Importa-se conosco
“Duvido que Ele se importe conosco!” – disse aquele
prisioneiro, zangado com o fato de que haviam morrido cinco companheiros seus
nas celas vizinhas. E concluiu: “ –– Estamos aqui, abandonados de tudo e de todos.
Até Deus se esqueceu de nós. Ele nunca perdoou nosso crime!”
Escutar um homem gritando isso pelos corredores e
sua voz ressoando nos nossos ouvidos, dói, dá vontade de voltar lá e, como
padre, tentar uma conversa com ele. Mas ele não vai aceitar. Afinal, que
explicação teria eu, que acredito em Deus, para uma pessoa que se sente
abandonada por Deus? Que frases da Bíblia usarei, se de antemão sei que não vai
acreditar nelas. Que pensamentos clássicos da fé usarei, se ele já decidiu que
não acredita neles?
O fato é que, sofrendo, machucado na alma, ele acha
que Deus não se importa com ele, porque seu sofrimento nunca foi amenizado. Não
está sozinho. Muita gente diz isso –– "Acho que Deus me jogou aqui e me esqueceu.
Ele não se importa com o que acontece comigo.” Aí vem Jesus e diz que devemos
olhar os lírios do campo e que devemos procurar, primeiro, o reino de Deus, que
o resto nos será dado como acréscimo. Muito mais. Vem Jesus e diz que até os
fios de cabelo que estão na nossa cabeça, Deus conhece. Mas, como convencer uma
pessoa que Deus se importa conosco e com cada célula de nosso corpo, se
acontecem coisas ruins com as pessoas e Ele não interfere?
O mistério do bem e do mal sempre existirá. Quem
por acaso, fizer uma leitura acurada do livro de Jó, vai descobrir que o livro
se debruça sobre o mistério do sofrimento humano do começo ao fim. Desgraça
após desgraça, só no fim é que Jó entende que Deus se importa com ele. Mas
durante todo o período de sofrimento, assaltavam-lhe dúvidas cruéis. Era demais
para a sua cabeça. Jó é um pouco de todos nós. Quando estamos bem não nos
importamos muito com Deus. Quando estamos mal, gostaríamos que Ele se
importasse conosco. Como explicar ao ser humano, que o mistério da graça é
mistério que se pode tentar entender, mas que não é fácil? Vivemos cercados de
mistérios e um deles é a existência do mal no mundo. O bem nos parece natural
que exista. É o mal que dói, sempre além da conta, porque é um mistério que
incomoda. Oremos para entender os desafios da vida.
Fonte: www.padrezezimhoscj.com
Ilustração: http://ministerioparacriancasagudos.blogspot.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário