Viagem à Ásia
será realização de um sonho de Bergoglio
Cidade do
Vaticano (RV) – Com a terceira viagem apostólica fora da Itália, Jorge
Mario Bergoglio, primeiro Papa a sobrevoar a China, realiza o seu sonho de
vida: ser missionário na Ásia: um projeto cultivado quando era um jovem jesuíta
e jamais realizado porque – como ele mesmo conta – o Prepósito-geral na época,
Pedro Arrupe, não o deixou ir, por causa de sua saúde frágil.
O então
estudante de teologia – que queria ser destinado ao Japão – ficou sentido, e
para consolá-lo, o Prepósito lhe disse, brincando, “que não era suficientemente
santo para partir”.
No entanto, o
amor pelo Oriente já se havia enraizado no futuro Papa, que logo após a eleição
de 13 de março de 2013, começou a pensar em possíveis itinerários no continente
asiático onde os católicos, que continuam a ser minoria (em média 3%) estão se
expandindo.
Segundo o
programa, o Pontífice deixará a Praça Petriana, na frente da Casa Santa Marta,
às 15h30, em automóvel, diretamente para o aeroporto de Fiumicino. O Premiê
italiano, Matteo Renzi, estará presente, representando o governo.
Na manhã desta
quarta-feira, 13 de agosto, o Papa publicou o seguinte tuíte: “No dia da minha
partida, convido a unir-vos comigo em oração pela Coreia e por toda a Ásia”,
pede Francisco, escrevendo pela primeira vez, também em coreano. (CM)
Que Coreia o
Papa encontra?
Os esforços da Igreja Católica na terra dividida
Depois de 25
anos, um Papa visita a Coreia. Qual a atuação da Igreja Católica no país e
como é o seu engajamento social, pastoral e espiritual junto aos fiéis? Que
país o Papa vai encontrar?
Apesar do fim da
Guerra Fria, o muro que corre entre as duas Coreias ao longo do paralelo 38 e
que separa cerca de 70 milhões de coreanos resiste. Nenhuma fronteira no mundo
é militarmente tão bem equipada. Toda a história da península coreana é uma
história de confronto político e militar. Em 15 de agosto de 1948 nasceu a
República da Coreia do Sul, e logo depois, em 9 de setembro, foi proclamada a
República Popular Democrática da Coreia do Norte, sob a liderança de Kim
Il-Sung.
Boas vindas ao Santo Padre |
A divisão
forçada do país, que refletia os dois blocos existentes no mundo na época,
tornou-se o terreno de conflitos armados para novo equilíbrio internacional. Em
maio de 1950, a Coreia do Sul foi invadida pelo exército do Norte. O conflito
logo se tornou uma guerra geral: os Estados Unidos desceram imediatamente em
campo, respondendo a uma resolução da ONU que pedia ajuda para o Sul. Em julho
de 1953, um armistício sancionou a divisão do país ao longo do 38º paralelo. No
fim da guerra, os mortos eram cerca de 400 mil sul-coreanos, 55.000
estadunidenses e talvez um milhão de mortos e feridos da Coreia do Norte e China.
Ver o Norte e
Sul unidos é uma esperança que as autoridades eclesiásticas compartilham com
todos os coreanos. “Sem uma pátria eu não existo”, diz a frase inscrita na
pedra de mármore tocada por milhares de turistas estrangeiros, diariamente, no
“Muro de Berlim asiático”. Entretanto, a zona desmilitarizada que divide as
duas Coréias nos arredores do 38º paralelo é para os coreanos uma ferida aberta
que fala de morte e desespero, da separação de um povo pertencente a uma só
nação. “Um muro que para a Igreja nunca existiu, e que uma vez derrubado,
estaremos lá para fazer a nossa parte, como sempre fizemos”, diz Padre Eun Lee
Hyung da Diocese de Ui jeong bu, na fronteira.
Mas o desejo de
reunificação na península coreana aumenta, e a visita do Papa Francisco, para
os dois povos divididos, é uma oportunidade extraordinária, apesar da presença
de duas ideologias opostas e diferentes influências internacionais.
A reunificação é
uma das missões mais importantes da Igreja local, que trabalha na linha de
frente de um programa de ajuda graças a uma comissão especial para a
reconciliação.
Padre Timothy
Lee-Eun-Hyung, membro da Comissão, na diocese mais perto da Zona
Desmilitarizada, diz que “a Comissão tem vários objetivos, e o mais importante
é a evangelização da Coréia do Norte, uma vez que não existe liberdade de
religião. Antes de tudo, porém, tentamos trocar notícias do que está
acontecendo na Coreia do Sul e na Coreia do Norte e expressar o amor que
sentimos. Outra coisa que fazemos é ajudar as pessoas que fogem da Coreia do
Norte e chegam aqui em péssimas condições. Nós as ajudamos a se estabelecer
aqui, na Coreia do Sul”.
E os planos para
o futuro? De acordo com o padre, um projeto muito importante - e que continuará
para sempre - é prosseguir com a oração comum: “Nós rezamos juntos. Temos, por
exemplo, algumas igrejas perto da Zona Desmilitarizada, onde toda quarta-feira
nos reunimos para orar pelas pessoas e para a Coreia do Norte.
Primeiros sinais
de desgelo: em maio, o arcebispo de Seul atravessou o confim. O Card. Andrew
Yeom Soo-jung pisou na Coréia do Norte para uma breve visita à região
industrial de Kaesong, uma área em que, segundo um acordo entre os dois países,
existem empresas e indústrias em que trabalham com cidadãos de Norte e Coréia
do Sul. Na viagem, o Cardeal Yeom, que também é o Administrador Apostólico de
Piongueangue, visitou o complexo, um símbolo da cooperação entre o Norte e o
Sul e deixou aos trabalhadores uma mensagem de encorajamento e esperança. A
zona industrial de Kaesong é o mais recente projeto de aproximação
transfronteiriça entre as duas Coreias, que tecnicamente, após o armistício
assinado em 1953, ainda estão em um estado de guerra.
Uma curiosidade:
de acordo com um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Hyundai, se a
fronteira das duas Coréias fosse cancelada até o final de 2015 e a península se
tornasse um único Estado, surgiria uma superpotência; a oitava maior economia
do mundo até 2050, ultrapassando gigantes como a Alemanha e a Grã-Bretanha, e
com uma renda per capita maior que a do Japão.
Atualmente, a
Coreia do Sul tem a 11ª maior economia do mundo. (CM)
Fonte: radiovaticana.va news.va
...................................................................................................................................
Nenhum comentário:
Postar um comentário