quarta-feira, 24 de julho de 2013

Papa Francisco em Aparecida:

Vim bater à porta da casa de Maria

A missa do Papa Francisco no Santuário Nacional de Aparecida começou com um pequeno atraso, pois o Santo Padre escolheu passar com o papamóvel entre a multidão reunida na área externa da basílica, antes do momento de veneração da imagem de Nossa Senhora. Milhares de fiéis aguardaram a chegada do Papa durante toda a madrugada, mesmo com o frio e a chuva que chegou à cidade.
Logo no início da celebração, o cardeal de Aparecida (SP), dom Raymundo Damasceno de Assis, acolheu o Santo Padre, em nome de todos os devotos de Nossa Senhora. "Esta Vossa visita pastoral ao Santuário da Padroeira do Brasil se caracteriza como um ato de devoção a Nossa Senhora".
O cardeal recordou que todos os anos milhares de romeiros peregrinam ao Santuário de Aparecida e ali manifestam seu afeto filial à Virgem Maria e apresentam suas necessidades e gratidão. "Quando o bispo de Roma se faz também um romeiro de Nossa Senhora, todos eles se sentem ‘confirmados na verdade da fé' por aquele que 'preside na caridade todas as Igrejas', 'guiando a todos, com firme doçura, nos caminhos da santidade'".
Dom Damasceno presenteia o Papa
com uma réplica da imagem de Nossa Senhora Aparecida
Após a acolhida, dom Damasceno presenteou o Papa com uma réplica da imagem de Nossa Senhora Aparecida, esculpida em madeira por um artista da região. E foi presenteado pelo Papa Francisco com um cálice.
Em sua homilia, o Papa falou da alegria de vir "à casa da Mãe de cada brasileiro" e explicou que quis vir ao Santuário Nacional para "suplicar à Maria, nossa Mãe, o bom êxito da Jornada Mundial da Juventude e colocar aos seus pés a vida do povo latino-americano".
O Pontífice recordou que há seis anos, veio ao Santuário por ocasião da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe. Oportunidade em que ele pôde perceber como os bispos eram "animados, acompanhados e, em certo sentido, inspirados pelos milhares de peregrinos que vinham diariamente confiar a sua vida a Nossa Senhora".
"De fato, pode-se dizer que o Documento de Aparecida nasceu justamente deste encontro entre os trabalhos dos Pastores e a fé simples dos romeiros, sob a proteção maternal de Maria. A Igreja, quando busca Cristo, bate sempre à casa da Mãe e pede: 'Mostrai-nos Jesus'. É de Maria que se aprende o verdadeiro discipulado. E, por isso, a Igreja sai em missão sempre na esteira de Maria", destacou.
"Também eu venho bater à porta da casa de Maria", afirmou Francisco, que veio ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no Rio de Janeiro. O Santo Padre disse que veio pedir à Maria, aquela que amou e educou Jesus, para que ajude a "todos nós, os Pastores do Povo de Deus, aos pais e aos educadores, a transmitir aos nossos jovens os valores que farão deles construtores de um País e de um mundo mais justo, solidário e fraterno".
Diante disso, o Papa chamou à atenção para três posturas simples: conservar a esperança; deixar-se surpreender por Deus; viver na alegria.
Na primeira, ao se referir à liturgia da missa de hoje, o Santo Padre recordou a cena apresentada no livro do Apocalipse (cfr. Ap 12,13a.15-16a), que fala de uma mulher sendo perseguida por um Dragão que quer devorar o seu filho. Segundo o Santo Padre, esta cena não é de morte, mas de vida. Deus intervém e coloca o filho a salvo", explicou.
"Quantas dificuldades na vida de cada um, no nosso povo, nas nossas comunidades, mas, por maiores que possam parecer, Deus nunca deixa que sejamos submergidos", recordou o Pontífice e afirmou: "Tenham sempre no coração esta certeza! Deus caminha a seu lado, nunca lhes deixa desamparados".
Sobre a segunda postura: "Deixar-se surpreender por Deus", o Santo Padre afirmou que, quem é homem e mulher de esperança sabe que, mesmo em meio às dificuldades, Deus atua e nos surpreende. E deu o exemplo da própria história do Santuário de Aparecida, onde três pescadores, depois de um dia sem conseguir pescar nenhum peixe nas águas do Rio Paraíba, encontram algo inesperado: uma imagem de Nossa Senhora da Conceição.
"Quem poderia imaginar que o lugar de uma pesca infrutífera, tornar-se-ia o lugar onde todos os brasileiros podem se sentir filhos de uma mesma Mãe? Deus sempre surpreende, como o vinho novo, no Evangelho que ouvimos. Deus sempre nos reserva o melhor. Mas pede que nos deixemos surpreender pelo seu amor, que acolhamos as suas surpresas. Confiemos em Deus!", destacou.
Por fim, a terceira postura: "Viver na alegria". De acordo com o Papa Francisco, se caminhamos na esperança, deixando-nos surpreender pelo vinho novo que Jesus nos oferece, "há alegria no nosso coração e não podemos deixar de ser testemunhas dessa alegria".
"O cristão é alegre, nunca está triste. Deus nos acompanha. Temos uma Mãe que sempre intercede pela vida dos seus filhos (...) Jesus nos mostrou que a face de Deus é a de um Pai que nos ama. O pecado e a morte foram derrotados", afirmou o Papa.
E reforçou que o cristão não pode ter uma "cara" de quem parece que está em constante luto. "Se estivermos verdadeiramente enamorados de Cristo e sentirmos o quanto Ele nos ama, o nosso coração se ‘incendiará’ de tal alegria que contagiará quem estiver ao nosso lado".
Francisco conclui a homilia, recordando aos fiéis que foram ao Santuário Nacional que "viemos bater à porta da casa de Maria" e ela "abriu-nos, fez-nos entrar e nos aponta seu Filho". Contudo, agora ela nos pede: "Fazei o que Ele vos disser" (Jo 2,5).
"Sim, Mãe nossa, nos comprometemos a fazer o que Jesus nos disser! E o faremos com esperança, confiantes nas surpresas de Deus e cheios de alegria", afirmou o Papa.
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