9º Domingo do Tempo Comum
Nesta semana o
papa Francisco fez um alerta contra o triunfalismo: “Nós queremos o triunfo
imediato, sem passar pela cruz, um triunfo mundano, um triunfo razoável”. A
Igreja não pode ser triunfalista, não pode se sentir dona de Deus e da
salvação. É chamada a ser sinal de salvação no mundo e a reconhecer os sinais
de fé e de amor em todas as realidades e mesmo naqueles que não fazem parte do
número dos batizados ou não frequentam nossas paróquias.
O próprio Jesus
teve esta atitude diante da religião de sua época. No evangelho deste domingo,
deixa claro que a instituição e a pertença religiosa não são garantias de nada.
O que importa é a atitude da pessoa, sua abertura de coração. Aliás, os de fora
parecem ser mais abertos do que os teólogos e sacerdotes que tiveram contato
com Jesus, no Evangelho.
"Eu vos declaro que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé". |
O centurião era
um pagão. Se tantos se impressionaram com Jesus, desta vez, o próprio Cristo se
impressiona com a atitude de uma personagem. E diante dele, declara algo
inaudito, uma verdadeira heresia para qualquer judeu ortodoxo: “Eu vos
declaro que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé” (Lc 7, 9). Em Israel, a
maior fé não era de um saduceu, mestre da lei, escriba, fariseu, ou varão
piedoso, frequentador do templo e da sinagoga. Para Jesus, a fé maior estava no
coração de um pagão. Talvez também nós, que nos consideramos “católicos
praticantes”, tenhamos também uma fé mísera, ou, ao menos, podemos nos
envergonhar diante de tantos que nem conhecem nossos templos, mas que cultivam
gestos de piedade e amor. Talvez alguns que até mesmo consideremos pecadores
públicos.
Ninguém é dono
da fé. E ela vem pelo caminho da humildade. Jesus nem precisou entrar na casa
deste homem. Ele que tinha consciência de que podia dar ordens aos seus
empregados, no entanto considerou que a simples palavra do Senhor poderia curar
o seu funcionário. Pela humilde súplica da fé vem a graça do Senhor.
As instituições
humanas e os seres humanos são caminhos para que cheguemos até Deus. Contudo,
somos todos falhos, pecadores. Por isso, sem negar que a Igreja seja caminho de
salvação, como também afirma o Papa Francisco nesta semana, colocamos a nossa
confiança em Deus. É nesta linha que São Paulo nos diz que a iniciativa da
graça não é humana, mas divina. Adverte que os homens podem falar em nome de
Deus como pregadores, mas podem até mesmo pregar um evangelho diferente do
Evangelho de Jesus. Que ninguém utilize o Evangelho para defender seus próprios
princípios: triunfalismo, zelo agressivo, legitimação de poder, guerra
religiosa, fanatismo... Nada disso tem a ver com a Boa Nova.
A coragem,
sempre com caridade, com a doçura nos lábios, é necessária. Agradar a todos e
sempre é caminho para a falta de autenticidade que trai princípios. São Paulo
nos exorta a buscar sempre a verdade a todo custo: “Se eu ainda estivesse
preocupado em agradar aos homens, não seria servo de Cristo” (Gl 1, 10).
Padre Roberto Nentwig
Fonte: www.catequeseebiblia.blogspot.com.br Ilustração: www.catolicoscomjesus.com
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