No avião, ressalta momentos marcantes da viagem
Cidade do Vaticano (RV) – No avião que o trouxe de volta ao Vaticano, o Papa Francisco conversou - durante quase uma hora - com os jornalistas que o acompanharam na Terra Santa. Os temas tratados foram muitos: dos momentos mais marcantes da viagem ao celibato dos sacerdotes, passando por escândalos financeiros e a hipótese de uma renúncia a exemplo de Bento XVI. Confira alguns pontos:
Os gestos na
Terra Santa e o encontro Peres e Abu Maze
Sempre aberto ao diálogo |
Relação com os
ortodoxos
“Com Bartolomeu
falamos de unidade, que se faz em caminho, jamais poderemos fazer a unidade num
congresso de Teologia. Ele confirmou-me que Atenágoras realmente disse a Paulo
VI: ‘vamos colocar todos os teólogos numa ilha e nós prosseguiremos juntos’.
Devemos nos ajudar, por exemplo, com as igrejas, inclusive em Roma, onde muitos
ortodoxos usam igrejas católicas. Falamos do concílio pan-ortodoxo, para que se
faça algo sobre a data da Páscoa. É um pouco ridículo: ‘Quando ressuscita o seu
Cristo? O meu na semana que vem. O meu, ao invés, ressuscitou na semana
passada’. Com Bartolomeu falamos como irmãos, nos queremos bem, contamos as
dificuldades do nosso governo. Falamos bastante da ecologia, de fazermos juntos
um trabalho conjunto sobre este problema.”
Abusos contra
menores
“Neste momento,
há três bispos sob investigação e um deles, já condenado, tem a pena em estudo.
Não há privilégios neste tema dos menores. Na Argentina, chamamos os
privilegiados de ‘filhos de papai’. Pois bem, sobre este tema não haverá filhos
de papai. É um problema muito grave. Um sacerdote que comete um abuso, trai o
corpo do Senhor. O padre deve levar o menino ou a menina à santidade. E o menor
confia nele. E ao invés de levá-lo à santidade, abusa. É gravíssimo. É como
fazer uma missa negra! Ao invés de levá-lo à santidade, o leva a uma problema
que terá por toda a vida. Na próxima semana, no dia 6 ou 7 de julho haverá uma
missa com algumas pessoas abusadas, na Santa Marta, e depois haverá uma
reunião, eu com eles. Sobre isto se deve prosseguir com tolerância zero.”
Celibato dos
padre
“Há padres
católicos casados, nos ritos orientais. O celibato não é um dogma de fé, é uma
regra de vida, que eu aprecio muito e creio que seja um dom para a Igreja. Não
sendo um dogma de fé, há sempre uma porta aberta.”
Eventual renúncia
“Eu farei o que
o Senhor me dirá de fazer. Rezar, buscar a vontade de Deus. Bento XVI não tinha
mais forças e, honestamente, é um homem de fé, humilde como é, tomou esta
decisão. Setenta anos atrás os bispos eméritos não existiam. O que acontecerá
com os Papas eméritos? Devemos olhar para Bento XVI como uma instituição, abriu
uma porta, a dos Papas eméritos. A porta está aberta, se haverá outros ou não,
somente Deus sabe. Eu creio que um Bispo de Roma, ao sentir que lhe faltam
forças, deva fazer as mesmas perguntas que o Papa Bento fez.”
Outros temas
Francisco falou
ainda da alegada investigação sobre um desvio de 15 milhões de euros dos fundos
do Instituto para as Obras de Religião, em que estaria envolvido o antigo
Secretário de Estado do Vaticano.
“A questão
desses 15 milhões está ainda em estudo, não é claro o que aconteceu”, adiantou.
O Papa disse que
quer “honestidade e transparência” na administração financeira do Vaticano e
que a nova Secretaria para a Economia, dirigida pelo Cardeal Pell, vai “levar
por diante as reformas que foram sugeridas” por várias comissões para evitar
“escândalos e problemas”. Nesse sentido, recordou que cerca de 1,6 mil contas
foram fechadas no IOR nos últimos tempos.
Francisco
confirmou que, além da viagem à Coreia do Sul em agosto, voltará à Ásia em
janeiro de 2015, para visitar o Sri Lanka e as regiões afetadas pelo tufão nas
Filipinas. O Papa mostrou-se preocupado com a falta de liberdade religiosa
neste continente, falando num número de “mártires” cristãos que supera os dos
primeiros tempos da Igreja.
O Papa não quis
comentar os resultados das eleições europeias, mas lembrou as críticas que
deixou na exortação apostólica Evangelii Gaudium a um sistema
econômico “desumano”, que “mata”.
Já sobre a
beatificação de Pio XII, pontífice durante a II Guerra Mundial, Francisco disse
ter sido informado de que ainda não há o milagre reconhecido para que a causa
avance. (BF)
Fonte: radiovaticana.va
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