"Morrer de fome é um escândalo"
Cidade do
Vaticano (RV) – Morrer de fome constitui um verdadeiro escândalo: assim o
Papa Francisco se dirigiu aos participantes da 38ª Conferência da Organização
das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em andamento em
Roma.
Na Sala
Clementina, no Vaticano, o Papa saudou de modo especial o Diretor-Geral da FAO,
José Graziano da Silva, com que o Pontífice já se encontrou no início do seu
ministério petrino. Naquela ocasião, recordou Francisco, Graziano manifestou a
gravidade da situação mundial, devido não somente à crise econômica, mas também
aos inúmeros conflitos e às mudanças climáticas.
As soluções
possíveis para combater a fome são muitas, e não se limitam ao aumento da
produção de alimentos. “Sabe-se que a produção é suficiente e mesmo assim
existem milhões de pessoas que sofrem e morrem de fome: isto constitui um
verdadeiro escândalo. É necessário encontrar modos para que todos possam
beneficiar dos frutos da terra, não só para evitar que aumente o abismo entre
quem mais tem e quem deve se contentar com as migalhas, mas sobretudo por uma
exigência de justiça e de equidade e de respeito por cada ser humano.”
Hoje, analisou,
a pessoa parece ter se tornado uma abstração diante de questões como o uso da
força, da guerra, da desnutrição e da violação das liberdades fundamentais. A
especulação financeira, que condiciona o preço dos alimentos, os trata como
qualquer outra mercadoria, esquecendo seu destino primário. Para superar esta
situação, o Papa propõe que a pessoa e a dignidade humana sejam consideradas
pilares sobre os quais constituir regras e estruturas, combatendo interesses
econômicos míopes, corrupção e lógicas de poder que desagregam a sociedade.
Como disse em
outras ocasiões, Francisco reiterou que a crise que estamos vivendo não é só
financeira, mas é uma crise de convicções e de valores. Por isso, pede à FAO e
aos seus Estados-membros uma abertura de coração. Para prosseguir de modo
construtivo, é preciso ser capaz de analisar, compreender e doar, abandonando qualquer
tentação de poder, de possuir sempre mais e de buscar o próprio interesse em
detrimento da família humana.
A propósito, o
Papa considerou “expressiva” a escolha de dedicar o próximo ano à família rural
– ocasião para reforçar a convicção de que a família é o local principal do
crescimento de cada um, pois é através dela que o ser humano se abre à vida e à
exigência natural de se relacionar com os outros.
Por fim, o
Pontífice garantiu o apoio da Igreja Católica, através de suas estruturas e
instituições, às iniciativas da FAO, que devem ser caracterizadas cada vez mais
pela promoção da cultura do encontro e da solidariedade. (BF)
Fonte: www.radiovaticana.va
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