Fraternidade e tráfico humano
No dia 5 de
março, em todas as paróquias do Brasil vai ser lançada a Campanha da
Fraternidade com o tema “Fraternidade e tráfico humano”. Entre os objetivos
está o de conscientizar a sociedade sobre a insensatez do tráfico de pessoas e
sobre a sua realidade. Conforme a CNBB, o problema é difícil de ser enfrentado
por causa do preconceito e do medo das vítimas, fazendo com que poucas pessoas
denunciem os fatos do tráfico.
O período forte
da Campanha da Fraternidade é a quaresma, que inicia na quarta-feira de cinzas
e termina na Semana Santa. O convite é a conversão em vista de uma melhor
vivência do evangelho. É o que expressamos no momento da imposição das cinzas,
quando o ministro diz: “Convertei-vos e crede no Evangelho”!
A problemática
do tráfico humano se manifesta na exploração do trabalho escravo, na
prostituição, na adoção ilegal de crianças e na venda de órgãos para o
transplante. O Texto Base da CNBB diz que dentre os meios usados para o tráfico
de pessoas, o mais comum é o aliciamento. “A pessoa é abordada com uma oferta
irrecusável, que lhe promete melhorar de vida”. Os traficantes recrutam pessoas
“para atividades como modelos, talentos para o futebol, babás, enfermeiras,
garçonetes, dançarinas ou para trabalhar como cortador de cana, pedreiro, peão,
carvoeiro, etc.”
O tráfico humano
gera uma grande renda aos traficantes, razão pela qual consegue se cercar de
diversos profissionais que falsificam documentos, organizam o transporte e a
hospedagem das pessoas e subornam as polícias. Se não fosse um negócio
lucrativo, não teria êxito. Por isso, a CNBB afirma que “é na idolatria do
dinheiro que se encontra a origem do tráfico humano”.
Como cristãos,
estamos cientes de que, conforme reza o lema da Campanha da Fraternidade, “é
para a liberdade que Cristo nos libertou”. Nenhum ser humano pode ser submetido
à exploração ou à escravidão, uma vez que são atentados contra a dignidade da
pessoa humana.
Uma das nossas
maiores riquezas é a liberdade, e esta é tirada da pessoa quando aliciada pelo
tráfico. A Igreja quer ajudar a proteger a liberdade das pessoas e libertar
aquelas que foram raptadas ou coagidas pelas falsas promessas do tráfico
humano.
Convido, pois,
as comunidades, grupos de família e pessoas de boa vontade a nos unirmos nesta
grande campanha que é promovida pela Igreja no Brasil. Vamos trabalhar na
conscientização das pessoas e ficar alertas para as situações de tráfico que,
eventualmente, possam estar ocorrendo no nosso entorno. “Comprometidos na
superação deste mal, vivamos como filhos e filhas de Deus, na liberdade e na
paz”.
Dom Canísio
Klaus - Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)
Fonte: radiovaticana.va
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