Gandhi e
espiritualidade cristã
Perguntaram a Gandhi o que leva o ser humano à destruição. Resposta: “a política sem princípios; o prazer sem compromisso; a riqueza sem trabalho; a sabedoria sem caráter; os negócios sem moral; a ciência sem humanidade; a oração sem caridade”. Resposta sábia e prudente, fruto da experiência de vida e não repetição de uma ideologia.
Gandhi explica sua vivência: “a vida me ensinou que
as pessoas são amigáveis se eu sou amável. As pessoas são tristes, se estou
triste. Todos me querem, se eu os quero. Todos são ruins, se eu os odeio. Há
rostos sorridentes, se eu lhes sorrio. Há faces amargas, se eu sou amargo. O
mundo está feliz, se eu estou feliz. As pessoas ficam com raiva quando eu estou
com raiva. As pessoas são gratas, se eu sou grato. A vida é como um espelho. Se
você sorri para o espelho, ele sorri de volta. A atitude que eu tome perante a
vida é a mesma que a vida vai tomar perante mim. Quem quer ser amado, ame. O
caminho para a felicidade não é reto. Existem curvas, os equívocos. Há
semáforos, os amigos. Há luzes e faróis, a família. Tudo se consegue se você
possui um estepe, a decisão. Há um motor poderoso, o amor. Há um bom seguro, a
Fé. Há um combustível abundante, a paciência. Acima de tudo o motorista
habilidoso, Deus”.
Nada se acrescente ao que Gandhi ensina. Somente agradeçamos a Deus e a Gandhi
com uma frase de Teresa de Calcutá: “inútil botar nos nossos lábios as palavras
se elas não brotam do profundo do coração”. Continuemos a extrair alguns
sentimentos de Gandhi, com acenos cristãos. Chega-se aos graus de elevada
sabedoria somente com uma profunda experiência vivida no cotidiano da vida. A
vivência do amor é um dom dado pelo Pai. Em seu Filho Jesus, o Pai nos doa o
seu Espírito. Quem recebe o dom de Deus serve aos semelhantes sob as mais
diversas formas. O povo precisa de gente generosa que se disponha a servir,
desprendida de vaidades. A verdade vivida esclarece a quem se equivocou. A paz
é fruto da justiça, é também construção coletiva, não sem grandes sacrifícios.
O empenho perseverante da caridade reconcilia corações feridos e divididos pelo
ódio. A caridade é signo da fé que transforma os corações, provocando o
reencontro daqueles que se desviaram do caminho ou que se perderam pelos
desmandos da rejeição.
Os que buscam a espiritualidade não acreditam em
ideologias. Para quem se sente frustrado pelas decepções e fracassos resta a
lição do aperfeiçoamento. Ninguém consegue mentir a si mesmo por muito tempo.
Assim também acontece com as ideologias que se desmascaram por si. O mal se
destrói por si mesmo. Quem insistir na mentira a si próprio se sentirá
dividido, enlouquecido, pois a mentira destrói. Jesus nos diz com certeza: “se
permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos,
conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Cf. Jo 8, 32).
Dom Aldo Pagotto
Arcebispo Metropolitano da Paraíba
Fonte: Site da CNBB
Fonte: Site da CNBB
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