No segundo dia
de reunião do Conselho Episcopal Pastoral (Consep) ampliado, na sede da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), os bispos ouviram a palestra
do padre Mário de França Miranda, doutor em Teologia e professor da Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro. A reunião teve início ontem, 26, e
prosseguirá até sexta, 29, na sede da Conferência, em Brasília.
Padre Mário
retomou as principais linhas da exortação apostólica do papa Francisco, Evangelli
Gaudium, confrontando o discurso do pontífice com as Diretrizes Gerais da Ação
Evangelizadora da Igreja no Brasil. O palestrante procurou apontar as mudanças
que estão acontecendo na Igreja atualmente, sobretudo a partir do pontificado
de Francisco, suas orientações e a forma como ele as tem acolhido. O
sacerdote falou sobre uma presença maior do Espírito Santo na vida da
Igreja e sobre a sinodalidade, ou seja, uma Igreja com mais comunhão e
participação de todos.
Retomando os
discursos de Francisco, padre Mário recorda a ideia da opção pelos pobres, mas
em uma ótica de ações concretas como insiste o papa. “Lembrando que o termo
‘pobres’ aqui é uma palavra genérica, para todos os que estão do pior lado de
uma sociedade que produz desigualdades”, alertou.
Leigos
Bispos falam à Assembleia |
Para o futuro da
Igreja, o teólogo defende uma participação ainda maior do laicato. “Não vejo
saída para a Igreja a não ser por meio da força dos leigos e leigas na obra da
Evangelização. Creio que daqui para frente é impossível uma Evangelização
eficaz sem eles. A sociedade é muito complexa, com setores até desconhecidos
por responsáveis religiosos, mas onde os leigos vivem sua fé e podem ser
agentes dessa Evangelização”, declarou o padre, que defendeu, em seguida, uma
entidade menos clerical e mais participativa.
Missão
Pela evangelização |
Ainda na opinião
do sacerdote, a missão é o grande sentido da Igreja. “Ser cristão é, sobretudo,
estar ativo na obra da Evangelização. Você passa a trabalhar nessa obra a
partir do momento do batismo. Essa consciência havia desaparecido um pouco, mas
hoje está sendo fortemente retomada”. Segundo padre Mário, a Igreja está
vivendo um processo de recuperação, para corrigir essa falha de mais de mil
anos, desde o Concílio Vaticano II, para retomar o que há de mais autêntico do
cristianismo. “Por isso, o futuro é uma época de grande oportunidade e
fecundidade”, vislumbra.
O sacerdote
acredita que a CNBB tem procurado responder aos pedidos do papa e que a América
Latina, de modo geral, dá não apenas um forte recado ao resto do mundo, mas faz
um convite para a caminhada da Igreja, por uma religião mais concreta e mais
sensível ao sofrimento humano. “Às vezes o contexto europeu limita a
compreensão do que se passa em outras regiões. Isso é normal, por conta da
nossa chave de leitura. Mas o papa é ousado, diz ‘para que não tenhamos medo,
sermos criativo’, e isso tem um peso enorme”, conclui.
Fonte: cnbb.org.br
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