Cidade do
Vaticano (RV) - O Santo Padre rezou, ao meio-dia deste domingo, a oração
do Angelus com milhares de fiéis e peregrinos reunidos na Praça São
Pedro.
Na alocução que
precedeu a oração dominical, o Papa inspirou-se na liturgia do dia,
centralizada na necessidade de partilhar as riquezas com os pobres, evitando a
corrida a um acúmulo egoísta dos bens.
A figura de
Deus, o Pai bondoso que sempre provê seus filhos daquilo de que precisam, assim
como proposta pela liturgia dominical, foi para o Papa Francisco uma
oportunidade para refletir sobre um tema por ele muito querido.
A Divina
Providência, afirmou no início de sua alocução, "é uma das verdades mais
confortadoras" da fé.
Realisticamente,
o Bispo de Roma reconheceu que, no entanto, as palavras com as quais o
Evangelho fala do Deus providente "poderiam resultar abstratas e
ilusórias" para "aquelas muitas pessoas que vivem em condições
precárias, ou até mesmo de miséria, que ofende a dignidade delas":
Por justiça, reconciliação e paz |
"Mas na
realidade são mais que nunca atuais! Recordam-nos que não se pode servir a dois
senhores: Deus e a riqueza. Enquanto cada um buscar acumular para si, jamais
haverá justiça. Devemos ouvir bem isso, hein? Enquanto cada um buscar acumular
para si, jamais haverá justiça. Se, ao invés, confiando na providência de Deus,
buscarmos, juntos, o seu Reino, então não faltará a ninguém o necessário para
viver dignamente."
"Um coração
tomado pela voracidade do ter é um coração vazio de Deus", disse o Papa, e
é por isso, acrescentou, que "Jesus reiteradas vezes advertiu os ricos,
porque é grande para eles o risco de colocar a própria segurança nos bens deste
mundo":
"Num
coração possuído pelas riquezas não há mais muito lugar para a fé: tudo é
ocupado pelas riquezas, não há lugar para a fé. Se, ao invés, se dá a Deus o
lugar que lhe cabe, isto é, o primeiro, então o seu amor leva a partilhar
também as riquezas, a colocá-las a serviço dos projetos de solidariedade e de
desenvolvimento, como demonstram tantos exemplos, inclusive recentes, na
história da Igreja. E assim, a Providência de Deus passa pelo nosso serviço aos
outros, pelo nosso partilhar com os outros."
Em seguida,
Francisco fez a seguinte observação:
"Vocês
sabiam? O sudário não tem bolsos! É melhor partilhar, porque levamos para o Céu
somente aquilo que partilhamos com os outros."
É claro, admitiu
ainda o Pontífice, este caminho indicado por Jesus "pode parecer pouco
realista em relação à mentalidade comum e aos problemas da crise
econômica". Mas "se pensarmos bem – assegurou –, nos leva à justa
escala de valores", como Jesus mesmo disse quando afirma: "Por acaso,
a vida não vale mais do que o alimento e o corpo mais do que a roupa?":
"Para fazer
de modo que a ninguém falte o pão, a água, a roupa, a casa, o trabalho, a
saúde, é necessário que todos nos reconheçamos filhos do Pai que está nos céus
e, portanto, irmãos entre nós, e nos comportemos consequentemente. Foi o que
recordei na Mensagem para a Paz de primeiro de janeiro: o caminho para a paz é
a fraternidade. Este caminhar juntos, partilhar as coisas juntos."
Na conclusão
após a oração mariana, o Papa Francisco dirigiu um pensamento ao iminente
início da Quaresma, um caminho – reiterou – "de luta contra o mal com as
armas da oração, do jejum e da misericórdia":
"A
humanidade precisa de justiça, de reconciliação, de paz, e poderá tê-las
somente voltando ao coração de Deus, que é a sua fonte. Também todos nós
precisamos do perdão de Deus. Entremos na Quaresma em espírito de adoração a
Deus e de solidariedade fraterna com aqueles, nestes tempos, mais provados pela
indigência e por violentos conflitos."
Ucrânia escolha o diálogo
Nas saudações após a oração mariana, o Pontífice dirigiu um premente apelo à distensão entre Ucrânia e Rússia, convidando o país do Centro-Leste da Europa a escolher o diálogo.
"Ao tempo em que faço votos de que todos os componentes do país atuem para superar as incompreensões e para construir, juntos, o futuro da nação, dirijo à comunidade internacional um veemente apelo a fim de que apóie toda iniciativa em favor do diálogo e da concórdia."
O Santo Padre
concedeu a todos a sua Bênção apostólica. (RL)
Fonte: radiovaticana.va news.va
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