domingo, 21 de outubro de 2012

Palavra que alimenta


29º. Domingo do Tempo Comum – B

Na primeira leitura, a Carta aos Hebreus nos concede o sentido da encarnação, vida e morte do Senhor: “Na verdade, nós não temos um sumo sacerdote incapaz de se compadecer das nossas fraquezas. Pelo contrário, Ele mesmo foi provado em tudo, à nossa semelhança, exceto no pecado”
É preciso entender bem o significado da redenção. Longe de um masoquista que tem o seu destino traçado por um desejo sanguinário do Pai, Jesus veio para ser solidário com os seres humanos, tornar-se próximo. E nós que precisamos de orientação, de cura, de vida plena, de perdão, precisamos igualmente de alguém que venha em nosso socorro. Cristo vem ao nosso encontro porque Ele foi provado em tudo, viveu a nossa vida, participou de nossas alegrias e sofrimentos, assumiu o drama da vida humano e experimentou a morte.  Jesus morre por amor e experimenta o maior drama da existência humana. Assim realiza o ponto máximo da entrega, da solidariedade. O sangue derramado é sinal da entrega de Deus. Experimentando nossa vida em sua totalidade, redime toda a humanidade. “Vamos, portanto, cheios de confiança ao trono da graça, a fim de alcançarmos misericórdia e obtermos a graça de um auxílio oportuno.”
A vida tem um sentido sublime e tem o seu sentido em Jesus, mesmo no sofrimento que parece irracional. Com Jesus, aprendemos que a vida é um caminho de solidariedade, de se tornar o irmão próximo de todos, na dor e na alegria. Aprendemos que a vida é dom, é serviço. Deve ser fruto de uma gratuidade, mesmo que no invólucro do recipiente apareçam apenas os nossos egoísmos, egos que não conseguem ficar escondidos. Lá no interior de nosso coração está o dom gratuito de Deus que age em nós; é este dom que deve desabrochar...
Os apóstolos não entenderam a proposta de Jesus. No Evangelho temos a terceira lição que o Senhor dá aos seus discípulos, descrita pelo evangelista Marcos. Mais uma vez vemos o contraste entre a proposição do Reino e a ambição dos apóstolos, que demoram a entender o desejo de Deus. Queriam eles sentar a direita e a esquerda de um dono de poder mundano, não queriam a vida entregue e sofrida – a real intenção de seu Mestre. Jesus foi tentado constantemente a abandonar o projeto do Pai, rendendo-se a proposta de um reino triunfalista. Os apóstolos, por sua vez, sucumbiram à tentação da ambição pelo poder.
Também nós somos continuamente tentados a amoldar a Palavra de Deus às nossas conveniências de poder e egoísmo. Nossa existência estará sempre repleta de oportunidades para instrumentalizarmos a verdade e o próprio Deus. A resposta de Jesus aponta para uma vida de doação. O seu reino é servir, é ser o último. A pergunta de Jesus aponta para os dois sacramentos que perpetuariam a adesão da Igreja ao Projeto do Pai: o Batismo e a Eucaristia.
Beber do Cálice, na Bíblia, é participar da morte, da ruína da destruição, inclusive destinada aos ímpios (Sl 75,9). Jesus assumiu o lugar dos ímpios, da condenação, do exílio, da dor. Entregou a vida como consequência de suas opções. Hoje a Eucaristia é oportunidade para beber do cálice que o Pai não afastou de seu filho amado. Bebemos o cálice da morte e da vida, da entrega e da ressurreição, da angústia e da festa. O cálice do amor de Deus derramado por nós. Beber do cálice é se comprometer com a verdadeira proposta do Reino. Do mesmo modo, ser batizado é ser mergulhado na vida do Senhor, é participar do seu mistério pascal de oferta, vida e salvação. Poderemos beber do cálice e ser batizados com o seu batismo?
                                                                                                                     Pe Roberto Nentwig
                                                                                             http://catequeseebiblia.blogspot.com.br
                                                                                             Ilustração: http://www.redevida.com.br

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