14º Domingo do tempo Comum
Jesus escolheu
um grupo de pessoas, não quis a missão toda para si. Nem quis somente os doze
apóstolos envolvidos com o trabalho missionário, pois escolheu também outros
setenta e dois. Hoje, o mandato do Senhor é pra todos. Jesus nega uma Igreja
clericalista, morta, sem envolvimento...
O grupo dos
setenta e dois simboliza não somente a descentralização do poder, como também a
universalidade da salvação, pois a numerologia se remeta a quantidade dos povos
da terra, para os quais a salvação deveria ser trazida. A missão transpõe os
próprios muros da Igreja...
"Eis que vos envio como cordeiros no meio de lobos!" |
Jesus envia. Não
nos envia para uma missão fácil: “Eis que vos envio como cordeiros no meio de
lobos!” (Lc 10,3). O missionário traz no corpo as marcas do crucificado e se
identifica com o crucificado (2ª. Leitura). Trata-se da dureza da missão. O
missionário vai encarar o desânimo, a falta de boa vontade das pessoas, ouvidos
que não desejam a Palavra do Senhor, a ingratidão, a incoerência daqueles que
somente se preocupam com os seus próprios interesses. Os discípulos são frágeis
e não podem contar com as suas próprias forças, mas com o Senhor que os defende
e consola: “Sereis amamentados, carregados ao colo e acariciados sobre os
joelhos.” (Is 66,12). Não nos apeguemos ao triunfalismo da Igreja propagado
ainda hoje. Não nos arroguemos os já vencedores, mas os pequenos
discípulos que enfrentam os lobos do mundo do pecado para anunciar a Boa Nova
daquele que não nos abandona, e morreu de amor por cada uma de suas ovelhas
Os missionários
de Jesus não levam muita coisa na mochila (Lc 10,4), sendo despojados. Não
confiam nas coisas, no dinheiro, nos instrumentos deste mundo. Ainda que não
tenhamos os melhores recursos financeiros ou os melhores canais de televisão,
podemos contar com a graça da confiança na providência. Ele vai à nossa frente,
Ele é o dono da missão, Ele fala por nós
Os missionários
não param nem para cumprimentar, pois este gesto gasta um tempo precioso se se
deseja cumprir a etiqueta judaica. O tempo urge! Não existe tempo a perder,
porque a missão é primordial.
Os missionários
de Jesus portam a paz! (Lc 5,10). Não trazem a guerra e a espada. Não trazem o
medo, o terror, a culpa, ou o castigo, não propagam a ira sobre os pecadores e
nem a vitória fácil dos seguidores. Propagam o Shalom – a paz
messiânica, a felicidade plena para todo aquele que se abrir a Boa Nova do
Senhor! Trazem ainda a cura da dor, expulsam os demônios deste mundo
endemoniado pelo egoísmo! Mas diante de tais carismas, não se envaidecem,
porque a alegria está na inscrição dos nomes no Céu
Por fim, cabe
uma pergunta fundamental: para que missão? Para encher os bancos das igrejas?
Para reunir uma multidão de pessoas descomprometidas que desejam algum milagre
do Céu? Queremos uma multidão de participantes de devoções? Queremos que nossas
ofertas aumentem? Precisamos realizar uma missão desinteressada e coerente que
não se preocupa com os resultados numéricos, que não se apega ao dinheiro ou ao
fascínio de palavras enganadoras. Precisamos de uma missão que se preocupe com
a vida verdadeira dos destinatários.
Sonhemos com uma
Igreja missionária. Sonhemos com uma Igreja coerente com a missão de Jesus. Uma
Igreja acolhedora, que crie comunidade, que se interesse pela pessoa. Sonhemos
e construamos uma Igreja que não se deixe sucumbir diante do apelo fácil do
triunfalismo, do poder, da mídia, do dinheiro, da imagem falsa. Uma Igreja mais
missionária que ouse ir entre os lobos sem bagagem para propagar a Paz do
Senhor
Hoje a Igreja
ora e pede ao dono da Colheita que mande mais operários para a sua Messe.
Padre Roberto
Nentwig
Fonte: www.catequeseebiblia.blogspot.com Ilustração.www.padretelmofigueiredo.blogspot.com
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