"A Cruz não é um enfeite"
Cidade do
Vaticano (RV) – “Não existe cristianismo sem Cruz”. É o que afirmou o Papa
na missa da manhã desta terça-feira, 8, na Casa Santa Marta. O Pontífice
ressaltou que “não há possibilidade de sairmos sozinhos de nossos pecados” e
reiterou que “a Cruz não é um enfeite para ser colocado no altar, mas o
mistério do amor de Deus”.
Em caminho no
deserto, o povo murmurava contra Deus e contra Moisés, mas quando o Senhor
mandou as serpentes, o povo admitiu seu pecado e pediu um sinal da salvação. O
Papa Francisco se inspirou na primeira leitura, extraída do Livro dos Números,
e refletiu sobre a morte no pecado. Ele observou que Jesus alertou os fariseus
dizendo-lhes: “Morrerão em seu pecado”:
Contemplemos o mistério da cruz |
“Não há
possibilidade de sairmos sozinhos de nosso pecado. Estes doutores da lei, as
pessoas que ensinavam a lei, não tinham uma idéia clara sobre isto.
Acreditavam, sim, no perdão de Deus, mas se sentiam fortes, sapientes; e
fizeram da religião e da adoração a Deus uma cultura com valores, reflexões e
mandamentos... pensavam que o Senhor pudesse perdoar”.
No deserto, o
Senhor ordenou que Moisés fizesse uma serpente abrasadora e a colocasse numa
haste. Quem fosse mordido e a contemplasse viveria. “O que é a serpente?”,
perguntou o Papa. “É o sinal do pecado, como vimos no Genesis, quando a serpente
seduziu Eva e lhe propôs o pecado”, respondeu Francisco.
“Deus mandou
hastear o pecado como uma bandeira da vitória. Isto é difícil de entender se
não compreendermos o que Jesus nos diz no Evangelho”. Ele disse aos Judeus:
“Quando levantarem o Filho do homem, saberão quem eu sou”. “No deserto, disse
Francisco, foi hasteado o pecado, mas um pecado que procurava salvação, porque
ali seria curado. Quem foi levantado, sublinhou o Pontífice, foi o Filho do
homem, o verdadeiro Salvador, Jesus Cristo”:
“O cristianismo
não é uma doutrina filosófica, não é um programa de sobrevivência, não serve
para nos educar, ou para fazer as pazes. Estas são consequências. O
cristianismo é uma pessoa, uma pessoa levantada na Cruz, alguém que renunciou a
si para nos salvar; que se fez pecado. Assim como no deserto foi elevado o
pecado, aqui foi elevado Deus, que se fez homem e se fez pecado por nós. E
todos os nossos pecados estavam lá. Não se pode entender o cristianismo sem
entender esta humilhação profunda do Filho de Deus, que se humilhou e se fez
servo até a morte e morte de Cruz, para servir”.
É por isso que o
Apóstolo Paulo, quando fala sobre o que lhe envaidece, diz “os pecados”. “Nós
não temos outra coisa de que nos orgulhar: esta é a nossa miséria”.
O coração da salvação
de Deus “é seu Filho, que assumiu todos os nossos pecados, as nossas soberbias,
as nossas seguranças, nossas vaidades, nosso anseio de ser como Deus”. “Nossas
chagas, que deixam o pecado em nós, se curam somente com as chagas de Deus
feito homem, humilhado e aniquilado”. “É este o mistério da Cruz”, afirmou
Francisco.
“Não é uma
decoração que devemos colocar nas igrejas e nos altares. Não é um símbolo que
nos distingue dos outros. A Cruz é o mistério, o mistério do amor de Deus, que
humilha a si mesmo, que se anula, se faz pecado. O perdão que Deus nos dá não é
cancelar uma dívida: são as feridas de seu Filho na Cruz, elevado na Cruz. Que
Ele nos atraia e nós nos deixemos curar”, concluiu o Papa.
Fonte: radiovaticana.va
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