São José de Anchieta
Cidade do
Vaticano (RV) – Anchieta é santo. Na manhã desta quinta-feira, 03 de
abril, o Papa Francisco recebeu em audiência, no Vaticano, o Prefeito da
Congregação das Causas dos Santos, Cardeal Angelo Amato.
Depois de ouvir
o relatório sobre a vida e a obra do “Apóstolo do Brasil”, o Pontífice assinou
o decreto que reconhece a figura e a grandeza do missionário, colocando assim
seu testemunho como exemplo para os cristãos de todo o mundo.
O primeiro
pedido de canonização foi feito há exatos 417 anos. Já o último ocorreu em
outubro passado, por iniciativa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB). Em dezembro, como revelou o Presidente da CNBB à Rádio Vaticano, o
Card. Raymundo Damasceno Assis recebeu um telefonema pessoal do Santo Padre,
respondendo positivamente ao pedido.
São José de Anchieta, rogai por nós e por todos os brasileiros! |
Trata-se do
primeiro santo de 2014 e o segundo jesuíta a ser canonizado pelo Papa
Francisco. Antes dele, em dezembro do ano passado foi a vez de Pedro Fabro.
“A santidade do
grande homem de Deus foi reconhecida”, declarou logo após a assinatura do
decreto o Vice-Postulador da Causa, Pe. Cesar Augusto dos Santos, que também é
responsável pelo Programa Brasileiro da Rádio Vaticano.
No entanto, a
canonização de José de Anchieta se insere num contexto mais amplo, de
reconhecimento da santidade de outros dois evangelizadores da América: a Ir.
Maria da Encarnação e o Bispo Francisco de Montmorency-Laval– dois franceses
que viveram no Canadá.
Não se trata de
um caso, pois os três novos santos foram beatificados juntos pelo Papa João
Paulo II, em 22 de junho de 1980. Naquela mesma cerimônia, também foram
beatificados Pedro de Betancur e jovem indígena Catarina Tekakwitha – ambos já
canonizados. Portanto, faltava o reconhecimento dos outros três – o que
aconteceu na manhã desta quinta-feira.
Anchieta e os
Papas
A importância de
Anchieta e seu papel fundamental para a evangelização do Brasil já eram
conhecidos pelos Pontífices. Na sua cerimônia de beatificação, João Paulo II se
referiu a Anchieta como “um incansável e genial missionário”:
“Seu zelo
ardente o move a realizar inúmeras viagens, cobrindo distâncias imensas no meio
de grandes perigos. Mas a oração contínua, a mortificação constante, a caridade
fervente, a bondade paternal, a união íntima com Deus, a devoção filial à
Virgem Santíssima — que ele celebra em um longo poema de elegantes versos
latinos —, dão a este grande filho de Santo Inácio uma força sobre-humana,
especialmente quando deve defender contras as injustiças dos colonizadores os
seus irmãos indígenas. Para eles compõe um catecismo, adaptado à sua
mentalidade e que contribuiu grandemente para a sua cristianização. Por tudo
isto ele bem mereceu o título de «apóstolo do Brasil”.
Por sua vez, o
Papa Bento XVI, na mensagem para a 28ª Jornada Mundial da Juventude, apresentou
o sacerdote jesuíta como um modelo para os jovens: “Penso, por exemplo, no
Beato José de Anchieta, jovem jesuíta espanhol do século XVI, que partiu em
missão para o Brasil quando tinha menos de vinte anos e se tornou um grande
apóstolo do Novo Mundo”.
Anteriormente,
em discurso aos Bispos dos Regionais Norte 1 e Noroeste, em visita ad Limina
Apostolorum em outubro de 2010, Bento XVI disse: “Ao pensar nos desafios que
esta proposta de renovação missionária supõe para vós, Prelados brasileiros,
vem-me à mente a figura do Beato José de Anchieta. Com efeito a sua incansável
e generosíssima atividade apostólica, não isenta de graves perigos, que fez com
que a Palavra de Deus se propagasse tanto entre os índios quanto entre os
portugueses – razão pela qual desde o momento de sua morte recebeu o epíteto de
Apóstolo do Brasil – pode servir de modelo para ajudar as vossas Igrejas
particulares a encontrar os caminhos para empreender a formação dos discípulos
missionários no espírito da Conferência de Aparecida”.
Já Francisco
escolheu a praia de Copacabana, na missa pela 28ª JMJ no Rio de Janeiro, para
falar do sacerdote jesuíta, com estas palavras: “A Igreja precisa de vocês, do
entusiasmo, da criatividade e da alegria que lhes caracterizam! Um grande
apóstolo do Brasil, o Bem-aventurado José de Anchieta, partiu em missão quando
tinha apenas dezenove anos! Sabem qual é o melhor instrumento para evangelizar
os jovens? Outro jovem! Este é o caminho a ser percorrido por vocês!”. (BF)
Fonte: radiovaticana.va
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