Padre Zezinho, a vida em favor dos irmãos
O pioneiro das
canções religiosas adequadas aos tempos atuais - padre Zezinho - celebra 50
anos de evangelização. Ele ensina a rezar, a cantar, a pensar, a amar. É com
ele a entrevista que estreia a sequência de temas e de pessoas que Padre César
Moreira, novo colunista do A12.com, passa a apresentar.
O mais importante cantor cristão do Brasil |
"No peito
eu levo uma cruz. No meu coração, o que disse Jesus". Quem já cantou
esse refrão sabe quem é o seu autor. É aquele padre que compôs cerca de 1.500
canções; tem 120 álbuns musicais; mais de uma centena de livros e centenas de
artigos publicados; foi o pioneiro do gênero musical que tem o objetivo de
falar com o jovem, convidando - o "a pensar em Deus e a pensar no
amor".
Pois ele se
chama padre José Fernandes de Oliveira ou simplesmente PADRE ZEZINHO. Pertence
a uma família religiosa: os dehonianos ou os padres do Sagrado Coração de Jesus
(SCJ). Está há 50 anos no coração de milhões de pessoas, dentro e fora do
Brasil, ensinando a pensar, a rezar, a cantar, a ser discípulo de Jesus.
Ele pode ser
chamado de "o catequista do Brasil". Falar com ele, como o fazemos no
portal A12.com, é sentir a vitalidade da Igreja; é beber na fonte
evangelização; é sentir - se chamado a mudar o que enfeia o mundo; é ficar com
vontade de cantar uma de suas músicas. É sentir - se feliz!
Pe. César -
Padre Zezinho, que mais o alegra ao saber e ao sentir que construiu uma obra
enorme que pode ser vista, ouvida, lida, sentida e multiplicada?
Pe. Zezinho -
Às vezes sorrio feliz e às vezes balanço a cabeça dizendo a mim mesmo: “Será
que repercuti a este ponto”? Então penso em Jesus que disse que não devemos
supervalorizar o que fizemos. E eu digo "Fiz o que era minha obrigação.
Sou um servo querendo ser mais útil!”.
Pe. César - Onde
está a raiz de sua força e de sua garra de evangelizador?
Pe. Zezinho -
Começou com meus pais que assumiram a vida sem lamúrias. Meu pai foi paralítico
por 10 anos e minha mãe também! Sofriam, mas nunca deixaram-me de orar e de nos
amar! Estou com o papa Francisco que diz na sua "A ALEGRIA DO
EVANGELHO": queixumes não evangelizam ninguém!
Pe. César - A
que se deve a aceitação de suas músicas, de seus livros?
Pe. Zezinho -
Deus me inspira muito, mas sou um observador do povo e da cultura dos povos.
Viajei por 50 países! O que li de Bíblia, Teologia, História Universal e
Sociologia forraram o chão onde eu piso. Em baixo e em cima acho minhas
inspirações que aprofundo antes de cantar para o povo! Além disso, sou de uma
congregação de padres que apostam nos jovens que não se bitolam em ideologias
ou espiritualidades trancadas com cadeado!
Pe. César - Ser
chamado de "padre cantor" o agrada? Ou prefere outro modo?
Não sou padre
porque canto. Canto porque sou padre.
Pe. Zezinho -
Em 1972 quando começaram a falar que eu era um fenômeno, achei graça. Não sou
isso! Sou um sujeito inteligente que por isso mesmo não se deixa levar por
títulos e marketing pessoal.
Naqueles dias
acho que cunhei a frase "Não sou padre porque canto. Canto porque sou
padre". Cantar foi pedido dos superiores e bispos que viam que minhas
canções agregavam e evangelizavam os jovens e seus pais. Obedeci e eles me
liberaram para viajar e pregar!
Pe. César - Qual
o processo de feitura de uma música? Dá para saber logo se cairá no gosto
popular? De quais mais gosta?
Pe. Zezinho - Não
sei como acontece com os outros cantores da fé, mas eu nunca sei qual música
vai repercutir. Simplesmente rabisco e memorizo alguns tons e depois os
construo em torno de uma catequese falada e sonorizada! Mas nunca sei se o povo
aprenderá. Além disso a há o marketing das gravadoras e emissoras católicas e
seus mentores.
Em alguns
espaços minha canção não entra por mais teológicas ou sociológicas que sejam.
Lá há outro discurso espiritual e social que eu respeito! Já tenho mais espaço
do que consigo preencher! Que venham outros cantores com outros enfoques! Isto
é bom para a igreja desde que não caiamos num só discurso repetitivo. É o que
penso!
Pe. César - Como
conseguiu escrever tantos artigos e livros?
Pe. Zezinho - Eu
não tinha sofrido um AVC. Minha mente era ágil e eu conseguia escrever
simultaneamente seis livros no mesmo período. Tinha uma mente que funcionava
como pastas de um computador. Eu as puxava. Minha memória era ágil. Depois do
AVC, demoro mais para desenvolver um livro e um CD. Tive 70 anos de chance.
Hoje, faço menos, mas tenho muita coisa guardada que ando publicando agora!
Pe. César - Como
analisa a nossa Igreja atualmente, no Brasil: a postura dos bispos e dos
padres; a figura e a ação dos leigos; a pastoral da comunicação; a liturgia; a
pastoral da juventude e pastoral vocacional?
Pe. Zezinho -
Foi bom nos anos 70/95. A Igreja tomou posturas libertadoras corajosas.
Morreram muitos em defesa do povo. Depois houve um período mais conciliatório e
de menos confronto! Sinto que o confronto voltará porque a política brasileira
está se deteriorando a olhos vistos. Vejo AMÓS e OSÉIAS tendo que falar! Os
bispos também! O papa já está falando! Nós também seremos obrigados a tomar
posição! A pastoral vocacional seguirá este caminho de solidariedade!
Pe. César - No
ano passado, a Jornada Mundial da Juventude aconteceu aqui no Brasil. Suas
músicas foram cantadas por milhões de jovens. O papa Francisco esteve presente.
Que isso significa para o senhor e para a Igreja?
Pe. Zezinho -
Foi um tempo de anúncio e de evangelização! Mas agora terá que vir a catequese!
Eu-ANGUELION é levar a novidade. Plantar! CATECHEIN , é regar, cultivar e fazer
acontecer todo o processo de maturação!
Pe. César - Há
quem pergunte como o senhor está de saúde. Uma palavra a respeito agradaria os
que o acompanham e o amam.
Pe. Zezinho -
A saúde que eu tinha não voltará mais. Mas estou sabendo conviver com diabetes,
com o AVC e o câncer que regrediu! Mas não posso dizer que fui curado! Mas fui
recondicionado. Pneus recauchutados também funcionam!! Sou grato ao Cristo e ao
povo que orou por mim! Sigo tranquilo! Deus os abençoe!
Fonte: a12.com
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