Por que 'Apóstolo do Brasil?'
Cidade do
Vaticano (RV) - Humildade, testemunho de fé inabalável em Deus, esperança
e caridade: são estas as virtudes que fizeram de Anchieta um santo. Nascido na
Ilha de Tenerife, no arquipélago das Canárias, na Espanha, Padre José de
Anchieta chegou ao nosso país muito novo. Tinha apenas 19 anos em julho de
1553, e havia entrado para a Companhia de Jesus dois anos antes.
O jovem e doente
jesuíta havia já professado seus votos de pobreza, castidade e obediência
perpétuas e naquelas terras, tomava consciência de que era finalmente um
missionário. Em menos de um ano, dominava o tupi com perfeição.
Tendo assimilado
perfeitamente as tradições e valores locais, ensinava os preceitos cristãos
utilizando celebrações musicadas ao ritmo de tambores, em aulas ao ar livre.
Educava e catequizava; defendia os indígenas dos abusos dos colonizadores
portugueses.
A pé ou de
barco, Anchieta viajou pelo País inaugurando missões e dando aulas de
catequese, gramática e conhecimentos gerais aos índios, colonos e por vezes,
até padres.
Das mãos de Pe.
Manoel da Nóbrega, o jovem noviço, poucos meses depois da chegada, recebeu a
incumbência de fundar um colégio no planalto, com o objetivo de expandir a
missão mais adentro da selva. Anchieta logo partiu juntamente com outros
companheiros jesuítas. No dia 25 de janeiro de 1554, festa litúrgica da
conversão do apóstolo São Paulo, os jesuítas celebraram pela primeira vez a
Eucaristia no chamado Planalto de Piratininga. O novo colégio foi dedicado ao
Apóstolo dos Gentios. E São Paulo se tornou uma das maiores cidades do mundo.
Amor aos índios |
Os 44 anos em
que Anchieta viveu no Brasil foram repletos de dificuldades. Começando pela
enfermidade, sua missão implicou em inúmeros riscos de morte. Uma das situações
mais arriscadas da vida de Anchieta foi o exílio que viveu em Iperoig, atual
cidade de Ubatuba. Em maio de 1563, com o apoio dos franceses, a tribo dos
Tamoios se rebelou contra a colonização portuguesa. O jovem missionário se
ofereceu como refém enquanto seu superior, Pe. Manoel da Nóbrega, partiu para
São Vicente, para negociar um utópico, mas alcançado tratado de paz. Naquele
lugar, o apóstolo, aos 29 anos de idade, experimentou um dos momentos mais
difíceis de sua existência. Durante seu cativeiro na praia, recebia frequentes
ameaças de morte e tentações contra a castidade; era comum aos índios
oferecerem mulheres aos prisioneiros, antes de sua morte. Naquele momento de
imensa solidão, o jesuíta fez uma promessa a Nossa Senhora: escreveria o mais
belo poema já feito em sua homenagem se conseguisse sair casto do cativeiro.
Como prova da fé, começou a escrever os versos na areia da praia e assim surgiu
o “Poema à Virgem”, em que relata a história da Mãe de Deus. Após cinco meses
de confinamento, Anchieta foi libertado. Sem ter cedido à tentação.
Foi ele quem
enviou jesuítas para as missões do Rio da Prata que deram origem as famosas
reduções do Paraguai no século XVIII. Era um incansável apóstolo que encontrava
a Deus nas situações aparentemente mais banais da vida e fazia questão de
relatá-las detalhadamente em suas cartas.
Em 1569, fundou a povoação de Reritiba (atual Anchieta), no Espirito Santo. De
1570 a 1573, dirigiu o Colégio dos Jesuítas do Rio de Janeiro. Em 1577, foi
nomeado Provincial da Companhia de Jesus no Brasil, função que exerceu por dez
anos, sendo substituído em 1587, a seu pedido. Antes, porém, teve de dirigir o
Colégio dos Jesuítas em Vitória, no Espírito Santo.
Em 1595, obteve
dispensa dessa função e retirou-se para Reritiba, sua querida aldeia no Estado
do Espírito Santo, cidade que hoje leva o seu nome onde faleceu em 9 de junho
1597. Aos 63 anos de idade, terminava sua travessia por este mundo o incansável
missionário José de Anchieta.
Fonte: radiovaticana.va Banner: beatopadreanchieta.blogspot.com.br
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