1ª Leitura: Is 50,4-7 Salmo: 22(21) 2ª Leitura: Fl 2,6-11
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Evangelho: Mt 26,14-27,66
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[...].
Acima da cabeça de Jesus puseram o motivo da condenação: “Este é Jesus, o Rei
dos Judeus”. Com ele também crucificaram dois ladrões, um à sua direita e
outro, à esquerda. Os que passavam por ali o insultavam, balançando a cabeça e
dizendo: “Tu que destróis o templo e o reconstróis em três dias, salva-te a ti
mesmo! Se és o Filho de Deus, desce da cruz!” Do mesmo modo zombavam de Jesus
os sumos sacerdotes, junto com os escribas e os anciãos, dizendo: “A outros
salvou, a si mesmo não pode salvar! É Rei de Israel: desça agora da cruz, e
acreditaremos nele. Confiou em Deus; que o livre agora, se é que o ama! Pois
ele disse: ‘Eu sou Filho de Deus’”. Do mesmo modo, também o insultavam os dois
ladrões que foram crucificados com ele. Desde o meio-dia, uma escuridão cobriu
toda a terra até as três horas da tarde. Pelas três da tarde, Jesus deu um
forte grito: “Eli, Eli, lamá sabactâni?”, que quer dizer: “Meu Deus, meu Deus,
por que me abandonaste?” Alguns dos que ali estavam, ouvindo-o disseram: “Ele
está chamando por Elias!” E logo um deles correndo, pegou uma esponja,
ensopou-a com vinagre, colocou-a numa vara e lhe deu de beber. Outros, porém,
disseram: “Deixa, vamos ver se Elias vem salvá-lo!” Então Jesus deu outra vez
um forte grito e entregou o espírito. Nisso, o véu do Santuário rasgou-se de
alto a baixo, em duas partes, a terra tremeu e as pedras se partiram. Os
túmulos se abriram e muitos corpos dos santos falecidos ressuscitaram! Saindo
dos túmulos, depois da ressurreição de Jesus, entraram na Cidade Santa e
apareceram a muitas pessoas. O centurião e os que com ele montavam a guarda
junto de Jesus, ao notarem o terremoto e tudo que havia acontecido, ficaram com
muito medo e disseram: “Este era verdadeiramente Filho de Deus!” [...].
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Reflexão
Com o domingo de
Ramos e da paixão do Senhor tem início a Semana Santa. Com a primeira e a
segunda leituras, a ideia inicial a se ter presente é que Jesus é o servo
obediente de Deus; obediência que o Senhor aprendeu pelo sofrimento. Toda a
vida de Jesus é movida pela escuta de Deus, escuta que o sustentou ao longo de
toda a sua vida; escuta que fez com que ele não esmorecesse diante da traição,
do sofrimento e da morte. A segunda consideração nos vem do relato da paixão:
Jesus é traído por um dos seus, que partilhou com ele a vida e a fé. Mas não
somente um o traiu; todos os seus discípulos também o fizeram, pois negar e
abandonar é também trair. Não tiveram a coragem de permanecer com o Senhor que
eles diziam amar. Noutro evangelho, Pedro, porta-voz do grupo dos discípulos,
dirá que a palavras de Jesus continham a vida eterna, lhes fazia experimentar a
força da vida de Deus (cf. Jo 6,67-68). Mas naquele momento de dor não
conseguiram permanecer fiéis àquele que era a Palavra encarnada do Pai. É do
interior do próprio grupo dos discípulos que se dá a traição. Que dor pode ser
maior que a traição e o abandono? A espada mais cortante do que a que feriu a
orelha do servo do centurião é a traição, pois essa atinge a confiança, o
coração. Uma terceira consideração é que Jesus é o inocente condenado
injustamente à morte. A inveja é o motivo da condenação e morte de Jesus. A
inveja não é racional; como toda paixão que afeta o coração do ser humano, ela
é irracional. Dominado pela inveja, o ser humano age perversamente buscando
eliminar quem quer que seja. Pilatos, diz o evangelho, sabia da inocência de
Jesus e do motivo sórdido pelo qual ele foi entregue, mas por razões políticas
a sua decisão partilhou da injustiça dos que acusavam e entregaram Jesus à
morte. Na paixão, Jesus permanece praticamente calado. O silêncio do Senhor
denuncia a maldade daqueles que o condenam à morte. O silêncio de Jesus revela
também a sua compreensão de que no desfecho dramático da sua existência terrena
se realiza o desígnio de Deus. O silêncio é sinal de sua entrega nas mãos do
Pai. Jesus sofre, se angustia, mas nem uma coisa nem outra o faz desistir de
realizar a vontade de Deus. Ao contrário, do alto da cruz, ele faz a sua
entrega definitiva: “Pai, em tuas mãos eu entrego o meu espírito”.
Carlos Alberto Contieri, sj
Reflexão: paulinas.org.br Banner: news.va Ilustração: franciscanos.org.br
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