Quebra de protocolo e convite inédito
Belém
(RV) - Na manhã deste domingo, logo após aterrissar no Estado da
Palestina, Papa Francisco fez uma parada fora de programa e rezou diante do
Muro da Separação entre Israel e Palestina. Diante das escritas “Palestina
Livre” e “Precisamos de alguém que fale sobre justiça”, Papa Francisco observou
a altura do Muro da Separação e, logo após, tocou-o e encostou a cabeça
recolhendo-se em oração.
Israel começou a
construir o Muro da Separação em 2002, chamando-o de Muro de Segurança e com o
objetivo de impedir a entrada de terroristas no Estado de Israel. Na fronteira
entre Jerusalém e Belém, justamente onde Papa Francisco passou, o muro chega a
ter oito metros de altura. Os palestinos que têm permissão para cruzar a
fronteira precisam, todos os dias, passar pelo “Check Point” – o mesmo acontece
com turistas que precisam atravessar a fronteira para visitar a Basilica da
Natividade, em Belém.
Uma imagem
histórica que, por enquanto, torna-se o símbolo da passagem de Francisco pela
Terra Santa. Todavia, Papa Francisco surpreendeu, mais uma vez, ao anunciar no
final da celebração eucarística na Praça da Manjedoura, um convite para que os
presidentes da Palestina e Israel, Mahmoud Abbas e Shimon Peres,
respectivamente, encontrem-se com o pontífice no Vaticano para um “momento de
profunda oração pela paz”. (RB)
Missa na Praça da Manjedoura:
Apelo em defesa das crianças
Belém (RV) –
Segundo dia da Viagem Apostólica do Papa Francisco à Terra Santa. Na manhã
deste domingo, às 7.30 locais, o Santo Padre deixou a Nunciatura de Amã e se
dirigiu ao aeroporto internacional da cidade, onde se despediu das autoridades
civis e religiosas da Jordânia, entre os quais o Rei Abdallah II Bin Al
Hussein, da dinastia Hashemita.
Após a breve
cerimônia de despedida, às 8.30, o Bispo de Roma se transferiu, em helicóptero,
à cidade de Belém, que dista 75 km. da capital jordaniana, Amã. Na cidade natal
de Jesus, o Papa Francisco foi recebido, entre outros, por Dom Giuseppe
Lazzarotto, Núncio em Israel e Delegado Apostólico em Jerusalém; o Patriarca de
Jerusalém dos Latinos e Presidente da Assembléia dos Ordinários Católicos na
Terra Santa, Sua Beatitude Fouad Twal; e o Custódio da Terra Santa, Padre
Pierbattista Pizzaballa.
Depois de quase
uma hora de viagem em helicóptero, o Santo Padre se transferiu, de carro, ao
Palácio Presidencial de Belém, para a cerimônia de boas vindas. Estavam
presentes representantes das comunidades palestinas, provenientes da
Cisjordânia e da Faixa de Gaza, que entregaram ao Papa algumas mensagens. Após
a visita de cortesia ao Presidente do Estado da Palestina, Mahmoud Abbas Abbas,
o Papa manteve um encontro com as Autoridades Palestinas e o Corpo Diplomático.
No discurso que
pronunciou aos presentes, o Pontífice dirigiu suas saudações cordiais aos
representantes do Governo e a todo o povo palestino, expressando a sua gratidão
a Deus por estar, hoje, naquele lugar sagrado, onde nasceu Jesus, o Príncipe da
Paz.
A seguir, o Papa
recordou que, há decênios, o Oriente Médio vive as consequências dramáticas de
um conflito que causou tantas feridas, difíceis de se cicatrizar; ressaltou o
clima de violência e de incerteza da situação, e a falta de entendimento entre
as partes, que produzem insegurança, negação de direitos, isolamento e fuga de
inteiras comunidades, divisões, carências e sofrimentos de todo o tipo. E o
Papa fez seu apelo:
“Ao manifestar a
minha solidariedade aos sofrem, sobretudo por causa deste conflito, queria, do
fundo do meu coração, dizer que chegou a hora de pôr um ponto final a esta
situação, que se torna cada vez mais inaceitável, para o bem de todos. Reforcem
os esforços e as iniciativas para criar as devidas condições de uma paz
estável, com base na justiça, no reconhecimento dos direitos de cada um e na
segurança mútua. Chegou a hora de se demonstrar a coragem, a generosidade e a
criatividade para o bem comum; a coragem de se construir a paz, alicerçada no
reconhecimento, por parte de todos, do direito da coexistência de dois Estados,
que gozam da paz e da segurança, entre os confins internacionalmente
reconhecidos”.
Para que isto
seja possível, espero vivamente, continuou o Bispo de Roma, que sejam evitadas,
por parte de todos, iniciativas e ações que contradizem a clara vontade de se
chegar a um verdadeiro acordo; jamais se cansem de buscar a paz, com
determinação e coerência. A paz produzirá inúmeros benefícios aos povos desta
região e ao mundo inteiro. Mas, é preciso caminhar, com decisão, rumo a esta
paz, custe o que custar. E o Papa exortou:
“Faço votos de
que os povos, palestino e israelense, e as respectivas Autoridades emboquem
esta estrada feliz rumo à paz, com aquela coragem e determinação necessárias. A
paz na segurança e a confiança mútua se tornarão o ponto de referência estável
para encarar e resolver outros problemas e, assim, oferecer uma oportunidade de
desenvolvimento equilibrado, que se torne modelo para outras áreas de crise”.
Neste sentido, o
Santo Padre referiu-se, aqui, de modo particular, à comunidade cristã, que
diligentemente presta uma significativa contribuição para o bem comum da
sociedade, participando das alegrias e dos sofrimentos do povo. Os cristãos
querem continuar a desempenhar seu papel, como cidadãos de pleno direito, junto
com os demais cidadãos, considerados irmãos.
Enfim,
dirigindo-se ao Presidente do Estado da Palestina, Mahmoud Abbas, o Papa
Francisco afirmou que “ele é conhecido como homem de paz e artífice de paz. O
recente encontro no Vaticano e a sua presença, hoje, em terras palestinas,
atestam as boas relações existentes entre a Santa Sé e o Estado da Palestina.
Por isso, o Santo Padre espera que tais relações bilaterais possam se
incrementar ainda mais, para o bem de todos.
A este respeito,
o Bispo de Roma expressou seu apreço pelos esforços feitos para a elaboração de
um Acordo entre as Partes, concernente aos diversos aspectos da vida da
comunidade católica do país, com especial atenção à liberdade religiosa. O respeito
deste direito humano fundamental, frisou o Pontífice, é uma das condições
indispensáveis da paz, da fraternidade e da harmonia, e demonstra ao mundo que
é possível chegar a um acordo entre as culturas e as religiões diferentes.
O Papa Francisco
concluiu seu encontro com as Autoridades Palestinas pedindo a intercessão
divina para abençoar, proteger e conceder a sabedoria e a força necessárias
para dar continuação ao corajoso caminho rumo à paz, de modo que as armas se
transformem em arados e esta Terra Santa possa voltar à prosperidade e à
concórdia. Salam!”.
Depois do
encontro com as Autoridades Palestinas, o Papa deixou o Palácio Presidencial de
Belém e se deslocou, em papa-móvel, à Praça da Manjedoura, também conhecida
como “Praça do Berço”, onde era aguardado por uma grande multidão alegre e
festiva de fiéis e pela Primeira Dama católica da cidade, Vera Baboun.
Ao chegar à
Praça da Manjedoura, entre aplausos e gritos de “viva o Papa”, o Pontífice
presidiu à celebração Eucarística, da qual participou, entre as muitas
autoridades civis e religiosas, o Presidente palestino, Mahmoud Abbas.
Em sua homilia,
o Santo Padre partiu da citação evangélica: “Isto vos servirá de sinal:
encontrareis um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura”. Comentando
este versículo de Lucas (2,12), o Papa Francisco exclamou:
“Que grande
graça celebrar a Eucaristia neste lugar, onde Jesus nasceu! Agradeço a Deus e a
vocês, que me acolhem nesta minha peregrinação; agradeço ao Presidente Mahmoud
Abbas e demais autoridades, ao Patriarca Fouad Twal, os outros Bispos e
Ordinários da Terra Santa, os sacerdotes, as pessoas consagradas e quantos
trabalham por manter viva a fé, a esperança e a caridade nestes territórios;
agradeço ainda as delegações de fiéis, vindas de Gaza e da Galileia, e os
imigrantes da Ásia e da África. Obrigado a todos pela presença!
Após a sua
saudação, o Bispo de Roma fez uma reflexão sobre o Menino Jesus, nascido em
Belém, sinal enviado por Deus a quem esperava a salvação; ele permanece para
sempre como sinal da ternura de Deus e da sua presença no mundo. E o Papa
continuou:
“Também hoje as
crianças são um sinal: sinal de esperança, sinal de vida, mas, sobretudo, sinal
de ‘diagnóstico’ para se compreender o estado de saúde de uma família, de uma
sociedade, do mundo inteiro. Quando as crianças são acolhidas, amadas,
protegidas, tuteladas, a família é sadia, a sociedade melhora, o mundo é mais
humano”.
Também para nós,
homens e mulheres do século XXI, explicou o Pontífice, isto representa um sinal
para procurar o Menino. O Menino de Belém é frágil, como todos os
recém-nascidos. Não sabe falar! No entanto, ele é a Palavra que se fez carne e
veio mudar o coração e a vida dos homens. Aquele Menino, como qualquer criança,
é frágil e, como tal, precisa ser ajudado e protegido. Sobretudo, hoje, as
crianças devem ser acolhidas e defendidas, desde o ventre materno.
Infelizmente,
neste nosso mundo, que desenvolveu tecnologias tão sofisticadas, recordou o
Papa, há tantas crianças que vivem em condições desumanas, à margem da
sociedade, nas periferias das grandes cidades ou nas zonas rurais. Ainda hoje
há tantas crianças exploradas, maltratadas, escravizadas, vítimas de violência
e de tráficos ilícitos; há tantas crianças exiladas, refugiadas, por vezes
afundadas anegadas nos mares, sobretudo no Mediterrâneo. Tudo isso deve
causar-nos vergonha diante de Deus Menino.
Aqui, o Papa
perguntou: “Quem somos nós diante do Menino Jesus? Quem somos nós diante das
crianças de hoje? Somos como Maria e José, que acolheram Jesus e cuidaram dele,
com amor maternal e paternal? Ou somos como Herodes, que o quis eliminar? Somos
como os pastores, que o vieram adorar e trazer seus presentes? Ou ficamos
indiferentes e nos limitamos a ser pessoas que exploram as crianças pobres para
fins de lucro? Somos capazes de permanecer com elas, ouvi-las, defendê-las e
rezar por elas e com elas?
Hoje, continuou
o Santo Padre, tantas crianças choram, por fome, por frio, por doença, falta de
remédio e de carinho. Neste mundo, onde se proclama a tutela dos menores, as
armas acabam nas mãos de crianças-soldado; os menores se tornam trabalhadores e
escravos. Quantas Raquéis de hoje choram por seus filhos, e não querem ser
consoladas. Este pranto não nos interpela?
O Papa Francisco
concluiu sua homilia exortando os fiéis a refletirem sobre esta frase
evangélica: “Isto vos servirá de sinal”. Desta profunda reflexão, pode brotar
um novo estilo de vida, onde as relações deixam de ser de conflito, opressão ou
consumismo, para se tornar relações de fraternidade, de perdão, de
reconciliação, de partilha e de amor. (MT)
Belém (RV) - Ao término da Santa Missa, na Praça da Manjedoura, diante da Basílica da Natividade, em Belém, o Santo Padre passou a rezar, na manhã deste domingo, a oração pós-pascal do Regina Coeli, com a multidão presente.
Belém (RV) – O primeiro encontro do Papa, na manhã deste domingo, segundo dia da sua Viagem Apostólica à Terra Santa, foi com as Autoridades Palestinas.
Telaviv (RV) - Segundo dia da viagem apostólica do Papa Francisco à Terra Santa. Após a visita desta manhã à cidade de Belém, vivida com momentos de particular comoção e intensidade, o Santo Padre despediu-se do Estado da Palestina transferindo-se de helicóptero para Telaviv, em cujo aeroporto internacional, Ben Gourion, teve lugar a cerimônia de boas-vindas.
Jerusalém (RV) - Ponto alto da viagem do Santo Padre à Terra Santa, realizou-se no final da tarde deste domingo o tão aguardado encontro do Papa Francisco com o Patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I. O encontro teve lugar na Delegação Apostólica de Jerusalém, onde, 50 anos atrás, se verificou o histórico abraço entre Paulo VI e Atenágoras.
Papa convida presidentes da Palestina e Israel a rezarem com ele, no Vaticano, em favor da paz
Belém (RV) - Ao término da Santa Missa, na Praça da Manjedoura, diante da Basílica da Natividade, em Belém, o Santo Padre passou a rezar, na manhã deste domingo, a oração pós-pascal do Regina Coeli, com a multidão presente.
Antes da oração, o Santo Padre foi muito aplaudido e causou grande comoção quando fez o seguinte convite ao Presidente de Israel e ao Presidente da Palestina:
“Neste Lugar, onde nasceu o Príncipe da Paz, desejo fazer um convite ao senhor, Presidente Mahmoud Abbas, e ao senhor, Presidente Shimon Peres, a elevarem, junto comigo, uma intensa oração, a fim de implorar de Deus o dom da paz. Ofereço a minha casa, no Vaticano, para hospedar este encontro de oração. Construir a paz é difícil, mas viver sem paz é um tormento! Todos os homens e mulheres desta Terra e do mundo inteiro nos pedem para apresentar a Deus seu ardente desejo de paz.”.
A seguir, na sua breve alocução mariana, o Papa dirigiu seu pensamento a Maria Santíssima, que aqui, em Belém, deu à luz o seu filho Jesus. A Virgem, mais do que ninguém, contemplou Deus no rosto humano de Jesus. Ajudada por São José, ela o envolveu em panos e o reclinou em uma manjedoura. Por isso, o Papa recorreu à sua proteção e fez o seguinte ato de consagração:
“A Ela confiamos este território e todos aqueles que nele habitam, para que possam viver na justiça, na paz e na fraternidade. Confiamos também os peregrinos que vêm aqui haurir nas fontes da fé cristã. Velai, ó Maria, pelas famílias, os jovens, os idosos; velai por aqueles que perderam a fé e a esperança; confortai os doentes, os encarcerados e os atribulados; sustentai os Pastores e toda a comunidade eclesial para que sejam «sal e luz» nesta Terra bendita”.
Contemplando a Sagrada Família aqui, em Belém, o Bispo de Roma dirigiu seu pensamento espontâneo a Nazaré, onde espera poder ir, se Deus quiser, na próxima ocasião. Da Praça da Manjedoura, o Papa enviou ainda seu abraço fraterno aos fiéis cristãos, que vivem na Galileia, expressando seu apreço pela criação, em Nazaré, do Centro Internacional para a Família.
Por fim, o Pontífice confiou à Virgem Santa os destinos da humanidade, para que, no mundo, possam se abrir horizontes novos e promissores de fraternidade, solidariedade e paz.
Ao término da oração pascal do Regina Coeli, o Papa Francisco se dirigiu ao vizinho Convento dos Franciscanos, situado ao lado da Basílica da Natividade, em Belém, onde almoçou com algumas famílias e indigentes.
Em seguida, fez uma visita privada à Gruta da Natividade, em Belém, onde, sob o altar, há uma estrela de prata com a escrita em latim: “Aqui, Jesus Cristo nasceu da Virgem Maria”.
Enfim, o Bispo de Roma visitou ainda o vizinho Centro Fênix, de assistência aos refugiados, e saudou um numeroso grupo de crianças dos Campos de Refugiados do território palestino. (MT)
Papa com autoridades palestinas:
Papa com autoridades palestinas:
Premente encorajamento à paz
Belém (RV) – O primeiro encontro do Papa, na manhã deste domingo, segundo dia da sua Viagem Apostólica à Terra Santa, foi com as Autoridades Palestinas.
Com efeito, às 7.30, hora local, o Santo Padre deixou a Nunciatura de Amã e se dirigiuao aeroporto internacional da cidade, onde se despediu das autoridades civis e religiosas da Jordânia, entre as quais o Rei Abdallah II Bin Al Hussein, da dinastia Hashemita.
Após a breve cerimônia de despedida, o Bispo de Roma se transferiu, em helicóptero, à cidade de Belém, que dista 75 km. da capital jordaniana, Amã. Na cidade natal de Jesus, o Papa Francisco foi recebido, entre outros, por Dom Giuseppe Lazzarotto, Núncio em Israel e Delegado Apostólico em Jerusalém; o Patriarca de Jerusalém dos Latinos e Presidente da Assembléia dos Ordinários Católicos na Terra Santa, Sua Beatitude Fouad Twal, e o Custódio da Terra Santa, Padre Pierbattista Pizzaballa.
Depois de quase uma hora de viagem em helicóptero, o Santo Padre se transferiu, de carro, ao Palácio Presidencial de Belém, para a cerimônia de boas vindas. Estavam presentes representantes das comunidades palestinas, provenientes da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, que entregaram ao Papa algumas mensagens. Após a visita de cortesia ao Presidente do Estado da Palestina, Mahmoud Abbas Abbas, o Papa manteve um encontro com as Autoridades Palestinas e o Corpo Diplomático.
No discurso que pronunciou aos presentes, o Pontífice dirigiu suas cordiais saudações cordiais aos representantes do Governo e a todo o povo palestino, expressando a sua gratidão a Deus por estar, hoje, naquele lugar sagrado, onde nasceu Jesus, o Príncipe da Paz.
A seguir, o Papa recordou que, há decênios, o Oriente Médio vive as consequências dramáticas de um conflito que causou tantas feridas, difíceis de se cicatrizar; ressaltou o clima de violência e de incerteza da situação, e a falta de entendimento entre as partes, que produzem insegurança, negação de direitos, isolamento e fuga de inteiras comunidades, divisões, carências e sofrimentos de todo o tipo. E o Papa fez seu apelo:
“Ao manifestar a minha solidariedade aos sofrem, sobretudo por causa deste conflito, queria, do fundo do meu coração, dizer que chegou a hora de pôr um ponto final nesta situação, que se torna cada vez mais insustentável, para o bem de todos. Reforcem os esforços e as iniciativas para criar as devidas condições de uma paz estável, com base na justiça, no reconhecimento dos direitos de cada um e na segurança mútua. Chegou a hora de se demonstrar coragem, generosidade e criatividade, em prol do bem comum; a coragem de se construir a paz, alicerçada no reconhecimento, por parte de todos, do direito da coexistência de dois Estados, que gozem da paz e da segurança, entre os confins internacionalmente reconhecidos”.
Para que isto seja possível, continuou o Bispo de Roma, espero, vivamente, que sejam evitadas, por parte de todos, iniciativas e ações, que possam contradizer a clara vontade de se chegar a um verdadeiro acordo; jamais se cansem de buscar a paz, com determinação e coerência. A paz pode produzir inúmeros benefícios aos povos desta região e ao mundo inteiro. Mas, é preciso caminhar, com decisão, rumo a esta paz, custe o que custar. E o Papa exortou:
“Faço votos de que os povos, palestino e israelense, e as respectivas Autoridades emboquem esta estrada feliz rumo à paz, com aquela coragem e determinação necessárias. A paz na segurança e a confiança mútua se tornarão o ponto de referência estável para encarar e resolver outros problemas. Assim, ela poderá ser uma oportunidade de desenvolvimento equilibrado e modelo para outras áreas em crise”.
Neste sentido, o Santo Padre referiu-se, aqui, de modo particular, à comunidade cristã, que diligentemente presta uma significativa contribuição para o bem comum da sociedade, participando das alegrias e dos sofrimentos do povo. Os cristãos querem continuar a desempenhar seu papel, com pleno direito de cidadãos, junto com os demais, considerados irmãos.
Enfim, dirigindo-se ao Presidente do Estado da Palestina, Mahmoud Abbas, o Papa Francisco afirmou que “ele é conhecido como homem de paz e artesão da paz. O recente encontro no Vaticano e, hoje, a presença papal, em território palestino, atestam as boas relações existentes entre a Santa Sé e o Estado da Palestina. Por isso, o Santo Padre espera que tais relações bilaterais possam se incrementar ainda mais, para o bem de todos.
A este propósito, o Bispo de Roma expressou seu apreço pelos esforços feitos para a elaboração de um Acordo entre as Partes, concernente aos diversos aspectos da vida da comunidade católica no país, com especial atenção à liberdade religiosa. O respeito deste direito humano fundamental, frisou o Pontífice, é uma das condições indispensáveis para a paz, a fraternidade e a harmonia, e demonstra ao mundo que é possível se chegar a um acordo entre culturas e religiões diferentes.
O Papa Francisco concluiu seu encontro com as Autoridades Palestinas pedindo a intercessão divina para abençoar, proteger e conceder a sabedoria e a força necessárias para dar continuação ao corajoso caminho rumo à paz, de modo que as armas se transformem em arados e esta Terra Santa volte à prosperidade e à concórdia. Salam!”.
Depois do encontro com as Autoridades Palestinas, o Papa deixou o Palácio Presidencial de Belém e se deslocou, em papamóvel, para a Praça da Manjedoura, também conhecida como “Praça do Berço”, onde era aguardado por uma grande multidão alegre e festiva de fiéis e pela Prefeita católica da cidade, Vera Baboun. Ali, o Pontífice presidiu à Santa Missa. (MT)
Papa em Israel:
"Solução de dois Estados" não permaneça um sonho
Telaviv (RV) - Segundo dia da viagem apostólica do Papa Francisco à Terra Santa. Após a visita desta manhã à cidade de Belém, vivida com momentos de particular comoção e intensidade, o Santo Padre despediu-se do Estado da Palestina transferindo-se de helicóptero para Telaviv, em cujo aeroporto internacional, Ben Gourion, teve lugar a cerimônia de boas-vindas.
O Pontífice foi acolhido pelo presidente e pelo primeiro-ministro israelenses, respectivamente, Shimon Peres e Benjamin Netanyahu. Além de autoridades políticas, encontravam-se presentes autoridades civis e religiosas, os Ordinários da Terra Santa e um grupo de jovens com um coro.
No discurso que fez, após saudar todos os presentes e agradecer a Shimon Peres e Benjamin Netanyahu pelas palavras que lhe foram dirigidas, Francisco ressaltou o fato de sua visita, qual peregrino, dar-se à distância de cinquenta anos da histórica viagem de Paulo VI.
"Seguindo os passos de meus predecessores, vim como peregrino à Terra Santa", reiterou o Papa, evidenciando a importância desta terra para as "três grandes religiões monoteístas: judaísmo, cristianismo e islamismo", constituindo "ponto de referência espiritual para grande parte da humanidade".
Recordando que Jerusalém significa "cidade da paz", mas que esta, infelizmente, é ainda atormentada pelas consequências de longos conflitos, evocou como sabida por todos a urgência e necessidade da paz, "não só para Israel, mas também para toda a região".
Em seguida, fez uma premente exortação em favor de uma solução justa e duradoura para os conflitos que causam tantos sofrimentos.
"Em união com todos os homens de boa vontade, suplico a quantos estão investidos de responsabilidade que não deixem nada de intentado na busca de soluções équas para as complexas dificuldades, de tal modo que israelenses e palestinos possam viver em paz."
Após evidenciar que "não há outro caminho" a não ser o do diálogo, da reconciliação e da paz, Francisco renovou o apelo de Bento XVI feito naquele lugar, em maio de 2009:
"Seja universalmente reconhecido que o Estado de Israel tem o direito de existir e gozar de paz e segurança dentro de fronteiras internacionalmente reconhecidas. Seja igualmente reconhecido que o Povo Palestino tem o direito a uma pátria soberana, a viver com dignidade e a viajar livremente. Que a «solução de dois Estados» se torne realidade e não permaneça um sonho!"
O Bispo de Roma ressaltou como momento particularmente tocante de sua estada em Israel, a visita a ser feita ao Memorial de Yad Vashem, em recordação dos seis milhões de judeus vítimas da Shoah, pedindo a Deus que "jamais se repita semelhante crime, de que foram vítimas também muitos cristãos e não só".
Exortando à promoção de uma educação onde a exclusão e o conflito cedam lugar à inclusão e ao encontro, onde não haja lugar para o antissemitismo, "seja qual for a forma em que se manifeste, nem para qualquer expressão de hostilidade, discriminação ou intolerância contra indivíduos e povos", deplorou o ataque armado verificado neste sábado contra o Museu judaico de Bruxelas, em que três pessoas perderam a vida e uma permanece gravemente ferida:
"Com coração profundamente entristecido, penso naqueles que perderam a vida no violento atentado ocorrido ontem em Bruxelas. Ao renovar minha veemente deploração a tal criminoso ato de ódio anti-semita, confio as vítimas a Deus misericordioso e peço o restabelecimento dos feridos."
Saudando todos os cidadãos israelenses, expressou-lhes sua proximidade, em particular ao que vivem em Nazaré e na Galileia, onde se encontram presentes também muitas comunidades cristãs.
Por fim, o Santo Padre dirigiu uma saudação fraterna e cordial aos bispos e fiéis cristãos encorajando-os a continuarem a prestar, com confiança e esperança, seu sereno testemunho em favor da reconciliação e do perdão, e exortou-os a serem "fermento de reconciliação, portadores de esperança e testemunhas de caridade".
Antes de concluir seu discurso, assim como fizera ao presidente palestino, repetiu ao presidente israelense o seguinte convite:
"Desejo fazer um convite ao Sr. Presidente Shimon Peres, e ao Sr. Presidente Mahmoud Abbas, a elevarem, juntos comigo, uma intensa oração, a fim de implorar de Deus o dom da paz. Ofereço a minha casa, no Vaticano, para hospedar este encontro de oração. Construir a paz é difícil, mas viver sem paz é um tormento! Todos os homens e mulheres desta Terra e do mundo inteiro nos pedem para apresentar a Deus seu ardente desejo de paz.” (RL)
Papa Francisco e Patriarca Bartolomeu assinam Declaração comum
Jerusalém (RV) - Ponto alto da viagem do Santo Padre à Terra Santa, realizou-se no final da tarde deste domingo o tão aguardado encontro do Papa Francisco com o Patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I. O encontro teve lugar na Delegação Apostólica de Jerusalém, onde, 50 anos atrás, se verificou o histórico abraço entre Paulo VI e Atenágoras.
Marcado de grande comoção e carregado de grande significado ecumênico, o encontro deu-se de forma privada, na presença do cardeal secretário de estado, Pietro Parolin, e do presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Cardeal Kurt Koch.
O Pontífice e o Patriarca assinaram uma Declaração comum, cujo texto propomos a seguir, na íntegra:
1. Como os nossos venerados predecessores Papa Paulo VI e Patriarca Ecuménico Atenágoras, que se encontraram aqui em Jerusalém há cinquenta anos, também nós – Papa Francisco e Patriarca Ecuménico Bartolomeu – decidimos encontrar-nos na Terra Santa, «onde o nosso Redentor comum, Cristo nosso Senhor, viveu, ensinou, morreu, ressuscitou e subiu aos céus, donde enviou o Espírito Santo sobre a Igreja nascente» (Comunicado comum de Papa Paulo VI e Patriarca Atenágoras, publicado depois do seu encontro de 6 de Janeiro de 1964). O nosso encontro – um novo encontro dos Bispos das Igrejas de Roma e Constantinopla fundadas respectivamente por dois Irmãos, os Apóstolos Pedro e André – é fonte de profunda alegria espiritual para nós. O mesmo proporciona uma ocasião providencial para reflectir sobre a profundidade e a autenticidade dos vínculos existentes entre nós, vínculos esses fruto de um caminho cheio de graça pelo qual o Senhor nos guiou desde aquele abençoado dia de cinquenta anos atrás.
2. O nosso encontro fraterno de hoje é um passo novo e necessário no caminho para a unidade, à qual só o Espírito Santo nos pode levar: a unidade da comunhão na legítima diversidade. Com profunda gratidão, relembramos os passos que o Senhor já nos permitiu realizar. O abraço trocado entre o Papa Paulo VI e o Patriarca Atenágoras aqui em Jerusalém, depois de muitos séculos de silêncio, abriu a estrada para um gesto epocal: a remoção da memória e do meio da Igreja dos actos de recíproca excomunhão de 1054. Isso foi seguido por uma troca de visitas entre as respectivas Sés de Roma e de Constantinopla, por uma correspondência regular e, mais tarde, pela decisão anunciada pelo Papa João Paulo II e o Patriarca Dimitrios, ambos de abençoada memória, de se iniciar um diálogo teológico na verdade entre católicos e ortodoxos. Ao longo destes anos, Deus, fonte de toda a paz e amor, ensinou-nos a olhar uns para os outros como membros da mesma família cristã, sob o mesmo Senhor e Salvador Jesus Cristo, e a amar-nos de tal modo uns aos outros que podemos confessar a nossa fé no mesmo Evangelho de Cristo, tal como foi recebida pelos Apóstolos e nos foi expressa e transmitida a nós pelos Concílios Ecuménicos e pelos Padres da Igreja. Embora plenamente conscientes de ainda não ter atingido a meta da plena comunhão, hoje reafirmamos o nosso compromisso de continuar a caminhar juntos rumo à unidade pela qual Cristo nosso Senhor rezou ao Pai pedindo que «todos sejam um só» (Jo 17, 21).
3. Bem cientes de que a unidade se manifesta no amor de Deus e no amor do próximo, olhamos com ansiedade para o dia em que poderemos finalmente participar juntos no banquete eucarístico. Como cristãos, somos chamados a preparar-nos para receber este dom da comunhão eucarística, segundo o ensinamento de Santo Ireneu de Lião (Contra as Heresias, IV, 18, 5: PG 7, 1028), através da confissão de uma só fé, a oração perseverante, a conversão interior, a renovação da vida e o diálogo fraterno. Ao alcançar esta meta esperada, manifestaremos ao mundo o amor de Deus, pelo qual somos reconhecidos como verdadeiros discípulos de Jesus Cristo (cf. Jo 13, 35).
4. Para tal objectivo, o diálogo teológico realizado pela Comissão Mista Internacional oferece uma contribuição fundamental na busca da plena comunhão entre católicos e ortodoxos. Ao longo dos sucessivos tempos vividos sob os Papas João Paulo II e Bento XVI e o Patriarca Dimitrios, foi substancial o progresso dos nossos encontros teológicos. Hoje exprimimos vivo apreço pelos resultados obtidos até agora, bem como pelos esforços actuais. Não se trata de mero exercício teórico, mas de uma exercitação na verdade e no amor, que exige um conhecimento ainda mais profundo das tradições de cada um para as compreender e aprender com elas. Assim, afirmamos mais uma vez que o diálogo teológico não procura o mínimo denominador comum teológico sobre o qual se possa chegar a um compromisso, mas busca aprofundar o próprio conhecimento da verdade total que Cristo deu à sua Igreja, uma verdade cuja compreensão nunca cessará de crescer se seguirmos as inspirações do Espírito Santo. Por isso, afirmamos conjuntamente que a nossa fidelidade ao Senhor exige um encontro fraterno e um verdadeiro diálogo. Tal busca comum não nos leva para longe da verdade; antes, através de um intercâmbio de dons e sob a guia do Espírito Santo, levar-nos-á para a verdade total (cf. Jo 16, 13).
5. Todavia, apesar de estarmos ainda a caminho para a plena comunhão, já temos o dever de oferecer um testemunho comum do amor de Deus por todas as pessoas, trabalhando em conjunto ao serviço da humanidade, especialmente na defesa da dignidade da pessoa humana em todas as fases da vida e da santidade da família assente no matrimónio, na promoção da paz e do bem comum e dando resposta ao sofrimento que continua a afligir o nosso mundo. Reconhecemos que a fome, a pobreza, o analfabetismo, a distribuição desigual de recursos devem ser constantemente enfrentados. É nosso dever procurar construir juntos uma sociedade justa e humana, onde ninguém se sinta excluído ou marginalizado.
6. É nossa profunda convicção que o futuro da família humana depende também do modo como protegermos – de forma simultaneamente prudente e compassiva, com justiça e equidade – o dom da criação que o nosso Criador nos confiou. Por isso, arrependidos, reconhecemos os injustos maus-tratos ao nosso planeta, o que aos olhos de Deus equivale a um pecado. Reafirmamos a nossa responsabilidade e obrigação de fomentar um sentimento de humildade e moderação, para que todos possam sentir a necessidade de respeitar a criação e protegê-la cuidadosamente. Juntos, prometemos empenhar-nos na sensibilização sobre a salvaguarda da criação; apelamos a todas as pessoas de boa vontade para tomarem em consideração formas de viver menos dispendiosas e mais frugais, manifestando menos ganância e mais generosidade na protecção do mundo de Deus e para benefício do seu povo.
7. Há também urgente necessidade de uma cooperação efectiva e empenhada dos cristãos para salvaguardar, por todo o lado, o direito de exprimir publicamente a própria fé e de ser tratados equitativamente quando promovem aquilo que o cristianismo continua a oferecer à sociedade e à cultura contemporânea. A este propósito, convidamos todos os cristãos a promoverem um diálogo autêntico com o judaísmo, o islamismo e outras tradições religiosas. A indiferença e a ignorância mútua só podem levar à desconfiança e mesmo, infelizmente, ao conflito.
8. Desta cidade santa de Jerusalém, exprimimos a nossa comum e profunda preocupação pela situação dos cristãos no Médio Oriente e o seu direito de permanecerem plenamente cidadãos dos seus países de origem. Confiadamente voltamo-nos para Deus omnipotente e misericordioso, elevando uma oração pela paz na Terra Santa e no Médio Oriente em geral. Rezamos especialmente pelas Igrejas no Egipto, Síria e Iraque, que têm sofrido mais pesadamente por causa dos eventos recentes. Encorajamos todas as Partes, independentemente das próprias convicções religiosas, a continuarem a trabalhar pela reconciliação e o justo reconhecimento dos direitos dos povos. Estamos convencidos de que não são as armas, mas o diálogo, o perdão e a reconciliação, os únicos meios possíveis para alcançar a paz.
9. Num contexto histórico marcado pela violência, a indiferença e o egoísmo, muitos homens e mulheres de hoje sentem que perderam as suas referências. É precisamente através do nosso testemunho comum à boa notícia do Evangelho que seremos capazes de ajudar as pessoas do nosso tempo a redescobrirem o caminho que conduz à verdade, à justiça e à paz. Unidos nos nossos intentos e recordando o exemplo dado há cinquenta anos aqui em Jerusalém pelo Papa Paulo VI e o Patriarca Atenágoras, apelamos a todos os cristãos, juntamente com os crentes das diferentes tradições religiosas e todas as pessoas de boa vontade, que reconheçam a urgência deste tempo que nos obriga a buscar a reconciliação e a unidade da família humana, no pleno respeito das legítimas diferenças, para bem de toda a humanidade actual e das gerações futuras.
10. Ao empreendermos esta peregrinação comum até ao lugar onde o nosso e único Senhor Jesus Cristo foi crucificado, sepultado e ressuscitou, humildemente confiamos à intercessão da Santíssima e Sempre Virgem Maria os nossos futuros passos no caminho rumo à plenitude da unidade e entregamos ao amor infinito de Deus toda a família humana.
«O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te favoreça! O Senhor volte para ti a sua face e te dê a paz!» (Nm 6, 25-26).
Jerusalém, 25 de Maio de 2014.
Fonte: radiovaticana.va news.va
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