Jesus te
chama
O grito de alguém necessitado de cura é importante.
Mostra confiança, necessidade de ajuda e vontade de superar os próprios males.
Deus sabe de tudo o que precisamos. Ele não precisaria de nossa oração. Muitos
até questionam: “Se Ele é Deus, devia fazer todo mundo são e sem problemas”!
Muitos se esquecem de que a vida é um dom. Não fomos nós que a pedimos. Com ela
Deus nos valoriza, chama a realizarmos um projeto de vida, mesmo não nos
criando como deuses.
Somos humanos e frágeis, mas nossa grandeza e
realização progressivamente conquistada se dão em nossa condição diversificada,
mesmo tendo limites e sofrimentos. Há quem tem saúde, bens e projeção social
mas faz menos bem do que outros, até sem esses atributos. Saber usar as
fragilidades e os sofrimentos nos leva à consecução do objetivo da vida. É o
que o próprio Jesus ensina e faz exemplarmente. Ele não precisava sofrer o que
sofreu. A dor humana tem ensinamento e base para atingirmos o escopo de nossa
caminhada terrena se a soubermos canalizar para isso. Não buscamos o sofrimento
por ele mesmo. Mas, existindo, fazemos dele meio para tirarmos fruto de
vida. O mais importante é nossa doação da vida para realizarmos o bem, mesmo
custando-nos sacrifícios. A vitória vem depois. Até para um jogo de futebol os
esportistas sofrem para tentar conseguir o resultado positivo.
Deus, porque nos ama, valoriza-nos. Nosso
grito é a expressão de que aderimos a seu amor e confiamos em sua ajuda. O
próprio Filho nos ensina a prática da oração. O “Pai nosso” contém os
ingredientes mais importantes da nossa relação com Deus. No Evangelho, o grito
de Bartimeu foi ouvido por Jesus, apesar de que muitos queriam que ele não
amolasse o Mestre. O Senhor mandou chamá-lo e os discípulos obedeceram:
“Coragem, levanta-te, Jesus te chama!” (Marcos 10,49). O cego, também mendigo,
exultou de alegria! Como é bom termos tantas pessoas com deficiências serem
tratadas por pessoas que agem como Jesus. Estas ouvem os gritos dos
fragilizados na vida. Por causa do Mestre se dedicam com amor à promoção
do ser humano em dificuldades de toda ordem! Precisamos de mais pessoas assim,
inclusive e, de modo especial, no exercício do serviço à coisa pública. Se
tivéssemos muitas pessoas com a formação para o serviço com amor, imitando
Jesus, aí resolveríamos mais e melhor a boa educação, a assistência à saúde, à
promoção da família e de todos os empobrecidos. Teríamos mais segurança, mais
estradas boas, mais ações de proteção às crianças, aos negros, aos índios, às
mulheres...
O Filho de Deus vem mediar a relação do divino com
o humano, qual verdadeiro sacerdote ou pontífice. Ele sabe dos nossos limites.
Por isso: “Sabe ter compaixão dos que estão na ignorância e no erro, porque Ele
mesmo está cercado de fraqueza” (Hebreus, 5,2). Quem O segue e tenta colocar em
prática seu ensinamento, também se torna cheio de compaixão em relação aos mais
fragilizados, como é o caso de Bartimeu. Coloca-se aberto a ajudar os mais
carentes a terem uma vida mais decente e esperançosa.
Dom José Alberto Moura - Arcebispo de Montes Claros
Fonte: Site da CNBB
Ilustração: www.franciscanos.org.br
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