Poder pelo "poder"
A trajetória
política, realizada por uma sociedade, tem marcas relevantes no cenário da vida
comunitária. O termo “poder” é alvo perseguido, de forma digna ou desleal,
durante a Campanha em preparação para as Eleições. Até digo, que num regime
democrático capitalista, como no caso do Brasil, quase sempre tem poder quem
gasta mais e consegue “comprar” a liberdade do eleitor.
No entendimento
da mensagem cristã, poder significa serviço, doação, administração com
responsabilidade e colocar-se à disposição para construir o bem comum. Esta é a
missão do papa, dos bispos, dos padres e de todos aqueles que se colocam na
prática da solidariedade. Não deveria ser diferente na gestão dos cargos
públicos civis. Temos que eleger pessoas com este perfil.
O poder-serviço
é o oposto do poder pelo “poder”. Esta segunda categoria está muito presente na
administração pública, dificultando o uso correto das riquezas que uma nação
tem. Por isso, o momento das Campanhas Eleitorais é muito importante. Até
lamentamos o acidente e morte de um dos candidatos, porque seria mais uma opção
de escolha para Presidente da República.
Um candidato
eleito deve ser porta-voz do povo. Na Igreja, o escolhido é entendido como
porta-voz da fé e da entidade por ele representada. Passa a ter as chaves das
portas que permitem o acesso aos bens que favorecem sua dignidade. É uma tarefa
ratificada por Deus, porque todo poder vem Dele.
A liderança
comunitária não pode ser expressão de ambição pessoal. O voto, como vontade
popular da maioria exigida, descredencia o eleito do poder de agir em função de
favoritismos particulares, desconectados com a maioria. Ele deve ser visto,
dentro do âmbito de seu poder, como “servo da unidade”, e não alguém que age
com autoritarismo.
O exercício do
poder exige sabedoria humana e divina. Por isto, a Palavra de Deus também deve
ser referência para uma boa e honesta administração. As principais decisões,
quando a comunidade é ouvida, o peso delas faz produzir efeitos muito mais
férteis, favorecendo a maioria. Passam a ser ações abençoadas por Deus.
Dom Paulo Mendes
Peixoto - Arcebispo de Uberaba (MG)
Fonte: cnbb.org.br
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