Solenidade do
Sagrado Coração de Jesus
Na
missa da solenidade, da festa do Sagrado Coração de Jesus, que celebra-se nesta
sexta, entoa-se um hino de louvor ao Pai que quis que seu Filho Unigênito,
pendente da cruz, tivesse seu coração rasgado pela lança para que deste
sacrário jorrasse a fonte da divina misericórdia.
O
Espírito Santo, presente na Igreja, inspirou nossos Pastores a instituir este
culto numa época difícil para os fiéis, asfixiados por doutrinas que, esquecidas
da misericórdia de Deus que se estende a todos os homens, impunham pesados ônus
para aqueles que buscavam a salvação, quando não a tornavam impossível para os
que diziam não terem sido predestinados.
Aparecendo
a Santa Margarida Maria, o Divino Mestre quis, pela mensagem a ela transmitida,
que esta devoção incendiasse o mundo congelado pela desesperança e descrença.
Olhando
para aquele Coração transpassado, encontrariam os fiéis a esperança da salvação
pela remissão dos seus pecados pelo sangue e água que fluiram daquela chaga de
amor pelos homens até a última gota.
São
Leão, Papa, nos ensina “que a causa de nossa reparação
não é senão a misericórdia de Deus, a quem não amaríamos se Ele primeiro
não nos tivesse amado e afastasse as trevas de nossa ignorância pela luz de sua
verdade”.
E
que expressão poderia melhor refletir essa verdade senão o Coração que se abre
às almas devotas, dando-lhes a paz e para os pecadores um refúgio de salvação.
Ainda mais, no Sangue que se derrama deste Coração, encontramos força e coragem
para superar as dificuldades da vida.
Se,
na época de sua instituição, esta festa, incentivando o culto ao amor divino
foi a resposta da Igreja ao rigorismo e a descrença, ela é também, nos dias de
hoje, uma certeza de que Deus nos ama e que por seu Filho venceremos.
Não
sei se muito diferente daquele tempo, também no momento atual, seja a falta de
fé e de esperança uma das principais razões que geram os males presentes: falta
de respeito à vida pela avidez dos bens materiais, que a extingue no berço
materno, nas drogas e assassinatos, o laxismo nos costumes, a falta de visão da
fé pela descrença generalizada.
Só
o olhar para “Aquele a quem transpassaram” pode
infundir-nos a certeza do amor e da misericórdia divina, que “não poupou seu próprio Filho, mas por todos
nós o entregou à morte” recuperando-nos das trevas e garantindo-nos o
destino e a felicidade eterna.
O
apóstolo Paulo, afirmando para nós que “Deus, em Cristo, estava reconciliando o mundo consigo, não levando
mais em conta as culpas dos homens”, conclui “e colocando em nossos lábios a
mensagem da reconciliação” (Cf. 2 Cor.5,19) E, resumindo, no versículo anterior,
afirma que Deus nos “reconciliou consigo, por meio de Cristo e nos confiou o
ministério da reconciliação”.
Isto
quer dizer e bem claro que o mistério da salvação do amor de Deus, não pode
ficar escondido. Não é só para nós, para o conservar no recôndito de nossos
corações. É uma mensagem que tem de ser anunciada ao mundo. Temos de
proclamá-la, as insondáveis riquezas de Cristo que nos dá coragem de aproximarmo-nos
de Deus com plena confiança.
No
Coração de Jesus conhecemos o amor de Cristo que supera todo o conhecimento e
pelo qual encontramos a graça da sabedoria da vida e somos repletos da
plenitude divina.
A
devoção ao Sagrado Coração que, desde a nossa infância, nos encheu e alegria e
de confiança, é força na nossa evangelização, a que todos os cristãos somos
impelidos pelo batismo.
É
impossível contemplar este Coração cheio de amor por nós, sem que a Ele nos
convertamos. Mostremos ao mundo chagado e ensangüentado pelos males do pecado,
a misericórdia do Coração de Jesus que, embora ofendido e rasgado por nossos
pecados, abre-se para receber-nos e guardar-nos em seu amor. Quem a tão grande
amor não haveria de corresponder!
Dom
Eurico dos Santos Veloso - Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)
Fonte: www.catequisar.com.br Banner: www.filhosdapaixao.org.br
.....................................................................................................................................................
Nenhum comentário:
Postar um comentário