16º do Tempo Comum
1ª Leitura: Gn 18,1-10a Salmo: 14 2ª Leitura: Cl 1,24-28
...............................................................................................................................................................
Evangelho: Lc 10,38-42
Jesus
entrou num povoado, e uma mulher, de nome Marta, o recebeu em sua casa. Ela
tinha uma irmã, Maria, a qual se sentou aos pés do Senhor e escutava a sua
palavra. Marta, porém, estava ocupada com os muitos afazeres da casa. Ela
aproximou-se e disse: “Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha
com todo o serviço? Manda, pois, que ela venha me ajudar!” O Senhor, porém, lhe
respondeu: “Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada com muitas coisas. No
entanto, uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será
tirada”.
Reflexão
O tema da
liturgia deste domingo, por coincidência, nesta ocasião em que o Brasil se
prepara para receber o Santo Padre Francisco e milhares de jovens oriundos do
mundo inteiro, é a hospitalidade.
"Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada" |
Tanto na
primeira leitura, que fala da visita de Deus a Abraão e Sara, como no
Evangelho, que relata a visita de Jesus Cristo a Lázaro, Marta e Maria, Deus
vem a nós como qualquer pessoa e deseja ser acolhido.
A primeira
leitura versa sobre a tarefa que temos quando fazemos um ato de caridade, de
solidariedade a pessoas desconhecidas. Temos dificuldades porque ignoramos quem
é a pessoa, não conhecemos seu modo de ser e de agir e nos sentimos inseguros.
Por outro lado, temos a alegria de saber que iremos acolher uma pessoa que, com
prazer, vem até nós, que confia em nosso amor, em nossa capacidade de acolher.
Nessa ocasião nos lembramos das palavras de Jesus: “Quem acolhe um desses
pequeninos, me acolhe e quem me acolhe, acolhe o Pai que me enviou.” Abraão não
sabia que acolhia Deus, mas só no final teve consciência de que hospedou e
serviu o Deus Altíssimo nas pessoas daqueles três homens. Também nós acolhemos
essa juventude estrangeira em nome de Jesus, em nome de Deus. Eles estão vindo
para um encontro com o Senhor, além de se encontrarem também com o Vigário
desse mesmo Senhor, o Papa, Vigário de Jesus Cristo.
Na primeira
leitura, três desconhecidos chegaram à tenda de Abraão em um momento
inoportuno. Fazia o maior calor do dia e Abraão fazia sua sesta. Todavia, ao
vê-los ao longe, ele se levanta e se dirige aos visitantes e lhes dá as
boas-vindas. Faz com que se sintam à vontade, traz água para que lavem os pés e
vai tomar outras providências para bem recebê-los. Mais tarde, aparece com uma
lauta refeição: pão quentinho, carne assada de novilho, coalhada e leite. O
texto não cita, mas certamente tâmaras e outras frutas faziam parte da
refeição, além de outras bebidas.
Podemos dizer
que, com sua generosidade, Abraão providenciou o máximo que ele podia e
ofereceu um autêntico banquete do deserto.
Abraão não se
senta, permanece de pé. Ele está disponível para servi-los, chama-os de
"meu Senhor". Por outro lado, os visitantes se comportam de modo
diferente de outras visitas e perguntam pela dona da casa e demonstram saber
seu nome. Ao fazerem alusão à sua esterilidade, promete-lhes um filho no espaço
de um ano.
Já o relato da
visita de Jesus à família de Betânia traz à nossa reflexão a dimensão
espiritual que pode conter uma visita e sua acolhida, como a atual visita do
Papa Francisco e dos jovens provenientes do mundo inteiro.
Na preparação da
casa para acolher esses hóspedes tão ilustres, certamente as donas de casa e
seus colaboradores estiveram e estão muito atarefados para que nada falte aos
visitantes e para que todos se sintam muito bem acolhidos.
No Evangelho,
Marta age do mesmo modo e reclama da irmã porque se sente só nos afazeres
domésticos. Certamente existe no coração dela uma pontinha de ciúmes da irmã
que está sentada escutando o Senhor.
Jesus não
critica Marta por chamar sua irmã para ajudá-la nos afazeres e nem elogia Maria
porque, aparentemente, está desligada, não percebendo o "sufoco" da
irmã. Marta é censurada por Jesus porque está "preocupada e agitada por
muitas coisas"; está dispersa em meio a tantos afazeres. Maria é elogiada
porque está na "escuta da Palavra", de Jesus, a Palavra do Pai.
Por outro lado,
Marta deveria ter-se envolvido no trabalho somente após ter escutado a Palavra.
Isso faria com que ela buscasse o equilíbrio e não caísse na agitação e no
excesso de trabalho.
Certamente,
Maria viu a reação da irmã e se levantou, colocou o avental e foi trabalhar.
Por sua vez, Marta deixou o avental e foi acalmar-se aos pés de Jesus, quando
este a censurou.
A acolhida mais
importante é a feita à Palavra de Deus. Ela irá nos ensinar a acolher todas as
pessoas. Contudo, seremos mais felizes se estivermos no seguimento de Abraão e
de Maria, acolhendo a Palavra nos dois sentidos: tanto em escutar o Senhor, a
Palavra encarnada, como em servi-la com nossos préstimos, deixando que ela fale
através de nossos gestos, acolhendo o Verbo em nós, para oferecê-lo aos outros,
como fez Maria de Nazaré.
Do mesmo modo
como Maria de Betânia e como Maria de Nazaré, com serenidade, conservemos tudo
no silêncio de nosso coração.
Deixemos de lado
o oba oba da viagem de Francisco ao Brasil e prestemos atenção em suas
homilias, em seus recados falados e não falados. Do mesmo modo, o jovem hóspede
que está em nosso lar, nos traz a presença universal da Igreja, o anúncio do
Evangelho feito ao mundo inteiro. Como os cristãos do Livro dos Atos dos
Apóstolos, ouçamos com carinho e atenção sua palavra e saibamos que sob o teto
de nosso lar está um enviado de Deus.Padre Cesar Augusto dos Santos, SJ
Fonte da reflexão: www.portalecclesia.com Banner: www.cnbb.org.br
..............................................................................................................................................
Nenhum comentário:
Postar um comentário