risco da autorreferencialidade e da autopreservação e, por outro, o da perda de identidade" (2 e). Nesse novo "estilo pastoral", parece importante para muitos tornar "a linguagem litúrgica mais acessível aos fiéis e mais incorporada à diversidade de culturas" (3 l).

Os pobres ao centro

Um amplo espaço no Relatório é dedicado aos pobres, que pedem à Igreja "amor" entendido como "respeito, acolhimento e reconhecimento" (4 a). "Para a Igreja, a opção pelos pobres e descartados é uma categoria teológica antes de ser cultural, sociológica, política ou filosófica" (4 b), reitera o documento, identificando como pobres também os migrantes, os indígenas, as vítimas de violência, de abusos (especialmente mulheres), de racismo e tráfico, pessoas com vícios, minorias, idosos abandonados, trabalhadores explorados (4 c). "Os mais vulneráveis dos vulneráveis, para os quais é necessária uma defesa constante, são as crianças no ventre materno e suas mães", diz o texto da assembleia, que afirma estar "ciente do grito dos 'novos pobres' produzido pelas guerras e pelo terrorismo, também causado por 'sistemas políticos e econômicos corruptos'".

Compromisso dos crentes com a política e o bem comum

Nesse sentido, exorta-se um comprometimento da Igreja tanto com a "denúncia pública das injustiças" perpetradas por indivíduos, governos e empresas quanto com o engajamento ativo na política, nas associações, nos sindicatos e nos movimentos populares (4g). Sem descuidar da ação consolidada da Igreja nos campos da educação, da saúde e da assistência social, "sem qualquer discriminação ou exclusão de quem quer que seja" (4 k).

Migrantes

O foco se concentra nos migrantes e refugiados, "muitos dos quais carregam as feridas do desenraizamento, da guerra e da violência". Eles "se tornam uma fonte de renovação e enriquecimento para as comunidades que os acolhem e uma oportunidade de estabelecer um vínculo direto com Igrejas geograficamente distantes" (5d). Diante de atitudes cada vez mais hostis em relação a eles, o Sínodo convida "a praticar uma acolhida aberta, a acompanhá-los na construção de um novo projeto de vida e a construir uma verdadeira comunhão intercultural entre os povos". Fundamental nesse sentido é o "respeito às tradições litúrgicas e às práticas religiosas", bem como à linguagem.

Por exemplo, uma palavra como "missão", nos contextos em que "a proclamação do Evangelho tem sido associada à colonização e até mesmo ao genocídio", está carregada de "um doloroso legado histórico" e dificulta a comunhão (5 e). "Evangelizar nesses contextos requer o reconhecimento dos erros cometidos, aprendendo uma nova sensibilidade para essas questões", afirma o documento.

Combater o racismo e a xenofobia

Pede-se igual empenho e cuidado da Igreja "em educar para uma cultura do diálogo e do encontro, combatendo o racismo e a xenofobia, especialmente nos programas de formação pastoral" (5 p). Também é urgente "identificar os sistemas que criam ou mantêm a injustiça racial dentro da Igreja e combatê-los" (5 q).

Igrejas Orientais

Ainda sobre o tema da migração, o olhar vai para a Europa Oriental e os recentes conflitos que causaram o fluxo de numerosos fiéis do Oriente católico para territórios de maioria latina. "É necessário", diz o pedido dos padres, "que as Igrejas locais de rito latino, em nome da sinodalidade, ajudem os fiéis orientais que emigraram a preservar a sua identidade", sem passar por "processos de assimilação" (6c).

No caminho da unidade dos cristãos 

No que diz respeito ao ecumenismo, fala-se de uma "renovação espiritual" que requer "processos de arrependimento" e "cura da memória" (7c); em seguida, cita a expressão do Papa de um "ecumenismo do sangue", ou seja, "cristãos de diferentes pertenças que juntos dão a vida pela fé em Cristo" (7d) e se relança a proposta de um martirológio ecumênico (7o). O Relatório também reitera que a "colaboração entre todos os cristãos" é um recurso "para curar a cultura do ódio, da divisão e da guerra que coloca grupos, povos e nações uns contra os outros". Ele não esquece a questão dos chamados casamentos mistos, que são realidades nas quais "podemos evangelizar uns aos outros" (7 f).

Leigos e famílias (PARTE II)

"Os leigos e as leigas, os consagrados e as consagradas, e os ministros ordenados têm igual dignidade" (8 b): esse pressuposto é reiterado com força no Relatório de Síntese, que lembra como os fiéis leigos "estão cada vez mais presentes e ativos também no serviço dentro das comunidades cristãs" (8 e). Educadores na fé, teólogos, formadores, animadores espirituais e catequistas, ativos na salvaguarda e na administração: sua contribuição é "indispensável para a missão da Igreja" (8 e). Os diferentes carismas devem, portanto, ser "evidenciados, reconhecidos e plenamente valorizados" (8 f), e não menosprezados, apenas suprindo a falta de sacerdotes, ou pior, ignorados, subutilizados e "clericalizados" (8 f).

Mulheres

Forte é o compromisso pedido à Igreja, então, para o acompanhamento e a compreensão das mulheres em todos os aspectos de suas vidas, incluindo os pastorais e sacramentais. As mulheres, diz o documento, "exigem justiça em uma sociedade marcada pela violência sexual e desigualdades econômicas, e pela tendência de tratá-las como objetos" (9 c). "O acompanhamento e a forte promoção das mulheres andam de mãos dadas".

Clericalismo e machismo

Muitas mulheres presentes no Sínodo "expressaram profunda gratidão pelo trabalho dos padres e bispos, mas também falaram de uma Igreja que fere" (9f). "O clericalismo, o machismo e o uso inadequado da autoridade continuam a marcar a face da Igreja e a prejudicar a comunhão". É necessária uma "profunda conversão espiritual e mudanças estruturais", bem como "um diálogo entre homens e mulheres sem subordinação, exclusão ou competição" (9 h).

Diaconato feminino

As opiniões variam sobre o acesso das mulheres ao diaconato (9 j): para alguns, é um passo "inaceitável", "em descontinuidade com a Tradição"; para outros, restauraria uma prática da Igreja primitiva; outros ainda o veem como "uma resposta apropriada e necessária aos sinais dos tempos" para "renovar a vitalidade e a energia da Igreja". Há ainda aqueles que expressam "o temor de que esse pedido seja a expressão de uma perigosa confusão antropológica, aceitando que a Igreja se alinhe com o espírito dos tempos".

Os padres e as mães do Sínodo pedem para continuar "a pesquisa teológica e pastoral sobre o acesso das mulheres ao diaconato", usando os resultados das comissões especialmente criadas pelo Papa e a pesquisa teológica, histórica e exegética já realizada: "se possível, os resultados devem ser apresentados na próxima sessão da Assembleia" (9 n).

Discriminação e abusos

Enquanto isso, a urgência de "garantir que as mulheres participem dos processos de tomada de decisão e assumam papéis de responsabilidade no cuidado pastoral e no ministério" é reiterada, e o Direito Canônico deve ser adaptado de acordo (9m). Os casos de discriminação no emprego e remuneração injusta também devem ser abordados, inclusive na Igreja, onde "as mulheres consagradas são frequentemente consideradas mão de obra barata" (9 o). Em vez disso, o acesso das mulheres à educação teológica e aos programas de formação deve ser ampliado (9 p), incluindo a promoção do uso de linguagem inclusiva em textos litúrgicos e documentos da Igreja (9 q).

Vida Consagrada

Observando a riqueza e a variedade das diferentes formas de Vida Consagrada, se adverte contra a "persistência de um estilo autoritário, que não abre espaço para o diálogo fraterno". É aqui que se geram casos de abusos de vários tipos contra pessoas consagradas e membros de agregações leigas, especialmente mulheres. O problema "requer intervenções decisivas e apropriadas" (10 d).

Diáconos e formação

A gratidão é então expressa aos diáconos "chamados a viver seu serviço ao Povo de Deus em uma atitude de proximidade com as pessoas, de acolhimento e de escuta de todos" (11 b). O perigo é sempre o clericalismo, uma "deformação do sacerdócio" a ser combatida "desde as primeiras etapas da formação", graças a "um contato vivo" com o povo e com os necessitados (11 c). Nessa linha, pede-se também que os seminários ou outros cursos de formação dos candidatos ao ministério estejam ligados à vida cotidiana das comunidades (11 e), a fim de evitar "os riscos do formalismo e da ideologia que levam a atitudes autoritárias e impedem o verdadeiro crescimento vocacional".

Celibato

Foi mencionado o tema do celibato, que recebeu diferentes avaliações durante a assembleia. "Todos", pode-se ser no Relatório, "apreciam seu valor profético e o testemunho de conformação a Cristo; alguns se perguntam se sua adequação teológica com o ministério sacerdotal deve necessariamente se traduzir na Igreja latina em uma obrigação disciplinar, especialmente onde os contextos eclesiais e culturais o tornam mais difícil. Esse não é um tema novo, que precisa ser aprofundado".

Bispos

Há uma ampla reflexão sobre a figura e o papel do bispo, que é chamado a ser "um exemplo de sinodalidade" (12 c) ao exercer a "corresponsabilidade", entendida como o envolvimento de outros atores dentro da diocese e do clero, de modo a aliviar a "sobrecarga de compromissos administrativos e jurídicos" que muitas vezes atrapalham sua missão (12 e). Juntamente com isso, o bispo "nem sempre encontra apoio humano e espiritual" e "a experiência dolorosa de certa solidão não é incomum" (12 e).

Casos de abusos

Sobre a questão dos abusos, que "coloca muitos bispos na dificuldade de conciliar o papel de pai e o de juiz" (12 i), sugere-se "considerar a possibilidade de confiar a tarefa judicial a outro órgão, a ser especificado canonicamente" (12 i).

Formação (PARTE III)

Em seguida, pede-se uma "abordagem sinodal" para a formação, recomendando, antes de tudo, "aprofundar o tema da educação afetiva e sexual, acompanhar os jovens em seu caminho de crescimento e apoiar o amadurecimento afetivo daqueles que são chamados ao celibato e à castidade consagrada" (14 g). Pede-se que aprofunde o diálogo com as ciências humanas (14 h) de modo a desenvolver "questões que são controversas até mesmo dentro da Igreja" (15 b).

Ou seja, questões "relacionadas à identidade de gênero e à orientação sexual, ao fim da vida, a situações matrimoniais difíceis e a problemas éticos relacionados à inteligência artificial". Para a Igreja, essas "colocam questões novas" (15 g). "É importante dedicar o tempo necessário para essa reflexão e investir nela as melhores energias, sem ceder a julgamentos simplificadores que ferem as pessoas e o Corpo da Igreja", lembrando que "muitas indicações já são oferecidas pelo Magistério e estão esperando para serem traduzidas em iniciativas pastorais apropriadas".

A escuta

Com a mesma preocupação, o convite é renovado para uma escuta "autêntica" das "pessoas que se sentem marginalizadas ou excluídas da Igreja, por causa de sua situação conjugal, identidade e sexualidade" e que "pedem para serem ouvidas e acompanhadas, e que sua dignidade seja defendida". Seu desejo é "voltar para 'casa'", na Igreja, e "ser ouvido e respeitado, sem medo de se sentir julgado", afirma a Assembleia, reafirmando que "os cristãos não podem deixar de respeitar a dignidade de qualquer pessoa" (16 h).

Poligamia

À luz das experiências relatadas na assembleia por alguns membros do Sínodo da África, o SECAM (Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagascar) é incentivado a promover "um discernimento teológico e pastoral" sobre a questão da poligamia e "o acompanhamento de pessoas em uniões poligâmicas que estão chegando à fé" (16 q)

Cultura digital

Por fim, o Relatório de Síntese fala sobre o ambiente digital. O incentivo é para "alcançar a cultura atual em todos os espaços onde as pessoas buscam significado e amor, incluindo seus celulares e tablets" (17 c), tendo em mente que a Internet "também pode causar danos e lesões, por exemplo, por meio de bullying, desinformação, exploração sexual e dependência". É urgente, portanto, "refletir sobre como a comunidade cristã pode apoiar as famílias para garantir que o espaço on-line não seja apenas seguro, mas também espiritualmente vivificante" (17 f).

Salvatore Cernuzio - Vatican News

Papa com algumas das mulheres participantes do Sínodo

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Reflexão para

o XXX Domingo do Tempo Comum

Não existe outra forma para amar e reverenciar o Senhor do que amar e servir seus filhos queridos, criados à sua própria imagem e semelhança.

A primeira leitura deste domingo, tirada do livro do Êxodo, nos anuncia o relacionamento fraterno que deverá reinar entre os homens, fruto da justiça e do amor.

Nas sociedades vizinhas a Israel e, também nas nossas, o pequeno, o derrotado, o fraco, o empobrecido, os sem oportunidades são embrutecidos pelos poderosos, pelos ricos, pelos vitoriosos, pelos que tiveram tudo isso. Deus diz a Israel e também a nós, que nosso modo de proceder em relação ao pequeno não deverá ser assim, pelo contrário. O empobrecido deverá ser ocasião de nossa demonstração de amor a Deus e de abertura para os ditames de seu coração.

No Evangelho de Mateus, mas em um capítulo anterior ao que a liturgia de hoje nos propõe, Jesus repete de forma positiva o que o rabino Hilel ensinou: “O que não te agrada, não o farás a teu próximo! Esta é toda a lei: o restante é comentário”. Jesus disse: “Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o também vós a eles: nisto estão toda a Lei e os Profetas”.

A passagem escolhida para hoje fala que o maior mandamento da Lei é amar o Senhor de todo o coração e com toda alma e todo entendimento e o segundo é amar o próximo como a si mesmo. Na verdade esse mandamento é um só. Amar a Deus sobre todas as coisas é mais do que reservar um tempo para atividades piedosas de oração, é amar com toda intensidade seus filhos, é venerá-lo em cada ser humano, especialmente nos mais pequenos. Ele disse que aquilo que fizermos ao menor de seus irmãos, será a Ele que estamos fazendo.

Portanto não existe outra forma para amar e reverenciar o Senhor do que amar e servir seus filhos queridos, criados à sua própria imagem e semelhança.

E aí vem a questão dos desafortunados pela sorte. Jesus se fez homem pobre, sofredor, humilhado e, também em seus discursos, se assemelhou a eles. Na celebração do amor, na última ceia, fez o papel de escravo, lavando os pés de seus discípulos.

Morreu em um suplício abominável, humilhado e nu, no meio de dois bandidos, como malfeitor.

O Senhor, quando foi tentado no deserto, rejeitou Satanás com suas pompas e suas obras.

Que nosso batismo seja recordado em cada momento de nossa vida, ao abandonarmos os falsos deuses do egocentrismo, do poder e da soberba, ao assumirmos o serviço de Deus único e verdadeiro no relacionamento fraterno, que nos foi proposto desde o Antigo Testamento.

Adorar e servir o Senhor é amar e servir o próximo!

Padre Cesar Augusto, SJ – Vatican News

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                                                                                                                    Fonte: vaticannews.va

Sábia reflexão:

Paixão por Deus e compaixão pelo ser humano

José Antonio Pagola

Quando as religiões esquecem o essencial, facilmente se adentram por caminhos de mediocridade piedosa ou de casuística moral, que não só incapacitam para uma sã relação com Deus, mas podem até prejudicar gravemente as pessoas. Nenhuma religião escapa deste risco.

A cena narrada nos evangelhos tem como pano de fundo uma atmosfera religiosa em que sacerdotes e mestres da Lei classificam centenas de mandamentos da Lei divina em “fáceis” e “difíceis”, “graves” e “leves”, “pequenos” e “grandes”. É quase impossível mover-se com um coração saudável nessa rede.

A pergunta que fazem a Jesus procura recuperar o essencial, descobrir o “espírito perdido”. Qual é o mandamento principal? O que é o essencial? Onde está o núcleo de tudo? A resposta de Jesus, como a de Hillel e outros mestres judeus, resume a fé básica de Israel: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu ser”. “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”.

Que ninguém pense que, ao falar do amor a Deus, se está falando de emoções ou sentimentos para com um Ser imaginário, nem de convites a orações e devoções. “Amar a Deus com todo o coração” é reconhecer humildemente o Mistério último da vida; orientar confiantemente a existência de acordo com sua vontade: amar a Deus como Pai, que é bom e nos quer bem.

Tudo isto marca decisivamente a vida, pois significa louvar a existência a partir de sua raiz; participar na vida com gratidão; optar sempre pelo bom e pelo belo; viver com coração de carne e não de pedra; resistir a tudo o que trai a vontade de Deus negando a vida e a dignidade de seus filhos e filhas.

Por isso o amor de Deus é inseparável do amor aos irmãos. Assim o lembra Jesus: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. O amor real a Deus não é possível sem dar atenção ao sofrimento de seus filhos e filhas.

Que religião seria aquela em que a fome dos desnutridos ou o excesso dos satisfeitos não provocasse nenhuma pergunta nem preocupação aos crentes? Não estão desencaminhados aqueles que resumem a religião de Jesus como “paixão por Deus e compaixão pela humanidade”.

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JOSÉ ANTONIO PAGOLA cursou Teologia e Ciências Bíblicas na Pontifícia Universidade Gregoriana, no Pontifício Instituto Bíblico de Roma e na Escola Bíblica e Arqueológica Francesa de Jerusalém. É autor de diversas obras de teologia, pastoral e cristologia. Atualmente é diretor do Instituto de Teologia e Pastoral de São Sebastião. Este comentário é do livro “O Caminho Aberto por Jesus”, da Editora Vozes.
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                                                 Reflexão: franciscanos.org.br       Banner: Fr. Fábio M. Vasconcelos

sexta-feira, 27 de outubro de 2023

Papa na Oração pela Paz:

Maria, intercedei pelo mundo em perigo

Ao final desta sexta-feira, 27 de outubro, dia de jejum, oração e penitência convocado pelo próprio pontífice, a Basílica de São Pedro acolheu várias denominações cristãs para implorar a paz no mundo. Na conclusão do Santo Rosário e antes da Adoração Eucarística, Francisco rezou a Oração pela Paz, pedindo a intercessão de Nossa Senhora "nestes tempos dilacerados pelos conflitos e devastados pelas armas".

O Papa Francisco presidiu a Oração pela Paz na Basílica de São Pedro ao final da tarde desta sexta-feira (27), encerrando o dia de jejum, oração e penitência que viu a participação de várias denominações cristãs e pessoas pertencentes a outras religiões. O Pontífice foi quem guiou o Santo Rosário e a Adoração Eucarística para implorar a paz no mundo.

Na conclusão do encontro na Basílica de São Pedro, o Papa Francisco rezou a Oração pela Paz, invocando Nossa Senhora que "tem sofrido conosco e por nós", ao ver muitos dos seus "filhos provados pelos conflitos, angustiados com as guerras que dilaceram o mundo". Nesta que o Pontífice descreveu como uma "hora escura" em que o mundo vive, buscou o exemplo de Maria que sempre confiou em Deus diante das inquietações, dos temores e provações: "confiastes em Deus, e à apreensão respondestes com a solicitude, ao pavor com o amor, à angústia com o oferecimento". E Francisco continuou:

“Agora, Mãe, tomai a iniciativa por nós, novamente nestes tempos dilacerados pelos conflitos e devastados pelas armas. Voltai o vosso olhar de misericórdia para a família humana, que perdeu a senda da paz, preferiu Caim a Abel e, tendo esquecido o sentido da fraternidade, não reencontra a atmosfera de casa. Intercedei pelo nosso mundo em perigo e tumulto. Ensinai-nos a acolher e cuidar da vida – de toda a vida humana! – e a repudiar a loucura da guerra, que semeia morte e apaga o futuro.”

Mesmo que estejamos "ocupados com as nossas necessidades e distraídos com tantos interesses mundanos", não se canse de nós, insistiu o Papa a Maria, porque "sozinhos, não conseguimos": "tomai-nos pela mão, conduzi-nos à conversão, fazei-nos colocar Deus em primeiro lugar. Ajudai-nos a guardar a unidade na Igreja, e a ser artesãos de comunhão no mundo".

Na Oração pela Paz, Francisco ainda implorou "misericórdia" a quem "está preso no ódio, convertei quem alimenta e excita conflitos. Enxugai as lágrimas das crianças, assisti os idosos que estão sozinhos, amparai os feridos e os doentes, protegei quem teve de deixar a sua terra e os afetos mais queridos, consolai os desanimados, despertai a esperança".

O Papa, ao concluir a Oração, pediu a intercessão de Nossa Senhora para "inspirar caminhos de paz aos responsáveis das nações", para "reconciliar os filhos, seduzidos pelo mal, cegados pelo poder e pelo ódio". Enfim, Francisco pediu "compaixão de todos", ensinando-nos "a cuidar dos outros".

A Oração pela Paz do Papa Francisco

"Maria, pousai o vosso olhar sobre nós; eis-nos aqui na vossa presença! Vós sois Mãe, conheceis as nossas canseiras e as nossas misérias. Vós, Rainha da Paz, sofreis conosco e por nós, ao ver muitos dos vossos filhos provados pelos conflitos, angustiados com as guerras que dilaceram o mundo.

Nesta hora escura, colocamo-nos sob os vossos olhos luminosos e confiamo-nos ao vosso coração, sensível aos nossos problemas. Ele não esteve imune de inquietações e temores. Quanta apreensão ao ver que não havia lugar para Jesus na hospedaria! Quanto medo naquela fuga precipitada para o Egito, pois Herodes queria matá-Lo! Quanta angústia, quando O perdestes no templo! Mas, nas provações, fostes corajosa e audaz: confiastes em Deus, e à apreensão respondestes com a solicitude, ao pavor com o amor, à angústia com o oferecimento. Em vez de Vos alhear, nos momentos decisivos, tomastes a iniciativa: fostes apressadamente ter com Isabel, nas bodas de Caná obtivestes de Jesus o primeiro milagre, no Cenáculo mantivestes unidos os discípulos. E, quando no Calvário uma espada Vos trespassou a alma, Vós, mulher humilde e forte, tecestes de esperança pascal a noite do sofrimento.

Agora, Mãe, tomai a iniciativa por nós, novamente nestes tempos dilacerados pelos conflitos e devastados pelas armas. Voltai o vosso olhar de misericórdia para a família humana, que perdeu a senda da paz, preferiu Caim a Abel e, tendo esquecido o sentido da fraternidade, não reencontra a atmosfera de casa. Intercedei pelo nosso mundo em perigo e tumulto. Ensinai-nos a acolher e cuidar da vida – de toda a vida humana! – e a repudiar a loucura da guerra, que semeia morte e apaga o futuro.

Maria, já muitas vezes viestes até nós pedindo oração e penitência. Mas nós, ocupados com as nossas necessidades e distraídos com tantos interesses mundanos, temos permanecido surdos aos vossos convites. Contudo Vós, que nos amais, não Vos canseis de nós. Tomai-nos pela mão, conduzi-nos à conversão, fazei-nos colocar Deus em primeiro lugar. Ajudai-nos a guardar a unidade na Igreja, e a ser artesãos de comunhão no mundo. Recordai-nos a importância da nossa função, fazei-nos sentir responsáveis pela paz, chamados a rezar e adorar, a interceder e reparar por todo o género humano.

Sozinhos, não conseguimos; sem o vosso Filho, nada podemos fazer. Mas Vós levai-nos a Jesus, que é a nossa paz. Por isso, Mãe de Deus e nossa, vimos a Vós, buscamos refúgio no vosso Coração Imaculado. Imploramos misericórdia, Mãe da misericórdia; paz, Rainha da paz! Movei o íntimo de quem está preso no ódio, convertei quem alimenta e excita conflitos. Enxugai as lágrimas das crianças, assisti os idosos que estão sozinhos, amparai os feridos e os doentes, protegei quem teve de deixar a sua terra e os afetos mais queridos, consolai os desanimados, despertai a esperança.

A Vós confiamos e consagramos, para sempre, as nossas vidas, todas as fibras do nosso ser, aquilo que temos e somos. A Vós consagramos a Igreja para que, dando ao mundo testemunho do amor de Jesus, seja sinal de concórdia e instrumento de paz. Consagramo-Vos o nosso mundo, especialmente os países e as regiões em guerra.

Vós, aurora da salvação, abri frestas de luz na noite dos conflitos. Vós, morada do Espírito Santo, inspirai caminhos de paz aos responsáveis das nações. Vós, Senhora de todos os povos, reconciliai os vossos filhos, seduzidos pelo mal, cegados pelo poder e pelo ódio. Vós, que estais próxima de cada um, encurtai as nossas distâncias. Vós, que tendes compaixão de todos, ensinai-nos a cuidar dos outros. Vós, que revelais a ternura do Senhor, tornai-nos testemunhas da sua consolação. Vós, Rainha da Paz, derramai nos corações a harmonia de Deus. Amém."

Andressa Collet - Vatican News

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                                                                                                                    Fonte: vaticannews.va

30º Domingo do Tempo Comum:

Leituras e Reflexão
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1ª Leitura: Êx 22,20-26

Leitura do livro do Êxodus:

Assim diz o Senhor: Não oprimas nem maltrates o estrangeiro, pois vós fostes estrangeiros na terra do Egito. Não façais mal algum à viúva nem ao órfão. Se os maltratardes, gritarão por mim, e eu ouvirei o seu clamor. Minha cólera, então, se inflamará e eu vos matarei à espada; vossas mulheres ficarão viúvas e órfãos os vossos filhos.

Se emprestares dinheiro a alguém do meu povo, a um pobre que vive ao teu lado, não sejas um usurário, dele cobrando juros. Se tomares como penhor o manto do teu próximo, deverás devolvê-lo antes do pôr-do-sol. Pois é a única veste que tem para o seu corpo, e coberta que ele tem para dormir. Se clamar por mim, eu o ouvirei, porque sou misericordioso.

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Responsório: Sl 17

- Eu vos amo, ó Senhor,/ sois minha força e salvação.

- Eu vos amo, ó Senhor,/ sois minha força e salvação.

- Eu vos amo, ó Senhor!/ Sois minha força,/ minha rocha, meu refúgio e Salvador!/ Ó meu Deus, sois o rochedo que me abriga,/ minha força e poderosa salvação.

- Ó meu Deus,/ sois o rochedo que me abriga,/ sois meu escudo e proteção: em vós espero! Invocarei o meu Senhor:/ a ele a glória!/ E dos meus perseguidores serei salvo!

- Viva o Senhor!/ Bendito seja o meu Rochedo!/ E louvado seja Deus, meu Salvador!/ Concedeis ao vosso rei grandes vitórias/ e mostrais misericórdia ao vosso Ungido.

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2ª Leitura: 1Ts 1,5c-10
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses:

Irmãos: Sabeis de que maneira procedemos entre vós, para o vosso bem. E vós vos tornastes imitadores nossos e do Senhor, acolhendo a Palavra com a alegria do Espírito Santo, apesar de tantas tribulações. Assim vos tornastes modelo para todos os fiéis da Macedônia e da Acaia.

Com efeito, a partir de vós, a Palavra do Senhor não se divulgou apenas na Macedônia e na Acaia, mas a vossa fé em Deus propagou-se por toda parte. Assim, nós já nem precisamos falar, pois as pessoas mesmas contam como vós nos acolhestes e como vos convertestes, abandonando os falsos deuses, para servir ao Deus vivo e verdadeiro, esperando dos céus o seu Filho, a quem ele ressuscitou dentre os mortos: Jesus, que nos livra do castigo que está por vir.

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Evangelho: Mt 22,34-40

Proclamação do Evangelho de São Mateus:

Os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito os saduceus se calarem. Então eles se reuniram em grupo, e um deles perguntou a Jesus para o tentar: «Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?» Jesus respondeu: «Ame ao Senhor seu Deus com todo o seu coração, com toda a sua alma, e com todo o seu entendimento. Esse é o maior e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a esse: Ame ao seu próximo como a si mesmo. Toda a Lei e os Profetas dependem desses dois mandamentos.»

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Reflexão do padre Johan Konings:

Amar a Deus e ao próximo

Jesus resume a Lei, a norma ética, em “amar Deus e o próximo”. Tendo claro que “amar”, neste contexto, não significa mero sentimento, mas opção ética, podemos desdobrar este ensinamento em duas perguntas:

1) Pode-se amar Deus sem amar ao próximo? Não. Já na antiga “Lei da Aliança”, mil anos antes de Cristo, “amar a Deus” significa, concretamente, ajudar ao próximo: a viúva, o órfão, o estrangeiro, o povo em geral: o direito do pobre clama a Deus (1ª leitura).

Na mesma linha, Jesus, interrogado sobre qual é o maior mandamento, vincula o amor a Deus ao amor ao próximo, e acrescenta que desses dois mandamentos dependem todos os outros (evangelho). Todas as normas éticas devem ser interpretadas à luz do amor a Deus e ao próximo, que são inseparáveis. É impossível optar por Deus sem ser solidário com seus filhos (1Jo 4,20). A verdadeira religião é dedicar-se aos necessitados (Tg 1,27). Na prática, o “amor a Deus” (a religião) passa necessariamente pelo “sacramento do pobre e do oprimido”, ou seja, pela opção por aqueles cuja miséria clama a Deus, seu “Defensor”. Entre Deus e nós está o necessitado. Só se dedicando a este, temos acesso a Deus. Mas não basta uma esmola. Com a nossa atual compreensão da sociedade e da história, a dedicação ao empobrecido não se limita à escola, mas exige novas estruturas. Importa trabalhar as estruturas da sociedade e transforma-las de tal modo que o bem-estar do fraco e do pobre estejam garantido pela solidariedade de todos, numa estrutura política e social que seja eficaz.

2) Pode-se amar o próximo sem amar a Deus? Nosso mundo é, como se diz, “secularizado”. Não dá muito lugar a Deus. Não nos enganem as aparências, os shows religiosos que aparecem em teatro e televisão, pois esse tipo de religiosidade, muitas vezes, não passa de um produto de consumo, no meio de tantos outros. Não é compromisso com Deus. Ao mesmo tempo, pessoas com profundo senso ético dizem: já não precisamos de Deus para explicar o universo. Será que ainda precisamos dele para sermos éticos, para respeitar nosso semelhante, para “amar o próximo?” Será que não basta ser bom para com os outros, sem apelar a Deus? Para que “amar a Deus”? Para que a religião? Eis a resposta: para amar bem o irmão, devemos também “amar a Deus”, aderir a ele (embora não necessariamente por uma religião explícita). Isso, porque o que entendemos por Deus é o absoluto, o incondicional, aquele que tem a última palavra, que sempre nos transcende e está acima de nossos interesses pessoais. Se não buscamos ouvir essa palavra última, pode acontecer que nos ocupemos com o próximo para nos amar a nós mesmos (amor pegajoso, interesseiro, sufocante etc.)

Como cristão, conhecendo “Deus” como Pai de Jesus Cristo e como a fonte do amor que este nos manifestou, devemos perguntar sempre se nossa prática de solidariedade é realmente orientada pelo absoluto, por Deus, aquele que Jesus chama de Pai. Senão, vamos conceber nosso amor de acordo com a nossa medida, que é sempre pequena demais…

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PE. JOHAN KONINGS nasceu na Bélgica em 1941, onde se tornou Doutor em Teologia pela Universidade Católica de Lovaina, ligado ao Colégio para a América Latina (Fidei Donum). Veio ao Brasil, como sacerdote diocesano, em 1972. Em 1985 entrou na Companhia de Jesus (Jesuítas) e, desde 1986, atuou como professor de exegese bíblica na FAJE, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Faleceu no dia 21 de maio de 2022. Este comentário é do livro “Liturgia Dominical, Editora Vozes.

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Reflexão em vídeo de Frei Gustavo Medella

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               Reflexão: franciscanos.org.br  Banners 1 e 2: vaticannews.va. / Fábio M. Vasconcelos