domingo, 23 de junho de 2013

Reflexão para este

12º Domingo do Tempo Comum

“Jesus estava rezando num lugar retirado...” (Lc 9,18). Esta atitude é própria do Evangelista Lucas. Sempre que Jesus vai realizar algo importante, Ele se retira, Ele ora. A oração de Jesus certamente não é uma coleção de pedidos com fórmulas imensas que tem a intenção de convencer a Deus sobre o quanto se precisa de uma determinada graça. A oração de Jesus é uma invocação para que a sua atitude esteja de acordo com a vontade do Pai, uma entrega ao desígnio de Deus. Orar é mais do que pedir, orar é uma sintonia da presença amorosa de Deus, é permitir que Ele invada e tome conta de nossa vida.
Tendo orado, Jesus proclamou uma pergunta: “Quem diz o povo que eu sou?” E depois: “E vós, que dizeis que eu sou?” (Lc 9,18.20). Certamente, o Senhor não estava preocupado com a sua própria imagem. Jesus desejava saber se realmente os discípulos eram conscientes do significado de sua vida e missão. A mesma pergunta é dirigida a cada de um de nós hoje. O que pensamos sobre Jesus? Se pudéssemos dizer em poucas palavras qual é o significado da pessoa de Jesus para nossa vida, o que diríamos?
Jesus, o Filho de Deus
A resposta de Pedro foi correta do ponto de vista doutrinário, mas nem sempre a proclamação da correta doutrina revela a pureza do coração. Se Pedro reconheceu que Jesus é o Cristo de Deus, ainda não era capaz de compreender a profundidade de sua proclamação. Para Ele o Cristo era o vencedor absoluto dos poderes deste mundo, estando longe de um profeta do Reino que seria capaz de mostrar a sua fraqueza e de assumir a humilhação da cruz em nome do que proclamava.
Hoje, embora professemos corretamente Jesus como Cristo e Senhor, podemos também carregar imagens deformadas sobre a pessoa de Jesus. Podemos, como Pedro, não admitir certas dimensões da vida do Cristo que nos incomodam, que nos questionam. Quem é Ele? Um revolucionário político? Um milagreiro que cura qualquer doença e afasta toda dor? Um dolorista amante do sofrimento? Um mestre light que traz os consolos afetivos contra o stress da pós-modernidade? Um sacerdote todo-poderoso? Um Deus que faz de conta que é homem e que, portanto, não vive os limites da condição humana? Um homem como qualquer outro, mas que trouxe alguns ensinamentos bonitos? Quem é o “nosso” Jesus?
Certamente Jesus frustrou aqueles que o seguiam. Era difícil imaginar um Jesus morrendo como um derrotado, humilhado diante daqueles que eram causa de ódio do povo. A cruz é o último ensinamento que os apóstolos desejavam. Depois se frustrariam com o serviço. Não, este não era o Cristo de Pedro e dos seus amigos... Talvez, nem sempre seja o “nosso” Cristo.
“Se alguém quiser me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz cada dia e siga-me” (Lc 9,23). Renunciar a sim mesmo é lutar contra a comodidade, é saber sair de si e não se preocupar em demasia consigo mesmo. No Evangelho de Lucas, há algo singular no convite de Jesus: Ele nos pede para que tomemos a cruz “a cada dia”. Sim, todos os dias, quando abrimos nossos olhos pela manhã, devemos carregar a cruz que se apresenta. Cada momento de nossa vida tem a sua cruz. Ora é a dor que nos vem de fora oportunizada pela tragédia da existência, ora é a escolha pelo doloroso caminho do amor e da verdade.
Lutar pelos valores, clamar pela justiça, exigir a verdade e a coerência, pedir a honestidade... Tudo isso é carregar a cruz do Cristo. Se for feito sem violência, mas pelo simples sonho de um mundo mais parecido com o Reino proclamado pelo Cristo, certamente é uma resposta ao convite feito por Jesus.
“No peito eu levo uma cruz, no meu coração o que disse Jesus” (Pe. Zezinho).
                                                                                                      Padre Roberto Nentwig
                                                        Fonte da reflexão: www.catequeseebiblia.blogspot.com.br 
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