quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Te Deum

“A força de Deus é mais poderosa que os nossos egoísmos"

Com o gesto do Bom Samaritano talvez “possamos encontrar um ‘sentido’ para esse drama que é a pandemia: o de suscitar em nós compaixão, proximidade e solidariedade”. A homilia do Papa Francisco para a cerimônia das Vésperas foi lida pelo cardeal decano Giovanni Battista Re.

Jane Nogara - Vatican News - Neste ano a tradicional cerimônia das Primeiras Vésperas da Solenidade de Maria Mãe de Deus com o Te Deum na Basílica de São Pedro, foi presidida pelo cardeal decano Giovanni Battista Re. Na ocasião o cardeal leu a homilia do Papa Francisco que devido a uma dolorosa ciatalgia não pôde estar presente.

A homilia escrita pelo Papa inicia com um agradecimento:

“Esta tarde, gostaria de dar um breve espaço de agradecimento pelo ano que está se encerrando”. E Francisco pondera: “Poderia parecer forçado, quase chocante, agradecer a Deus no final de um ano como este, marcado pela pandemia”, porém, - continua -, alguém pode perguntar: “qual é o sentido de um drama como este? Não devemos ter pressa em responder a esta pergunta” continua o Santo Padre porque: “a resposta de Deus segue o caminho da Encarnação, como logo cantará a Antífona do Magnificat: ‘Pelo grande amor com que nos amou, Deus enviou o seu Filho em uma carne de pecado’”.

O Bom Samaritano

O Papa sugere então o gesto do Samaritano no qual podemos encontrar um “sentido” para este drama:

“O bom samaritano, quando encontrou aquele pobre homem meio morto na beira da estrada, não lhe fez um discurso para explicar o significado do que lhe acontecera”. E acrescenta: "O samaritano, movido pela compaixão, inclinou-se sobre aquele estranho, tratando-o como um irmão e cuidando dele, fazendo tudo o que estava ao seu alcance", afirmando:

“Aqui, sim talvez possamos encontrar um ‘sentido’ para esse drama que é a pandemia, assim como de outros flagelos que atingem a humanidade: o de suscitar em nós compaixão e de provocar atitudes e gestos de proximidade, cuidado, solidariedade”

Em seguida, o Papa na sua homilia lida pelo cardeal Re agradece a Deus pelas coisas boas que aconteceram na cidade de Roma nos últimos meses de pandemia:

“Muitas pessoas tentaram, sem fazer alarde, tornar o peso da provação mais suportável com seu empenho diário animado pelo amor ao próximo. ‘Porque a bênção e o louvor que mais agrada a Deus é o amor fraterno'”

Além dos profissionais da saúde, sacerdotes e religiosos é destacado um agradecimento especial:

“A todos os que se esforçam a cada dia para levar em frente da melhor forma a própria família e o serviço ao bem comum”, ou seja os administradores de escolas, professores e administradores públicos que colocam o bem comum acima de interesses privados ou partidários. Estes, apesar da situação muito complexa “procuraram realmente o bem de todos a partir dos mais desfavorecidos”.

A graça e a misericórdia de Deus

“Tudo isto – continua Francisco na sua homilia lida pelo cardeal Re - não pode acontecer sem a graça, sem a misericórdia de Deus”.

“Como pode então que tantas pessoas, sem outra recompensa senão a de fazer o bem, encontrem forças para se preocupar com os outros? O que as leva a renunciar a algo de si mesmos, do próprio conforto, de seu tempo, de seus bens, para dar aos outros?”

E conclui o pensamento:

“No fundo, no fundo, mesmo que eles próprios não pensem nisso, é a força de Deus os impele, que é mais poderosa que os nossos egoísmos”

Por isso o louvamos, porque acreditamos e sabemos que todo o bem que se faz no dia a dia na terra vem, no final das contas, d’Ele. E olhando para o futuro que nos espera, novamente imploramos: “Que a tua misericórdia esteja sempre conosco, em ti esperamos”.

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                                                                                                                        Fonte: vaticannews.va

Solenidade de Maria Santa Mãe de Deus:

Leituras e reflexão
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1ª Leitura: Nm 6,22-27

Leitura do Livro dos Números:

O Senhor falou a Moisés, dizendo: “Fala a Aarão e a seus filhos: Ao abençoar os filhos de Israel, dizei-lhes: ‘O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face, e se compadeça de ti! O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz!’ Assim invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel, e eu os abençoarei”.

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 Salmo Responsorial: 66
 Que Deus nos dê a sua graça e sua bênção.

- Que Deus nos dê a sua graça e sua bênção.

- Que Deus nos dê a sua graça e sua bênção,/ e sua face resplandeça sobre nós!/ Que na terra se conheça o seu caminho/ e a sua salvação por entre os povos.

- Exulte de alegria a terra inteira,/ pois julgais o universo com justiça;/ os povos governais com retidão,/ e guiais, em toda a terra, as nações.

- Que as nações vos glorifiquem, ó Senhor,/ que todas as nações vos glorifiquem!/ Que o Senhor e nosso Deus nos abençoe,/ e o respeitem os confins de toda a terra!

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2ª Leitura: Gl 4,4-7

Leitura da Carta de São Paulo aos Gálatas:

Irmãos: Quando se completou o tempo previsto, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sujeito à Lei, a fim de resgatar os que eram sujeitos à Lei e para que todos recebêssemos a filiação adotiva. E porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: Abá — ó Pai! Assim, já não és escravo, mas filho; e se és filho, és também herdeiro: tudo isso por graça de Deus.

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Evangelho:  Lc 2,16-21
Leitura do Evangelho de São Lucas:

Naquele tempo, os pastores foram às pressas a Belém e encontraram Maria e José, e o recém-nascido deitado na manjedoura. Tendo-o visto, contaram o que lhes fora dito sobre o menino. E todos os que ouviram os pastores ficaram maravilhados com aquilo que contavam. Quanto a Maria, guardava todos esses fatos e meditava sobre eles em seu coração. Os pastores voltaram, glorificando e louvando a Deus por tudo que tinham visto e ouvido, conforme lhes tinha sido dito. Quando se completaram os oito dias para a circuncisão do menino, deram-lhe o nome de Jesus, como fora chamado pelo anjo antes de ser concebido.



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Reflexão do Pe. Johan Konings:

Jesus de Maria, bênção do povo

Que sentido tem para você a celebração do Ano Novo? Mais uma festinha? Ou até uma farra? Um costume social? Uma ocasião para demonstrar seu carinho para com os amigos, trocar votos de paz e felicidade, injetar um pouco de otimismo em si mesmo e nos outros?

Para os cristãos, o novo ano litúrgico já começou, há um mês, no 1º domingo do Advento. Celebrar o Ano Novo no 1º de janeiro não é próprio da Igreja; mas os cristãos participam desta celebração como cidadãos da sociedade civil. Participam da celebração do Ano Novo civil com uma festa de Maria, Mãe do Deus Salvador, Jesus Cristo. Querem felicitar de modo especial a Mãe da família dos cristãos – pois, ao visitarmos hoje a casa de nossos amigos, não cumprimentamos primeiro a dona da casa?

Por que a Igreja marca este dia com uma festa de Maria, Mãe de Deus? É um voto de paz e bênção para a sociedade, para o mundo! Pois o filho de Maria é uma bênção para toda a humanidade e o será também neste novo ano civil, que hoje inicia.

A 1ª leitura de hoje nos faz ouvir a bênção de Deus transmitida pelos sacerdotes do templo de Jerusalém. Maria nos transmite uma bênção maior, da parte de Deus: o seu filho, Jesus. Os nossos votos de paz e bênção, neste dia, devem ser a extensão desta bênção que é Jesus, e que Maria fez chegar até nós. Em Jesus é que desejamos paz e bênção aos nossos amigos.

Então, nossos votos serão profundamente cristãos, e não apenas fórmula social ou até desejo egoísta, mera bajulação de “amigos importantes”… Desejaremos aos nossos amigos aquilo que veio até nós em Cristo: o amor de Deus na doação da vida para os irmãos. Esta é a verdadeira paz, que convém desejar neste Dia Mundial da Paz. Somente onde reinam os sentimentos de Jesus – o esquecimento de si para o bem dos irmãos, como pessoas e como sociedade – pode existir a paz que vem de Deus. É este o espírito de Jesus, no qual chamamos a Deus de Pai e aos outros, de irmãos.

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PE. JOHAN KONINGS nasceu na Bélgica em 1941, onde se tornou Doutor em Teologia pela Universidade Católica de Lovaina, ligado ao Colégio para a América Latina (Fidei Donum). Veio ao Brasil, como sacerdote diocesano, em 1972. Em 1985 entrou na Companhia de Jesus (Jesuítas) e, desde 1986, atua como professor de exegese bíblica na FAJE, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Este comentário é do livro “Liturgia Dominical, Editora Vozes.

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                                                      Fonte e ilustração: franciscanos.org.br       Banner: cnbb.org.br

quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Paróquia São José,

Paraisópolis - MG



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                                                                   Fonte: https://www.facebook.com/paroquiaparaisopolis/

Papa nesta quarta-feira:

Com a gratidão, transmitimos esperança ao mundo

Segundo o Papa, “para nós, cristãos, a ação de graças deu o nome ao Sacramento mais essencial que existe: a Eucaristia. Com efeito, a palavra grega significa exatamente isto: agradecimento”.

Vatican News - “A oração de ação de graças” foi o tema da catequese do Papa Francisco, realizada na Biblioteca do Palácio Apostólico, nesta quarta-feira (30/12), na última Audiência Geral deste ano.

Para falar sobre o tema, o Pontífice inspirou-se na passagem do Evangelho de Lucas em que dez leprosos vão ao encontro de Jesus e o imploram a ter compaixão deles.

“Sabemos que para quantos sofrem de lepra, o sofrimento físico era acompanhado de marginalização social e religiosa. Eram marginalizados. Jesus não evita um encontro com eles”, mas “ouve o seu pedido, o seu grito de piedade, e os envia imediatamente aos sacerdotes”.

"Aqueles dez confiam n'Ele, partem imediatamente, e enquanto caminham, os dez são curados. Então, os sacerdotes poderiam ter verificado a sua cura e readmiti-los na vida normal. Mas aqui está o ponto mais importante: daquele grupo, apenas um, antes de ir ter com os sacerdotes, volta para agradecer a Jesus e louvar a Deus pela graça recebida. Somente um. Os outros nove continuam a sua estrada. Jesus observa que aquele homem era samaritano, uma espécie de “herege” para os judeus daquela época. Jesus comenta: «Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro?» É comovente esta passagem", disse o Papa, acrescentando:

Agradecimento, motivo-guia dos nossos dias

Esta narração, por assim dizer, divide o mundo em dois: os que não agradecem e os que o fazem; os que tomam tudo como se lhes fosse devido, e os que aceitam tudo como dom, como graça. A oração de ação de graças começa sempre a partir do reconhecer-se precedido pela graça. Fomos pensados antes que aprendêssemos a pensar; fomos amados antes que aprendêssemos a amar; fomos desejados antes que brotasse um desejo no nosso coração. Se olharmos para a vida desta forma, então o “agradecimento” torna-se o motivo-guia dos nossos dias. Obrigado! Muitas vezes nos esquecemos de dizer: obrigado!

Segundo Francisco, “para nós, cristãos, a ação de graças deu o nome ao Sacramento mais essencial que existe: a Eucaristia. Com efeito, a palavra grega significa exatamente isto: agradecimento”.

Como todos os fiéis os cristãos bendizem a Deus pelo dom da vida. Viver é, sobretudo, ter recebido. Receber a vida. Todos nós nascemos porque alguém desejou a vida para nós. Esta é apenas a primeira de uma longa série de dívidas que contraímos vivendo. Dívidas de gratidão.

“Na nossa existência, mais de uma pessoa fitou-nos com um olhar puro, gratuitamente. Muitas vezes são educadores, catequistas, pessoas que desempenharam o seu papel além da medida exigida pelo dever. E eles fizeram surgir em nós a gratidão. A amizade é também um dom pelo qual devemos estar sempre gratos.”

Ser portadores de gratidão

O Papa ressaltou que “este 'obrigado', que devemos dizer continuamente, este obrigado que o cristão partilha com todos, dilata-se no encontro com Jesus. Os Evangelhos atestam que a passagem de Jesus suscitava frequentemente alegria e louvor a Deus naqueles que o encontravam”.

As histórias de Natal são povoadas de pessoas orantes, cujos corações foram alargados pela vinda do Salvador. E também nós fomos chamados a participar neste imenso júbilo. Isto também é sugerido pelo episódio dos dez leprosos que foram curados. Naturalmente, todos eles ficaram felizes por ter recuperado a saúde, podendo assim sair daquela interminável quarentena forçada que os excluía da comunidade. Mas entre eles havia um que acrescentou alegria à alegria: além da cura, regozijou-se por ter encontrado Jesus. Não só está livre do mal, mas agora também tem a certeza de ser amado. Este é o centro: quando a pessoa agradece, dá graças, expressa a certeza de ser amado. Este é um grande passo. Ter a certeza de ser amado. É a descoberta do amor como a força que governa o mundo. Somos filhos do amor, somos irmão do amor, somos homens e mulheres de graça.

Francisco concluiu a sua  catequese, convidando-nos “a estar na alegria do encontro com Jesus”, a cultivar a alegria e não deixar de agradecer. “Se formos portadores de gratidão, o mundo também se tornará melhor, talvez só um pouco, mas é suficiente para lhe transmitir um pouco de esperança. O mundo precisa de esperança e com a gratidão, com o comportamento de ação de graças, nós transmitimos um pouco de esperança. Tudo está unido e interligado, e cada um pode desempenhar a sua parte onde quer que esteja”. Não devemos “extinguir o Espírito que temos dentro e que nos leva à gratidão”. 

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Assista:

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Celebrar em Família:

Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus

e Solenidade da Epifania do Senhor

Estão disponíveis para download os roteiros para a celebração em casa das duas primeiras solenidades do ano: Santa Maria Mãe de Deus e Epifania do Senhor. O material é oferecido pela Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)

A Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus é no dia primeiro de janeiro. Já a Solenidade da Epifania do Senhor é no primeiro domingo do ano, dia três de janeiro.

Acesse abaixo os roteiros:

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terça-feira, 29 de dezembro de 2020

O 2020 do Papa Francisco:

 a força da oração em tempos de pandemia

A emergência de saúde mundial da Covid-19 interrompeu as viagens internacionais este ano, mas o Pontífice sempre se manteve próximo aos fiéis graças à força da oração.

Isabella Piro/Mariangela Jaguraba – Vatican NewsDomingo, 8 de março de 2020: a linha divisória que separa o “antes” e o “depois” passa por esta data. É o dia do primeiro Angelus do Papa Francisco recitado, ao vivo em áudio-vídeo, da Biblioteca do Palácio Apostólico. O confinamento imposto pela pandemia da Covid-19 é iminente. “É um pouco estranha esta oração do Angelus de hoje, com o Papa 'engaiolado' na Biblioteca, mas vejo vocês, estou próximo a vocês”, disse Francisco no início da transmissão. Depois, no final, um fora de programa: o Papa vai à janela do Palácio Apostólico para abençoar a Praça São Pedro. Ainda não se sabe, mas aquela praça, ao longo dos meses, ficará vazia e silenciosa; será preenchida com a oração do Pontífice e as esperanças do mundo. É ali que, debaixo de chuva, Francisco preside, na noite de 27 de março, sexta-feira da Quaresma, o Momento extraordinário de oração em tempos de pandemia para convidar a humanidade a não ter medo e a confiar-se ao Senhor: “Temos uma esperança: em sua cruz fomos curados e abraçados para que nada e ninguém nos separe de seu amor redentor”, disse ele.

Audiências Gerais: oração, cura e Bem-aventuranças

A oração e a emergência de saúde também retornam nas catequeses das Audiências Gerais de 2020: à primeira, o Papa dedica todo um ciclo que começa em 6 de maio e recomeça em 7 de outubro. A partir do mês e agosto, o Pontífice reflete sobre o tema “Curar o mundo”, lembrando em particular, na quarta-feira 19, a importância do acesso universal à vacina. Um terceiro ciclo de catequeses, de janeiro até o final de abril, foi dedicado às Bem-aventuranças. Até 31 de dezembro próximo, serão um total de 46 audiências gerais, este ano, e 58 as vezes em que o Papa rezará o Angelus e o Regina Coeli, encontrando a ocasião para lançar numerosos apelos pela paz. Prevalece, porém, a exortação de 19 de julho: “Renovo o apelo por um cessar-fogo global e imediato, que permita a paz e a segurança indispensáveis para fornecer a assistência humanitária necessária.” De 9 de março a 18 de maio, as igrejas na Itália foram proibidas de celebrar com a presença do povo e o Pontífice autorizou a transmissão áudio-vídeo ao vivo da missa por ele presidida todas as manhãs às 7h na Casa Santa Marta. A última transmissão ao vivo realizou-se da Basílica Vaticana na manhã de 18 de maio, centenário do nascimento de São João Paulo II.

“Fratelli tutti” e “Querida Amazônia”

2020 foi também o ano da terceira Encíclica do Papa Francisco: em 4 de outubro, foi publicada a “Fratelli tutti”, na qual o Pontífice indica a fraternidade e a amizade social como vias primárias para construir um mundo melhor. Antes, em 12 de fevereiro, foi divulgada a Exortação Apostólica “Querida Amazônia”, fruto do Sínodo Especial para a Região Pan-amazônica, realizado em outubro de 2019. O texto representa o desejo de Francisco de uma Igreja com rosto amazônico e traça novos caminhos de evangelização e de cuidado do meio ambiente. Não por acaso, este ano também se celebra o quinto aniversário da segunda Encíclica do Papa Francisco, “Laudato si”, celebrada, em 18 de junho, com o documento “A caminho para cuidar da Casa comum”, preparado pela Mesa Inter-dicasterial da Santa Sé sobre ecologia integral e destinado a interpelar todo cristão a uma relação saudável com a Criação. Em 24 de maio, foi lançado um especial “Ano da Laudato si'”, e em 12 de dezembro, o Papa Francisco enviou uma mensagem em vídeo aos participantes da “High Level Virtual Climate Ambition Summit” (Cúpula Virtual de Alto Nível sobre Ambição Climática), conferência de vídeo climática da ONU para reiterar o compromisso do Vaticano de reduzir a zero as emissões de gases de efeito estufa antes de 2050.

O Ano Especial para a Família "Amoris Laetitia"

Entre as Cartas Apostólicas de 2020, destaca-se a “Patris corde”, divulgada em 8 de dezembro, há 150 anos da declaração de São José como Patrono da Igreja Católica feita pelo Beato Pio IX. Para a ocasião, foi anunciado pela Penitenciaria Apostólica um especial “Ano de São José”, que se concluirá em 8 de dezembro de 2021. No Angelus de 27 de dezembro, Francisco anunciou que em 19 de março de 2021 será inaugurado o Ano “Família Amoris Laetitia” que se concluirá em 26 de junho de 2022, com o 10º Encontro Mundial das Famílias, programado para Roma. O ano que se aproxima do fim também contou com algumas celebrações especiais presididas pelo Pontífice: em 26 de janeiro, na Basílica Vaticana, realizou-se a Missa do primeiro Domingo da Palavra de Deus, instituído pelo Papa em 2019. Na noite de 10 de abril, a Praça São Pedro foi o cenário da Via-Sacra, escrita pelos detentos da prisão “Due Palazzi”, em Pádua. No final do rito, o Papa não fez nenhum discurso, mas seu silêncio orante foi mais forte do que qualquer palavra. O mesmo silêncio, cheio de fé, o acompanharia, meses depois, na Praça de Espanha, em Roma: no amanhecer de 8 de dezembro, Solenidade da Imaculada Conceição, o Papa se deteve em oração aos pés da imagem da Virgem.

A Urbi et Orbi da Páscoa e Cabo Delgado no mapa do mundo

Em 12 de abril, Páscoa da Ressurreição, a Basílica Vaticana estava vazia: o Papa presidiu a Missa na presença de poucas pessoas e pronunciou a Urbi et Orbi diante do Altar da Confissão. Naquele dia, o drama de Cabo Delgado, Moçambique, chegou à atenção internacional. Dentre os vários apelos à paz que Francisco lança em sua Mensagem à cidade e ao mundo, há também uma para a província situada no norte do país africano, cenário há três anos de conflito violento. Naquele momento, é como se o Papa colocasse Cabo Delgado no mapa do mundo. No dia 22 de novembro, Solenidade de Cristo Rei, a Basílica Vaticana também recebeu a cerimônia de entrega da Cruz e do Ícone Mariano, símbolos da Jornada Mundial da Juventude, entre os jovens do Panamá, país anfitrião da JMJ 2019, e os jovens de Lisboa, cidade que sediará o evento em 2023. Para a ocasião, o Papa estabeleceu que a celebração diocesana da JMJ seja transferida do Domingo de Ramos para o Domingo de Cristo Rei.

As reformas nos campos judiciário e econômico

Do ponto de vista das reformas, no ano que está chegando ao fim, Francisco assinou vários documentos: em março, promulgou a lei CCCLI sobre o sistema judiciário do Estado da Cidade do Vaticano, que substituiu a que estava em vigor desde 1987, dando maior independência aos magistrados. Em 1º de junho, foi a vez do Motu proprio “Normas sobre transparência, controle e concorrência dos contratos públicos da Santa Sé e da Cidade do Vaticano”, seguido, em 5 de dezembro, pelo novo Estatuto da Autoridade de Informação Financeira, que se torna Autoridade de Supervisão e Informação Financeira. Por fim, em de 28 de dezembro, com o Motu proprio “Sobre algumas competências em matéria econômico-financeira”, a gestão de fundos e imóveis da Secretaria de Estado, incluindo o Óbolo de São Pedro, foi transferida para a APSA. Ao mesmo tempo, foi reforçado o papel de controle da Secretaria para a Economia que terá a função de Secretaria Papal para assuntos econômicos e financeiros. Também significativa foi, em 22 de outubro, a renovação por dois anos do Acordo Provisório entre a Santa Sé e a República Popular da China, assinada em Pequim em 2018 e relativa à nomeação dos bispos. A prorrogação foi seguida, em 24 de novembro, pela nomeação de um novo prelado, dom Thomas Chen Tianhao, que guiará a Diocese de Qingdao.

Relatório McCarrick e a proximidade do Papa às vítimas de abusos

Também em novembro, na terça-feira 10, foi publicado o “Relatório sobre o conhecimento institucional e o processo de decisão da Santa Sé em relação ao ex-cardeal Theodore Edgar McCarrick”. Reconhecido como responsável por abuso sexual de menores e demitido do estado clerical em 2019, o ex-purpurado é objeto de um extenso dossiê que a Secretaria de Estado está elaborando a mando do Papa. O próprio Pontífice fala sobre isso na Audiência Geral em 11 de novembro: “Ontem, foi publicado o Relatório sobre o doloroso caso do ex-cardeal Theodore McCarrick. Renovo minha proximidade às vítimas de todos os abusos e o compromisso da Igreja de desarraigar este mal”, disse ele. No final de 2020, a composição do Colégio Cardinalício muda: em 28 de novembro, no sétimo Consistório de seu Pontificado, Francisco criou 13 novos cardeais, chamando-os para o novo cargo das periferias do mundo: países como Brunei e Ruanda passam a fazer parte da “geografia” do Colégio Cardinalício pela primeira vez. 

Viagens na Itália

Além disso, 2020 é o ano sem nenhuma viagem internacional do Papa, que viaja apenas na Itália. Em 23 de fevereiro, ele foi a Bari para o Encontro de reflexão e espiritualidade “Mediterrâneo, fronteira de paz”. Ali, o Pontífice invocou a paz e a fraternidade, porque a guerra “é uma loucura à qual não podemos nos resignar. Nunca”. Em 3 de outubro, Francisco foi a Assis, em visita particular, e ali, no túmulo do Santo Pobrezinho, assinou a Encíclica “Fratelli tutti”, que seria lançada no dia seguinte.

Videomensagens, sinal de proximidade aos fiéis

Durante esses 12 meses, o Pontífice gravou numerosas videomensagens, dentre as quais as de 25 de setembro e 10 de dezembro. Na primeira, Francisco se dirige à 75ª Assembleia Geral das Nações Unidas e lança um forte apelo à Comunidade internacional para que ponha fim à corrida aos armamentos, proteja os direitos dos migrantes e repense os sistemas econômicos e financeiros. Ele também condenou fortemente o aborto como “serviço essencial” humanitário. A segunda mensagem em vídeo foi dirigida aos participantes do encontro promovido on-line pelo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, sobre a crise na Síria e no Iraque. “Devemos fazer com que a presença cristã, nestas terras, continue sendo o que sempre foi: um sinal de paz, progresso, desenvolvimento e reconciliação.”

Anúncio da viagem ao Iraque, ponte para o futuro

Foi o Iraque que projetou o Pontificado de Francisco para 2021: em 7 de dezembro, foi anunciada a viagem do Papa ao solo iraquiano de 5 a 8 de março próximo. Uma visita que Francisco deseja fortemente, tanto que tinha manifestado a intenção de realizá-la em junho de 2019, na audiência aos participantes do Reunião das Obras de Ajuda às Igrejas Orientais (Roaco). Um sinal nessa direção veio em 25 de janeiro de 2020, quando o Pontífice recebeu no Vaticano Barham Salih, presidente do Iraque.  Portanto, cabe a este país construir uma ponte entre um ano que termina e outro que chega, prenúncio de novas esperanças.

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Assista:
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Vivenciar a CFE 2021

nos passos dos discípulos de Emaús

No caminho rumo à Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE) de 2021, a passagem dos discípulos de Emaús (Lc 24,13-35) é apresentada como “pano de fundo” das reflexões contidas no texto base. Durante o Seminário Nacional da CFE 2021, o subsecretário adjunto de Pastoral e assessor da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-Religioso da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Marcus Barbosa Guimarães, apresentou um “olhar pastoral” do texto dos discípulos de Emaús, relacionando com as reflexões da campanha.

Em 2021, a quinta CFE terá como tema “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor” e o lema “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade” (Ef. 2.14).

O convite dessa campanha, de acordo com padre Marcus, “é educar para o diálogo”. E é por meio dele e do testemunho da unidade na diversidade, “inspirados e inspiradas no amor de Cristo”, que a CFE 2021 quer “convidar comunidades de fé e pessoas de boa vontade para pensar, avaliar e identificar caminhos para a superação das polarizações e das violências que marcam o mundo atual”.

O caminho de Emaús

Assim como após a ressurreição Jesus caminha com os discípulos que retornam a Emaús, o Senhor “entra na nossa caminhada para abrir os nossos olhos, ensinar o diálogo, para nos animar na missão”, relaciona padre Marcus.

Nessa passagem, há um processo em três momentos, refletidos na metodologia ver, julgar e agir aplicada no texto-base da CFE 2021.

O processo de Emaús

“No primeiro momento, o ver, olhar a vida, e ver muitas vezes as escolhas que nós temos feito que não são escolhas de verdadeiros caminhos de fraternidade , mas são atalhos, são desvios de falta de comunhão, de falta de solidariedade, de rupturas entre nós”, contextualiza o padre.

É necessário, segundo Barbosa, “descobrir os projetos de vida que estamos desviando, também como Igrejas, e estão sendo desviados na nossa sociedade”.

Na parte do julgar, a CFE apresenta o convite a voltar-se a Jesus Cristo: “ouvir a palavra, escutar, dialogar, partilhar, como no processo dos discípulos de Emaús”.

Por fim, o chamado a envolver-se na missão, com palavras e, principalmente, com ações concretas. “É o momento do agir. É o terceiro capítulo do texto-base que, no processo dos discípulos de Emaús, a destinação é a missão”, indica padre Marcus.

Assim como os discípulos, “o coração arde, os olhos se abrem e o ardor, que agora reinicia na vida desses discípulos a paixão pela causa do Reino, o anúncio do Evangelho, a dimensão profunda da fraternidade”.

Assim como em Emaús, é no caminho que a experiência do diálogo gera fraternidade.

“Somente pelo diálogo, nos recorda essa Campanha da Fraternidade, nós conseguiremos ir profundamente nas questões da vida. A pedagogia do diálogo gera esperança, constrói pontes, sempre no caminho, porque é um processo. Também nós que estamos na caminhada somos aprendizes do diálogo que gera esperança, e por ele se constroem pontes, se derrubam muros”, afirmou padre Marcus Barbosa.

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Assista à live:

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