terça-feira, 9 de julho de 2013

Papa Francisco em Lampedusa

Saudação aos habitantes e aos muçulmanos 

Cidade do Vaticano (RV) – Papa Francisco realizou, nesta segunda-feira, a primeira visita Pastoral de seu Pontificado, em território italiano, a Lampedusa, uma pequena ilha ao sul da Itália, no mar Mediterrâneo, que confina com o continente africano.
Foi uma visita breve, de cerca de quatro horas, mas “histórica, intensa, inacreditável e significativa”, como afirmou aos jornalistas, Padre Federico Lombardi, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé.
Fé e acolhida
Durante a sua homilia, na celebração da Santa Missa, no campo esportivo de Lampedusa, ponto alto da visita papal, da qual participaram umas 10 mil pessoas, o Santo Padre fez uma saudação toda especial aos muçulmanos presentes:
“Dirijo meu pensamento aos queridos imigrantes muçulmanos que, hoje à noite, iniciam o jejum de Ramadã. Desejo-lhes abundantes frutos espirituais. A Igreja está ao seu lado na busca de uma vida mais digna, para vocês e suas famílias. A vocês “O’sciá!”.
Entre os migrantes, que chegam à ilha italiana, alguns são cristãos, mas a maioria é muçulmana árabe. Entre os 227 presentes em Lampedusa, durante a visita do Papa, 75 eram crianças desacompanhadas, 48 eritreus, 22 somalis, entre 13 e 17 anos. Mas, ouçamos o que o Papa Francisco disse ao término da celebração Eucarística:
“Antes de dar a bênção, queria agradecer, mais uma vez, aos habitantes de Lampedusa pelo seu amor e exemplo de caridade e de acolhida que deram, dão e darão. Que seu exemplo seja um farol para o mundo inteiro e que se tenha coragem de acolher os mais necessitados. Quero agradecer ainda o carinho que o padre Stefano e seu vice-pároco têm para com os imigrantes”.
De fato, após a Santa Missa, Papa Francisco visitou a igreja de São Gerlando, onde padre Stefano Nastase é pároco. Foi ele que escreveu uma carta-convite ao Papa, recém-eleito Sucessor de Pedro, para visitar a ilha de Lampedusa. Ao deixar a paróquia, o Papa disse:
“Muito obrigado. Obrigado pelo seu testemunho. Obrigado pelo calor de seus corações. Que o Senhor os abençoe e lhes dê forças para ir adiante com esta atitude tão humana e tão cristã. Mais uma vez, muito obrigado!”.
Com estas palavras, o Bispo de Roma deixou Lampedusa, onde procurou sacudir as consciências regionais, nacionais e internacionais em relação ao triste drama dos refugiados e migrantes que chegam ao continente Europeu, em busca de uma vida melhor para suas famílias. É preciso passar da “globalização da indiferença” à “globalização da solidariedade”. (MT)


Imigrante tunisiano expressa gratidão ao Papa Francisco:
"Um anjo mandato do céu"

Lampedusa – sul da Itália –, ilha da esperança para milhares de imigrados africanos que atravessam o Mediterrâneo em busca de um futuro melhor. Chegam à ilha após viagens terríveis: nos olhos deles, a recordação da morte de tantos parentes e amigos que não conseguiram atravessar o mar. Em seus corações, a dor por aquilo que deixaram para trás e a esperança por aquilo que virá.
Foi a esses homens, mulheres e crianças vindos da outra margem do Mediterrâneo que o Papa Francisco quis homenagear. Para rezar com eles e por eles. Entre os imigrados presentes em Lampedusa, a palavra mais comum do dia foi "alegria", bem como "gratidão" ao Papa, que quis transformar a periferia mais extrema no centro do mundo.
Um anjo mandado do céu
Alegria e emoção foram expressas também por Omar, um jovem tunisiano, de religião muçulmana, que chegou à ilha durante a onda de desembarques de 2011. Hoje trabalha como mediador cultural no setor de "Acolhimento de Lampedusa", onde temporariamente residem os imigrados. A entrevista foi feita pelo colega Massimiliano Menichetti, enviado à ilha:
Omar: "No olhar do Papa Francisco, em seus olhos, na luz que se vê em seus olhos é como se nos conhecesse há muito tempo; como se nos dissesse: eu não sou cristão, muçulmano, copta, judeu, sou uma pessoa que ama a todos. Em nossos dias vemos tantas situações desastrosas: na Síria há uma carnificina; na Tunísia existem tantos irmãos e irmãs que sofrem; na Líbia há tantos problemas. É uma tragédia!"
RV: E este Papa lhe dá um sinal de esperança?
Omar: "A mim, sim. Muita esperança! Vence sempre somente quem ama! Vence somente a pessoa que tem dignidade: a sinceridade vence! Vence o coração puro e a alma límpida! Tenho certeza de que o Papa fará muitas coisas por nós e verdadeiramente precisamos de vocês e também d'ele, especialmente d'ele."
RV: Portanto, a seu ver o Papa é uma figura importante para os cristãos, mas também para vocês muçulmanos?
Omar: "Sim, com certeza. É como um anjo mandado do céu: como se fosse algo que esperávamos há muito tempo, muito tempo. E estou confiante de que ele, após Lampedusa, irá à África... É preciso encontrar uma solução para essas "carnificinas" que existem no mundo! Gostaria de agradecer-lhe, de dizer o meu muito obrigado ao Papa: assim como ele reza por nós, nós rezaremos por ele, para que tenha longa vida e muita saúde. Espero que consiga ajudar a África, espero que faça muito por nós, porque nós precisamos muito d'ele." (RL)
                                                                  Fontes: www.news.va         www.radiovaticana.va
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