Papa Francisco:
"As divisões entre os cristãos são um escândalo a superar"
Cidade do Vaticano (RV) – Cerca de 15 mil pessoas participaram esta quarta-feira da Audiência Geral com o Papa Francisco, na Praça S. Pedro, apesar da chuva.
A catequese do
Pontífice foi dedicada à Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, em
andamento nos países do hemisfério norte (no Brasil, essa Semana é realizada
entre Ascensão e Pentecostes) – uma tradição que se repete há mais de 100 anos.
"O nome de Cristo cria comunhão, não divisão!" |
Anualmente, um
grupo ecumênico de uma região do mundo sugere um tema e prepara subsídios para
a Semana, sob a guia do Conselho Mundial de Igrejas e do Pontifício Conselho
para a Promoção da Unidade dos Cristãos. Em 2014, os subsídios foram preparados
pelas Igrejas e comunidades cristãs do Canadá e têm como referência a pergunta
dirigida por São Paulo aos cristãos de Coríntio: “Cristo estaria dividido?” (1
Cor 1,13).
“Certamente
não”, respondeu Francisco. Todavia, “devemos reconhecer sinceramente, com dor,
que as nossas comunidades continuam a viver divisões que provocam escândalo”.
“O nome de
Cristo cria comunhão e unidade, não divisão!”, prosseguiu o Papa, explicando
que o Batismo e a Cruz são elementos centrais do discipulado cristão que temos
em comum. “As divisões, ao invés, enfraquecem a credibilidade e a eficácia do
nosso empenho de evangelização e correm o risco de esvaziar a Cruz da sua
potência.”
Contínua conversão |
Paulo repreende
os coríntios por suas brigas, mas dá graças a Deus por eles terem sido
cumulados de todas as riquezas, todas as da palavra e as do conhecimento. Para
Francisco, esta atitude do Apóstolo é um encorajamento para nós e para cada
comunidade cristã a reconhecer com alegria os dons de Deus presentes em outras
comunidades. “Não obstante o sofrimento das divisões, acolhamos as palavras de
Paulo como um convite a alegrarmo-nos sinceramente das graças concedidas por
Deus a outros cristãos.”
Nos subsídios
preparados pelas comunidades cristãs do Canadá, há um convite não a pensar
naquilo que podemos dar aos nossos vizinhos cristãos, mas a encontrar-se para
compreender aquilo que cada uma das comunidades pode receber das outras. “Para
isso, requer-se humildade, reflexão e contínua conversão”, afirmou o Pontífice.
Após a
catequese, o Papa saudou os vários grupos presentes na Praça; entre eles, os
sacerdotes da Diocese de Catanduva (SP) e os participantes do encontro anual
dos coordenadores regionais do Apostolado do Mar, exortando-os a serem a voz
dos trabalhadores que vivem longe de suas famílias e enfrentam situação de
perigo e dificuldade.
Francisco
recordou ainda o encerramento, no próximo sábado, da Semana de Oração pela
Unidade dos Cristãos, festa da Conversão de São Paulo. (BF)
Apelo para a conferência sobre a Síria:
"Que Deus toque o coração de todos"
No final da Audiência Geral desta quarta-feira, o
Papa Francisco fez um apelo aos participantes, na Suíça, da conferência
internacional de apoio à paz na Síria.
Pastor atento e solidário |
“Peço ao Senhor
que toque o coração de todos para que, buscando unicamente o bem maior do povo
sírio, tão provado, não poupem nenhum esforço para alcançar com urgência o fim
da violência e do conflito, que já causou muito sofrimento.”
O Pontífice se
dirigiu também aos cidadãos sírios, fazendo votos de que a nação empreenda um
caminho de reconciliação, de concórdia e de reconstrução com a participação de
todos, “onde cada um possa encontrar no outro não um inimigo, não um
concorrente, mas um irmão para acolher e abraçar”.
Em Montreux, na
Suíça, delegações de cerca 30 países estão reunidas para tentar deter a espiral
de violência na Síria, que em três anos de conflito causou mais de 130 mil
mortos e milhões de refugiados. A Santa Sé também está presente com o
Observador permanente da ONU em Genebra, Dom Silvano Tomasi, e o Oficial da
Secretaria de Estado, Mons. Alberto Ortega Martín.
Rezemos pela concórdia e pela paz |
Entrevistado
pela Rádio Vaticano, Dom Tomasi declarou que a situação é extremamente
complexa, porque os interesses em jogo envolvem três níveis de negociações: um
nível global, regional e local.
“O esforço é tentar encontrar um fio condutor comum que una esses três níveis
de conflitualidade, e não é fácil. Por isso, há incertezas nas várias alianças
e na composição dos delegados presentes.”
Para Dom Tomasi, a urgência no momento é conter o fluxo de refugiados e de
deslocados. “É penoso ver agora com o inverno, em especial, que nos campos de
refugiados há sofrimentos e, até mesmo, mortes em consequência da falta de
tratamentos suficientes. A comunidade internacional está respondendo dando
recursos ao Alto Comissariado para Refugiados e, diretamente, através da
Caritas, ou através de outras organizações católicas. Porém, a resposta eficaz
é alcançar a paz e dar a possiblidade aos que querem regressar a suas casas,
esperando que seja a maioria, a começar uma verdadeira reconstrução, também dos
bairros que foram destruídos ou bombardeados. Portanto, necessita-se de uma
solidariedade internacional concreta, ou seja, de muito dinheiro para
restabelecer uma economia local e uma série de condições, como a moradia, que
possam permitir a retomada de uma vida normal." (BF)
Fonte: radiovaticana.va Foto: news.va
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