Padres Sinodais pedem que leigos
sejam os protagonistas da Nova Evangelização
Formar adequadamente os leigos, apoiar a família,
promover o diálogo ecumênico e inter-religioso: foram esses os instrumentos da
nova evangelização evidenciados na manhã desta segunda-feira, 15 de outubro,
pelo Sínodo dos Bispos, em andamento no Vaticano. Esteve no centro da 11º
Congregação – realizada na presença do Papa – também um apelo em favor da paz e
do diálogo na República do Mali.
O país africano está vivendo um "tempo de
inquietude": o Sínodo descreve as dificuldades sociais e políticas, bem
como eclesiais, ligadas aos obstáculos da evangelização num contexto em que os
confrontos entre rebeldes e governo provisório são uma ameaça para a religião.
Diante dessa realidade, os Padres sinodais invocam a paz e reiteram a
importância do diálogo.
Mas além das crises africanas, também são sombrias
as páginas européias, em que a globalização cria novas formas de martírio,
incruentas, mas sofridas; a intolerância em relação aos cristãos é indolente,
mas contínua; Deus não é somente negado, mas desconhecido.
Diante de tal realidade, a nova evangelização pode
depositar sua confiança em três "instrumentos", afirma o Sínodo: os
leigos, as famílias, e o diálogo ecumênico e inter-religioso.
Portanto, os leigos devem ser formados de modo
adequado, sólido, intenso – quem sabe também mediante Sínodos locais que os
envolvam diretamente –, de forma que sejam capazes de não ceder às ilusões do
mundo e de dar testemunho dos valores autênticos, não baseados no conformismo
da fé.
O Sínodo ressalta que não se pode ser ou membros da
Igreja ou cidadãos do mundo: as duas dimensões caminham juntas. Os leigos devem
"formar redes" nas dioceses, afirmam os bispos, mesmo porque se a
Igreja se distanciar da sociedade, a nova evangelização não produzirá frutos.
Em seguida, o Sínodo destaca o grande desafio da
família, Igreja doméstica, sujeito de evangelização: deflagrada a causa da
história ocidental baseada na libertação de todo e qualquer laço, hoje a
questão familiar se apresenta como o problema número um da sociedade –
evidencia a Assembléia sinodal –, tanto que se acredita mais na fidelidade ao
time de futebol do que no matrimônio.
E a Igreja não pode calar-se, não porque
conservadora de um instituto obsoleto, mas porque está em jogo a estabilidade
da própria sociedade.
Daí, o convite a colocar a família no centro da
política, da economia e da cultura, bem como o auspício de que a Igreja saiba
tornar-se "família das famílias", inclusive das famílias feridas.
No fundo - e aí a pergunta dos Padres sinodais se
torna autocrítica –, hoje a Igreja não é, talvez, mais uma instituição do que
uma família?
Em seguida, os Padres sinodais abordaram a questão
do diálogo, outro caminho necessário para a nova evangelização. É claro, do
ponto de vista inter-religioso existe a dificuldade, em alguns países, de um
diálogo com o Islã, como no Paquistão, onde vigora a lei da blasfêmia, ou no
Oriente Médio, onde os cristãos são cada vez menos.
O que fazer? O Sínodo aposta nos jovens muçulmanos,
sempre mais atraídos pelo Evangelho no qual encontram alegria, liberdade e
amor. Relançando o significado profundo da Boa Nova – explicam os bispos – se
poderá evitar também a confusão entre a secularização e o cristianismo, tão
freqüente no mundo muçulmano.
Nessa ótica, insere-se também uma escola de
catequese para adultos, que cada vez mais abandonam o papel de educadores,
preocupando-se com os jovens, mas não cuidando deles suficientemente.
Os catequistas adultos podem tornar-se testemunhas
e portadores de fé, obtendo, por vezes, resultados melhores do que os próprios
sacerdotes, afirmam os Padres sinodais.
No campo ecumênico o desafio não é menor: a divisão
entre cristãos é, sem dúvida, o grande obstáculo da nova evangelização, divisão
essa que não é inócua em relação à descristianização da Europa e da sua atual
fraqueza política e cultural.
Nesse sentido, uma maior cooperação e uma
estratégia pastoral concordada entre católicos e ortodoxos seria um baluarte
contra a secularização, bem como um sinal forte em relação ao Islã.
Dentre outras sugestões feitas no Sínodo em favor
da nova evangelização encontra-se a promoção de peregrinações, como momento de
renovação da fé e de "sintonia" da Igreja com as interrogações
presentes no coração do homem, de modo que compreenda a meta de seu caminho.
Por fim, ao término dos trabalhos da tarde desta
segunda-feira, os Padres sinodais assistem, à noite, ao filme "Os sinos da
Europa". Produzido pelo Centro Televisivo Vaticano – junto com outras
instituições –, o filme é uma viagem da fé pela Europa e traz muitas
entrevistas inéditas, dentre elas uma também com Bento XVI.
Fonte: Site da CNBB
Fonte: Site da CNBB
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