O leigo
O católico leigo assume seu papel na família, na Igreja e na sociedade com a missão de dar sabor humano, ético, transformador e promotor da vida digna para as pessoas, estruturas e organizações. Ser sal e luz nessas realidades o faz realizado e realizador do ideal de construir uma comunidade e uma sociedade com o novo humano e cristão. Diferencia-se do mero repetidor do trabalho e do comportamento de quem vive sem mudar os critérios do mundo paganizado.
Cristãos leigos e leigas: evangelizadores na família e no mundo |
Ele se insere no
mundo das profissões com o tino vocacional de prestar um serviço de qualidade
para o progresso humano, com sustentabilidade moral e de bem estar para todos.
Pensa em si e na família com a hipoteca social de promoção do bem comum. No
mundo da política usa seus dons para a real promoção da cidadania, com especial
sensibilidade aos excluídos. Trabalha diuturnamente para o uso de todos os
recursos da sociedade em bem da distribuição equitativa e de serviço às
necessidades das pessoas e organizações. Não sucumbe às pressões da baixa
politicagem e da corrupção. Usa a sabedoria humana e divina para acertar os
passos da causa da dignidade da vida e da pessoa humana.
Na vanguarda da
implantação dos critérios da ética e da consciência de cidadania com os valores
cristãos no mundo, o leigo mostra seu encantamento por seguir os passos do
Divino Mestre. Contagia seu meio ambiente com o cunho de servir o ser humano
com o amor próprio de sua consagração batismal. Não espera que outros de
variadas vocações na Igreja suplantem sua missão característica de leigo
consciente e responsável. Seu papel é proativo na comunidade eclesial, na
família, no trabalho e na sociedade. Coopera com os demais membros das diversas
funções e vocações para um serviço em comunhão e subsidiariedade.
O papa Francisco
coloca a necessidade de a Igreja estar sempre “em saída”, ou seja, em atitude
de ir ao encontro do outro para lhe ofertar acolhida, justiça, misericórdia,
amor e dignidade. O leigo não renuncia jamais essa característica em sua
vocação de discípulo e missionário de Cristo, como membro responsável de sua
comunidade religiosa.
O documento de
estudo “Cristãos Leigos e Leigas na Igreja e na Sociedade – Sal da Terra e Luz
do Mundo, Cf. Mt 5,13-14” (Estudos da CNBB 107) merece atenção especial para
seu conhecimento e prática. Faz uma introdução mostrando a ação do leigo no
mundo e na Igreja, como sujeito eclesial. No capítulo primeiro ressalta a ação
do mesmo no mundo globalizado, ajudando sua transformação. No seguinte faz
referência à sua missão, com características específicas, numa Igreja
diversificada e em comunhão. Depois apresenta a organização do laicato, sua
formação e ação pastoral.
O protagonismo
do leigo reforça todas as vocações eclesiais, a ponto de o mesmo cooperar para
um trabalho em conjunto, sem um encobrir o ministério do outro. Na diversidade
de funções, com a mútua cooperação é que se dá força à Igreja para ela ser “luz
para o mundo”, ajudando a erradicar as causas de morte e injustiças para reinar
a vida digna e plena para todos, com os valores humanos e cristãos.
O leigo
consciente e progressivamente maduro entra no âmago da convivência humana,
transformando-a com a vida nova trazida pelo Filho de Deus. Então sua
contribuição mostra o quanto é gratificante sua missão de dar vida ao convívio
humano. Essa vida vem do dom de Deus.
A maior força do
leigo provém de Deus. Seu maior instrumento é o amor, vivido e fortificado na
comunidade eclesial. Seu potencial humano e evangelizador é, então, afinado com
sua vocação de servir à causa do Reino de Deus. Alimenta-se da oração, da
Palavra de Deus, da comunhão eclesial e dos outros meios deixados por Cristo na
sua Igreja.
Dom José Alberto
Moura - Arcebispo de Montes Claros (MG)
Fonte: cnbb.org.br Ilustração: terradaboaesperanca.com
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