3º Domingo da Quaresma
A água é um
elemento vital para o ser humano, assim como a comida. Quando Jesus utiliza
estas imagens, comunica-nos algo muito além do visível, do palpável. O mais
importante não é o pão de trigo ou a água do poço, mas o alimento e a bebida da
vida eterna. A água é o sentido da vida, é a graça divina, o dom da salvação, o
Espírito...
O Senhor nos
deseja dar da água viva, mas nem sempre estamos abertos para receber este dom.
Somos resistentes. No AT, o povo quer voltar para trás, duvida do êxodo, deixa
morrer a esperança no Deus que salva, pois percebe que o deserto é árido. A
consequência é a murmuração. Hoje também murmuramos diante das circunstâncias,
deixamos a fé e a esperança morrer, com facilidade. Deus, por sua vez,
convida-nos a arriscar. A samaritana também manifesta sua descrença: “é você
que me dará de beber?” Deus nos concede a água viva como um dom genuíno. Mesmo
diante de nossas resistências e murmurações, Ele quer nos saciar. Mas fica o
alerta: sem o consentimento humano, a graça não pode acontecer.
O Evangelho
deste domingo revela muitas riquezas. Apresenta um encontro entre Jesus e uma
mulher samaritana. Primeiramente, observamos que se trata de um encontro que
acontece no cotidiano da vida. Estavam à beira de um poço para beber água.
Jesus se manifesta no comum da vida. Para encontrar o Senhor, não podemos ficar
preso às regras, ao lugar correto para o culto, aos preconceitos em relação à
mulher ou ao estrangeiro. É preciso assumir o verdadeiro culto “em espírito e
verdade”, superando os ritualismos vazios.
A samaritana fez
um conhecimento gradual de Jesus: considerado inicialmente como um
desconhecido, passa a judeu inimigo, depois um homem desconcertante, mais tarde
um profeta e, por fim, o Messias. Somos convidados a avançar no conhecimento do
Senhor, acolhendo o dom da água viva. Não o conhecemos de uma vez só, mas ao longo
de toda a nossa existência, por um processo de conversão constante.
O encontro
transforma a vida da pessoa. A samaritana não seria a mesma depois do diálogo
com Jesus. Quando encontramos o Senhor, a nossa vida ganha novo sentido, passa
a ser uma nova vida, somos “nova criatura”. O encontro afetivo proporciona uma
nova visão do mundo, da realidade... O encontro também leva à missão, por isso,
a samaritana se vê impelida a ir ao encontro dos demais para proclamar que ela
viu o Messias. Quem encontra o Senhor não o guarda para si, não se satisfaz com
algumas experiências de satisfação espiritual, não se contenta com a prática de
ritos. O encontro necessariamente nos leva à adesão do seu Reino, da missão.
Quem encontrou o Senhor, deseja, sem proselitismos, fazer com que outros também
o encontrem.
Junto com os
catecúmenos que se preparam para os sacramentos da iniciação, recebemos o
convite para escrutinar nosso coração, ou seja, olhar para dentro de si mesmo à
luz do projeto divino, percebendo se estamos vivendo de acordo com a proposta
do Evangelho: acolhemos a água viva e deixamos de lado as resistências? O nosso
encontro com o Cristo é profundo e verdadeiro? Somos conduzidos à missão?
Quem tiver sede,
venha a mim e beba. Do seu interior brotará fontes de água viva!
Padre Roberto Nentwig
Fonte: catequeseebiblia.blogspot.com.br
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