A fé em Jesus Cristo não é enrolação, é algo muito sério
Rio de Janeiro
(RV) - "As paróquias, os colégios, são para sair e se não saem se
convertem em uma ONG e a Igreja não pode ser uma ONG!" Num encontro fora
de programa, repleto de emoções e afeto, o Papa dirigiu-se assim aos jovens
argentinos (seus compatriotas) presentes na JMJ, os quais Francisco quis
encontrar na Catedral do Rio de Janeiro após a visita à Comunidade de Varginha,
nesta quinta-feira.
Milhares de
pessoas aguardavam nas ruas sua passagem ao longo do trajeto, outros milhares
aguardavam-no no espaço adjacente à Catedral.
Papa Francisco eleva a bandeira de seu país |
A imponente
Catedral de São Sebastião do Rio de Janeiro acolheu os compatriotas do Santo
Padre presentes na JMJ para um encontro fortemente desejado para esta ocasião.
Encontravam-se presentes também os bispos da Conferência episcopal que nos
últimos dois anos o então Arcebispo de Buenos Aires conduziu até sua eleição à
Cátedra de Pedro. O Papa Bergoglio viveu com eles um forte momento de emoção,
um grande abraço fraterno: foi quase um retorno a casa.
"Esta
juventude deseja viver e construir um mundo mais solidário e justo, e está aqui
para ouvir as suas palavras", ressaltou o presidente dos bispos
argentinos, Dom José Mara Arancedo, representando a platéia.
E a resposta do
Santo Padre foi imediata. Tomando a palavra, revelou o que espera como
consequência desta JMJ:
"Espero
barulho, que façamos barulho aqui no Rio, quero barulho nas dioceses, quero que
saiam por aí afora, quero que a Igreja saia às ruas. Quero que nos defendamos
de tudo que seja mundano, instalação do que seja comodidade, do que seja
clericalismo, do que seja estarmos fechados em nós mesmos. As paróquias, os
colégios, são para sair e se não saem se convertem em uma ONG e a Igreja não
pode ser uma ONG. Que me perdoem os bispos e os sacerdotes se depois alguns vão
incomodar vocês. É um conselho."
Numa civilização
que passou ao "culto do deus dinheiro" se assiste, explicou o Papa, a
uma espécie de "eutanásia escondida" em relação a dois elementos
vitais: os jovens, excluídos por causa da falta de trabalho, e os anciãos, aos
quais não é permitido falar nem agir. Eis, então, a exortação do Pontífice:
"Os jovens
tem que sair, tem que se fazer valer, os jovens que tem sair e lutar pelos
valores, a lutar por estes valores e os anciãos abram a boca, os idosos abram a
boca, ensinei-nos e transmitam-nos a sabedoria dos povos."
"No povo
argentino, eu peço de coração aos idosos, não claudiquem em ser a reserva
cultural de nosso povo que transmite a justiça, que transmite a história, que
transmite os valores, que transmite a memória do povo."
Usando um tom
bastante enfático, Francisco pediu aos jovens que não se coloquem contra os
idosos, que os deixem falar, que os escutem. O Papa alertou-os para o fato que
neste momento, "os jovens e os anciãos estão condenados ao mesmo destino,
exclusão", exortando-os a não se deixarem excluir.
Dito isso, o
Santo Padre asseverou: "E a fé em Jesus Cristo não é enrolação, é algo
muito sério. É um escândalo que Deus se tenha feito um de nós, é um escândalo,
e que tenha morrido numa cruz, é um escândalo. O escândalo da cruz. A cruz
segue sendo um escândalo, mas é o único caminho seguro, aquele da cruz, aquele
de Jesus, a encarnação de Jesus."
"A fé é
inteira e não se liquefaz. É a fé em Jesus. É a fé no Filho de Deus feito
homem, que amou e morreu por mim", ponderou.
A esse ponto,
Francisco reiterou a dose fazendo um ulterior encorajamento:
"Então,
façam barulho. Cuidem dos extremos da população que são os idosos e os jovens,
não se deixem excluir e que não excluam os idosos e não liquefaçam a fé em
Jesus Cristo. As bem-aventuranças. O que temos que fazer, Pai? Olha, leia as
bem-aventuranças que te farão bem. E se queres saber que coisa prática tens que
fazer, leia Mateus 25, que é o protocolo com o qual nos julgarão. Com essas
duas coisas vocês tem o plano de ação. As bem-aventuranças e Mateus 25. Não é
preciso ler mais nada. É o que peço a vocês de todo o coração. Agradeço a todos
por essa proximidade."
"É uma
lástima que estejam enjaulados, mas digo uma coisa a vocês. Eu, por momentos,
sinto: que feio é estar enjaulados. Se confesso de coração, compreendo vocês.
Queria ter podido estar mais perto de vocês mas compreendo que, por razão de
ordem, não se pode."
O Papa agradeceu
mais uma vez pela presença, bem como já havia agradecido também aos mais de
trinta mil que estavam do lado de fora da catedral e, mais uma vez, pediu que
rezassem por ele. (RL)
Fonte: www.radiovaticana.va..............................................................................................................................................
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