quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Terceira edição da tradução do Missal Romano

é aprovada pelo episcopado brasileiro;
Estudo 114 segue ainda para aprovação

A segunda parte da votação da tradução do Missal Romano abriu as atividades desta quarta-feira, 31 de agosto, durante a 59ª Assembleia Geral da CNBB.

O primeiro bloco da votação ocorreu na segunda-feira, dia 29. Essa parte compreendia as orações eucarísticas e as orações sobre o povo.

Nesta segunda etapa de votação, os membros da Comissão Episcopal para os Textos Litúrgicos (Cetel) deram retorno ao episcopado brasileiro a partir das contribuições recebidas pela Comissão. Termos gramaticais foram corrigidos em algumas páginas e outras partes do texto reconsideradas.

As alterações foram feitas especialmente nas páginas 111, nº 3; 117, nº 124; 129; 131 e 133.

“O missal fez um longo caminho, mas com muitas contribuições a partir das sugestões que vocês fizeram”, afirmou dom Edmar Peron, presidente da Comissão para a Liturgia da CNBB.

Na ocasião, foi apresentada a proposta de diagramação. “Nós modificamos a apresentação para que tudo esteja em uma só página”, explicou.

 Dom Edmar Peron

“Da nossa parte as poucas mudanças que foram apresentadas serão incorporadas ao texto já diagramado pela Edições CNBB. Agora, é concluir as considerações, passar o texto à Editora da CNBB e só depois enviar para a Santa Sé”, explicou dom Edmar.

Na sequência, a votação foi realizada em cédulas e os bispos deveriam marcar as opções – Sim; Não ou Abstenção. Dos 292 votantes presentes na sessão, eram necessários 215 votos positivos para a aprovação. 269 bispos aprovaram a tradução do texto. Houve 6 abstenções e 3 votos negativos.

Saiba mais:

Recorde os passos da tradução da terceira edição do Missal (aqui).

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Estudo 114

A Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB também voltou a apresentar, na manhã desta quarta-feira, 31 de agosto, as alterações feitas ao texto de Estudos 114 da CNBB, sobre a Animação Bíblica da Pastoral. Tais modificações foram realizadas a partir das sugestões realizadas pelo episcopado, mas ainda precisarão ser aprovadas pelos bispos para que o texto se torne um Documento da CNBB.

A Comissão para o texto recebeu contribuições que foram quase “inteiramente” acolhidas e integradas, explicou dom José Antônio Peruzzo, presidente da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB. Contribuições complementares foram feitas nos números 59, 173, 277, 278, 279 e 280.

Dom José Antônio Peruzzo, presidente
da Comissão para a Animação Bíblico-
-Catequética da CNBB e o padre Jânison
de Sá, assessor da Comissão.
Foto: Victória Holzbach

A estrutura do documento está dividida em sete capítulos: O primeiro apresenta a iluminação bíblica, a partir da parábola do semeador. O segundo, tem por objetivo apresentar o que significa a animação bíblica da pastoral.

Nesse ponto, o bispo recordou que, anteriormente, havia a Pastoral Bíblica, que realizava inúmeras atividades ao redor da Palavra. No entanto, a animação bíblica da pastoral tem outra proposta: “Nesse momento não estamos preocupados em fazer atividades bíblicas, mas sim que a pastoral e as atividades sejam todas animadas pela Bíblia”. 

O terceiro capítulo trata dos desafios a serem enfrentados pela animação bíblica. Dom Paulo destacou que um dos principais desafios é o fundamentalismo literal, que significa ler a Bíblia ao pé da letra. O quarto capítulo fala dos agentes da semeadura: os bispos, padres, diáconos, catequistas, leigos e leigas. O quinto apresenta os tipos de terreno que acolhem a Palavra de Deus, sendo elencados mais dez tipos. Dom Paulo destacou que os bispos pediram para acrescentar o terreno dos pobres e oprimidos, pois estes acolhem e são protagonistas da Palavra. 

O sexto capítulo fala dos métodos de leitura da Palavra de Deus, sendo os principais a Leitura Orante da Palavra e a Lectio Divina. Por fim, o último capítulo traz propostas concretas para a implantação de projetos da animação bíblica da pastoral nos níveis nacional, regional, diocesano e de comunidades eclesiais missionárias.

Saiba mais:

Apresentadas as alterações realizadas no texto sobre a animação bíblica da pastoral – CNBB

Foto de capa: Luiz Lopes Jr/Ascom CNBB

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Em resposta ao Papa Francisco, bispos brasileiros
instituem formação para Ministério dos Catequistas

“Será um reconhecimento da própria comunidade ao perceber o comprometimento e a alegria dos candidatos”, afirmou dom Waldemar Passini Dalbello em coletiva de imprensa, ao explicar que o itinerário formativo aprovado pelo episcopado será de cinco anos a cargo das escolas catequéticas diocesanas, institutos e faculdades católicas, de acordo com cada realidade.

Desde o último domingo, dia 28, até sexta-feira próxima, dia 2 de setembro, o episcopado de todo o país segue em Assembleia Geral (AG) na cidade de Aparecida. Em sua 59ª edição, o encontro anual da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) tratou do ministério instituído dos catequista na plenária de hoje, dia 31.

Em coletiva de imprensa, realizada no Centro de Eventos Padre Vitor Coelho de Almeida, dom Waldemar Passini Dalbello, bispo de Luziânia (GO) e membro da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB, afirmou que o tema estudado e aprovado pelos bispos é muito importante à vida das comunidades, pois “os catequistas são muito importantes em nossas comunidades e têm papéis diferenciados nos países e regiões do mundo”.

Ele destacou que ao proporcionar um itinerário de formação aos catequistas brasileiros, a CNBB “responde à solicitação do Papa Francisco na Carta Apostólica Antiquum Ministerium”. No texto, o Sumo Pontífice pede às conferências episcopais do mundo todo que orientem um processo de formação aos candidatos que irão receber este ‘antigo ministério’ eclesial de catequistas.

Coletiva de imprensa

Deste modo, ao explicar que no Brasil os catequistas atuam em conjunto com os ministros ordenados, dão uma “excelente contribuição no processo de iniciação à vida cristã”. Dom Waldemar disse aos jornalistas que a partir de um ensaio apresentado aos bispos, a AG aprovou um caminho formativo que ajudará as dioceses na compreensão da vocação de cada candidato ao ministério proposto.

“Pensamos em um período para o discernimento que proporcionará uma formação humana, comunitária, espiritual, doutrinária, teológica e pastoral-missionária. No conjunto, estabelecemos uma etapa de cinco anos”, evidenciou o bispo goiano ao salientar que o tempo pensado pelo episcopado oferecerá uma visão orgânica da pastoral para que os candidatos ao ministério possam abraçar com responsabilidade a missão que Deus quer confiar a eles.

Nas arquidioceses e dioceses brasileiras, a proposta é que a etapa dedicada à formação ficará por conta das escolas catequéticas diocesanas, institutos e faculdades católicas, de acordo com cada realidade, comentou dom Waldemar. “Os catequistas são os grandes cooperadores da edificação da vida humana e de nossas comunidades”, salientou quando disse aos jornalistas que a vocação para este ministério “será um reconhecimento da própria comunidade ao perceber o comprometimento e a alegria dos candidatos”, concluiu.

Por pe. Tiago Aparecido de Souza. Fotos: Victória Holzbach/CNBB Sul 3

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                                                                                                                              Fonte: cnbb.org.br

Reflita com dom Wilson Angotti:

 Política, democracia e eleições

Em nosso País, estamos vivendo mais um processo eleitoral; esse período nos leva a refletir e a discutir sobre o que precisamos e o que queremos para nossa vida em sociedade. Não pode ser só em época de eleições que se deva pensar em política, democracia, candidatos, propostas e outros assuntos relacionados, porém, nessa oportunidade, com mais razão, essas questões devem ser consideradas por todos. É isso que, muito brevemente, pretendo abordar.  

Dom Wilson Angotti 

A política e sua finalidade – A palavra “política” vem da língua grega e é composição de dois termos: “polis” que significa cidade e “tikós” que se refere ao bem comum. Assim sendo, pela própria etimologia da palavra já é possível entender que política é a arte de organizar a sociedade, em vista ao bem comum. Nesse sentido, a política é a mais sublime maneira de exercer a caridade. Esta expressão foi pronunciada pelo Papa Pio XI, reforçada por São Paulo VI e recentemente retomada e exemplificada pelo Papa Francisco na Fratelli Tutti (n.182). O bem comum é o princípio, porém, nem sempre a política é conduzida com esse propósito. Desvirtua o ideal da política toda disposição que tenha em vista interesses egoístas, pessoais ou de um pequeno grupo de privilegiados, menosprezando ou mesmo ignorando o que seria bem comum. São as políticas públicas que determinam como serão tratadas questões como: emprego, moradia, saneamento básico, saúde, educação, transporte público, conservação ambiental, preço dos alimentos, etc. Quem ignora ou se exime da política sofre as consequências de sua indiferença, pois outros definirão sem que suas necessidades sejam consideradas. Quanto mais organizada e politizada for uma sociedade, mais os recursos serão investidos para as reais necessidades da população. Quando o povo não se organiza em entidades representativas e não atua politicamente, cria-se ocasião para que oportunistas utilizem os recursos públicos para finalidades que não atendem senão aos seus próprios interesses. A verdadeira política, que tem em vista o bem comum, só ocorre quando a sociedade se organiza e exige seus direitos. Participar das reuniões de pais numa escola, de um conselho no município, de um partido político, de uma comissão que reivindica saneamento básico, etc. é fazer política. Quem não se envolve com a política deixa outros conduzirem seu destino.  

A democracia – é o regime político ou de governo em que o poder é exercido pelo povo.  Na democracia as decisões políticas devem estar em conformidade com o que o povo deseja. A palavra democracia também tem origem no grego e é composta por “demos”, que significa “povo” e “kratos” que significa “poder” ou “forma de governo”. Neste sistema político, os cidadãos tem direito à participação política. A democracia garante a liberdade individual (contanto que não fira a liberdade do outro), garante a liberdade de opinião e expressão e a liberdade de eleger seus representantes. A livre escolha de governantes pelos cidadãos através de eleições diretas ou indiretas é um dos principais aspectos que caracterizam a democracia. A democracia pode ser direta, participativa ou representativa. No Brasil temos a democracia representativa. Os cidadãos são os detentores do poder e confiam parte desse poder a seus representantes escolhidos com a incumbência de organizar a vida em sociedade. A ditadura é um dos regimes não democráticos ou antidemocráticos, em que o povo não tem direito a participar das decisões. A ditadura é regida por uma pessoa ou um grupo político sem participação popular ou com participação muito restrita. Na encíclica Centesimus Annus (n.46), o papa São João Paulo II manifesta explicitamente a simpatia da Igreja pela democracia enquanto esta assegura a participação dos cidadãos nas opções políticas e garante escolher e controlar os governantes, assim como substituí-los pacificamente. 

As eleições – são a oportunidade em que o povo tem para manifestar sua opinião em um projeto de governo e para escolher seus governantes. As eleições são um exercício de cidadania e ação política que têm repercussão direta na vida de cada pessoa e da sociedade. Por isso, é tão importante escolher bem os candidatos que exercerão o poder legislativo (nas câmaras municipais, assembleias estaduais ou federal e no senado), assim como os que exercerão o poder executivo (prefeitos, governadores e presidente). A boa escolha de candidatos não é tão simples, pois envolve conhecer suas propostas, sua prática, seus compromissos partidários, os grupos que os financiam, etc. Em geral, muitas pessoas escolhem movidas por simpatia, por paixão, depois buscam motivos para justificar sua escolha. Fazem o caminho inverso do que deveria ser feito e, assim, escolhem mal. Para uma escolha minimamente razoável se faz necessário: ouvir as propostas dos candidatos e dos partidos; acompanhar os debates onde há confronto e não só as propagandas partidárias; comparar o preparo e as propostas de cada um; ouvir não só o candidato preferido ou escolhido; considerar o que dizem os analistas, pois os candidatos podem prometer o que não terão condições de cumprir; acolher as notícias divulgadas pela grande imprensa e não, ingenuamente, acreditar no que é divulgado sem ter comprovação. Esses são apenas alguns critérios básicos para uma escolha consciente. Veja que não é tão fácil escolher um candidato. Vote bem. Lembre-se que voto não tem preço, tem consequências.  

Dom Wilson Angotti  - Bispo de Taubaté (SP) 

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Francisco na catequese desta quarta-feira:

o discernimento é árduo, mas indispensável para viver

"Discernir é um ato importante que se refere a todos, porque as escolhas constituem uma parte essencial da vida", disse o Papa Francisco durante a primeira catequese sobre o discernimento, na Audiência Geral desta quarta-feira.

O Papa Francisco iniciou um novo ciclo de catequeses sobre o tema do discernimento na Audiência Geral, desta nesta quarta-feira (31/08), realizada na Sala Paulo VI. "O que significa discernir", foi o tema deste encontro semanal com os fiéis.

Discernir é um ato importante que se refere a todos, porque as escolhas constituem uma parte essencial da vida. Discernir as escolhas. Escolhe-se uma comida, uma roupa, um curso de estudos, um emprego, uma relação. Em tudo isso se realiza um projeto de vida, e também se concretiza a nossa relação com Deus.

É necessário saber discernir

No Evangelho, Jesus fala do discernimento com imagens tiradas da vida comum; por exemplo, descreve os pescadores que selecionam os peixes bons e descarta os maus; ou o comerciante que sabe identificar, entre muitas pérolas, a de maior valor. Ou aquele que, lavrando um campo, se depara com algo que se revela um tesouro.

"À luz destes exemplos, o discernimento se apresenta como um exercício de inteligência, de perícia e inclusive de vontade, para reconhecer o momento favorável: são estas as condições para fazer uma boa escolha", disse o Papa, acrescentando:

As decisões são tomadas por cada um de nós. Não há quem a tome por nós. Adultos, livres. Podemos pedir um conselho, pensar, mas a decisão é própria. Não se pode dizer: "Eu perdi isso, porque meu marido decidiu, minha esposa decidiu, meu irmão decidiu": não! Você deve decidir, cada um de nós deve decidir. Por isso, é importante saber discernir: para decidir bem é necessário saber discernir.

O discernimento envolve os afetos

"O Evangelho sugere outro aspecto importante do discernimento: ele envolve os afetos. Quem encontrou o tesouro não tem dificuldade de vender tudo, tão grande é a sua alegria. O termo usado pelo evangelista Mateus indica uma alegria totalmente especial, que nenhuma realidade humana pode dar; e com efeito, repete-se em pouquíssimas outras passagens do Evangelho, todas elas relativas ao encontro com Deus. É a alegria dos Magos quando, depois de uma viagem longa e árdua, veem de novo a estrela; é a alegria das mulheres que regressam do sepulcro vazio, depois de ouvir o anúncio da ressurreição, feito pelo anjo. É a alegria de quem encontrou o Senhor", disse ainda Francisco.

No juízo final Deus fará um discernimento, o grande discernimento, em relação a nós", frisou o Papa, reiterando que "é muito importante saber discernir: as grandes escolhas podem surgir de circunstâncias à primeira vista secundárias, mas que se revelam decisivas. Numa decisão boa, a vontade de Deus se encontra com nossa vontade; se encontra o caminho atual com o eterno. Tomar uma decisão justa, depois de um caminho de discernimento, é fazer esse encontro: o tempo com o eterno".

O discernimento é a reflexão da mente e do coração

Conhecimento, experiência, afetos e vontade são alguns elementos indispensáveis para o discernimento, mas o discernimento exige também "esforço". "Segundo a Bíblia, não encontramos diante de nós, já embalada, a vida que devemos viver. Deus nos convida a avaliar e a escolher: Criou-nos livres e quer que exerçamos a nossa liberdade. Por isso, discernir é difícil", sublinhou o Pontífice.

O discernimento é aquela reflexão da mente, do coração que devemos fazer antes de tomar uma decisão. O discernimento é árduo, mas indispensável para viver. Requer que eu me conheça, que saiba o que é bom para mim aqui e agora. Exige sobretudo uma relação filial com Deus que nunca impõe a sua vontade, porque quer ser amado, não temido. E o amor só pode ser vivido na liberdade. Para aprender a viver é preciso aprender a amar, e por isso é necessário discernir.

Mariangela Jaguraba

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Assista:

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terça-feira, 30 de agosto de 2022

Bispos do Brasil, reunidos na 59ª AG CNBB,

enviam carta ao Papa Francisco

O episcopado brasileiro, reunido na 59ª Assembleia Geral da Conferência Geral dos Bispos do Brasil (AG CNBB) desde domingo, 28 de agosto, aprovou e enviou uma carta encaminhada ao Papa Francisco na segunda-feira, 29 de agosto. No documento, afirmaram que “Comunhão, participação e missão”, o mesmo tema do Sínodo dos Bispos de 2023 convocado pelo Santo Padre, constituem a inspiração e o critério das duas etapas da 59ª Assembleia Geral.

“Esta inspiração foi enriquecida pela conclusão da fase diocesana do Sínodo em todas as Igrejas Particulares do Brasil o que nos proporcionou a oportunidade de conhecer um retrato da escuta sinodal realizada nas comunidades eclesiais de todo o nosso País”, escreveram.

Os bispos destacam na carta que neste ano comemora-se os 200 anos da Independência do Brasil (1822 – 2022). “Neste contexto, a sociedade brasileira se encaminha para a eleição dos seus representantes legislativos e executivos, em âmbito nacional e estadual. Contudo, observamos que os contextos da comemoração histórica e do exercício democrático de direito desenvolvem-se sob clima de tensão entre os Poderes da República”, expressaram.

No documento, os prelados disseram que a Conferência Episcopal do Brasil tem se esforçado para animar as pessoas e as organizações da sociedade civil, através do Pacto pela Vida e pelo Brasil, dentro da tônica de amizade e cooperação social, em vista do bem comum, proposta na Carta Encíclica Fratelli Tutti. “Acreditamos na irrenunciável missão de nos empenharmos na promoção da pessoa humana à luz da fé cristã. Nesta tarefa, em que reconhecemos a essência do humanismo solidário cristão”, afirmaram na carta.

Conheça a íntegra da Carta ao Santo Padre 

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O Papa e os Cardeais, segundo dia de reuniões:

tema dos leigos

Nesta terça-feira (30) se inicia a terceira sessão da reunião dos Cardeais do mundo com Francisco para refletir sobre a "Praedicate Evangelium". Ontem, o trabalho em grupos divididos por idioma: foram apresentadas ideias, propostas e perguntas sobre o papel dos leigos no governo dos Dicastérios. À tarde, Missa com o Papa na Basílica de São Pedro.

A formação, a espiritualidade da Cúria e, sobretudo, a questão dos leigos e seu possível papel na direção de alguns Dicastérios foram os temas sobre os quais as reflexões e discussões dos Cardeais se concentraram durante a reunião a portas fechadas com o Papa sobre a Praedicate Evangelium. Uma reunião que está chegando na sua conclusão com a última sessão desta manhã e, à tarde, às 17h30, com a Missa celebrada por Francisco na Basílica de São Pedro.

Reuniões em grupos

Ontem (29), após a saudação do Papa no início dos trabalhos, seguida de um breve discurso do decano do Colégio Cardinalício, o Cardeal Giovanni Battista Re, os cerca de 200 cardeais, patriarcas e superiores da Secretaria de Estado reunidos na Nova Sala do Sínodo, reuniram-se em grupos linguísticos, durante os quais foram feitas propostas, apresentadas ideias e pedidos de esclarecimentos. Em seguida foi realizada uma sessão plenária.

Papa durante a reunião com os cardeais


O tema dos leigos

O tema principal, como mencionado, é o dos leigos em funções de liderança. Como recordamos, o ponto 10 da Praedicate Evangelium - documento publicado em 19 de março e em vigor desde 5 de junho - afirma: "Todo cristão, em virtude do Batismo, é um discípulo-missionário na medida em que se encontrou com o amor de Deus em Cristo Jesus. Não se pode deixar de ter isso em conta na atualização da Cúria, pelo que a sua reforma deve prever o envolvimento de leigas e leigos, mesmo em funções de governo e de responsabilidade". 

Sobre o assunto, que surgiu durante os trabalhos, foram solicitados estudos aprofundados em um clima de confronto sereno.

Papa saúda alguns cardeais durante o evento

O Cardeal Paolo Lojudice, Arcebispo de Siena, explicou ao Vatican News. "Quando se trabalha em pequenos grupos, é mais fácil confrontar uns aos outros e dialogar. O tema que conhecemos é o confronto aberto e sereno sobre a nova Constituição e, em particular, sobre sua aplicação, sobre como colocá-la em prática. Nos grupos, mais do que novos elementos, tivemos a contribuição de algumas ideias... É possível que existam algumas passagens que ajudem a compreender alguns elementos que são menos claros, menos evidentes, em particular o que diz respeito à presença de leigos nas funções de governo nos Dicastérios. Esta é uma porta aberta que esperamos que possa percorrer da melhor maneira possível".

Missão e missionariedade

O cardeal Lojudice também falou de um "excelente clima" dentro da Sala Sinodal e descreve a reunião como um ponto de partida: "Os tempos são necessariamente longos para fazer uma reforma. O Papa se preocupa com isso e tem se preocupado com isso desde o início, é um dos pontos centrais do pontificado... Creio que mais cedo ou mais tarde chegaremos a uma consciência diferente, onde tudo é missão e missionariedade e poderá parecer paradoxal, os próprios escritórios da Cúria".

Momento de oração durante os trabalhos

Cardeal Timothy Dolan: "Encontro edificante"

O Cardeal Timothy Dolan de Arcebispo de Nova York fala de uma "bela experiência" e de uma reunião "extraordinariamente edificante". "Falamos como amigos, como irmãos, com imensa caridade e profundo amor pela Igreja, sobre questões muito práticas", disse o cardeal. "Estou feliz por isso ter acontecido. Era aguardado com ansiedade".

Salvatore Cernuzio

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segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Abertura da 59ª AG CNBB - Dom Walmor:

“292 bispos unidos em Assembleia confirmam a vocação
da Igreja de anunciar o Reino de Deus no coração do mundo”

O episcopado brasileiro se reúne desde a noite de ontem, dia 28 de agosto, até a próxima sexta-feira, dia 2 de setembro, no Santuário Nacional, em Aparecida (SP), para a realização da 59ª Assembleia Geral (AG) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A etapa presencial do encontro, teve seu início com a celebração da Santa Missa no altar central da Basílica.

Na manhã de hoje, dia 29, os trabalhos da AG CNBB ocorrem no Centro de Eventos Pe. Vítor Coelho de Almeida. Na cerimônia de abertura, dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo de Belo Horizonte (BH) e presidente da CNBB, ressaltou que os 292 bispos unidos em Assembleia para a reflexão e oração confirmam a vocação da Igreja de anunciar o Reino de Deus no coração do mundo.

Os 70 anos da CNBB, comemorados em 2022 e celebrados também durante os dias da AG, foram destacados por dom Walmor que, ao fazer memória das sete décadas da Conferência Episcopal, lembrou de “figuras ilustres”, os cristãos leigas e leigas, religiosos e religiosas, padres assessores e bispos que se dedicaram na construção da história: “os que nos precederam e que já partiram deste mundo, e os que continuam conosco, nos introduziram na experiência sinodal”, afirmou.

O presidente da CNBB lembrou que a V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e caribenho, realizada há 15 anos, em Aparecida, também lança luzes às atividades da AG. “O texto final da Conferência de Aparecida, como é conhecida, fecunda os caminhos de nossa Igreja de modo bonito e promissor”, disse o dom Walmor.

Análise da conjuntura eclesial

Pela manhã, as atividades da AG contaram ainda com uma análise da conjuntura eclesial. Apresentada pelos padres Geraldo De Mori e Danilo Pinto, do Instituto Nacional de Pastoral Padre Alberto Antoniazzi (INAPAZ), a reflexão evidenciou o cenário interno e externo da Igreja no viés do pentecostalismo e da evangelização. A atual ação dos pentecostais no processo de urbanização e também na atração do mundo juvenil e o empoderamento das mulheres foram refletidos pelos bispos.

O imaginário simbólico religioso do povo brasileiro, mesmo diante do processo de secularização, foi analisado como oportunidade para que a Igreja possa continuar sua ação evangelizadora na vida da sociedade. “Que possamos exercer e viver essa Igreja que saiba escutar e discernir os sinais dos tempos de modo sinodal e missionário”, destacou o padre De Mori. Também o uso tecnológico para a evangelização foi apresentado aos bispos como um desafio e, ao mesmo tempo, como grande oportunidade para o anúncio de Jesus Cristo.

A valorização dos leigos e leigas e a presença feminina no trabalho pastoral também foram citados pelos sacerdotes como caminhos na busca “de uma formação comum que atinja o fiel frente aos discursos fundamentalistas”, disse. A formação ética e crítica enquanto presença católica na mídia também integraram as reflexões do episcopado na manhã de hoje.

Vista panorâmica da plenária dos bispos na 59ª AG CNBB.
Fotos: Adielson Agrelos – Ascom 59ª AG CNBB.


Por Pe. Tiago Barbosa

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Os cardeais do mundo no Vaticano com o Papa

para refletir sobre a reforma da Cúria

Hoje, 29, e amanhã, 30 de agosto, haverá o encontro a portas fechadas na Sala Nova do Sínodo para aprofundar aspectos da Praedicate Evangelium, a Constituição Apostólica em vigor desde 5 de junho passado. Três sessões entre manhã e tarde, depois a missa na terça-feira, em São Pedro, com os novos cardeais. Os dois dias são também uma ocasião para aprofundar o conhecimento entre os membros do Colégio cardinalício.

São pouco menos de 200 cardeais, dos 226 do Colégio, que participam entre hoje e amanhã, 29 e 30 de agosto, do encontro a portas fechadas desejado e convocado pelo Papa para aprofundar a Constituição Apostólica Praedicate Evangelium, com a qual Francisco reformou a Cúria Romana. Este é provavelmente o maior e mais participado encontro do Papa com o Colégio cardinalício. Nunca nos dez anos de pontificado de Jorge Mario Bergoglio um encontro desse tipo e uma participação assim tão ampla tinha sido vista apenas oito anos, quando o Pontífice convocado o duplo Sínodo sobre a família (2014-15), convidando cerca de 180 bispos e cardeais.

Sessões de trabalho

Tendo vindo a Roma de seus países nos últimos dias para acolher os 20 novos confrades criados no Consistório de 27 de agosto, os purpurados, junto com os patriarcas orientais e superiores da Secretaria de Estado, viverão na Sala Nova do Sínodo três sessões de trabalho entre manhã e tarde, com uma pausa para o almoço. A missa do Papa na Basílica de São Pedro com os novos cardeais, na terça-feira, 30 de agosto, às 17h30, concluirá os dois dias de encontro. Francisco não celebrou a missa com os cardeais no domingo por causa da visita a Aquila.

Aos participantes, disseram eles, foi dada nas últimas semanas uma agenda para indicar temas e perguntas sobre diferentes aspectos relacionados ao Documento. Os debates são feitos durante todo o dia de hoje e amanhã de manhã, em grupos linguísticos e, em seguida, os momentos de discussão na plenária.

O anúncio do Papa

Foi no Angelus de 29 de maio passado, o mesmo em que ele anunciou a criação de novos cardeais, que o Papa Francisco deu a notícia de querer reunir o Colégio Sagrado por dois dias para explicar o conteúdo e as novidades da Constituição Apostólica, promulgada em 19 de março, quase a surpresa após uma gestação de quase dez anos.

"Na segunda e terça-feira, 29 e 30 de agosto, será realizada uma reunião de todos os cardeais para refletir sobre a nova Constituição apostólica Praedicate Evangelium e no sábado, 27 de agosto, realizarei um Consistório para a criação de novos cardeais."

Notícias e indicações da Praedicate Evangelium

O documento entrou em vigor em 5 de junho, na Solenidade de Pentecostes. O texto contém e sistematiza muitas das reformas já implementadas nos últimos anos pelo Papa, estudadas e formuladas pelo Conselho de Cardeais, instituído pelo Papa Francisco nos primeiros anos de pontificado. A Constituição também introduz algumas novidades, começando pela unificação e mudança de nome de diferentes Dicastérios. No entanto, a Praedicate Evangelium - como o próprio nome sugere - confere uma estrutura mais missionária à Cúria para que possa estar cada vez mais a serviço das Igrejas particulares e da evangelização. 

"Missionariedade"

Este é um dos principais aspectos da Constituição apostólica, a chave de leitura para interpretar a reforma, mas também uma direção global para a Igreja deste tempo. Embora focada em mudanças na estrutura de Dicastérios e departamentos, a Praedicate Evangelium "amplia" os confins da Cúria, criando uma linha direta com as Conferências Episcopais e as diferentes Dioceses dos cinco continentes.

Uma ponte entre a Cúria e os episcopados

"Com a Constituição entre as diferentes Igrejas e a Cúria, agora há um espaço de escuta e diálogo", explicou o novo cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, na Amazônia brasileira, ao Vatican News no encontro do último sábado na Sala de Imprensa da Santa Sé poucas horas antes do Consistório. "Agora, não se vem mais a Roma para dizer o que fizemos, agora se vem para aprender, mas a Cúria também sabe aprender de uma maneira diferente. Percebe-se melhor quem está a serviço do Santo Padre, a serviço dos bispos, e esta é uma esperança de ser uma Igreja mais fraterna em que se ouve, onde se vive e assume a diversidade cultural", disse Steiner.

Igreja em peregrinação

As perguntas sobre as quais refletir são muitas, sublinhou o novo cardeal Arthur Roche, prefeito do Dicastério para o Culto Divino: colaboração entre a Cúria e os episcopados, a presença dos leigos em papéis de responsabilidade, a "missionariedade" e a "conversão da Igreja". Em particular, os dois últimos "são elementos muito importantes", disse o cardeal inglês. "A Praedicate Evangelium não é apenas algo para a reforma da Cúria, é também para as relações entre todas as Conferências Episcopais e a Santa Sé. Missão e conversão envolvem todos num processo quase sinodal. Podemos dizer que somos uma Igreja em peregrinação".

Aprofundar o conhecimento

A reunião de hoje e amanhã também é uma forma de garantir que os cardeais, que atualmente compõem o Colégio de Cardeais, alguns dos quais vêm das periferias do mundo e realidades distantes, possam aprofundar seus conhecimentos. A visão universal que sempre distinguiu as escolhas do Papa Francisco para o Consistório, com a representação de países que nunca em sua história tinha visto um cardeal (de Tonga a Brunei, da Mongólia ao Haiti, de Bangladesh ao Laos e ao Lesoto), fez com que o Colégio fosse hoje composto por membros distantes, tanto pela formação cultural quanto pela a sensibilidade pastoral, tanto pelas posições geográficas que dificultam a participação assídua ou a participação a encontros em Roma. O encontro com o Papa é um espaço de diálogo e aprofundamento 'humano', conforme sublinhado pelo arcebispo emérito de Cartagena, o cardeal colombiano Jorge Enrique Jiménez Carvajal: "O Consistório e o encontro com o Papa nos ajudam a nos conhecer um pouco, a nos sentirmos mais conscientes e a nos preparar para o futuro".

Salvatore Cernuzio

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domingo, 28 de agosto de 2022

Celebração na Casa da Mãe Aparecida marca o início

da etapa presencial da 59ª AG da CNBB

O episcopado brasileiro se reuniu na casa da Mãe Aparecida, no Santuário Nacional em celebração no domingo, 28 de agosto, para marcar a abertura da etapa presencial da 59ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que se realiza de 28 de agosto a 2 de setembro no Centro de Eventos Padre Vitor Coelho em Aparecida (SP).

Procissão de entrada
Fotos: Thiago Leon
Santuário Nacional.

O reitor do Santuário do Santuário de Aparecida, padre Carlos Eduardo Catalfo, antes da procissão de entrada, saudou os bispos do Brasil acolhendo-os na “Casa da Palavra, Casa dos Pobres, Casa da Eucaristia e Casa da Vida” para o encontro que vai marcar a celebração dos 70 anos da CNBB.

O arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo, presidiu a missa concelebrada pelos membros da presidência da entidade e pelos bispos que integram o Conselho Episcopal Pastoral, o Consep. Os franciscanos da província da Imaculada Conceição do Brasil (OFM) também participaram da celebração que enalteceu também bicentenário de morte de Frei Galvão,

No último domingo do Mês Vocacional, data em que a Igreja no Brasil celebra o Dia do Catequista, a  assessora da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB, Mariana Venâncio, foi convidada a fazer a primeira leitura da missa representando os catequistas do Brasil. Ela disse sentir-se  honrada por representar, na celebração junto aos pastores, os catequistas e as catequistas do Brasil neste dia.

“É grande a responsabilidade porque sei que trago comigo muitos rostos, identidades, histórias, esforços, alegrias e desafios. Ao ouvir a Palavra de Deus com a Assembleia dos Bispos, rezo pedindo que ela continue sendo fonte de unidade e sinodalidade para a Igreja e que ela inspire e anime da maneira renovada a cada pessoa que se põe a serviço da Catequese”, disse.

“Viemos para uma experiência de comunhão”

Dom Walmor enaltece
a experiência de comunhão
das assembleias da CNBB.
Fotos: Thiago Leon
Santuário Nacional.

O presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo, saudou a todos congregados na casa da Mãe Aparecida, o arcebispo de Aparecida (SP), dom Orlando Brandes, aos redentoristas e aos franciscanos pela ocasião dos 200 anos do nascimento de Santo Antônio Galvão. Saudou fieis presentes no santuário e aos que acompanharam a celebração pela TV Aparecida e redes sociais do santuário e da CNBB.

Dom Walmor lembrou da ocasião em que a Igreja volta o seu olhar para os catequistas de todo o Brasil e pediu um aplauso de gratidão a eles e elas. “Os catequistas no Brasil são uma grande multidão. Por isso, merecem nosso apreço por seu ministério. Gente de fé cuidando da fé de muita gente”, disse. De acordo com o presidente da CNBB, os catequistas são uma multidão admirável que precisa se multiplicar frente ao desafio enorme de aproximar as pessoas de Cristo.

Ao dirigir-se aos bispos, assessores e ao povo de Deus, o presidente da CNBB lembrou dos anos que os bispos foram impedidos, em razão da pandemia, de congregar-se, como bispos, em Assembleia de forma presencial. “Estamos aqui pela graça de Deus”, disse. Sobre a 59ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, o arcebispo disse que os coração dos bispos não são corações que participam de uma convenção mas de servidores e peregrinos do povo de Deus. “Estamos aqui com coração de discípulos missionários”, disse.

Dom Walmor disse que os bispos brasileiros trazem em seu coração uma tarja de luto pelas muitas vítimas em razão da Covid-19, da violência e dos milhões de brasileiros que vivem em condição de insegurança alimentar. Por outro lado, o presidente da CNBB disse que a etapa presencial da 59ª AG CNBB é um espaço de alegria para curar os corações dos bispos do Brasil e voltar à casa da Mãe Aparecida. “Temos motivos para nos alegrar apesar de nossos corações feridos, nossos pés cansados e em nossas mãos fatigadas’, disse.

O presidente da CNBB disse ser agradável o encontro dos irmãos no episcopado e ressaltou que os bispos não vieram à Aparecida para realizar uma convenção mas para realizar uma experiência de comunhão. “Que esse caminho seja fecundo. Estamos aqui para uma experiência bonita para fortalecer o que é mais importante da experiência episcopal dos bispos do Brasil: “a comunhão’. Viemos para fortalecer a nossa comunhão de modo que as nossas diferenças se tornem riqueza, nossos modos de ver diferentes se tornem consenso eclesial e que possamos servir melhor o povo amado de Deus”, disse.

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                                                                                                                              Fonte: cnbb.org.br

Papa no Perdão Celestino:

humildade e mansidão para testemunhar a misericórdia

“Todos podemos experimentar um ‘terremoto da alma’, que nos coloca em contato com a própria fragilidade, limitações e miséria. Nessas circunstâncias, pode-se aprender a mansidão, que junto com a humildade levam a guardar e testemunhar a misericórdia”. Palavras do Papa Francisco na homilia deste domingo (28) na cidade de L’Aquila por ocasião do “Perdão Celestino”

Na Basílica de Collemaggio em L’Aquila, o Papa Francisco presidiu a Santa Missa na segunda etapa da sua visita pastoral neste domingo, 28 de agosto. Aos falar aos fiéis na sua homilia o Papa iniciou recordando que os Santos são uma fascinante explicação do Evangelho. Pois suas vidas, disse Francisco, são o ponto privilegiado a partir do qual podemos vislumbrar a boa nova que Jesus veio proclamar, ou seja, que Deus é nosso Pai e todos somos amados por Ele. Este é o coração do Evangelho, e Jesus é a prova deste Amor, de sua encarnação, de seu rosto.

A grandeza de Celestino V

“Hoje celebramos a Eucaristia em um dia especial para esta cidade e esta Igreja: o Perdão Celestino”. Lembramos erroneamente a figura de Celestino V como "aquele que fez a grande recusa", segundo a expressão de Dante na Divina Comédia; mas Celestino V não era o homem do "não", ele era o homem do "sim". “De fato”, explica ainda Francisco, “não há outra maneira de realizar a vontade de Deus a não ser assumindo a força dos humildes”.

A força dos humildes

“A humildade”, disse, “não consiste em nos desvalorizarmos, mas naquele realismo saudável que nos faz reconhecer nosso potencial e também nossas misérias. Partindo precisamente de nossas misérias, a humildade nos faz desviar o olhar de nós mesmos e voltar nosso olhar para Deus, Aquele que pode fazer tudo e também obtém para nós o que não podemos ter por nós mesmos”.

“A força dos humildes é o Senhor, não as estratégias, os meios humanos, as lógicas deste mundo”

“Neste sentido”, pondera o Papa, “Celestino V foi uma corajosa testemunha do Evangelho, porque nenhuma lógica de poder poderia prendê-lo e administrá-lo. Nele admiramos uma Igreja livre das lógicas do mundo e testemunhamos plenamente o nome de Deus que é a Misericórdia.

A misericórdia

Há muitos século que L’Aquila, mantém vivo o dom que o próprio Papa Celestino V lhe deixou. “É o privilégio de lembrar a todos que com a misericórdia, e somente com a misericórdia, a vida de cada homem e de cada mulher pode ser vivida com alegria”.

“Misericórdia é a experiência de sentir-se acolhido, restaurado, fortalecido, curado, encorajado. Ser perdoado é experimentar aqui e agora o que mais se aproxima da ressurreição. O perdão vai da morte à vida, da experiência da angústia e da culpa à da liberdade e da alegria”

Compreender a dor dos outros

Falando aos presentes que sofreram por causa do terremoto de 2009, Francisco recordou que “aqueles que sofreram devem ser capazes de valorizar seu próprio sofrimento, devem compreender que na escuridão que viveram, também lhes foi dado o dom de compreender a dor dos outros”. Recordando aos presentes:

“Vocês podem cuidar da misericórdia porque sofreram a experiência da miséria”

Refletindo que “todos na vida, sem necessariamente experimentar um terremoto, podem, por assim dizer, experimentar um ‘terremoto da alma’, que os coloca em contato com sua própria fragilidade, suas próprias limitações, sua própria miséria”. “Nesta experiência", disse, "pode-se perder tudo, mas também se pode aprender a verdadeira humildade. Nessas circunstâncias, a pessoa pode se deixar enfurecer pela vida, ou pode aprender a mansidão”.

“Humildade e mansidão, portanto, são as características de alguém cuja tarefa é guardar e testemunhar a misericórdia”

Servir e não ser servido

Por fim o Papa recordou a todos os presentes:

“O cristão sabe que sua vida não é uma carreira à maneira deste mundo, mas uma carreira à maneira de Cristo, que dirá de si mesmo que veio para servir e não para ser servido (cf. Mc 10, 45). Enquanto não compreendermos que a revolução do Evangelho reside neste tipo de liberdade, continuaremos a testemunhar guerras, violência e injustiça, que nada mais são do que o sintoma externo de uma falta de liberdade interior. Onde não há liberdade interior, egoísmo, individualismo, se sobrepõem interesse próprio e opressão".

Jane Nogara

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No Angelus, o Papa reza pelo Paquistão e pela Paz

Antes da oração do Angelus que seguiu a Santa Missa por ocasião do Perdão Celestino em L'Aquila, o Papa Francisco assegurou sua proximidade com às populações do Paquistão afetadas por inundações e invocou a Nossa Senhora o perdão e a paz para o mundo inteiro.

Depois da conclusão da Santa Missa por ocasião da sua visita pastoral à cidade de L'Aquila neste domingo (28) o Papa Francisco pronunciou algumas palavras para a oração do Angelus, seguido pelo rito de abertura da Porta Santa no Perdão Celestino.

Paquistão

Recordando a tragédia das inundações no Paquistão disse aos presentes:

“Neste lugar, que sofreu uma grave calamidade, quero assegurar minha proximidade às populações do Paquistão afetadas por inundações de proporções desastrosas. Rezo pelas muitas vítimas, pelos feridos e pelos deslocados, e para que a solidariedade internacional seja rápida e generosa”.

Paz

E concluiu afirmando:

“E agora invoquemos Nossa Senhora para que, como eu disse no final da homilia, possa alcançar o perdão e a paz para o mundo inteiro. Rezemos pelo povo ucraniano e por todos os povos que sofrem por causa das guerras. Que o Deus da paz reavive nos corações dos líderes das nações o sentido humano e cristão da piedade, da misericórdia. Maria, Mãe de misericórdia e Rainha da paz, rogai por nós!”.

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