17º Domingo do Tempo Comum
Jesus chama Deus
de Abba, expressando a sua confiança, o seu louvor e gratidão ao Deus de
amor: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra...” Uma das maiores
originalidade da mensagem de Cristo foi o fato de chamar Deus de “Abba” (no
nosso contexto seria papaizinho) (Mt 11, 25-27). Esta era a maneira
como a criança judia se dirigia ao seu pai, revelando que Jesus tem uma
profunda familiaridade com Ele: expressa simplicidade, intimidade e segurança.
O que mais pode
ser ressaltado a respeito da imagem de Deus que Jesus apresenta, é que Deus é
bom. É um Deus amor, muito superior a um deus impessoal e abstrato, ou ao deus
justiceiro e opressor. Deus não oprime, não observa tudo com olhos de controle,
não precisamos temê-lo. Na primeira leitura, no livro do Gênesis, Deus é
apresentado como misericórdia. É um Deus tão bom que não destruiria Sodoma
se lá encontrasse ao menos um justo.
A psicologia
fala dos problemas referentes à imagem do Pai. Nossa facilidade ou dificuldade
com a imagem do Pai depende de nossa história pessoal. Também é verdade, que
muitas imagens negativas de Deus vieram mediadas por uma imagem deformada do
Deus-Pai, como a imagem de um velho barbudo com o livro nas mãos, cercado de
anjos, desenhada nos catecismos antigos ou na própria Capela Sistina.
Precisamos purificar a nossa imagem de Deus, enxergando nele a sua ternura, a
sua bondade, a sua misericórdia, a sua graça. Só assim experimentaremos o amor
de Deus, só pela contemplação de um Deus com estes atributos, poderemos também
ser misericordiosos, ternos, bondosos...
O Evangelho
deste domingo é um convite para orarmos ao Pai. Pedir ao Pai é um ato de
confiança. Ele que tudo sabe, sabe de nossas necessidades, não precisaria que
lhe contássemos. Porém, nós precisamos desabafar, precisamos expressar com os
nossos sentimentos, e até mesmo com a voz, as nossas necessidades para que a
nossa confiança seja ressaltada. Orar é uma atitude pedagógica, que nos educa
para a confiança em um Deus Providente, que não nos dará uma cobra se lhe
pedirmos um pedaço de pão. Negar a necessidade de pedir a Deus é um ato de
orgulho pessoal, de quem se acha autossuficiente. Fazer a experiência do Deus
de Jesus Cristo é experimentar que somos dependentes, não das coisas e das
pessoas, mas de Deus, pois somos fracos, limitados, pecadores, pequenos...
Bater à porta do coração de Deus é uma atitude de humildade.
O Pai Nosso é o
modelo de oração, é a síntese da vida de oração. Cada uma das petições traz um
profundo significado:
• Santificado seja o vosso nome: o nome
de Deus é santificado em nossa santificação, ou seja, quando participamos com
mais intensidade da santidade de Deus, que já é todo Santo.
• Venha a nós o Vosso Reino: O
Reino de amor, de justiça, de fraternidade, o Mundo Novo anunciado pro Jesus,
que já começa a ser visível aqui, mas que será consumado somente no fim dos
tempos. Por isso, não nos cansamos de pedir: “Vinde, Senhor Jesus!” “Venha o
vosso Reino!”.
• Seja feita a vossa vontade, assim
da terra como no Céu: nossos desejos geralmente são egoístas. Mesmo pedindo
a Deus, devemos fazer de nossa oração uma adesão à vontade do Senhor, como nos
ensinou o próprio Jesus no Horto das Oliveiras, ao desejar que a dor lhe fosse
afastada: “Faça-se a tua vontade, não a minha”.
• O Pão nosso...: o pão para
nossas mesas, a vida digna para os empobrecidos, o Pão da Palavra e da
Eucaristia.
• Perdoai-nos as nossas ofensas,
assim como nós perdoamos: que tenhamos a mesma atitude de Deus que perdoa
sempre. Pedimos que a nossa medida seja usada por Deus para conosco.
• E não nos deixeis cair em
tentação: Sempre seremos tentados a romper com o projeto de Deus,
precisamos da força de Deus para vencer.
• Livrai-nos do mal: Deus é
bom, mas nós, seres limitados, enfrentamos o conflito, a dor e até a tragédia.
A providência de Deus não nos priva em absoluto da limitação deste mundo, não é
uma proteção mágica contra qualquer mal deste mundo. Afinal de contas, todos
adoecem, todos morrerão um dia. O maior mal é a distância de Deus, é nosso
coração insensível ao Senhor, é a nossa perdição. Isso não nos impede de que
peçamos a proteção de Deus, que Ele nos salve dos perigos deste mundo de acordo
com sua vontade, e que garanta a nossa felicidade plena quando toda lágrima,
toda dor e toda morte desaparecer para sempre.
Padre Roberto
Nentwig
Fonte: www.catequeseebiblia.blogspot.com.br Ilustração: www.sol2611.wordpress.com
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