"João XXIII e João Paulo II não tiveram vergonha
da carne de Cristo"
da carne de Cristo"
Cidade do
Vaticano (RV) - O Papa Francisco presidiu neste Domingo da Misericórdia na
Oitava de Páscoa, 27 de abril, a missa de canonização dos Papas João XXIII e
João Paulo II na Praça São Pedro.
A praça, a Via
da Conciliação e demais ruas adjacentes ao Vaticano estavam lotadas de
peregrinos que vieram de várias partes do mundo para participar desse evento
histórico para a Igreja Católica. Muitos fiéis dormiram em sacos de dormir
espalhados pelas ruas e quando a Praça São Pedro foi aberta às 5h30 locais eles
entraram para dentro da praça e esperaram o horário da celebração.
Vários fiéis
participaram de vigílias de orações realizadas nas igrejas de Roma. Muitos
passaram a noite em claro, cantando, rezando, fazendo adoração eucarística e se
confessando. Muitos peregrinos acompanharam a missa de canonização de João
XXIII e João Paulo II através de telões espalhados em vários pontos do centro
da capital italiana. Mais de 500 cinemas de 20 países do mundo transmitiram ao
vivo a cerimônia na Praça São Pedro.
O Papa emérito
Bento XVI concelebrou com o Papa Francisco a missa de canonização de João XXIII
e João Paulo II. Ao entrar no adro da Basílica de São Pedro, pouco antes da
cerimônia, Bento XVI foi aplaudido pelos fiéis.
"No centro
deste domingo, que encerra a Oitava de Páscoa e que João Paulo II quis dedicar
à Misericórdia Divina, encontramos as chagas gloriosas de Jesus ressuscitado.
Já as mostrara quando apareceu pela primeira vez aos Apóstolos, ao anoitecer do
dia depois do sábado, o dia da Ressurreição. Mas, naquela noite, Tomé não
estava; e quando os outros lhe disseram que tinham visto o Senhor, respondeu
que, se não visse e tocasse aquelas feridas, não acreditaria", disse o
Papa Francisco no início de sua homilia.
"Oito dias
depois, Jesus apareceu de novo no meio dos discípulos, no Cenáculo,
encontrando-se presente também Tomé; dirigindo-Se a ele, convidou-o a tocar as
suas chagas. E então aquele homem sincero, aquele homem habituado a verificar
tudo pessoalmente, ajoelhou-se diante de Jesus e disse: «Meu Senhor e meu Deus!».
Se as chagas de Jesus podem ser de escândalo para a fé, são também a
verificação da fé. Por isso, no corpo de Cristo ressuscitado, as chagas não
desaparecem, continuam, porque aquelas chagas são o sinal permanente do amor de
Deus por nós, sendo indispensáveis para crer em Deus: não para crer que Deus
existe, mas sim que Deus é amor, misericórdia, fidelidade. Citando Isaías, São
Pedro escreve aos cristãos: «pelas suas chagas, fostes curados»", disse
ainda o Santo Padre.
"João XXIII
e João Paulo II tiveram a coragem de contemplar as feridas de Jesus, tocar as
suas mãos chagadas e o seu lado traspassado. Não tiveram vergonha da carne de
Cristo, não se escandalizaram d’Ele, da sua cruz; não tiveram vergonha da carne
do irmão, porque em cada pessoa atribulada viam Jesus. Foram dois homens
corajosos, cheios da parresia do Espírito Santo, e deram testemunho da bondade
de Deus, de sua misericórdia, à Igreja e ao mundo. Foram sacerdotes, bispos e
papas do século XX. Conheceram as suas tragédias, mas não foram vencidos por
elas. Mais forte, neles, era Deus; mais forte era a fé em Jesus Cristo,
Redentor do homem e Senhor da história; mais forte neles, era a misericórdia de
Deus que se manifesta nestas cinco chagas; mais forte era a proximidade materna
de Maria", frisou ainda o Papa Francisco.
Segundo o
pontífice, "nestes dois homens contemplativos das chagas de Cristo e
testemunhas da sua misericórdia, habitava «uma esperança viva», juntamente com
«uma alegria indescritível e irradiante». A esperança e a alegria que Cristo
ressuscitado dá aos seus discípulos, e que nada e ninguém os pode privar. A
esperança e a alegria pascais, passadas pelo crisol do despojamento, do
aniquilamento, da proximidade aos pecadores levada até ao extremo, até a náusea
pela amargura daquele cálice. Estas são a esperança e a alegria que os dois
santos Papas receberam como dom do Senhor ressuscitado, tendo-as, por sua vez,
doado em abundância ao Povo de Deus, recebendo sua eterna gratidão".
"Esta
esperança e esta alegria respiravam-se na primeira comunidade de fiéis, em
Jerusalém, da qual nos falam os Atos dos Apóstolos. É uma comunidade onde se
vive o essencial do Evangelho, isto é, o amor, a misericórdia, com simplicidade
e fraternidade."
"E esta é a
imagem de Igreja que o Concílio Vaticano II teve diante de si. João XXIII e
João Paulo II colaboraram com o Espírito Santo para restabelecer e atualizar a
Igreja segundo a sua fisionomia originária, a fisionomia que lhes deram os
santos ao longo dos séculos. Não esqueçamos que são precisamente os santos que
levam avante e fazem crescer a Igreja. Na convocação do Concílio, João XXIII
demonstrou uma delicada docilidade ao Espírito Santo, deixou-se conduzir e foi
para a Igreja um pastor, um guia-guiado. Este foi o seu grande serviço à
Igreja; foi o Papa da docilidade ao Espírito", sublinhou o pontífice.
"Neste
serviço ao Povo de Deus, João Paulo II foi o Papa da família. Ele mesmo disse
uma vez que assim gostaria de ser lembrado: como o Papa da família. Apraz-me
sublinhá-lo no momento em que estamos vivendo um caminho sinodal sobre a
família e com as famílias, um caminho que ele seguramente acompanha e sustenta
do Céu."
"Que estes
dois novos santos Pastores do Povo de Deus intercedam pela Igreja para que,
durante estes dois anos de caminho sinodal, seja dócil ao Espírito Santo no
serviço pastoral à família. Que ambos nos ensinem a não nos escandalizarmos das
chagas de Cristo, a penetrarmos no mistério da misericórdia divina que sempre
espera, sempre perdoa, porque sempre ama", concluiu o Papa Francisco.
Estavam
presentes na celebração de canonização dos Papas João XXIII e João Paulo II
mais de 120 delegações provenientes de várias partes do mundo, das quais 24
entre chefes de Estado e monarcas, e 10 chefes de governo. Também estavam
presentes 26 mil voluntários e 10 mil policiais. Foram disponibilizadas 77
ambulâncias, muitas delas da Cruz Vermelha Italiana. (MJ)
Canonização de São João XXIII e São João Paulo II,
uma festa da fé
uma festa da fé
O Papa Francisco conduziu a oração do Regina Coeli, neste
domingo, 27 de abril, na Praça São Pedro, depois da cerimônia de canonização de
São João XXIII e São João Paulo II.
"Queridos
irmãos e irmãs, antes de concluir esta festa da fé, gostaria de saudar e
agradecer a todos vocês! Agradeço aos irmãos cardeais e numerosos bispos e
sacerdotes de várias partes do mundo", disse o pontífice.
"Agradeço
as delegações oficiais de vários países que vieram prestaram homenagem a dois
pontífices que contribuíram de forma indelével para a causa do desenvolvimento
dos povos e da paz."
O Papa agradeceu
as autoridades italianas por sua colaboração e saudou com grande afeto os
peregrinos das Dioceses de Bérgamo e Cracóvia!
"Queridos,
honrem a memória dos dois Papas santos seguindo fielmente os seus ensinamentos",
disse aos peregrinos.
O Papa Francisco
agradeceu também a todos aqueles que com grande generosidade prepararam estes
dias memoráveis: ao Vigário do Papa para Diocese de Roma, Cardeal Agostino
Vallini, ao Prefeito de Roma, Ignazio Marino, aos policiais e várias
organizações, associações e numerosos voluntários. "Obrigado a
todos!", frisou o pontífice.
"Saúdo
todos os peregrinos aqui na Praça de São Pedro, nas ruas adjacentes e outros
lugares em Roma, bem como aqueles que estão unidos conosco através do rádio e
da televisão. Agradeço aos diretores e profissionais dos meios de comunicação
que deram a muitas pessoas a possibilidade de participar. Saúdo especialmente
os doentes e idosos, aos quais os novos santos estavam muito próximos",
disse ainda o Santo Padre.
Enfim, o Papa se
dirigiu em oração à Virgem Maria, que São João XXIII e São João Paulo II amaram
como seus verdadeiros filhos. (MJ)
Fonte: radiovaticana.va news.va
...............................................................................................................................
Nenhum comentário:
Postar um comentário