quarta-feira, 13 de agosto de 2014


Viagem à Ásia será realização de um sonho de Bergoglio

Cidade do Vaticano (RV) – Com a terceira viagem apostólica fora da Itália, Jorge Mario Bergoglio, primeiro Papa a sobrevoar a China, realiza o seu sonho de vida: ser missionário na Ásia: um projeto cultivado quando era um jovem jesuíta e jamais realizado porque – como ele mesmo conta – o Prepósito-geral na época, Pedro Arrupe, não o deixou ir, por causa de sua saúde frágil.
O então estudante de teologia – que queria ser destinado ao Japão – ficou sentido, e para consolá-lo, o Prepósito lhe disse, brincando, “que não era suficientemente santo para partir”.
No entanto, o amor pelo Oriente já se havia enraizado no futuro Papa, que logo após a eleição de 13 de março de 2013, começou a pensar em possíveis itinerários no continente asiático onde os católicos, que continuam a ser minoria (em média 3%) estão se expandindo. 
Segundo o programa, o Pontífice deixará a Praça Petriana, na frente da Casa Santa Marta, às 15h30, em automóvel, diretamente para o aeroporto de Fiumicino. O Premiê italiano, Matteo Renzi, estará presente, representando o governo. 
Na manhã desta quarta-feira, 13 de agosto, o Papa publicou o seguinte tuíte: “No dia da minha partida, convido a unir-vos comigo em oração pela Coreia e por toda a Ásia”, pede Francisco, escrevendo pela primeira vez, também em coreano. (CM)

Que Coreia o Papa encontra? 
Os esforços da Igreja Católica na terra dividida

Depois de 25 anos, um Papa visita a Coreia. Qual a atuação da Igreja Católica no país e como é o seu engajamento social, pastoral e espiritual junto aos fiéis? Que país o Papa vai encontrar?
Apesar do fim da Guerra Fria, o muro que corre entre as duas Coreias ao longo do paralelo 38 e que separa cerca de 70 milhões de coreanos resiste. Nenhuma fronteira no mundo é militarmente tão bem equipada. Toda a história da península coreana é uma história de confronto político e militar. Em 15 de agosto de 1948 nasceu a República da Coreia do Sul, e logo depois, em 9 de setembro, foi proclamada a República Popular Democrática da Coreia do Norte, sob a liderança de Kim Il-Sung. 
Boas vindas ao Santo Padre
A divisão forçada do país, que refletia os dois blocos existentes no mundo na época, tornou-se o terreno de conflitos armados para novo equilíbrio internacional. Em maio de 1950, a Coreia do Sul foi invadida pelo exército do Norte. O conflito logo se tornou uma guerra geral: os Estados Unidos desceram imediatamente em campo, respondendo a uma resolução da ONU que pedia ajuda para o Sul. Em julho de 1953, um armistício sancionou a divisão do país ao longo do 38º paralelo. No fim da guerra, os mortos eram cerca de 400 mil sul-coreanos, 55.000 estadunidenses e talvez um milhão de mortos e feridos da Coreia do Norte e China. 
Ver o Norte e Sul unidos é uma esperança que as autoridades eclesiásticas compartilham com todos os coreanos. “Sem uma pátria eu não existo”, diz a frase inscrita na pedra de mármore tocada por milhares de turistas estrangeiros, diariamente, no “Muro de Berlim asiático”. Entretanto, a zona desmilitarizada que divide as duas Coréias nos arredores do 38º paralelo é para os coreanos uma ferida aberta que fala de morte e desespero, da separação de um povo pertencente a uma só nação. “Um muro que para a Igreja nunca existiu, e que uma vez derrubado, estaremos lá para fazer a nossa parte, como sempre fizemos”, diz Padre Eun Lee Hyung da Diocese de Ui jeong bu, na fronteira. 
Mas o desejo de reunificação na península coreana aumenta, e a visita do Papa Francisco, para os dois povos divididos, é uma oportunidade extraordinária, apesar da presença de duas ideologias opostas e diferentes influências internacionais. 
A reunificação é uma das missões mais importantes da Igreja local, que trabalha na linha de frente de um programa de ajuda graças a uma comissão especial para a reconciliação. 
Padre Timothy Lee-Eun-Hyung, membro da Comissão, na diocese mais perto da Zona Desmilitarizada, diz que “a Comissão tem vários objetivos, e o mais importante é a evangelização da Coréia do Norte, uma vez que não existe liberdade de religião. Antes de tudo, porém, tentamos trocar notícias do que está acontecendo na Coreia do Sul e na Coreia do Norte e expressar o amor que sentimos. Outra coisa que fazemos é ajudar as pessoas que fogem da Coreia do Norte e chegam aqui em péssimas condições. Nós as ajudamos a se estabelecer aqui, na Coreia do Sul”. 
E os planos para o futuro? De acordo com o padre, um projeto muito importante - e que continuará para sempre - é prosseguir com a oração comum: “Nós rezamos juntos. Temos, por exemplo, algumas igrejas perto da Zona Desmilitarizada, onde toda quarta-feira nos reunimos para orar pelas pessoas e para a Coreia do Norte. 
Primeiros sinais de desgelo: em maio, o arcebispo de Seul atravessou o confim. O Card. Andrew Yeom Soo-jung pisou na Coréia do Norte para uma breve visita à região industrial de Kaesong, uma área em que, segundo um acordo entre os dois países, existem empresas e indústrias em que trabalham com cidadãos de Norte e Coréia do Sul. Na viagem, o Cardeal Yeom, que também é o Administrador Apostólico de Piongueangue, visitou o complexo, um símbolo da cooperação entre o Norte e o Sul e deixou aos trabalhadores uma mensagem de encorajamento e esperança. A zona industrial de Kaesong é o mais recente projeto de aproximação transfronteiriça entre as duas Coreias, que tecnicamente, após o armistício assinado em 1953, ainda estão em um estado de guerra.
Uma curiosidade: de acordo com um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Hyundai, se a fronteira das duas Coréias fosse cancelada até o final de 2015 e a península se tornasse um único Estado, surgiria uma superpotência; a oitava maior economia do mundo até 2050, ultrapassando gigantes como a Alemanha e a Grã-Bretanha, e com uma renda per capita maior que a do Japão. 
Atualmente, a Coreia do Sul tem a 11ª maior economia do mundo. (CM)
                                                                                Fonte: radiovaticana.va     news.va
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