A feliz espera
A Igreja celebra nas últimas horas de Sábado Santo e nas primeiras de Domingo de Páscoa o principal e mais antigo momento do ano litúrgico, a Vigília Pascal, assinalando a ressurreição de Jesus.
Esta é uma
celebração mais longa do que a habitual, em que são proclamadas mais passagens
da Bíblia do que as três habitualmente lidas aos domingos. Como desde o início
do Cristianismo, nesta noite será conferido o batismo a diversas pessoas. Neste
ano, trata-se de 10 catecúmenos de vários países.
A vigília começa
com o ritual do fogo novo e da luz que evoca a ressurreição de Jesus; o círio
pascal é preparado: o presidente da celebração grava uma cruz; em seguida,
traça no alto a letra grega Alfa, embaixo a letra Ômega e, entre os braços da
cruz, os quatro algarismos que designam o ano em curso. E insere cinco grãos de
incenso, em memória das cinco chagas do Cristo.
O ‘aleluia’,
suprimido no tempo da Quaresma, volta em vários momentos da missa como sinal de
alegria.
Em sua primeira
vigília pascal como Papa, no ano passado, Francisco nos fez um pedido, para que
não nos fechemos à novidade que Deus quer trazer à nossa vida.
“Muitas vezes
sucede que nos sentimos cansados, desiludidos, tristes, sentimos o peso dos
nossos pecados, pensamos que não conseguimos? Não nos fechemos em nós mesmos,
não percamos a confiança, não nos demos jamais por vencidos: não há situações
que Deus não possa mudar; não há pecado que não possa perdoar, se nos abrirmos
a Ele”, disse Francisco na homilia de 30 de março de 2013. (BF)
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Na noite deste Sábado Santo, o Papa Francisco presidiu, na
Basílica Vaticana, a Vigília Pascal.
Eis a homilia integral pronunciada pelo Pontífice:
O Evangelho da ressurreição de Jesus Cristo começa referindo o caminho das mulheres para o sepulcro, ao alvorecer do dia depois do sábado. Querem honrar o corpo do Senhor e vão ao túmulo, mas encontram-no aberto e vazio. Um anjo majestoso diz-lhes: «Não tenhais medo!» (Mt 28, 5). E ordena-lhes que levem esta notícia aos discípulos: «Ele ressuscitou dos mortos e vai à vossa frente para a Galileia» (28, 7). As mulheres fogem de lá imediatamente, mas, ao longo da estrada, sai-lhes ao encontro o próprio Jesus que lhes diz: «Não temais. Ide anunciar aos meus irmãos que partam para a Galileia. Lá me verão» (28, 10).
Eis a homilia integral pronunciada pelo Pontífice:
O Evangelho da ressurreição de Jesus Cristo começa referindo o caminho das mulheres para o sepulcro, ao alvorecer do dia depois do sábado. Querem honrar o corpo do Senhor e vão ao túmulo, mas encontram-no aberto e vazio. Um anjo majestoso diz-lhes: «Não tenhais medo!» (Mt 28, 5). E ordena-lhes que levem esta notícia aos discípulos: «Ele ressuscitou dos mortos e vai à vossa frente para a Galileia» (28, 7). As mulheres fogem de lá imediatamente, mas, ao longo da estrada, sai-lhes ao encontro o próprio Jesus que lhes diz: «Não temais. Ide anunciar aos meus irmãos que partam para a Galileia. Lá me verão» (28, 10).
Inserção dos grãos de incenso no Círio |
Depois da morte
do Mestre, os discípulos tinham-se dispersado; a sua fé quebrantara-se, tudo
parecia ter acabado: desabadas as certezas, apagadas as esperanças. Mas agora,
aquele anúncio das mulheres, embora incrível, chegava como um raio de luz na
escuridão. A notícia espalha-se: Jesus ressuscitou, como predissera... E de
igual modo a ordem de partir para a Galileia; duas vezes a ouviram as mulheres,
primeiro do anjo, depois do próprio Jesus: «Partam para a Galileia. Lá Me
verão».
A Galileia é o
lugar da primeira chamada, onde tudo começara! Trata-se de voltar lá, voltar ao
lugar da primeira chamada. Jesus passara pela margem do lago, enquanto os pescadores
estavam a consertar as redes. Chamara-os e eles, deixando tudo, seguiram-No»
(cf. Mt 4, 18-22).
Voltar à
Galileia significa reler tudo a partir da cruz e da vitória. Reler tudo – a
pregação, os milagres, a nova comunidade, os entusiasmos e as deserções, até a
traição – reler tudo a partir do fim, que é um novo início, a partir deste
supremo ato de amor.
Também para cada um de nós há uma «Galileia», no princípio do caminho com
Jesus. «Partir para a Galileia» significa uma coisa estupenda, significa redescobrirmos
o nosso Batismo como fonte viva, tirarmos energia nova da raiz da nossa fé e
da nossa experiência cristã. Voltar para a Galileia significa antes de tudo
retornar lá, àquele ponto incandescente onde a Graça de Deus me tocou no início
do caminho. É desta fagulha que posso acender o fogo para o dia de hoje, para
cada dia, e levar calor e luz aos meus irmãos e às minhas irmãs. A partir
daquela fagulha, acende-se uma alegria humilde, uma alegria que não ofende o
sofrimento e o desespero, uma alegria mansa e bondosa.
Na vida do
cristão, depois do Batismo, há também uma «Galileia» mais existencial: a
experiência do encontro pessoal com Jesus Cristo, que me chamou para O seguir e
participar na sua missão. Neste sentido, voltar à Galileia significa guardar no
coração a memória viva desta chamada, quando Jesus passou pela minha estrada,
olhou-me com misericórdia, pediu-me para O seguir; recuperar a lembrança
daquele momento em que os olhos d’Ele se cruzaram com os meus, quando me fez
sentir que me amava.
Hoje, nesta
noite, cada um de nós pode interrogar-se: Qual é a minha Galileia? Onde é a
minha Galileia? Lembro-me dela? Ou esqueci-a? Andei por estradas e sendas que
me fizeram esquecer. Senhor, ajudai-me! Dizei-me qual é a minha Galileia. Como
sabeis, eu quero voltar lá para Vos encontrar e deixar-me abraçar pela vossa
misericórdia.
O Evangelho de
Páscoa é claro: é preciso voltar lá, para ver Jesus ressuscitado e tornar-se
testemunha da sua ressurreição. Não é voltar atrás, não é nostalgia. É voltar
ao primeiro amor, para receber o fogo que Jesus acendeu no mundo, e levá-lo a
todos até aos confins da terra.
«Galileia dos
gentios» (Mt 4, 15; Is 8, 23): horizonte do Ressuscitado, horizonte da Igreja;
desejo intenso de encontro... Ponhamo-nos a caminho!
Fonte: radiovaticana.va news.va
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