quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Dom Leonardo Steiner:

Momento de reconciliação e diálogo nacional


Dom Leonardo Ulrich Steiner, Secretário-Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) fala ao Vatican News sobre as eleições presidenciais no Brasil, que deu a vitória ao candidato Jair Bolsonaro. Para Dom Leonardo o fato de as eleições terem corrido em um ambiente harmônico é um bom sinal “sinal de que os brasileiros querem um país com convivência mais fraterna, mais irmã!”.
Futuro do Brasil
Quanto ao futuro, do Brasil, depende de “como se comportará o Supremo Tribunal, o Executivo e o Legislativo, são os três poderes que devem ajudar o Brasil”. Porém, para o Bispo, “existe uma preocupação porque muitas das afirmações durante o tempo das eleições não eram favoráveis aos indígenas, quilombolas, pobres e aos direitos humanos”. Então tudo depende deste período pós eleição se muda a linguagem e as atitudes.
Reconciliação e comunhão
Dom Leonardo acredita que “como sociedade brasileira da qual a CNBB faz parte, agora temos um momento necessariamente de comunhão”. Recordando a nota da CNBB antes das eleições diz que foi falado de “reconciliação”,  várias entidades buscam isso neste momento. “Depois da eleição busquemos defender a democracia com a reconciliação”.
Democracia
Ao falar de democracia, diz o bispo “fala-se no sentido de que as pessoas possam participar ativamente, viver na liberdade, mas ao mesmo tempo ter políticas públicas em benefício de todos, essa é a tarefa de toda a sociedade”.
Tempo de estender a mão
Hoje no Brasil existe divisões mas também tensões, e não só na sociedade, mas nas nossas próprias famílias, por isso chegou o tempo de fazer um movimento “de estender a mão, saber ouvir! O tempo das eleições foi um tempo que não soube ouvir, havia a capacidade de agressão e não da palavra, não da escuta – diz o bispo – e esse tempo da escuta e da palavra deve vir agora.
Abrir-se ao diálogo
Ao comentar sobre qual seria o papel da Igreja para que este Brasil dividido possa se reencontrar, Dom Leonardo diz que não será uma tarefa fácil, depende da atitude dos governantes, evidenciado que “quando um governo assume precisa ouvir a sociedade, não se impor, senão os movimentos sociais começam a se manifestar ir às ruas e isso leva a tensões e divisões maiores ainda. Por isso o Governo precisa estender a mão e abrir-se ao diálogo”.
Papel da Igreja
Quanto ao papel da Igreja para diminuir as divisões, Dom Leonardo confirma que a CNBB “nunca indicou um candidato, mas foram indicados critérios para escolher um candidato. Tais critérios são a democracia, diálogo, opção pelos pobres, defesa da vida em todos os sentidos, não apenas a questão do aborto, mas fala-se de toda a abrangência que a palavra vida tem, inclusive a questão do meio ambiente. Porém, frisou Dom Leonardo, “como Igreja é preciso ajudar a articular para o diálogo e criar um movimento dentro do Brasil, para que possamos sentar todos juntos ao redor de uma mesa”. “É um trabalho difícil mas a Igreja não vai se furtar a esta tarefa que o Evangelho nos confia, de criarmos uma fraternidade. Fraternidade significa um rumo, um rumo que é de justiça, de verdade e de amor.
Mensagem ao novo Presidente
“Desejo a Bolsonaro um bom governo, que ele possa governar para os brasileiros, para todos os brasileiros, todos. Se ele o fizer, certamente terá feito um bom governo”.
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Campanha para a Evangelização auxilia a Igreja no cumprimento

da sua missão e torna mais vigoroso o seu testemunho


Inspirada no exemplo da Igreja da Alemanha, que realiza duas campanhas anuais, a Igreja no Brasil criou a Campanha para a Evangelização no tempo do advento, após ser aprovada pela 35ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em 1997. Na assembleia seguinte, a 36ª, a ideia saiu do papel e foi realizada pela primeira vez no advento de 1998.
Despertar os discípulos e as discípulas missionários para o compromisso evangelizador e para a responsabilidade pela sustentação das atividades pastorais no Brasil está entre os principais enfoques da Campanha deste ano, que acontece em sintonia com a Exortação Apostólica do papa Francisco: Gaudete et Exsultate, sobre o chamado à santidade no mundo atual, com o lema “Evangelizar partindo de Cristo”.
Sua abertura será realizada na Festa do Cristo Rei e Dia dos Cristãos Leigos e Leigas, encerramento do Ano Litúrgico, no dia 25 de novembro. A conclusão acontece no terceiro domingo do Advento, dia 16 de dezembro, quando deve ser realizada, em todas as comunidades católicas, a Coleta para a Ação Evangelizadora no Brasil, que pretende apoiar as inúmeras iniciativas da Igreja no Brasil no serviço da evangelização, da dinamização das pastorais, na luta pela justiça social, nas experiências missionárias das Igrejas irmãs e na missão ad gentes.
“Desejamos uma boa Campanha para Evangelização com as bênçãos de Deus e a proteção de Maria, mãe e seguidora de Jesus de Nazaré”, afirma a Comissão Episcopal da Campanha para Evangelização.
Partilha
O gesto concreto de colaboração na Coleta da Campanha para a Evangelização será partilhado, solidariamente, entre as arquidioceses, dioceses e prelazias, que receberão 45% dos recursos; os 18 regionais da CNBB que terão 20% e o Secretariado-geral da CNBB que contará com 35% das contribuições.
“A Igreja no Brasil, mais uma vez, faz um forte apelo para que nossas comunidades locais se motivem na comunhão e na participação para que, por meio dessa partilha, muitas iniciativas de evangelização sejam fortalecidas”, afirma a Comissão Episcopal da Campanha para Evangelização.
Materiais
Os materiais da Campanha para a Evangelização estão disponíveis para download no site da Editora da CNBB (clique aqui). Foi preparado o texto motivacional, o cartaz e a oração da CE.
Oração da CE
Deus, nosso Pai, quereis a salvação de todos os povos da Terra.
Nós vos pedimos que susciteis em nós o compromisso com a Evangelização, para que todos conheçam a vida que de vós provém.
Nós vos pedimos que nossos projetos evangelizadores sirvam para nossa santificação e da sociedade inteira que, assim, será justa, fraterna e solidária.
Nós vos pedimos que, em nossas comunidades e em toda a Igreja no Brasil, cresça o sentimento de partilha e que, por meio da Coleta para a Evangelização e do testemunho de comunhão, todas as comunidades recebam a força do Evangelho.
Por nosso Senhor Jesus Cristo vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Amém.
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Papa na Catequese desta quarta-feira:

É revolucionário
amar o cônjuge assim como Cristo amou a Igreja
Na Audiência desta quarta-feira, Francisco completou sua reflexão sobre o sexto mandamento, "não cometer adultério". "Amar é sair de si, é descentralizar", afirmou.

Cidade do Vaticano - Quarta-feira é dia de Audiência Geral no Vaticano. Cerca de 20 mil fiéis participaram na Praça São Pedro do encontro semanal com o Pontífice.
Nesta quarta-feira (31/10), o Papa Francisco completou a catequese sobre o sexto mandamento, “não cometer adultério”, evidenciando que o amor fiel de Cristo é a luz para viver a beleza da afetividade humana. O amor se manifesta na fidelidade, no acolhimento e na misericórdia.
Revolução
No meio do povo
Este mandamento, recordou o Papa, refere-se explicitamente à fidelidade matrimonial. Francisco definiu como “revolucionário” o trecho da Carta de São Paulo aos Efésios lido no início da Audiência, em que o Apóstolo afirma que o marido deve amar a esposa assim como Cristo amou a Igreja. Levando em consideração a antropologia da época, disse o Papa, “é uma revolução. Talvez, naquele tempo, é a coisa mais revolucionária dita sobre o matrimônio”.
Por isso, é importante refletir profundamente sobre o significado de esponsal, estando ciente, porém, de que o mandamento da fidelidade é destinado a todos os batizados, não só aos casados.
Amar é descentralizar
De fato, o caminho do amadurecimento humano é o próprio percurso do amor, que vai desde o receber cuidados até a capacidade de oferecer cuidados; de receber a vida à capacidade de dar a vida. Tornar-se adultos significa viver a atitude esponsal, ou seja, capaz de doar-se sem medida aos outros.
Entrando para a Catequese
O infiel, portanto, é uma pessoa imatura, que interpreta as situações com base no próprio bem-estar. “Para se casar, não basta celebrar o matrimônio!”, recordou o Papa. É preciso fazer um caminho do eu ao nós. De pensar sozinho, a pensar a dois. A viver sozinho, a viver a dois. Descentralizar é uma atitude esponsal.
Por isso, acrescentou Francisco, “toda vocação cristã é esponsal”, pois é fruto do laço de amor com Cristo mediante o qual fomos regenerados. O sacerdote é chamado a servir a comunidade com todo o afeto e a sabedoria que o Senhor doa.
A Igreja não necessita de aspirantes ao papel de sacerdotes, “é melhor que fiquem em casa”, mas homens cujo coração é tocado pelo Espírito Santo com um amor sem reservas para a Esposa de Cristo. No sacerdócio, se ama o povo de Deus com toda a paternidade, ternura e a força de um esposo e de um pai. O mesmo vale para quem é chamado a viver a virgindade consagrada.
O corpo não é um instrumento de prazer
“O corpo humano não é um instrumento de prazer, mas o local da nossa chamada ao amor, e no amor autêntico não há espaço para a luxúria e para a sua superficialidade. Os homens e as mulheres merecem mais!”
O Papa concluiu recordando que o sexto mandamento, mesmo em sua forma negativa – não cometer adultério – nos oriente à nossa chamada originária, isto é, ao amor esponsal pleno e fiel, que Jesus Cristo nos revelou e doou.
Dia de Finados
Ao final da Audiência, o Papa recordou a celebração do Dia de Finados. “Que o testemunho de fé dos que nos precederam reforce em nós a certeza de que Deus acompanha cada um no caminho da vida, jamais abandona alguém a si mesmo, e quer que todos sejamos santos, assim como Ele é santo.”
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Assista:
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terça-feira, 30 de outubro de 2018

O Sínodo continua:

Unidos contra os ataques do Mal
Depois do Sínodo, ressoa com força o apelo do Papa para continuar a rezar pela Igreja, a caminhar juntos, levando o Evangelho ao mundo, enquanto o demônio acusa e divide: “é aquele que nos divide e nos separa de Deus”

Cidade do Vaticano Papa Francisco convidou a rezar o Terço no mês de outubro, invocando Nossa Senhora e São Miguel Arcanjo, para pedir a Deus que proteja a Igreja dos ataques do demônio. E no discurso de encerramento dos trabalhos sinodais, recomendou: “Continuemos a fazê-lo", porque "é um momento difícil", o Grande Acusador - referindo-se ao demônio - se aproveita dos pecados dos filhos da Igreja para atacar a "Santa Mãe Igreja". Os filhos estão sujos, mas a Mãe é Santa, "não deve ser sujada". "Este é o momento de defender a Mãe; e se defende a Mãe do Grande Acusador com a oração e a penitência".
As acusações contra a Igreja se tornam "perseguição", como acontece com os cristãos do Oriente, mas "há outro tipo de perseguição, com acusações contínuas para sujar a Igreja. A Igreja não deve ser sujada, nós filhos somos todos sujos", os filhos são pecadores, "mas a Mãe não, devemos defendê-la, todos, e por isso eu pedi para todos rezarem o Terço neste mês de outubro, todos os dias, pela unidade da Igreja” . “A Mãe deve ser defendida com oração e penitência”.
Os ataques ao Papa e os “insensatos Gálatas”
Portanto o sínodo concluiu-se, mas continua. Cada vez mais somos chamados a “caminhar juntos” – este é o significado da palavra “sínodo” – unidos a Cristo e ao seu Vigário, principalmente neste momento tão difícil para a Igreja. Unidos na alegria e nos sofrimento, na esperança e no testemunho. Unidos na escuta recíproca e na oração. Reparados do Mal sob o manto da Mãe de Deus. O Diabo é aquele que nos divide e nos separa de Deus. Esse é o grande testemunho dos que pensam em salvar a Igreja atacando o Papa.
Ainda hoje ressoa a antiga advertência de São Paulo sobre os “Os insensatos Gálatas”: convertidos ao cristianismo tinham sido convencidos de que a salvação viria através da lei. É a tentação de sempre, a idolatria da lei que dá segurança.
“Mas os que seguem cegamente a lei, na realidade não a obedecem, porque seguem fielmente as normas recebidas - e no fundo para si mesmos, pensando em se salvar graças à observância de tais normas - e se afastam dos que a entregaram”
Perde o espírito da lei, perde a humanidade da lei, perde o rosto amoroso do autor da lei, Deus: pensando em obedecê-lo.
A ilusão de se considerar fiéis a Deus
Todo o drama dos opositores do Papa encontra-se aqui: sem sabê-lo, estão se opondo a Jesus, que continua a escandalizar os fariseus de todos os tempos, salvando e curando, gratuitamente, por pura misericórdia. Jesus caminha entre nós e passa com a sua graça: para acolhê-la não se pode parar (Lc 13, 1-35). O amor precisa de movimento, caminha, como Abraão que pela fé deixou sua terra sem saber onde ir. A fé cristã não é uma religião do Livro, de uma lei escrita, muda, imóvel (Catecismo da Igreja Católica, 108), mas é a religião da Palavra de Deus, uma Palavra viva que continua a falar, diz coisas novas, que antes não entendíamos, está sempre em movimento. É Jesus. Que deve ser seguido. Para que não ficássemos limitados à lei e afastados d’Ele, Jesus nos deu um homem, frágil como nós, frágil como Pedro, como seu Vigário.
“Seguir o Papa é um ponto de referência, estável mas dinâmico, para continuar a seguir Jesus”
O Demônio quer romper esta ligação para nos separar do Redentor, Aquele que doa a verdadeira liberdade de amar. Eis o engano diabólico: trabalhar para o diabo acreditando estar ao serviço de Deus.
A beleza de caminhar juntos
O Sínodo acabou, mas continua. Nos chama a testemunhar todos os dias a alegria do encontro com Jesus. A beleza da unidade, no caminhar juntos, unidos ao Papa, na escuta do Espírito Santo, repelindo as tentações daquele que quer dividir e acolhendo com fé a oração de Jesus ao Pai “para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti” (Jo 17, 21).
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segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Dom Walmor:

“O dia seguinte às eleições não é um conto de fadas”


Concluído o processo eleitoral 2018, o arcebispo de Belo Horizonte (MG), dom Walmor Oliveira de Azevedo chama a atenção, em artigo, para um aspecto: “As eleições marcam o início de um novo ciclo, resultado da vontade dos cidadãos”. Para ele, as eleições não têm força mágica, com o poder imediato de tudo mudar, mas constituem um importante passo, na tarefa de se percorrer um longo caminho.
“Não se pode acreditar na solução imediata dos problemas, simplesmente porque determinado candidato venceu o pleito. O dia seguinte às Eleições não é um ‘conto de fadas’. Para vencer seus muitos desafios, o povo brasileiro necessita buscar respostas alicerçadas em um profundo humanismo, em princípios e valores fundamentais conforme exige o sistema democrático”, disse.
O religioso defende que é ilusória a possibilidade de se conquistar o bem comum fora dos trilhos da democracia, por meio de escolhas unilaterais ou imposições. “A participação cidadã, além de possibilitar a escolha dos representantes do povo nas eleições, assegura aos governados a prerrogativa de acompanhar e direcionar a atuação dos próprios governantes”, disse.
O sistema democrático, recorda dom Walmor, oferece mecanismos para que o poder do Estado não seja apropriado por interesses particulares ou objetivos ideológicos. “A partir das eleições é necessário renovar a compreensão de que uma autêntica democracia requer um Estado regido pelo Direito, sobre a base de uma rica concepção do ser humano, conforme ensina a Doutrina Social da Igreja Católica”, defende.
Compromisso com a democracia – Os eleitos, acima de tudo, têm o compromisso de defender a democracia, para além do mero respeito formal a determinadas regras. “É preciso aceitar, com convicção, os valores que inspiram os procedimentos democráticos: o zelo pelos direitos e pela dignidade humana, a busca do bem comum”, reforça. Sem o consenso sobre a importância desses valores, a democracia perde a sua estabilidade, defende dom Walmor.
Para o arcebispo de Belo Horizonte (MG) é perigoso quando os representantes do povo, nos três poderes, navegam no leito do relativismo ético que leva à manipulação de valores, que passam a ser negociados, em vez de serem compreendidos como critérios objetivos a serem respeitados. “Uma democracia sem princípios converte-se, facilmente, em totalitarismo, aberto ou dissimulado”, disse.
Dom Walmor defende que para se preservar o regime democrático é preciso agir em conformidade com a lei moral, que é soberana e sustenta o indispensável equilíbrio entre os poderes. Nesse horizonte, defende, espera-se competência humanística daqueles que exercem o poder. “Assim se legitima a autoridade perante o povo e se conquista credibilidade”, destaca.
Para corrigir as deformações do sistema democrático – a corrupção política, a traição de princípios morais e a inaceitável negociação da justiça social – dom Walmor aponta que os partidos políticos devem ser capazes de favorecer a participação cidadã, consolidando o entendimento da responsabilidade de todos pelos rumos da sociedade em um sistema democrático. “É exigido qualificado desempenho dos que ocupam cargos nos três poderes, mas também é indispensável a colaboração cidadã de cada pessoa na definição dos rumos do país”.
                               Dom Walmor Oliveira de Azevedo - Arcebispo de Belo Horizonte (MG)
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domingo, 28 de outubro de 2018

Papa na Missa conclusiva do Sínodo:

Ser testemunhas de Jesus, não doutrinaristas ou ativistas
"Obrigado pelo vosso testemunho. Trabalhamos em comunhão e com ousadia, com o desejo de servir a Deus e ao seu povo. Que o Senhor abençoe os nossos passos, para podermos escutar os jovens, fazer-nos próximo e testemunhar-lhes a alegria da nossa vida: Jesus”: disse o Papa na Missa conclusiva do Sínodo.

Cidade do Vaticano“Gostaria de dizer aos jovens, em nome de todos nós, adultos: desculpai, se muitas vezes não vos escutamos; se, em vez de vos abrir o coração, vos enchemos os ouvidos”: disse o Papa Francisco na homilia da missa na manhã deste XXX Domingo do Tempo Comum, celebrada na Basílica de São Pedro, no encerramento do Sínodo dos Bispos dedicado aos jovens. Cerca de sete mil pessoas participaram da celebração.
Na homilia, o Pontífice concentrou-se no Evangelho do dia, que nos traz o episódio da cura do cego Bartimeu feita por Jesus, do qual em sua reflexão propôs algumas indicações aos padres sinodais e aos jovens para o caminho de fé da Igreja.
Três passos fundamentais no caminho da fé
Bartimeu é o último que segue Jesus ao longo do caminho: “de mendigo na margem da estrada para Jericó, torna-se discípulo que vai juntamente com os outros para Jerusalém. Também nós caminhamos juntos, ‘fizemos sínodo’ e agora este Evangelho corrobora três passos fundamentais no caminho da fé”: escutar, fazer-se próximo e testemunhar, apontou o Santo Padre.
Escutar
“O primeiro passo para ajudar o caminho da fé: escutar. É o apostolado do ouvido: escutar, antes de falar”, ressaltou. Referindo à atitude de muitos que estavam com Jesus, que repreenderam Bartimeu para que estivesse calado, disse que estes “seguiam Jesus, mas tinham em mente os seus projetos”, e que este é um risco do qual sempre devemos nos precaver.
Ao contrário, para Jesus, o grito de quem pede ajuda não é um transtorno que estorva o caminho, mas uma questão vital. Como é importante, para nós, escutar a vida! Os filhos do Pai celeste prestam ouvidos aos irmãos: não às críticas inúteis, mas às necessidades do próximo. Ouvir com amor, com paciência, como Deus faz conosco, com as nossas orações muitas vezes repetitivas. Deus nunca Se cansa, sempre Se alegra quando O procuramos. Peçamos, também nós, a graça dum coração dócil a escutar, exortou Francisco.
Dirigindo-se aos jovens, o Santo Padre disse com veemência:
“Como Igreja de Jesus, desejamos colocar-nos amorosamente à vossa escuta, certos de duas coisas: que a vossa vida é preciosa para Deus, porque Deus é jovem e ama os jovens; e que, também para nós, a vossa vida é preciosa, mais ainda necessária para se avançar.”
Fazer-se próximo
Depois da escuta, o Papa apontou um segundo passo para acompanhar o caminho da fé: fazer-se próximo.
Vejamos Jesus, disse, “que não delega em ninguém da ‘grande multidão’ que O seguia, mas encontra Ele pessoalmente Bartimeu. Diz-lhe: ‘Que queres que Eu faça por ti?’. (...) É assim que Deus procede, envolvendo-Se pessoalmente com um amor de predileção por cada um. Na sua maneira de proceder, ressalta já a sua mensagem: assim a fé germina na vida”. A fé passa para a vida.
“Quando a fé se concentra apenas em formulações doutrinárias, arrisca-se a falar apenas à cabeça, sem tocar o coração. E quando se concentra apenas na ação, corre o risco de tornar-se moralismo e reduzir-se ao social. Ao contrário, a fé é vida: é viver o amor de Deus que mudou a nossa existência. Não podemos ser doutrinaristas ou ativistas; somos chamados a levar para a frente a obra de Deus segundo o modo de Deus, na proximidade: unidos intimamente a Ele, em comunhão entre nós, próximo dos irmãos. Proximidade: aqui está o segredo para transmitir, não algum aspeto secundário, mas o coração da fé.”
Francisco prosseguiu fazendo uma advertência: “Sempre existe aquela tentação que reaparece tantas vezes na Escritura: lavar as mãos, desinteressar-se. É o que faz a multidão no Evangelho de hoje, é o que fez Caim com Abel, é o que fará Pilatos com Jesus: lavar as mãos. Nós, pelo contrário, queremos imitar Jesus e, como Ele, meter as mãos na massa, sujá-las. Ele, o caminho (cf. Jo 14, 6), por Bartimeu deteve-Se ao longo da estrada; Ele, a luz do mundo (cf. Jo 9, 5), inclinou-Se sobre um cego”.
Reconhecemos que o Senhor sujou as mãos por cada um de nós e, fixando a Cruz, “recomecemos de lá, da lembrança de Deus que Se fez meu próximo no pecado e na morte. Fez-Se meu próximo: tudo começa de lá”, observou o Papa. “E, quando por amor d’Ele também nós nos fazemos próximo, tornamo-nos portadores de vida nova: não mestres de todos, não especialistas do sagrado, mas testemunhas do amor que salva.”
Testemunhar
“Testemunhar é o terceiro passo”, frisou o Santo Padre. “Não é cristão esperar que os irmãos inquietos batam às nossas portas; somos nós que devemos ir ter com eles, não lhes levando a nós mesmos, mas Jesus. Ele manda-nos, como aqueles discípulos, para encorajar e levantar em seu nome. Manda-nos dizer a cada um: ‘Deus pede para te deixares amar por Ele’.”
“Quantas vezes – continuou Francisco –, em vez desta mensagem libertadora de salvação, nos levamos a nós mesmos, as nossas ‘receitas’, as nossas ‘etiquetas’ na Igreja! Quantas vezes, em vez de fazer nossas as palavras do Senhor, despachamos como palavra d’Ele as nossas ideias! Quantas vezes as pessoas sentem mais o peso das nossas instituições que a presença amiga de Jesus! Então aparecemos como uma ONG, uma organização parestatal, e não como a comunidade dos redimidos que vivem a alegria do Senhor.”
Ouvir, fazer-se próximo, testemunhar
“A fé é questão de encontro, não de teoria. No encontro, Jesus passa; no encontro, palpita o coração da Igreja. Então serão eficazes, não as nossas homilias, mas o testemunho da nossa vida.”
E a todos vós que participastes neste ‘caminhar juntos’, concluiu Francisco, “digo obrigado pelo vosso testemunho. Trabalhamos em comunhão e com ousadia, com o desejo de servir a Deus e ao seu povo. Que o Senhor abençoe os nossos passos, para podermos escutar os jovens, fazer-nos próximo e testemunhar-lhes a alegria da nossa vida: Jesus.”
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Assista:

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Sínodo sobre os Jovens:
O que diz o Documento Final
Três partes, 12 capítulos, 167 parágrafos, 60 páginas: assim se apresenta o documento final da XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, sobre o tema "Os jovens, a fé e o discernimento vocacional". O texto foi aprovado na tarde de 27 de outubro na Sala do Sínodo. O documento foi entregue nas mãos do Papa, que então autorizou a sua publicação.

Cidade do Vaticano É o episódio dos discípulos de Emaús, narrado pelo evangelista Lucas, o fio condutor do Documento Final do Sínodo dos Jovens. Lido na Sala alternando vozes do relator geral, cardeal Sérgio da Rocha, e os secretários Especiais, padre Giacomo Costa e padre Rossano Sala, juntamente com Dom Bruno Forte, membro da Comissão para a Redação do texto, o documento é complementar ao Instrumentum laboris do Sínodo, do qual toma a subdivisão em três partes.
Acolhido com aplausos, o texto - disse o cardeal Sérgio Da Rocha - é "o resultado de um verdadeiro trabalho de equipe" dos Padres Sinodais, juntamente com os outros participantes no Sínodo e "em modo particular os jovens." O Documento, portanto, recolhe as 364 formas, ou emendas, apresentadas. "A maior parte delas - acrescentou o Relator geral - foi precisa e construtiva". Todos os parágrafos do texto foram aprovados com pelo menos dois terços dos votos.
"Caminhava com eles"
Em primeiro lugar, portanto, o Documento Final do Sínodo olha para o contexto em que vivem os jovens, destacando os pontos de força e desafios. Tudo parte de uma escuta empática que, com humildade, paciência e disponibilidade, permite de dialogar realmente com os jovens, evitando "respostas pré-concebidas e receitas prontas". Os jovens, de fato, querem ser "ouvidos, reconhecidos, acompanhados" e querem que sua voz seja "considerada interessante e útil no campo social e eclesial". A Igreja nem sempre teve essa atitude, reconhece o Sínodo: muitas vezes sacerdotes e bispos, sobrecarregados por muitos compromissos, lutam para encontrar tempo para o serviço da escuta. Daí a necessidade de preparar adequadamente também leigos, homens e mulheres, capazes de acompanhar as jovens gerações. Diante de fenômenos como a globalização e a secularização, além disso,  os jovens movem-se em direção a uma redescoberta de Deus e da espiritualidade e isso deve ser um estímulo para a Igreja, para recuperar a importância do dinamismo da fé.
A escola e a paróquia
Outra resposta da Igreja às questões dos jovens vem do setor educacional: as escolas, as universidades, as faculdades, os oratórios, permitem uma formação integral dos jovens, oferecendo ao mesmo tempo um testemunho evangélico de promoção humana.
Em um mundo onde tudo está conectado - família, trabalho, tecnologia, defesa do embrião e do migrante - os bispos definem como insubstituível o papel desempenhado pelas escolas e universidades onde os jovens passam muito tempo. As instituições educacionais católicas, em particular, são chamadas a enfrentar a relação entre a fé e as demandas do mundo contemporâneo, as diferentes perspectivas antropológicas, os desafios técnico-científicos, as mudanças nos costumes sociais e o compromisso com a justiça. Também a paróquia tem o seu papel: "Igreja no território", é preciso um repensar na sua vocação missionária, pois muitas vezes resulta pouco significativa e pouco dinâmica, especialmente na área da catequese.
Migrantes, um paradigma do nosso tempo
O documento sinodal se concentra então no tema dos migrantes, "paradigma do nosso tempo",  como um fenômeno estrutural, e não uma emergência transitória. Muitos migrantes são jovens ou menores desacompanhados, fugindo da guerra, violências, perseguição política ou religiosa, desastres naturais, pobreza e acabam se tornando vítimas de tráfico, drogas, abusos psicológicos e físicos. A preocupação da Igreja é acima de tudo em relação a eles - diz o Sínodo – na ótica de uma autêntica promoção humana que passa pela acolhida de refugiados, e seja ponto de referência para tantos jovens separados de suas famílias de origem. Mas não só: os migrantes - recorda o Documento - são também uma oportunidade de enriquecimento para as comunidades e sociedades em que chegam e que podem ser revitalizados por eles. Ressoam, portanto, os verbos sinodais "acolher, proteger, promover, integrar" indicados pelo Papa Francisco para uma cultura que supere a desconfiança e o medo. Os bispos também pedem mais empenho em garantir àqueles que não desejam migrar, o direito de permanecer em seu próprio país. A atenção do Sínodo também se dirige àquelas Igrejas ameaçadas em sua existência, pela emigração forçada e pelas perseguições sofridas pelos fiéis.
Firme compromisso contra todo tipo de abuso. Dizer a verdade e pedir perdão
Bastante ampla, também, a reflexão sobre os "diversos tipos de abuso" (de poder, econômicos, de consciência, sexuais) feitos por alguns bispos, sacerdotes, religiosos e leigos: nas vítimas – lê-se no texto – eles provocam sofrimentos que "podem ​​durar toda a vida e aos quais nenhum arrependimento pode colocar remédio".
Daí o apelo do Sínodo ao "firme compromisso com a adoção de rigorosas medidas de prevenção que impeçam o repetir-se, a partir da seleção e da formação daqueles a quem serão confiadas tarefas de responsabilidades e educativas". Por conseguinte, será necessário extirpar as formas - como a corrupção e o clericalismo – sob as quais estes tipos de abusos estão enraizados, contrastando também a falta de responsabilidade e transparência com que muitos casos foram geridos. Ao mesmo tempo, o Sínodo se diz agradecido a todos aqueles que "têm a coragem de denunciar o mal sofrido", porque ajudam a Igreja a "tomar consciência do que aconteceu e da necessidade de reagir com decisão". "A misericórdia, de fato, exige a justiça". Mas não devem porém ser esquecidos os numerosos leigos, sacerdotes, pessoas consagradas e bispos que a cada dia se dedicam, com honestidade, a serviço dos jovens, os quais podem verdadeiramente oferecer "uma ajuda preciosa" para uma "reforma de dimensão epocal" nesta área.
A Família "Igreja Doméstica"
Outros temas presentes no Documento dizem respeito à família, principal ponto de referência para os jovens, primeira comunidade de fé, "Igreja doméstica": o Sínodo chama a atenção, em particular, ao papel dos avós na educação religiosa e na transmissão da fé, e alerta para o enfraquecimento da figura paterna e  para aqueles adultos que assumem estilos de vida "juvenis". Além da família, para os jovens, a amizade com os colegas é muito importante, pois permite a partilha da fé e a ajuda recíproca no testemunho.
Promoção de justiça contra "cultura de desperdício"
O Sínodo concentra-se também em algumas formas de vulnerabilidade vividas pelos jovens em vários setores: no trabalho, onde o desemprego torna as jovens gerações pobres, minando a sua capacidade de sonhar; as perseguições até a morte; a exclusão social por motivos religiosos, étnicos ou econômicos; as deficiências. Diante dessa "cultura de descarte", a Igreja deve lançar um apelo à conversão e à solidariedade, tornando-se uma alternativa concreta às situações de dificuldade. Na frente oposta, não faltam áreas onde o comprometimento dos jovens consegue se expressar com originalidade e especificidade: por exemplo, o voluntariado, a atenção às questões ecológicas, o compromisso na política com a construção do bem comum, a promoção da justiça, pela qual os jovens pedem à Igreja "um compromisso firme e coerente".
Arte, música e esporte, "recursos pastorais"
Também o mundo do esporte e da música oferece aos jovens a possibilidade de expressarem-se da melhor forma: no primeiro caso, a Igreja convida a não subestimar a potencialidade educacional, formativa e inclusiva da atividade esportiva; no caso da música, por outro lado, o Sínodo fala sobre sobre seu “ser recurso pastoral" que interpela também a uma renovação litúrgica, porque os jovens têm o desejo de uma "liturgia viva", autêntica, alegre, momento de encontro com Deus e com o comunidade.
Os jovens apreciam celebrações autênticas em que a beleza dos sinais, o cuidado da pregação e o envolvimento da comunidade falem realmente de Deus": portanto, precisam ser ajudados a descobrir o valor da adoração eucarística e a compreender que" a liturgia não é puramente expressão de si mesma, mas ação de Cristo e da Igreja".
As jovens gerações, ademais, querem ser protagonistas da vida eclesial, colocando seus talentos e assumindo responsabilidades. sujeitos ativos da ação pastoral, eles são o presente da Igreja, devem ser encorajados a participar na vida eclesial, e não impedidos com autoritarismo. Em uma Igreja capaz de dialogar de uma forma menos paternalista e mais sincera, de fato, os jovens sabem ser muito ativos na evangelização de seus coetâneos, exercendo um verdadeiro apostolado, que deve ser apoiado e integrado na vida da comunidade.
"Seus olhos se abriram"
Deus fala à Igreja e ao mundo por meio dos jovens, que são um dos "lugares teológicos" onde o Senhor está presente. Portadora de uma santa inquietude que a torna dinâmica – lê-se na segunda parte do Documento – a juventude pode estar "mais à frente dos pastores" e isso deve ser acolhida, respeitada, acompanhada. Graças a ela, de fato, a Igreja pode se renovar, sacudindo "o peso e a lentidão". Assim, o chamado do Sínodo para o modelo de "Jesus jovem entre os jovens" e ao testemunho dos santos, entre os quais estão muitos jovens, profetas da mudança.
Missão e vocação
Outra "bússola segura" para a juventude é a missão, dom de si que leva a uma felicidade verdadeira e duradoura: Jesus, de fato, não tira a liberdade, mas a liberta, porque a verdadeira liberdade só é possível em relação à verdade e à caridade. Intimamente relacionado com o conceito de missão, está aquele da vocação: cada vida é vocação em relação com Deus, não é fruto do acaso ou um bem privado para gerir por conta própria - afirma o Sínodo - e cada vocação batismal é um chamado para todos para a santidade. Para isso, cada um deve viver a própria vocação específica em cada área: a profissão, a família, a vida consagrada, o ministério ordenado e o diaconato permanente, que representa um "recurso" a ser ainda desenvolvido mais plenamente.
O acompanhamento
Acompanhar é uma missão para a Igreja a ser realizada em um nível pessoal e de grupo: em um mundo "caracterizado por um pluralismo sempre mais evidente e por uma disponibilidade de opções cada vez mais ampla," buscar junto com os jovens um percurso voltado a fazer escolhas definitivas é um serviço necessário. Os destinatários são todos os jovens: seminaristas, sacerdotes ou religiosos em formação, noivos e recém-casados ​​envolvidos. A comunidade eclesial é um lugar de relações e contexto em que na celebração eucarística se é tocados, instruídos e curados pelo próprio Jesus. O Documento Final enfatiza a importância do Sacramento da Reconciliação na vida de fé e encoraja os pais, professores, lideranças, animadores, sacerdotes e educadores a ajudar os jovens, por meio da da Doutrina Social da Igreja, a assumir responsabilidades no âmbito profissional e sócio-político. O desafio em sociedades cada vez mais interculturais e plurirreligiosas, é indicar na relação com a diversidade uma oportunidade para a comunhão fraterna e o enriquecimento mútuo.
Não a moralismos e falsas indulgências, sim à correção fraterna
O Sínodo, portanto, promove um acompanhamento integral centrado na oração e no trabalho interior que valorize também a contribuição da psicologia e da psicoterapia, quando abertas à transcendência. "O celibato pelo Reino" – é a recomendação - deve ser entendido como um "dom a ser reconhecido e verificado na liberdade, alegria, gratuidade e humildade", antes da escolha definitiva. Que se invista e aposte em acompanhadores de qualidade: pessoas equilibradas, de escuta, fé, oração, que tenham se deparado com as próprias fraquezas e fragilidades, e sejam por isto acolhedoras "sem moralismos e falsas indulgências", sabendo corrigir fraternalmente, longe de comportamentos possessivos e manipuladores. "Esse profundo respeito – lê-se o texto - será a melhor garantia contra os riscos de plágio e abusos de qualquer tipos".
A arte de discernir
"A Igreja é o ambiente para discernir e a consciência – escrevem os Padres sinodais - é o lugar onde se colhe o fruto do encontro e da comunhão com Cristo": o discernimento, por meio de "um regular confronto com um diretor espiritual", apresenta-se portanto como o sincero trabalho de consciência", "pode ser entendido somente como autêntica forma de oração” e “requer a coragem de empenhar-se na luta espiritual". Banco de prova das decisões assumidas é a vida fraterna e o serviço aos pobres. De fato, os jovens são sensíveis à dimensão dadiakonia.
“Partiram sem demora"
Maria Madalena, primeira discípula missionária, curada das feridas, testemunha da Ressurreição é o ícone de uma Igreja jovem. Dificuldades e fragilidades dos jovens "nos ajudam a ser melhores, seus questionamentos – lê-se - nos desafiam, as críticas nos são necessárias porque muitas vezes através deles a voz do Senhor nos pede conversão e renovação". Todos os jovens, mesmo aqueles com diferentes visões de vida, nenhum excluído, estão no coração de Deus. Os Padres ressaltam o dinamismo construtivo da sinodalidade, ou seja, o caminhar juntos: o final da Assembleia e o Documento final são apenas uma etapa porque as condições concretas e as necessidades urgentes são diferentes entre países e continentes. Daí o convite às Conferências Episcopais e às Igrejas particulares para prosseguir no processo de discernimento com o objetivo de elaborar soluções pastorais específicas.
Sinodalidade, estilo missionário
"Sinodal" é um estilo para a missão que exorta a passar do “eu” ao “nós” e a considerar a multiplicidade de rostos, sensibilidades, origens e culturas diferentes. Neste horizonte são valorizados os carismas que o Espírito dá a todos, evitando o clericalismo que exclui muitos dos processos de decisão e a clericalização dos leigos, que freia o ímpeto missionário.
Que a autoridade – são os votos - seja vivida a partir de uma perspectiva de serviço. Sinodal seja também a abordagem ao diálogo inter-religioso e ecumênico destinado ao conhecimento recíproco e à superação de preconceitos e estereótipos, e a renovação da vida comunitária e paroquial, para que encurte as distâncias jovens-igreja e mostre a íntima conexão entre fé e experiência concreta de vida. Formalizado o pedido diversas vezes feito na Aula para instituir, em nível de Conferências Episcopais, um "Diretório de pastoral da juventude em chave vocacional”, que possa ajudar os responsáveis diocesanos e os agentes locais a qualificar a sua educação e ação com e para os jovens", contribuindo  a superar uma certa fragmentação da pastoral da Igreja. Reiterada ainda a importância da JMJ, bem como a dos centros da juventude e oratórios, que precisam no entanto ser repensados.
O desafio digital
Há alguns desafios urgentes que a Igreja é chamada a enfrentar. O Documento Final do Sínodo aborda a missão no ambiente digital: parte integrante da realidade cotidiana dos jovens, "praça" em que eles passam muito tempo e se encontram facilmente, um lugar irrenunciável para alcançar e envolver os jovens também nas atividades pastorais, a web apresenta luzes e sombras.
Se por um lado permite o acesso à informação, ativa a participação sociopolítica e a cidadania ativa, por outro apresenta um lado obscuro - a assim chamada dark web - em que se encontram a solidão, a manipulação, a exploração, a violência, cyberbullying, pornografia. Daí o convite do Sínodo para habitar o mundo digital, promovendo o seu potencial comunicativo em vista do anúncio cristão e a "impregnar" de Evangelho as suas culturas e dinâmicas.
Faz-se votos de que sejam criados Escritórios e organismos para a cultura e a evangelização digital que, além de “favorecer a troca e e a disseminação de boas práticas, possam gerenciar sistemas de certificação de sites católicos, para conter a disseminação de notícias falsas (fake news) sobre a Igreja", emblema de uma cultura que "perdeu o sentido da verdade", encorajando a promoção de "políticas e instrumentos para a proteção dos menores na web".
Corpo, sexualidade e carinho
Então, o Documento enfoca o tema do corpo, da afetividade, da sexualidade: diante de desenvolvimentos científicos que levantam questionamentos éticas, de fenômenos como a pornografia digital, o turismo sexual, a promiscuidade, exibicionismo online, o Sínodo recorda às famílias e às comunidades cristãs da importância de fazer descobrir aos jovens que a sexualidade é um dom. Muitas vezes a moral sexual da Igreja é percebida como "um espaço de juízo e condenação", enquanto os jovens buscam "uma palavra clara, humana e empática" e "expressam um explícito desejo de confronto sobre as questões relativas à diferença entre identidade masculina e feminina, à reciprocidade entre homens e mulheres, à homossexualidade".
Os bispos reconhecem a dificuldade da Igreja em transmitir no atual contexto cultural "a beleza da visão cristã da corporeidade e da sexualidade": é urgente buscar "modalidades mais adequadas, que se traduzam concretamente na elaboração de caminhos formativos renovados". "É preciso propor aos jovens uma antropologia da afetividade e da sexualidade capaz de dar o justo valor à castidade" para o crescimento da pessoa, “em todos os estados de vida". Nesse sentido, é pedido que se preste atenção à formação de agentes pastorais que sejam críveis e maduros do ponto de vista afetivo-sexual.
O Sínodo constata ademais a existência de "questões relativas ao corpo, à afetividade e à sexualidade que necessitam de uma elaboração antropológica, teológica e pastoral mais aprofundada, a ser realizada nas modalidades e níveis mais convenientes, daqueles locais aos mais universais.  Entre estes emergem aqueles relacionados à diferença e harmonia entre identidade masculina e feminina e às inclinações sexuais".
"Deus ama cada pessoa pessoas e assim faz a Igreja renovando seu compromisso contra qualquer discriminação e violência com base sexual". Da mesma forma - prossegue o Documento - o Sínodo "reafirma a determinante relevância antropológica da diferença e reciprocidade homem-mulher e considera redutivo definir a identidade das pessoas com base unicamente na sua orientação sexual".
Ao mesmo tempo, recomenda-se "favorecer" os "caminhos de acompanhamento na fé, já existentes em muitas comunidades cristãs", de "pessoas homossexuais". Nestes caminhos as pessoas são ajudadas a ler sua própria história; a aderir livremente e responsavelmente ao próprio chamado batismal; a reconhecer o desejo de pertencer e contribuir para a vida da comunidade; a discernir as melhores formas para que isso se realize. Desta forma, se ajuda a cada jovem, nenhum excluído, a integrar cada vez mais a dimensão sexual na própria personalidade, crescendo na qualidade das relações e caminhando para o dom de si".
Acompanhamento vocacional
Entre outros desafios apontados pelo Sínodo, encontra-se também a questão econômica: o convite dos Padres é o de investir tempo e recursos nos jovens com a proposta de oferecer a eles um período para o amadurecimento da vida cristã adulta, que "deveria prever uma separação prolongada de ambientes e relações habituais".
Além disso, enquanto se faz votos de um acompanhamento antes e depois do casamento, se encoraja a criação de equipes educativas, que incluam figuras femininas e casais cristãos, para a formação de seminaristas e consagrados, também com o objetivo de superar tendências ao clericalismo. Atenção especial é pedida à acolhida dos candidatos ao sacerdócio, que às vezes ocorre "sem um conhecimento adequado e uma releitura aprofundada da própria história": "a instabilidade relacional e afetiva, e a falta de raízes eclesiais são sinais perigosos. Negligenciando a normativa eclesial a este respeito – escrevem os Padres sinodais - constitui um comportamento irresponsável, que pode ter consequências muito graves para a comunidade cristã".
Chamado à santidade
"As diversidades vocacionais - conclui o Documento Final do Sínodo sobre os jovens – inserem-se no único e universal chamado à santidade. Infelizmente o mundo está indignado com os abusos de algumas pessoas da Igreja, antes que animados pela santidade de seus membros”. Por isso a Igreja é chamada a "uma mudança de perspectiva": por meio da santidade de tantos jovens dispostos a renunciar à vida em meio a perseguições para permanecerem fiéis ao Evangelho, pode renovar seu ardor espiritual e seu vigor apostólico.
O dom do Papa aos participantes do Sínodo
Por fim, como recordação do Sínodo dos Jovens, o Santo Padre deu a todos os participantes um painel de bronze em baixo-relevo, representando Jesus e o jovem discípulo amado. É uma obra do artista italiano Gino Giannetti, cunhada pela Casa da Moeda do Estado da Cidade do Vaticano, emitida em apenas 460 exemplares.
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Papa no Angelus:
O Sínodo foi um tempo de consolação e esperança
Os frutos deste trabalho já estão “fermentando”, disse o Papa no Angelus, como acontece com o suco da uva nos barris após a colheita. O Sínodo dos jovens foi uma boa colheita, e promete um bom vinho, acrescentou Francisco.

Cidade do Vaticano - O Sínodo foi sobretudo momento de escuta: de fato, ouvir requer tempo, atenção, abertura da mente e do coração: disse o Papa Francisco ao rezar ao meio-dia deste domingo (28/10) a oração do Angelus com milhares de fiéis e peregrinos presentes na Praça São Pedro, após ter celebrado pouco antes, na Basílica Vaticana, a missa de conclusão do Sínodo dos Bispos dedicado aos jovens. A alocução que precedeu a oração mariana foi quase toda ela dedicada ao encontro sinodal.
Multiforme realidade dos jovens entrou no Sínodo
Este compromisso da escuta, continuou o Santo Padre, “se transforma todos os dias em consolação, sobretudo porque tivemos em nosso meio a presença vivaz dos jovens, com suas histórias e suas contribuições. Através dos testemunhos dos Padres sinodais, a realidade multiforme das novas gerações entrou no Sínodo, por assim dizer, de todas as partes: de todos os continentes e das várias situações humanas e sociais”, ressaltou.
Com esta atitude fundamental de escuta procuramos ler a realidade, colher os sinais destes nossos tempos, frisou o Pontífice. Um discernimento comunitário, feito à luz da Palavra de Deus e do Espírito Santo, acrescentou.
“Este é um dos dons mais bonitos que o Senhor faz à Igreja católica, ou seja, colher vozes e rostos das realidades mais variadas e assim poder tentar uma interpretação que considere a riqueza e a complexidade dos fenômenos, sempre à luz do Evangelho.”
Caminhar juntos mediante os muitos desafios de hoje
“Desse modo, discutimos sobre como caminhar juntos através dos muitos desafios, como o mundo digital, o fenômeno das migrações, o sentido do corpo e da sexualidade, o drama das guerras e das violências, frisou o Pontífice.
Os frutos deste trabalho já estão “fermentando”, disse, como acontece com o suco da uva nos barris após a colheita. O Sínodo dos jovens foi uma boa colheita, e promete um bom vinho, acrescentou.
Francisco precisou que o primeiro fruto desta Assembleia deve estar no exemplo de um método que se buscou seguir desde a fase preparatória.
“Um estilo sinodal que não tem como objetivo principal a redação de um documento, embora precioso e útil. Mais do que o documento, porém, é importante que se difunda um modo de ser  e trabalhar juntos, jovens e anciãos, na escuta e no discernimento, para se chegar a escolhas pastorais correspondentes com a realidade.”
Deus nos ajude a apagar surtos de ódio
Na saudação aos vários grupos de fiéis e peregrinos presentes na Praça São Pedro, o Pontífice expressou proximidade à cidade de Pittsburgh, nos EUA, em particular, à comunidade judaica, atingida no sábado por um terrível atentado à sinagoga.
“O Altíssimo acolha os defuntos em sua paz, conforte suas famílias e sustente os feridos. Todos, na realidade, somos feridos por este desumano ato de violência. O Senhor nos ajude a apagar os surtos de ódio que se desencadeiam em nossas sociedades, reforçando o sentido de humanidade, de respeito pela vida, os valores morais e civis, e o santo temor de Deus, que é Amor e Pai de todos.”
Mártires beatificados na Guatemala
O Papa lembrou ainda a Beatificação, no sábado, na Guatemala, dos mártires José Tullio Maruzzo, religioso dos Frades Menores, e Luis Obdulio Arroyo Navarro, mortos no século passado por ódio à fé, durante a perseguição contra a Igreja, comprometida em promover a justiça e a paz.
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Assista:
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Carta dos Padres Sinodais aos jovens do mundo inteiro
A Igreja e o mundo precisam urgentemente do entusiasmo dos jovens. "Sejam companheiros de estrada dos mais frágeis, dos pobres, dos feridos pela vida. Vocês são o presente, sejam o futuro mais luminoso", exortam os Padres Sinodais na Carta a eles endereçada, cujo texto integral publicamo a seguir.

Cidade do Vaticano - Ao término da Missa de encerramento da XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos dedicada aos jovens, presidida pelo Papa Francisco na manhã deste domingo (28/10) na Basílica de São Pedro, antes da bênção final o secretário geral do Sínodo, cardeal Lorenzo Baldisseri, leu a carta dos Padres Sinodais aos jovens, a qual publicamos a seguir na íntegra:
XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos
Carta dos Padres Sinodais aos jovens
A vocês, jovens do mundo, nós Padres Sinodais nos dirigimos com uma palavra de esperança, confiança e consolação. Nestes dias, nos reunimos para escutar a voz de Jesus, “o Cristo, eternamente jovem”, e reconhecer Nele as vozes dos jovens e seus gritos de exultação, lamentos e silêncios.
Sabemos de suas buscas interiores, das alegrias e das esperanças, das dores e angústias que fazem parte de sua inquietude. Agora, queremos que vocês escutem uma palavra nossa: desejamos ser colaboradores de sua alegria para que suas expectativas se transformem em ideais. Temos certeza de que com sua vontade de viver, vocês estão prontos a se empenhar para que seus sonhos tomem forma em sua existência e na história humana.
Que nossas fraquezas não os desanimem, que as fragilidades e pecados não sejam um obstáculo à sua confiança. A Igreja é sua mãe, não abandona vocês, está pronta para acompanhá-los em novos caminhos, nas sendas mais altas onde o vento do Espírito sopra mais forte, varrendo as névoas da indiferença, da superficialidade, do desânimo.
Quando o mundo, que Deus tanto amou a ponto de lhe doar seu Filho Jesus, é subordinado às coisas, ao sucesso imediato e ao prazer, pisoteando os mais fracos, ajudem-no a se reerguer e a dirigir seu olhar ao amor, à beleza, à verdade e à justiça.
Por um mês, nós caminhamos juntos, com alguns de vocês e muitos outros unidos a nós com a oração e o carinho. Desejamos continuar o caminho em todas as partes da terra onde o Senhor Jesus nos envia como discípulos missionários.
A Igreja e o mundo precisam urgentemente de seu entusiasmo. Sejam companheiros de estrada dos mais frágeis, dos pobres, dos feridos pela vida.
Vocês são o presente, sejam o futuro mais luminoso.
28 de outubro de 2018
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Assista:
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                                                                                                                 Fonte: vaticannews.va