quarta-feira, 31 de março de 2021

Quinta-feira Santa:

Leituras da Missa da Ceia do Senhor

...........................................................................................................................................................................

...........................................................................................................................................................................
1ª Leitura: Êx 12,1-8.11-14

Leitura do Livro do Êxodo:

Naqueles dias, o Senhor disse a Moisés e a Aarão no Egito: ”Este mês será para vós o começo dos meses; será o primeiro mês do ano. Falai a toda a comunidade dos filhos de Israel, dizendo: No décimo dia deste mês, cada um tome um cordeiro por família, um cordeiro para cada casa. Se a família não for bastante numerosa para comer um cordeiro, convidará também o vizinho mais próximo, de acordo com o número de pessoas. Deveis calcular o número de comensais, conforme o tamanho do cordeiro.

O cordeiro será sem defeito, macho, de um ano. Podereis escolher tanto um cordeiro, como um cabrito: e devereis guardá-lo preso até ao dia catorze deste mês. Então toda a comunidade de Israel reunida o imolará ao cair da tarde. Tomareis um pouco do seu sangue e untareis os marcos e a travessa da porta, nas casas em que o comerem. Comereis a carne nessa mesma noite, assada ao fogo, com pães ázimos e ervas amargas.

Assim devereis comê-lo: com os rins cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão. E comereis às pressas, pois é a Páscoa, isto é, a ‘Passagem’ do Senhor!

E naquela noite passarei pela terra do Egito e ferirei na terra do Egito todos os primogênitos, desde os homens até os animais; e infligirei castigos contra todos os deuses do Egito, eu, o Senhor.

O sangue servirá de sinal nas casas onde estiverdes. Ao ver o sangue, passarei adiante, e não vos atingirá a praga exterminadora, quando eu ferir a terra do Egito. Este dia será para vós uma festa memorável em honra do Senhor, que haveis de celebrar por todas as gerações, como instituição perpétua”.

.................................................................................................................................
Salmo Responsorial: 115
O cálice por nós abençoado é a nossa comunhão com o sangue do Senhor.

O cálice por nós abençoado é a nossa comunhão com o sangue do Senhor.

- Que poderei retribuir ao Senhor Deus/ por tudo aquilo que ele fez em meu favor?/ Elevo o cálice da minha salvação,/ invocando o nome santo do Senhor.

- É sentida por demais pelo Senhor/ a morte de seus santos, seus amigos./ Eis que sou o vosso servo, ó Senhor,/ mas me quebrastes os grilhões da escravidão!

- Por isso oferto um sacrifício de louvor,/ invocando o nome santo do Senhor./ Vou cumprir minhas promessas ao Senhor/ na presença de seu povo reunido.

.................................................................................................................................
2ª Leitura: 1Cor 11,23-26

Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios:

Irmãos: O que eu recebi do Senhor foi isso que eu vos transmiti: Na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o e disse: “Isto é o meu corpo que é dado por vós. Fazei isto em minha memória”.

Do mesmo modo, depois da ceia, tomou também o cálice e disse: “Este cálice é a nova aliança, em meu sangue. Todas as vezes que dele beberdes, fazei isto em minha memória”. Todas as vezes, de fato, que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, estareis proclamando a morte do Senhor, até que ele venha.

.................................................................................................................................
Evangelho:  Jo 13,1-15
Leitura do Evangelho de São João:

Era antes da festa da Páscoa. Jesus sabia que tinha chegado a sua hora de passar deste mundo para o Pai; tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim.

Estavam tomando a ceia. O diabo já tinha posto no coração de Judas, filho de Simão Iscariotes, o propósito de entregar Jesus. Jesus, sabendo que o Pai tinha colocado tudo em suas mãos e que de Deus tinha saído e para Deus voltava, levantou-se da mesa, tirou o manto, pegou uma toalha e amarrou-a na cintura. Derramou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos, enxugando-os com a toalha com que estava cingido.

Chegou a vez de Simão Pedro. Pedro disse: “Senhor, tu me lavas os pés?” Respondeu Jesus: “Agora, não entendes o que estou fazendo; mais tarde compreenderás”.

Disse-lhe Pedro: “Tu nunca me lavarás os pés!” Mas Jesus respondeu: “Se eu não te lavar, não terás parte comigo”. Simão Pedro disse: “Senhor, então lava não somente os meus pés, mas também as mãos e a cabeça”.

Jesus respondeu: “Quem já se banhou não precisa lavar senão os pés, porque já está todo limpo. Também vós estais limpos, mas não todos”.

Jesus sabia quem o ia entregar; por isso disse: ‘Nem todos estais limpos’. Depois de ter lavado os pés dos discípulos, Jesus vestiu o manto e sentou-se de novo. E disse aos discípulos: “Compreendeis o que acabo de fazer? Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, pois eu o sou. Portanto, se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz”.

.................................................................................................................................

Quinta-feira Santa:

Celebração Profética da Páscoa

Nos séculos IV e V, quando se formou o Rito romano, a Quinta-feira era o dia da reconciliação dos penitentes públicos para que pudessem celebrar com o fruto o Tríduo Pascal. Também na Liturgia renovada atual, a Quinta-feira Santa tem dois momentos bem distintos. É simplesmente um Dia de semana da Semana Santa com Ofício do Dia de semana na Quaresma, e marca o início do Tríduo pascal com a Missa Vespertina da Ceia do Senhor. Temos ainda, na parte da manhã, a Missa do Crisma.

Mas se quisermos caracterizar a Quinta-feira Santa no seu mistério mais profundo, podemos dizer que celebra profeticamente a Páscoa de Jesus Cristo prolongada na Igreja. Esta Igreja que nasce, como esposa, do lado aberto de Cristo, esta Igreja gerada como Corpo místico de Cristo pela celebração dos Sacramentos e a prática do novo mandamento. Em outras palavras, podemos dizer que na Quinta-feira Santa sela-se o Testamento da Nova Aliança, em torno dos Sacramentos, especialmente da Eucaristia, e do novo Mandamento, significado pelo lava-pés. Jesus continua o seu serviço de salvação através da Igreja. A seu serviço estão os diversos ministérios, especialmente os ministérios ordenados. Assim, podemos seguir uma linha unitária. Na Missa do Crisma reúne-se a Igreja local. Não só o clero, mas toda a Igreja como povo sacerdotal, profético e real. Realiza-se a bênção e a consagração dos óleos para a celebração dos Sacramentos pelo Povo de Deus animado pelo Espírito Santo. Os óleos são usados na maioria dos Sacramentos: Batismo, Crisma, Unção dos Enfermos e Ordem. É o Espírito que forma o Corpo místico de Cristo.

Na Missa vespertina da Ceia do Senhor dá-se especial realce ao mistério da Eucaristia. Também aqui os mistérios celebrados podem ser vistos numa linha unitária. No centro de tudo está o Mandamento da Caridade, significado pelo lava-pés (cL Ev., Jo 13,1-15). Mas ele se realiza de maneira forte na Eucaristia, no Corpo dado e no Sangue derramado. Para que, através da Eucaristia, a Igreja se torne sacramento de unidade na caridade, eis o sacerdócio ministerial.

A Igreja, Comunidade de amor, alimentada e expressa pela Eucaristia e animada pelos ministros ordenados, nasce do mistério pascal de Cristo. Nesta noite ele é entregue e entrega-se aos discípulos como Corpo dado e Sangue derramado, antecipação de sua total entrega ao Pai.

Poderíamos dizer que na Quinta-feira Santa a Comunidade eclesial celebra o mistério da Igreja nascida do mistério pascal de Cristo.

“Viver o Ano Litúrgico”, textos de Frei Alberto Beckhäuser, Editora Vozes.

.......................................................................................................................................................
                                                      Fonte e ilustração: franciscanos.org.br       Banner: cnbb.org.br

Papa Francisco na Catequese de hoje:

neste Calvário de morte,
Jesus sofre nos seus discípulos

"Já imersos na atmosfera espiritual da Semana Santa, estamos na vigília do Tríduo pascal. De amanhã até domingo, viveremos os dias centrais do Ano" litúrgico, celebrando o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor", disse Francisco no início de sua catequese na Audiência Geral desta quarta-feira.

Mariangela Jaguraba - Vatican News"O Tríduo Pascal" foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira, realizada na Biblioteca do Palácio Apostólico.

"Já imersos na atmosfera espiritual da Semana Santa, estamos na vigília do Tríduo pascal. De amanhã até domingo, viveremos os dias centrais do Ano" litúrgico, celebrando o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor. Vivemos este mistério todas as vezes que celebramos a Eucaristia. Quando vamos à missa, vamos não apenas para rezar, mas para renovar este mistério. É como se fôssemos ao Calvário para renovar o mistério pascal", disse o Pontífice no início de sua catequese.

Testamento do seu amor na Eucaristia

A seguir, o Papa recordou que "na noite de Quinta-feira Santa, ao entrarmos no Tríduo pascal, reviveremos na Missa in Coena Domini o que aconteceu na Última Ceia. É a noite em que Cristo entregou aos seus discípulos o testamento do seu amor na Eucaristia, não como uma lembrança, mas como um memorial, como a sua presença perene. É a noite em que Ele nos pede para nos amarmos uns aos outros, tornando-nos servos uns dos outros, como fez ao lavar os pés dos discípulos. É um gesto que antecipa a cruenta oblação na cruz".

Recordar todos descartados deste mundo

"A Sexta-feira Santa é um dia de penitência, jejum e oração", recordou o Papa. "Através dos textos da Sagrada Escritura e das orações litúrgicas, estaremos como que reunidos no Calvário para celebrar a Paixão e a Morte Redentora de Jesus Cristo. Teremos na mente e no coração o sofrimento dos doentes, dos pobres, dos descartados deste mundo; recordaremos os “cordeiros imolados”, vítimas inocentes de guerras, ditaduras, violência diária, abortos. Levaremos diante da imagem do Deus crucificado, em oração, os muitos, demasiados crucificados de hoje, que só d'Ele podem receber o conforto e o significado do seu sofrimento. Hoje, existem muitos! Não se esqueçam dos crucificados de hoje que são a imagem do crucificado, Jesus. Neles está Jesus", disse ainda Francisco, acrescentando:

Desde que Jesus tomou sobre si as chagas da humanidade e da própria morte, o amor de Deus irrigou estes nossos desertos, iluminou estas nossas trevas. Porque o mundo está nas trevas! Recordemos todas as guerras em andamento neste momento. De todas as crianças que morrem de fome, das crianças que não têm escola, de povos inteiros destruídos pela guerra, pelo terrorismo, de muitas pessoas que para se sentirem melhor precisam da droga, da indústria da droga que mata. É uma calamidade! É um deserto! Existem pequenas ilhas do povo de Deus, tanto cristão quanto de qualquer outra fé, que guardam no coração o desejo de serem melhores. Mas, vejamos a realidade: neste Calvário de morte, é Jesus que sofre nos seus discípulos.

Pagos para não reconhecerem a ressurreição de Cristo

A seguir, o Papa recordou que "o Sábado Santo é o dia do silêncio: há um grande silêncio em toda a Terra; um silêncio, vivido no pranto e na perplexidade dos primeiros discípulos, perturbados com a morte ignominiosa de Jesus. Enquanto o Verbo está em silêncio, enquanto a Vida está no túmulo, aqueles que tinham esperança n'Ele são postos à prova, sentem-se órfãos, talvez até órfãos de Deus. Este sábado é inclusive o dia de Maria: também ela o vive em lágrimas, mas o seu coração está cheio de fé, cheio de esperança, cheio de amor".

"Na escuridão do Sábado santo, irromperão a alegria e a luz com os ritos da Vigília pascal e o canto jubiloso do Aleluia", frisou o Papa. "Será um encontro de fé com o Cristo ressuscitado, e a alegria pascal continuará ao longo dos cinquenta dias que se seguirão. Aquele que foi crucificado, ressuscitou! O Ressuscitado nos dá a certeza de que o bem triunfa sempre sobre o mal, que a vida vence sempre a morte. O Ressuscitado é a confirmação de que Jesus tem razão em tudo: em prometer-nos vida para além da morte e perdão para além dos pecados. Os discípulos duvidaram, não acreditaram. A primeira a crer e a ver foi Maria Madalena, ela foi a apóstola da ressurreição. Ela foi contar que Jesus a tinha visto, que a tinha chamado pelo nome. E então, todos os discípulos viram." A seguir, o Papa disse:

Mas, eu gostaria de me deter nisto: os guardas, os soldados, que estavam no sepulcro para não deixar que os discípulos viessem e levassem o corpo, o viram: eles o viram vivo e ressuscitado. Os inimigos o viram, mas fingiram que não o tinham visto. Por que? Porque foram pagos. Eis o mistério, eis o verdadeiro mistério do que Jesus disse uma vez: “Há dois senhores no mundo, dois, não mais que dois: Deus e o dinheiro. Quem serve ao dinheiro é contra Deus”. Aqui foi o dinheiro que mudou a realidade. Eles viram a maravilha da ressurreição, mas foram pagos para ficar em silêncio.

Francisco convidou a pensar "nas muitas vezes que homens e mulheres cristãos foram pagos para não reconhecerem na prática a ressurreição de Cristo e não fazem o que Cristo nos pediu para fazer, como cristãos".

A Cruz de Cristo é o sinal de esperança que não desilude

O Papa concluiu sua catequese com as seguintes palavras:

Estimados irmãos e irmãs, também este ano viveremos as celebrações da Páscoa no contexto da pandemia. Em tantas situações de sofrimento, especialmente quando quem as padece são indivíduos, famílias e povos já provados pela pobreza, calamidade ou conflito, a Cruz de Cristo é como um farol que aponta o porto para os navios ainda a flutuar num mar tempestuoso. A Cruz de Cristo é o sinal de esperança que não desilude; e nos diz que nem uma lágrima, nem sequer um gemido, são perdidos no desígnio de salvação de Deus. Peçamos ao Senhor que nos dê a graça de servir, de reconhecer esse Senhor e de não nos deixar pagar para esquecê-lo.

...............................................................................................................................

Assista:

..............................................................................................................................................................
                                                                                                                        Fonte: vaticannews.va

Breve reflexão para esta

Por apenas trinta moedas de prata Judas traiu Jesus e se tornou cúmplice dos sumos sacerdotes, porém, com certeza, não foi somente pelo dinheiro que ele aceitou entregar Jesus, mas sim, porque dentro do seu coração o inimigo já havia plantado a semente da traição e ele se deixou corromper, passando do pensamento à ação.

Mesmo assim, Jesus não discriminou ninguém e desejou comer a ceia com todos. Ele não dispensou a presença de nenhum discípulo e, na última Ceia ofereceu Seu Corpo e Seu Sangue na presença de todos eles.

Hoje, somos nós os discípulos a quem Jesus oferece um lugar para celebrar com Ele a Páscoa da Ressurreição e Ele sabe também o que se passa dentro do nosso coração. Somos também aqueles que, costumeiramente, traímos Jesus por qualquer coisa, em qualquer ocasião quando atraiçoamos as pessoas a quem invejamos, caluniando-as e pomos em prática os maus pensamentos do nosso coração ou quando desprezamos os nossos irmãos e irmãs mais necessitados.

..............................................................................................................................................................
                                                                                   Fonte: facebook.com/arquidiocesepousoalegre

terça-feira, 30 de março de 2021

Refletindo com Dom Orani:

Memória da procissão do Encontro

Semana Santa de 2016 - Paróquia São José - Paraisópolis - MG (Arquivo do blog)

Celebramos, tradicionalmente, em tempos normais, na Quarta-feira da Semana Santa, a piedosa celebração da Procissão do Encontro. Neste ano só faremos memória à distância pois as procissões estão supressas. Mas vale a pena fazer refletir sobre esse fato da piedade popular. A Procissão do Encontro consiste no encontro de Nossa Senhora das Dores com o Senhor dos Passos. Normalmente, as mulheres saem de um ponto da paróquia com a imagem de Nossa Senhora das Dores e os homens de outro ponto, com o Senhor dos Passos. Ambas as imagens chegam juntas e se encontram em frente à Igreja Matriz. Após a procissão, quem preside faz um pequeno sermão (ou homilia) em frente ou dentro da Igreja.

Dom Orani
João Tempesta

Esse ano, como dissemos, devido à pandemia da Covid-19, não será possível realizar essa bela procissão, mas podemos acompanhar de casa, pela televisão, rádio ou internet, que com certeza fará uma meditação sobre essa celebração. Ela prepara o nosso coração e o nosso espírito de oração para o Tríduo Pascal, que se inicia na Quinta-Feira Santa.

Precisamos, nos dias de hoje, mesmo que sejam por filmes de anos anteriores, resgatar algumas celebrações, que fazem parte da devoção popular, sobretudo, as celebrações da Semana Santa. A Semana Santa culmina sempre no Tríduo Pascal, de Quinta-feira Santa ao domingo da Ressurreição. Mas ela se inicia no Domingo de Ramos, com a bênção dos Ramos, e devemos vivenciá-la a semana inteira. Na Segunda-Feira, temos o a Procissão do Depósito de Jesus, seguido do ofício de Trevas; na Terça-Feira, temos a Procissão do Encontro e, na Quarta-Feira Santa, a meditação das Sete Dores de Nossa Senhora, com o Sermão das Dores. De Quinta-feira em diante, iniciando-se com a Missa dos Santos Óleos na Catedral Metropolitana, as celebrações que já conhecemos.

Por isso, nos dias de hoje, mais do que nunca precisamos resgatar essas celebrações e fazermos com que o povo tome gosto por elas e os ajude em sua espiritualidade durante a Semana Santa. Conforme foi dito, nesse ano devido à pandemia da Covid-19, não seria possível participar dessas celebrações, evitando aglomerações, mas podemos participar por meio da TV, Rádio e internet.

Na procissão do Encontro, Nossa Senhora das Dores e Jesus dos Passos se entreolham, ou seja, trocam olhares, não dizem nada, mas um contempla o sofrimento do outro. Por outro lado, o coração se enche de gratidão, por estarem cumprindo a missão, na qual Deus os chamou.

Podemos contemplar pelo olhar de Nossa Senhora, o olhar de muitas mães que perdem seus filhos para as drogas, para a violência ou perdem seus filhos por acidente de carro ou moto. Façamos uma prece por todas as mães que perderam seus filhos durante a pandemia da Covid-19, para que com a força da fé, revigorem as suas forças e continuem a sua caminhada aqui na terra, na certeza de que um dia todos nos reencontraremos na eternidade.

Quando Jesus encontra com Maria sua Mãe, e as outras mulheres de Jerusalém, como podemos acompanhar na 8ª estação da Via Sacra, Jesus diz: “Mulheres de Jerusalém, não choreis por Mim; chorai antes por vós mesmas e pelos vossos filhos. Pois dias virão em que se dirá: “Felizes as estéreis, as entranhas que não tiveram filhos e os peitos que não amamentaram”. Jesus quer dizer que não deveriam chorar por Ele, pois Ele estava cumprindo a missão na qual Deus o chamou. Mas, antes deveriam chorar por aqueles que praticam a violência ou por aqueles que o mandaram matar. E deveriam chorar pelos tempos difíceis que estariam por vir.

Portanto, somos convidados nessa procissão a contemplar as imagens de Jesus e de Nossa Senhora das Dores. Duas imagens que nos ensinam e deixam o nosso coração tomado de emoção. Primeiro, a Imagem de Cristo, que nos ensina a obediência filial a Deus, até a morte de Cruz. Se fez obediente ao Pai, por amor a nós e através da morte de Cruz, nos resgatou do pecado e com a Ressurreição nos dá a garantia da vida eterna e que a vida vence a morte. E ao contemplarmos a imagem de Nossa Senhora das Dores, podemos observar o olhar triste, o olhar de dor, como gostam os artistas de representar, mas ao mesmo tempo um olhar que se conforma à vontade do Pai.

Peçamos ao Senhor, nessa piedosa memória da celebração da Procissão do Encontro, que o Senhor console o nosso Brasil e afaste dele todo o mal. Console as mães que perdem seus filhos para o crime e drogas. Console tantas famílias que vivem em situação de vulnerabilidade social e aquelas pessoas que são feridas em sua dignidade. Por fim, que o Senhor console todos que são vítimas de corrupção e extorsão. Enfim, que o Senhor console todos aqueles que agora choram, para que logo mais, possam ter a certeza de que vão sorrir.

Que o nosso Brasil e a nossa cidade, principalmente, que agora está chorando devido à pandemia da Covid-19, logo possam sorrir, com a vacinação para toda a população. Que as pessoas possam ter mais Deus em seu coração e, consequentemente, mais amor ao próximo. É disso que precisamos para construir um mundo mais justo e fraterno. Para obtermos o “novo normal” depois da pandemia, não é somente com a vacina, mas sim, o que deve mudar é o coração das pessoas. Se certas atitudes não mudarem, continuaremos da mesma forma.

Celebremos essa Semana Santa com o coração cheio de confiança, na certeza de que não ficaremos no calvário, mas que chegaremos à glória da Ressurreição. Que o choro e o sofrimento são passageiros, mas a alegria final é eterna.

Que a Virgem Maria, a Mãe das Dores, interceda por nós junto ao seu Filho Jesus, nosso Redentor. Amém.

                      Cardeal Orani João Tempesta - Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)

..............................................................................................................................................................
                                                                                                                              Fonte: cnbb.org.br

segunda-feira, 29 de março de 2021

Francisco nesta segunda-feira:

os sacerdotes devem ter
um olhar de ternura, reconciliação e fraternidade

O Papa ressaltou à comunidade do Pontifício Colégio Mexicano de Roma que os problemas atuais exigem dos sacerdotes a necessidade de se configurarem ao Senhor e ao olhar de amor com que Ele nos contempla. "Ao conformar o nosso olhar com o seu, o nosso se transforma em olhar de ternura, reconciliação e fraternidade", disse Francisco.

O sacerdote deve deixar-se moldar pelo Bom Pastor

Mariangela Jaguraba - Vatican NewsO Papa Francisco recebeu em audiência nesta segunda-feira (29/03), na Sala Clementina, no Vaticano, os membros da Comunidade do Pontifício Colégio Mexicano.

O Pontífice iniciou o seu discurso, recordando o seu encontro com o povo mexicano durante sua viagem apostólica ao México, em 2016, "que de certa forma se renova a cada ano com a celebração da Solenidade de Nossa Senhora de Guadalupe aqui na Basílica Vaticana", disse ele.

A seguir, Francisco ressaltou que os problemas atuais exigem dos sacerdotes a necessidade de se configurarem ao Senhor e ao olhar de amor com que Ele nos contempla. "Ao conformar o nosso olhar com o seu, o nosso se transforma em olhar de ternura, reconciliação e fraternidade", disse o Papa, destacando esses três pontos.

Autêntica compaixão

O primeiro, "a necessidade de ter um olhar de ternura com que nosso Deus Pai vê os problemas que afligem a sociedade: violência, desigualdades sociais e econômicas, polarização, corrupção e falta de esperança, especialmente entre os jovens". "A configuração cada vez mais profunda com o Bom Pastor desperta em cada sacerdote uma autêntica compaixão, tanto pelas ovelhas a ele confiadas quanto por aquelas que se extraviaram. Somente deixando-nos moldar por Ele se intensifica a nossa caridade pastoral, onde ninguém é excluído de nossa solicitude e oração", sublinhou Francisco.

Comprometer-se com o restabelecimento da justiça

Em segundo lugar, o Papa destacou que "é preciso ter um olhar de reconciliação".

As dificuldades sociais que estamos atravessando, as enormes diferenças e a corrupção exigem de nós um olhar que nos torne capazes de tecer juntos os vários fios que se fragilizaram ou foram cortados na tilma multicolorida de culturas que compõem o tecido social e religioso da nação, prestando atenção, sobretudo, àqueles que foram descartados por causa de suas raízes indígenas ou de sua particular religiosidade popular. Nós pastores somos chamados a ajudar a reconstruir relações respeitosas e construtivas entre pessoas, grupos humanos e culturas dentro da sociedade, propondo a todos "deixar-se reconciliar por Deus" e comprometer-se com o restabelecimento da justiça.

Um olhar que facilite a comunhão

Por fim, "o nosso tempo atual nos impele a ter uma visão de fraternidade. Os desafios que enfrentamos são de tal magnitude que abrangem o tecido social e a realidade globalizada interconectada pelas redes sociais e os meios de comunicação. Por isso, junto com Cristo, Servo e Pastor, devemos ser capazes de ter uma visão de conjunto e unidade, que nos impulsiona a criar fraternidade, que nos permite evidenciar os pontos de conexão e interação no coração das culturas e na comunidade eclesial".

Um olhar que facilite a comunhão e a participação fraterna, que anime e oriente os fiéis a respeitarem a nossa Casa comum e serem construtores de um mundo novo, em colaboração com todos os homens e mulheres de boa vontade. Para ser assim, precisamos da luz da fé e da sabedoria de quem sabe “tirar as sandálias” para contemplar o mistério de Deus e, desse ponto de vista, ler os sinais dos tempos.

Não subestimar as tentações mundanas

Segundo o Papa, "é fundamental harmonizar na formação permanente as dimensões acadêmica, espiritual, humana e pastoral. Ao mesmo tempo, precisamos nos conscientizar de nossas deficiências pessoais e comunitárias, bem como das negligências e faltas que temos que corrigir em nossa vida. Somos chamados a não subestimar as tentações mundanas que podem levar a um conhecimento pessoal insuficiente, a atitudes autorreferenciais, ao consumismo e às várias formas de evasão de nossas responsabilidades".

O Papa concluiu, pedindo a Nossa Senhora de Guadalupe e a São José para que cuidem de todo o Clero do México e da comunidade do Pontifício Colégio Mexicano.

..............................................................................................................................................................
                                                                                                                        Fonte: vaticannews.va

A Semana Santa,

um grande Retiro Espiritual

“Não se perturbe o vosso coração! Credes em Deus, credes também em mim” (Jo 14,1).

É consenso entre nós, cristãos, que a Igreja nasceu da Páscoa de Cristo. Na cruz Jesus inclinou sua cabeça, entregou o seu espírito e na manhã da Páscoa ressurgiu vivo e vencedor da morte. Por isto a Páscoa é o centro da vida cristã. E a Semana Santa é o grande Retiro Espiritual para o povo de Deus. Embora na literatura teológico-litúrgica não exista esta expressão, na prática, ultimamente é largamente utilizada: “o feriadão de páscoa”: tempo de descanso, de passeio, de curtir, de turismo… Parece com um ditado italiano “o Natal com os seus e a Páscoa com quem quiser”. Este ano, ao que parece, a Páscoa será celebrada, em casa, com os seus e não aonde quiser e com quem quiser.

Dom Pedro Brito Guimarães

Do Domingo de Ramos ao Domingo da Páscoa há a oportunidade de se viver dos grandes retiros: o primeiro, de Domingo de Ramos à Quinta-feira Santa, complementamos o Retiro Quaresmal; e o segundo, da Quinta-feira Santa ao Domingo da Páscoa, iniciamos o Retiro Pascal.

A seguir, proponho um breve guia litúrgico-espiritual para viver a Semana Santa, em casa, para quem certamente, não poderá ir à Igreja:

Comece lendo, ruminando, saboreando, até à jubilação, este poema de São João Crisóstomo, como o Cartão de Páscoa, deste ano de 2021: “Venha gozar do encanto desta festa quem tem piedade e quem ama o Senhor. Entre alegre na alegria do seu Mestre quem é servidor fiel! Quem suportou o peso do jejum: venha agora pegar o seu pagamento! Quem trabalhou desde a primeira hora, receba hoje o justo salário! Quem chegou na terceira hora: celebre a festa na ação de graças! Quem chegou somente após a sexta hora: não tenha medo, pois, não será prejudicado! Se alguém se atrasou até a sexta hora: aproxime-se sem hesitar! O operário da undécima hora não sofrerá por seu atraso! (…) Entrem todos na alegria de nosso Senhor! Vocês que são os primeiros e vocês que chegaram por último: venham receber o salário! Vocês que jejuaram e vocês que não jejuaram. O novilho gordo está servido: que ninguém saia com fome! Alegrem-se todos com o banquete da fé!”

Adote como lema da sua Semana Santa o que Jesus disse aos seus discípulos, quando, em oração, no Getsêmani: “vigiai e orai para não cairdes em tentação” (Mt 26,41). As tentações serão muitas. A carne é fraca, mas sempre se vence pela Páscoa da Ressurreição.

Comece o seu retiro vivendo o Domingo de Ramos, como a porta de entrada da Semana Santa. Ele é carregado de sentidos e de significados e rico de simbolismos populares, que estão nas mentes e nos corações de muitos católicos: a procissão, o jumentinho, os lenços, os ramos e o gritos de hosana. E todos os outros dias da Semana Santa são também cheios desses simbolismos populares: a toalha, a bacia, o lava-pés, o pão, o vinho, a eucaristia e a adoração, o sangue, a cruz, o beijo e a adoração, o fogo, o círio, a água, as promessas batismais e cantos de exultação, de glória e de aleluia. Muitos destes símbolos poderiam estar presentes, em vários momentos e em várias partes da casa, enfeitando e simbolizando cada dia da Semana Santa.

Relembre, revisite, retome e ressignifique as rezas, as orações, os benditos, os cantos, os ritos, as devoções, as comidas, os costumes e as manifestações populares da sua infância, da sua família e da sua comunidade.

Adote, em toda a Semana Santa, um clima de silêncio, de escuta, de oração e de súplicas pelo fim da pandemia.

Mantenha ao alcance das mãos, dos olhos e do coração os textos das Liturgias da Palavra, para cada dia da Semana Santa.

Escolher um horário, um lugar e uma posição do corpo que melhor facilite a sua respiração e a sua concentração, e seja fiel a estas suas escolhas.

Associe as cruzes, as dores, os sofrimentos e a morte de Jesus às cruzes, às dores, aos sofrimentos e às mortes de muitos de nossos irmãos e irmãs, neste tempo de pandemia. A paixão de Cristo está disseminada na paixão do mundo.

Pratique gestos de solidariedade e de fraternidade para com alguém que você conhece e que, certamente, está mais sofrido, mais carente e mais necessitado do que você. A coleta da Sexta-feira Santa, para os cristãos da Terra Santa, é uma das propostas que faço.

Não deixe de participar, por nenhum motivo, mesmo que não seja presencial, das celebrações da Semana Santa.

Plante, regue, pode, cuide e colha algo ligado à natureza, a nossa casa comum, a fim de transformar a sua Semana Santa ecológica, numa Laudato Si, numa Querida Amazônia e numa Fratelli Tutti.

E, por fim, contemple e celebre, como Maria Madalena e as outras mulheres, João, Pedro e os outros apóstolos, o Dia da Ressurreição de Jesus. Não chegar à Páscoa é parar no meio do caminho cristão e não chegar ao seu final. A Páscoa é a Festa da Vida e não da morte. Com este espírito, vamos celebrá-la.

                                       Dom Pedro Brito Guimarães - Arcebispo de Palmas (TO)
..............................................................................................................................................................
                                                                                                                              Fonte: cnbb.org.br

domingo, 28 de março de 2021

Papa Francisco na Missa deste Domingo de Ramos:

Jesus sobe à cruz para descer ao nosso sofrimento

“No Crucificado, vemos Deus humilhado, o Onipotente reduzido a um descartado. E, com a graça do assombro, compreendemos que, acolhendo quem é descartado, aproximando-nos de quem é humilhado pela vida, amamos Jesus, porque Ele está nos últimos, nos rejeitados”, disse o Papa Francisco este Domingo de Ramos, início da Semana Santa, na missa celebrada esta manhã (28/03) na Basílica de São Pedro.

Raimundo de Lima – Vatican NewsO Papa Francisco presidiu na manhã deste domingo (28/03), na Basílica de São Pedro, a missa do Domingo de Ramos, início da Semana Santa, em que celebraremos os mistérios da Paixão, morte e Ressurreição de Cristo.

Com uma presença limitada de fiéis no respeito às medidas sanitárias previstas devido às exigências que a crise pandêmica da Covid-19 impõe, a celebração teve início com a tradicional bênção dos ramos, que recorda a entrada triunfante de Jesus em Jerusalém.

O rito foi feito aos pés do Altar da Confissão da Basílica Vaticana: os fiéis tinham em mãos os ramos de oliveira. Depois de abençoar os ramos e ser lido um breve texto do Evangelho que narra a entrada de Jesus em Jerusalém, o Papa dirigiu-se ao altar da Cátedra, prosseguindo a missa.

Olhar para a cruz

“Nesta Semana Santa, ergamos o olhar para a cruz a fim de recebermos a graça do assombro”, disse o Pontífice em sua homilia, destacando, entre outros, a necessidade de se passar da admiração à surpresa.

Todos os anos, disse, esta liturgia cria em nós uma atitude de espanto, de surpresa: “passamos da alegria de acolher Jesus, que entra em Jerusalém, à tristeza de O ver condenado à morte e crucificado. É uma atitude interior que nos acompanhará ao longo da Semana Santa. Abramo-nos, pois, a esta surpresa”, exortou.

“Jesus começa logo por nos surpreender. O seu povo acolhe-O solenemente, mas Ele entra em Jerusalém num jumentinho”, continuou Francisco. Pela Páscoa, o seu povo espera o poderoso libertador, mas Jesus vem cumprir a Páscoa com o seu sacrifício. O seu povo espera celebrar a vitória sobre os romanos com a espada, mas Jesus vem celebrar a vitória de Deus com a cruz, observou.

“Que se passou com aquele povo que, em poucos dias, passou dos ‘hossanas’ a Jesus ao grito ‘crucifica-O’? Aquelas pessoas seguiam mais uma imagem de Messias do que o Messias. Admiravam Jesus, mas não estavam prontas para se deixar surpreender por Ele.”

Diferença entre surpresa e admiração

A surpresa é diferente da admiração, destacou. A admiração pode ser mundana, porque busca os próprios gostos e anseios; a surpresa, ao contrário, permanece aberta ao outro, à sua novidade, frisou o Papa, acrescentando:

“Também hoje há muitos que admiram Jesus: falou bem, amou e perdoou, o seu exemplo mudou a história... Admiram-No, mas a vida deles não muda. Porque não basta admirar Jesus; é preciso segui-Lo no seu caminho, deixar-se interpelar por Ele: passar da admiração à surpresa.”

E qual é o aspeto do Senhor e da sua Páscoa que mais nos surpreende? – perguntou Francisco, respondendo: “o fato de Ele chegar à glória pelo caminho da humilhação. Triunfa acolhendo a dor e a morte, que nós, súcubos à admiração e ao sucesso, evitaríamos”.

Isto surpreende, observou o Papa, “ver o Omnipotente reduzido a nada; vê-Lo, a Ele Palavra que sabe tudo, ensinar-nos em silêncio na cátedra da cruz; ver o Rei dos reis que, por trono, tem um patíbulo; ver o Deus do universo despojado de tudo; vê-Lo coroado de espinhos em vez de glória; vê-Lo, a Ele bondade em pessoa, ser insultado e vexado”.

Não estamos sozinhos: Deus está conosco em cada ferida

O Pontífice disse que Jesus sofreu toda esta humilhação para tocar até ao fundo a nossa realidade humana, para atravessar toda a nossa existência, todo o nosso mal; para Se aproximar de nós e não nos deixar sozinhos no sofrimento e na morte; para nos recuperar, para nos salvar.

“Jesus sobe à cruz para descer ao nosso sofrimento. Prova os nossos piores estados de ânimo: o falimento, a rejeição geral, a traição do amigo e até o abandono de Deus. Experimenta na sua carne as nossas contradições mais dilacerantes e, assim, as redime e transforma. O seu amor aproxima-se das nossas fragilidades, chega até onde mais nos envergonhamos.”

Agora sabemos que não estamos sozinhos, frisou o Santo Padre. “Deus está conosco em cada ferida, em cada susto: nenhum mal, nenhum pecado tem a última palavra. Deus vence, mas a palma da vitória passa pelo madeiro da cruz. Por isso, os ramos e a cruz estão juntos”, explicou.

Se a fé perde o assombro, torna-se surda

Peçamos a graça do assombro. A vida cristã, sem surpresa, torna-se cinzenta, disse o Pontífice. “Como se pode testemunhar a alegria de ter encontrado Jesus, se não nos deixamos surpreender cada dia pelo seu amor espantoso, que nos perdoa e faz recomeçar?”

Se a fé perde o assombro, torna-se surda: já não sente a maravilha da graça, deixa de sentir o gosto do Pão da vida e da Palavra, fica sem perceber a beleza dos irmãos e o dom da criação. Nesta Semana Santa, ergamos o olhar para a cruz a fim de recebermos a graça do assombro, exortou o Papa.

Francisco observou que o Espírito Santo é Aquele que nos dá a graça do assombro, convidando-nos a recomeçar do espanto, a olhar para o Crucificado.

Jesus está nos últimos, nos rejeitados

“No Crucificado, vemos Deus humilhado, o Onipotente reduzido a um descartado. E, com a graça do assombro, compreendemos que, acolhendo quem é descartado, aproximando-nos de quem é humilhado pela vida, amamos Jesus, porque Ele está nos últimos, nos rejeitados.”

O Evangelho de hoje, imediatamente depois da morte de Jesus, mostra-nos o ícone mais belo da surpresa. É a cena do centurião, que, “ao vê-Lo expirar daquela maneira, disse: ‘Verdadeiramente este homem era Filho de Deus!’”, frisou o Santo Padre, concluindo com uma exortação:

“Hoje, Deus ainda surpreende a nossa mente e o nosso coração. Deixemos que nos impregne este assombro, olhemos para o Crucificado e digamos também nós: ‘Vós sois verdadeiramente Filho de Deus. Vós sois o meu Deus’.”

..................................................................................................................................

Papa no Angelus:

ao longo da via-sacra diária,
aproximemo-nos dos irmãos necessitados

Pela segunda vez, vivemos a Semana Santa no contexto da pandemia e do agravamento da crise econômica. “Nesta situação histórica e social, o que Deus faz? Toma a cruz. Jesus toma sua cruz, ou seja, assume o peso do mal que tal realidade implica, o mal físico, psicológico e sobretudo espiritual, porque o Maligno se aproveita das crises para semear desconfiança, desespero e discórdia”, disse o Papa no Angelus este Domingo de Ramos, (28/03) início da Semana Santa.

Raimundo de Lima – Vatican NewsAo término da Eucaristia presidida pelo Papa na Basílica de São Pedro, antes da bênção final da Missa deste Domingo de Ramos, em que celebramos a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, Francisco conduziu o Angelus.

Na alocução que precedeu a oração mariana, Francisco ressaltou que entramos na Semana Santa, recordando que pela segunda vez a vivemos no contexto da pandemia. “No ano passado estávamos mais chocados, este ano estamos mais provados. E a crise econômica se tornou grave”, frisou.

Deus toma a cruz, Jesus toma a cruz

“Nesta situação histórica e social, o que Deus faz? Toma a cruz. Jesus toma sua cruz, ou seja, assume o peso do mal que tal realidade implica, o mal físico, psicológico e sobretudo espiritual, porque o Maligno se aproveita das crises para semear desconfiança, desespero e discórdia”, continuou o Pontífice.

 “E nós? O que devemos fazer? A Virgem Maria, a Mãe de Jesus que é também sua primeira discípula, nos mostra. Ela seguiu seu Filho. Tomou sobre si sua própria parcela de sofrimento, de escuridão, de abatimento, e percorreu o caminho da paixão, mantendo a lâmpada da fé acesa em seu coração. Com a graça de Deus, também nós podemos fazer este caminho”, exortou o Papa, acrescentando:

“Ao longo da via-sacra diária, encontramos os rostos de tantos irmãos e irmãs em dificuldade: não passemos adiante, deixemos que o coração seja movido à compaixão e nos aproximemos. No momento, como o Cirineu, poderemos pensar: "Por que logo eu?" Mas depois descobriremos o presente que, sem nosso mérito, nos foi dado. Que Nossa Senhora, que sempre nos precede no caminho da fé, nos ajude.”

..................................................................................................................................

Missa e Angelus na íntegra:

..............................................................................................................................................................
                                                                                                                        Fonte: vaticannews.va